Tópicos | Lula no Recife

Mesmo tendo sido vaiada todas as vezes que teve o nome mencionado e, ainda mais, no decorrer de todos os cinco minutos de discurso ininterruptos durante a visita do presidente Lula (PT) ao Recife, no Geraldão, nesta quarta-feira (22), a governadora Raquel Lyra (PSDB) se manteve firme na fala em exaltação à democracia, o que sobrepôs as vaias que recebia. Além das vaias, os contrários a governadora também deram as costas enquanto ela falava. 

Ao lado de Lula, a chefe do Executivo estadual proclamou, com o braço direito levantado, nomes de referência política em Pernambuco, como Fernando Lyra, Eduardo Campos, Miguel Arraes e “tanta gente que veio antes de nós para garantir que momentos como esse pudessem acontecer neste dia de hoje”. 

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Lula acompanhou a governadora quando foi chamada para discursar e já iniciaram as vaias. Uma a uma, as mulheres que estavam presentes também foram para o lado da tucana demonstrar apoio à fala de Raquel Lyra, que não se deixou ser interrompida pelas vaias. 

“Quando a gente tem uma mulher exercendo um espaço de poder, todas as mulheres estão no poder. Nós não vivemos um momento fácil em Pernambuco. Estamos há 82 dias de governo e temos muita coisa a ser feita. Mas a principal delas tem a ver com debater a desigualdade, a fome em Pernambuco, e essa fome tem um rosto, é o rosto de uma mulher negra que está na Zona Rural dos nossos municípios, nos morros da Região Metropolitana do Recife. E é por vocês que nós estamos aqui”, disse a gestora. 

Raquel classificou as vaias como “atos justificáveis pela democracia”, e ressaltou que, independente delas, ela estará “em cada recanto do nosso Estado”. “Eu, diante de todos os atos justificáveis pela democracia que a gente vive, venho dizer ao povo de Pernambuco que: eu estarei em cada recanto do nosso Estado. Vamos enfrentar as desigualdades, não com vaias, mas com muito amor. Vamos enfrentar a fome, não com vaias, mas com muito trabalho. E é junto com vocês, com diálogo, construção coletiva, que a gente vai fazer esse Estado mudar e voltar a ser líder do Nordeste brasileiro. Eu trabalharei até para aqueles que manifestam a sua vontade, o seu desejo, e estão de costas. Eu trabalharei para vocês”, finalizou a governadora Raquel Lyra. 

Contrários à governadora Raquel Lyra (PSDB) deram as costas enquanto ela discursava - Júlio Gomes/LeiaJáImagens

Em defesa da tucana, o presidente Lula deu uma lição a seus apoiadores diante da história já vivida e das assinaturas que a sua vinda ao Recife proporcionou. Ele enalteceu a importância de ter aprendido a conviver com os adversários. “Se tem uma coisa que eu aprendi na vida, foi a de conviver e compreender as angústias das pessoas. Eu acho que, quando vocês estavam vaiando a governadora, vocês estavam me vaiando. Ela não está aqui porque quer, ela está aqui porque foi convidada por nós. Precisamos aprender a conviver até com os adversários. O que não podemos é aprender a conviver com os inimigos. Um adversário eu sento e debato com ele. Os inimigos, não”, defendeu. 

“A governadora pode ser a nossa adversária política, mas é governadora do Estado. Foi eleita. E eu vou respeitar ela como governadora do estado aqui, e virei o quanto for necessário para cuidar dos interesses do povo de Pernambuco, seja pelas mãos dela, pelas mãos do João [Campos], ou dos outros prefeitos, porque é assim que rege o espírito e tudo o que construí”, complementou.

 

Após percorrer onze cidades pernambucanas, a Frente Brasil Popular encerrou, nesta quarta-feira (13), as atividades da “Caravana Popular em Defesa da Democracia”, que visou defender o mandato da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) e os direitos dos trabalhadores, segundo eles, “usurpados” pelo presidente em exercício Michel Temer (PMDB). O ato de conclusão das mobilizações aconteceu na Avenida Rio Branco, no Recife Antigo, e contou com a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Com a maioria vestidos de vermelhos e expondo cartazes que satirizavam a gestão atual e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, militantes ovacionaram Lula e pediram “Fora Temer”. O evento, que iniciou por volta das 17h30, reuniu além de membros do PT, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento Sem Terra (MST), a Fetape e outras entidades e movimentos populares. 

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Durante seu discurso, Lula fez mea-culpa diante de erros da gestão da afilhada política. “Dilma não se deu conta de que abrindo mão de impostos para favorecer os empresários e começou a faltar dinheiro nos cofres para vencer a economia. Depois das eleições, ela apresentou um programa de reajuste econômico que deixou muitos de nós descontentes”, observou. Além disso,  Lula também acusou os partidos que perderam as eleições de 2014 de fazerem um “conluio” contra a petista, disse ter cometido pedaladas fiscais durante seu governo e se defendeu de acusações que pesam contra ele na Lava Jato.

