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Uma gravação de conversa do presidente nacional do Pros (Partido Republicano da Ordem Social), Marcus Holanda, indica que ele teria feito pagamentos à irmã de um desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF) em troca de decisão que o colocou no comando da sigla em março deste ano. O áudio, divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo nesta quinta-feira, 4, revela uma conversa na qual Holanda afirma que uma mulher "tem recebido pagamentos picados". Marcus Holanda e Eurípedes Júnior disputam judicialmente o comando do Pros e a formalização ou não da candidatura de Pablo Marçal à Presidência, em embate que deve ser definido até esta sexta-feira, 5.

"Eu nunca falei e nem vou falar disso." "Ela recebeu?", questiona a mulher com quem Holanda conversa. "Tem recebido, sim. 'Chu, chu, chu.' Picado", ele responde. E segue: "Não adianta eu te falar 'vou mandar 250' (mil reais) porque eu não consigo mandar, porque eu estou devendo já muita coisa que ficou definida e a gente não pagou. Esses 500 mil reais do DF foi para ajudar a pagar - você já sabe quem e o quê", diz Holanda na gravação vazada. A irmã do magistrado com quem o acordo teria sido feito negou ter recebido qualquer valor. Ela foi candidata a deputada federal em 2018, pelo PR (Partido Republicano), mas não se elegeu.

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Procurado pela reportagem, Marcus Holanda e sua assessoria de comunicação não atenderam ligações nesta quinta-feira. Em entrevista coletiva na noite desta quarta-feira, 3, em Barueri (SP), Pablo Marçal afirmou que áudios de Holanda foram vazados pela ex-mulher do dirigente e que considera as reportagens sobre a disputa no partido "uma palhaçada".

"Quem gravou de maneira indevida o presidente do Pros, o Marcus Holanda, foi a ex-esposa dele. E aquilo era uma conversa informal", disse, em resposta a uma jornalista sobre reportagem da terça-feira, 2, do portal Metrópoles. Marçal negou, sobre citação em áudio divulgado anteriormente, que tenha prometido ao Pros "fazer uma vacona de R$ 200 milhões" em troca da candidatura. Ele também afirmou que abriu mão do fundo partidário e negou a existência de um suposto acordo financeiro para mantê-lo na disputa pelo Palácio do Planalto.

"Não faz sentido. Já tem um fundo eleitoral de R$ 90 milhões. De 12 pré-candidatos, só dois abriram mão do fundo partidário. O (Luiz Felipe) D'Ávila abriu mão porque é obrigatório no Novo. Eu abri mão porque eu quis. Eu tenho direito a R$ 10 milhões de fundo partidário. Eu abri mão e ainda ouço áudio que vou dar R$ 200 milhões? Daonde? Depois que baixar a poeira, o áudio fica mais limpo", disse o pré-candidato à Presidência.

Na coletiva, Marçal ainda afirmou que não sabe como a disputa judicial vai se desenrolar, mas reforçou a intenção de concorrer, defendeu propostas para um eventual governo e disse que o PT estaria "desesperado" por alianças para evitar um segundo turno.

"O PT está desesperado porque sabe que qualquer pessoa que for pro segundo turno o PT não leva. Se a Simone Tebet for pro segundo turno, vai vencer. O (André) Janones não está escolhendo apoiar o Lula. Ele está aproveitando a oportunidade porque vai perder o mandato dele por causa do partido em MG", afirmou, em referência ao apoio costurado pelo também pré-candidato à Presidência André Janones (Avante-MG) com a chapa Lula-Alckmin. Como mostrou o Estadão nesta quarta-feira, Janones pode ficar inelegível devido a uma decisão do TJ-MG que cassou o mandato dos deputados federais eleitos pelo Avante no Estado.

Vaivém na presidência do Pros

Uma decisão do ministro Antonio Carlos Ferreira, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), instância superior ao TJ-DF, suspendeu na noite desta quarta-feira, 3, a liminar do presidente da Corte, Jorge Mussi, que faria Eurípedes Júnior voltar à presidência do Pros. Eurípedes foi quem anunciou, nesta semana, que a sigla retiraria a pré-candidatura do coach Pablo Marçal à Presidência para apoiar a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB).

Já Marcus Holanda, no comando da sigla desde março, é quem costurou o nome de Marçal como presidenciável pela legenda. Se confirmada sua permanência à frente do Pros, a tendência é de que ele desfaça o acordo com o PT e oficialize o candidato próprio ao Planalto. O prazo do calendário eleitoral do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para formalização das candidaturas termina nesta sexta-feira, 5.

Em uma briga judicial pelo comando do Pros, o grupo do atual presidente, Marcus Holanda, teria alcançado a sentença favorável no Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF) por meio de influência política e pagamentos em dinheiro. O nome do senador Flávio Bolsonaro (PL) e da advogada da família, Karina Kufa, são citados em mensagens e áudios publicados pela Folha de S. Paulo. 

As conversas ocorreram no ano passado, quando Holanda tentava tirar Eurípedes Jr. da presidência do Pros através do reconhecimento de uma convenção extraordinária entre os dissidentes. No mesmo período, a família Bolsonaro negociava a filiação com um novo partido após a criação do Aliança pelo Brasil ser frustrada. 

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De acordo com as mensagens, Holanda sabia que não conseguiria a vitória na Justiça e teria se encontrado com o filho mais velho do presidente e a advogada para ajustar um contrato. 

"A Karina Kufa me levou na reunião e sentou eu, ela e o Flávio Bolsonaro, então eles têm interesse [...] Além disso, tem um contrato que assinei lá, absurdo lá, com ela. Então vão ganhar dinheiro e vão ganhar força política e espaço político. Então eles têm interesse, total. Por isso, eles estão com a gente senão não estariam. E ainda tem a desembargadora federal, muita gente", disse Marcus, conforme a reportagem. 

O atual presidente da legenda também menciona a advogada Renata Gerusa, filha da juíza federal do TRF-1 Maria do Carmo Cardoso, amiga de Flávio, e lembra que ela é casada com o deputado Kassyo Ramos. A advogada defendeu Holanda na primeira etapa do caso e seria uma espécie de representante de Kufa, como sugeriu o secretário-geral do Pros, Edmílson Boa Morte. 

Boa Morte indicou que Gerusa atuou formalmente para "não dar na cara" e que a advogada "representa a Karina Kufa, todo mundo". Em outra mensagem, ele relata que Holanda estava em reunião "com a turma do Bolsonaro e os advogados e os desembargadores". 

 “A turma do Bolsonaro estava trabalhando na segunda instância, você lembra? Com o desembargador Mario-Zam - ex-relator do caso relativo ao litígio do Pros -, que teve a reunião na casa da desembargadora”, apontou. Flávio não se manifestou sobre o envolvimento na compra de sentenças. Karina Kufa confirmou que esteve na reunião com o senador e o presidente do Pros, mas que a proposta de filiação não evoluiu e que não houve contrato assinado.  

 "Desconheço qualquer negociação. Não tenho qualquer vínculo com o Pros, aliás, nunca tive. Em 2020 e 2021 falei com diversos partidos, mas todas as conversas foram dentro da normalidade", disse. 

Boa Morte afirmou à reportagem que não conhece Kufa nem Flávio, e que seus próprios áudios se tratam de falácia. O presidente do Pros, Marcus Holanda, que nega a negociação para compra de sentença e não se pronunciou sobre os áudios. O desembargador Mario-Zam Bellmiro, cujas decisões foram contrárias a Marcus Holanda e seus aliados, não se manifestou. 

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