Ao lado do petista, o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, disse que a caravana da Frente Brasil Popular ecoa a “voz rouca das ruas” por “ nenhum direito a menos. “Eles levaram um susto quando colocamos milhões de jovens, trabalhadores e mulheres nas ruas. Eles nos provocaram e quando nos provocam nós vamos à luta. O que vai fazer esta direita golpista ficar de joelhos é a hora que os trabalhadores cruzarem os braços e fizerem uma greve geral. Vamos construí-la para dar uma lição nestes golpistas. Mexeu com os trabalhadores, o chicote estala”, cravou.

Já senador Humberto Costa (PT), classificou a caravana como uma “mobilização para denunciar o espírito antidemocrático e a postura autoritária das classes dominantes no país”. “Estamos aqui para denunciar um golpe parlamentar contra um governo que garantiu saúde, educação, moradia para o nosso povo. Para estas elites isto é inaceitável. Inventaram um pretexto, decretos que suplementação orçamentária, isso não é crime. Crime é ter conta na Suíça, receber propina dos impostos que o povo paga”, ressaltou. 

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Dirigente do MST em Pernambuco, Jayme Amorim, destacou que foram cumpridos os objetivos da mobilização estadual. “Na prática atingimos quase 100% de Pernambuco. De Petrolina até aqui viemos denunciando os golpistas. Lá eles gritavam Gonzaga Patriota, golpista. Fernando Filho, golpista. Mendonça Filho, golpista”, observou, sendo aplaudido pelos presentes. 

Representando o PCdoB, Laudijane Domingos defendeu que a presidente afastada retome o posto e faça um plebiscito para definir se devem ser realizadas eleições extraordinárias ou não. “Nós derrotaremos o golpe e restabeleceremos a ordem democrática no Brasil. Os 54 milhões de votos têm que ser respeitados. Defendemos que ela volte e convoque um plebiscito para que o povo decida se tem que ter novas eleições ou não”, argumentou.

Vice-presidente estadual do PT, a deputada Teresa Leitão criticou os ministros do pernambucanos que integram a gestão de Temer. "O primeiro deu um golpe na educação, o segundo ninguém ouve falar dele, Raul Jungmann, e o terceiro vai ser testemunha da mulher de Cunha, Bruno Araújo, o paneleiro do Congresso", disparou, deixando de mencionar apenas o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho (PSB).

A Caravana da Democracia que iniciou no último dia 4 passou pelas cidades de Petrolina, Ouricuri, Salgueiro, Petrolândia, Serra Talhada, Afogados da Ingazeira, Arcoverde, Garanhuns, Caruaru, Surubim e Palmares. Reunindo, de acordo com a organização, mais de 500 mil pessoas somando todos os atos. 

Investigado pela Polícia Federal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira (13), que nos últimos meses têm se questionado sobre qual o tipo de crime que ele cometeu contra o país. Respondendo ao próprio questionamento, durante um discurso no encerramento da “Caravana Popular em Defesa da Democracia” no Recife, o líder-mor petista pontuou as ações do seu governo e negou ter cometido qualquer tipo de irregularidades.

"Qual o crime que cometi neste país? De dizer ao povo pobre que ele tinha direito de comer três vezes ao dia? De dizer que eles tinham direito de fazer uma universidade? De dizer aos trabalhadores rurais, produzem que vai ter dinheiro para financiar?", enumerou, indagando.

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Sob a ótica do petista, se crime for "provar que aumento do salário mínimo não causava aumento da inflação e mostrar que um analfabeto é capaz de fazer mais por uma universidade do que um intelectual", ele pode ser condenado. "Eles estão criminalizando o PT e fico me perguntando por que eles fazem isso?", disparou.

Criticando sutilmente a atuação do Ministério Público e da Polícia Federal, Lula disse que se algum dos que integram esses órgãos querem mudar de alguma forma o país “que ingressem na política”. "Eu sempre dizia em alto e bom som, só existe um jeito de as pessoas não serem punidas e não cometer nenhuma safadeza. A lei vale para todos", salientou. “Não temos medo de investigação, mas da mentira, da delação premiada deformada”, acrescentou. O petista também disparou contra a atuação da imprensa e frisou sobre a possibilidade de se fazer uma investigação sem “condenar pelas manchetes de jornal”. 

O ex-presidente Lula está em Pernambuco desde a última segunda-feira (11). Em passagem por Petrolina, no Sertão, ele se defendeu diante das acusações que pesam contra ele nas investigações da Lava Jato. “Estão há dois anos investigando e duvido que se ache um empresário a quem eu pedi R$ 10”, chegou a desafiar. O petista veio ao estado para participar de agendas em defesa do mandato da presidente afastada Dilma Rousseff (PT).  

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