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O ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE), preso no Mensalão e na Operação Lava Jato, colocou em seu rol de testemunhas três deputados investigados por envolvimento no esquema de corrupção instalado na Petrobras. José Otávio Germano (PP-RS), Nelson Meurer (PP-PR) e Waldir Maranhão (PP-MA) foram chamados pela defesa do ex-parlamentar.

Os três parlamentares foram citados nas delações premiadas do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, personagem central da Lava Jato. Germano, Meurer e Maranhão são investigados em inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF). No documento, a defesa de Corrêa não explica o motivo de ter chamado os deputados para depor.

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O doleiro disse, em delação premiada, que Germano recebia de R$ 30 mil a R$ 150 mil por mês da cota do PP. Costa afirmou também em delação premiada que o parlamentar fez lobby em troca de propina para a Fidens participar de contratos da estatal petrolífera - a empresa atuou em obras da refinaria Premium I, no Maranhão. Germano rechaça a inclusão de seu nome na lista de suspeitos de irregularidades.

Meurer é apontado por Youssef como um dos "líderes" do PP e, como tal, recebia repasses mensais que variavam de R$ 250 mil a R$ 500 mil. O dinheiro era entregue em um hotel em Curitiba. Segundo Costa, Meurer recebeu R$ 4 milhões por meio do doleiro para a campanha de 2010. O doleiro confirma o repasse, mas não sabe como o pagamento foi feito. O parlamentar nega as acusações.

Waldir Maranhão foi citado na delação premiada do doleiro. Youssef afirma que o deputado recebia de R$ 30 mil a R$ 150 mil por mês da cota do PP. O parlamentar nega.

Denúncia

Os nomes constam do documento que a defesa apresentou à Justiça Federal como resposta as acusações feitas a Pedro Corrêa. Na denúncia proposta pelo Ministério Público Federal e recebida pela Justiça, o ex-deputado é acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato. Pedro Corrêa nega todas as acusações.

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirma que o ex-deputado recebeu R$ 5,3 milhões do esquema para sua campanha de 2010. Corrêa também foi citado pelo doleiro Alberto Youssef, personagem central da Lava Jato, como um dos "líderes" do PP, que recebia repasses mensais de R$ 250 mil a R$ 500 mil. O pagamento seria feito no apartamento do ex-parlamentar, no Recife, ou no escritório de Youssef, em São Paulo.

"Todos os valores recebidos pelo réu, inclusive por meio de depósitos bancários não identificados, decorrem apenas e tão somente de rendas provenientes de atividades lícitas, que serão comprovadas ao longo desse processo", afirma a defesa do ex-deputado.

O PP, partido de Corrêa, o PT e o PMDB são suspeitos de lotear diretorias da Petrobras para arrecadar entre 1% e 3% de propina em grandes contratos, mediante fraudes em licitações e conluio de agentes públicos com empreiteiras organizadas em cartel. O esquema instalado na estatal foi desbaratado pela força-tarefa da Lava Jato.

No documento anexado aos autos da ação, a defesa de Pedro Corrêa alega exceção de incompetência da Justiça Federal do Paraná, base das investigações da operação, inépcia da denúncia, vedação de dupla punição pelo mesmo fato.

"A vedação da dupla punição pelo mesmo fato, "quer dizer que ninguém deva ser processado e punido duas vezes pela prática da mesma infração penal", afirmam os advogados do ex-parlamentar. "O réu responde, em razão dos mesmos e idênticos fatos - a dizer, supostamente, por ter sido um dos líderes do PP que teria garantido o cargo de Paulo Roberto Costa na diretoria de abastecimento da Petrobras e por ter recebido valores advindos da propina relativa aos contratos da diretoria de abastecimento, por meio do processo de lavagem de dinheiro realizado por Alberto Youssef, periodicamente ou em ocasiões extraordinárias, em espécie ou por contas que ele indicava - pelos crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro em duas investigações distintas, uma perante o Supremo Tribunal Federal, nos autos no Inquérito nº 3989, e outra perante este Juízo."

Segundo os advogados, o 'Inquérito nº 3989 trata do suposto recebimento, por parte do núcleo político (agentes políticos com foro privilegiado e ex-parlamentares), de recursos oriundos do esquema perpetrado na Petrobras, que seriam entregues aos destinatários após processo de ocultação e dissimulação'.

A resposta à acusação é subscrita pelos criminalistas Michel Saliba de Oliveira, Gabriela Guimarães Peixoto e Alexandre Augusto Lopes. O documento de 33 páginas foi entregue à Justiça em 29 de maio.

Os três deputados foram procurados pela reportagem, mas não responderam aos questionamentos.

Ao ler uma declaração de amor para sua noiva, Ana Lúcia Novaes, na cerimônia de seu casamento na manhã desta sexta-feira (29) o ex-deputado Roberto Jefferson fez menção ao escândalo do mensalão. Também aludiu a um dos episódios mais marcantes da investigação, quando disse ao ex-ministro José Dirceu, durante acareação na CPI dos Correios, que o petista lhe despertava os instintos mais primitivos.

"Minha linda, minha Ana, você desperta em mim o encanto pela vida, você me enternece, e a ternura faz de mim um ser humano melhor. Mas você desperta em mim os instintos mais deliciosamente primitivos", disse o ex-parlamentar.

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Pouco antes, Jefferson lembrara chorando o processo e o câncer no pâncreas que descobriu pouco antes de ser condenado a 7 anos e 14 dias de prisão. "(Ana) sofreu ao meu lado as mais duras penas da minha vida. Nunca se lastimou, nunca se lamentou, nunca reclamou. Enfrentou com serenidade a CPI do Mensalão, a minha cassação na Câmara dos Deputados, o processo criminal, o tratamento do câncer, a minha condenação judicial e a minha prisão. Jamais se queixou, jamais blasfemou", afirmou o ex-deputado.

Depois da cerimônia, conduzida por uma prima do ex-parlamentar, Lana Santos Teixeira Pinto, os cerca de 300 convidados foram recebidos pelo casal em um almoço. Vários convidados enviaram aos noivos garrafas de champagne Veuve Clicquot, que seriam servidas durante as festa. Jefferson, no entanto, decidiu que não seria conveniente uma bebida que consideraria sofisticada e cara. Comprou garrafas do espumante nacional Chandon, brütt, roseé e demie-sec.

Um ano e três meses após renunciar ao cargo de deputado federal, o ex-governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB), réu no processo do mensalão mineiro, está de emprego novo. O ex-parlamentar, de 66 anos, trabalha agora na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O ex-governador foi contratado como diretor executivo para as áreas internacional e de ciência, tecnologia e inovação da entidade de classe. O salário é de R$ 25 mil mensais, conforme informado pela federação.

A renúncia de Azeredo ao mandato parlamentar aconteceu em 19 de fevereiro de 2014, 12 dias depois de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedir ao Supremo Tribunal Federal a condenação do ex-governador a 22 anos de cadeia por peculato e lavagem de dinheiro ao desviar recursos de empresas estatais para a campanha por sua reeleição ao Palácio da Liberdade em 1998. Com a renúncia, o processo de Azeredo retornou à primeira instância, tramitando hoje na 9.ª Vara Criminal da capital.

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Na entidade, o tucano irá participar de encontros com empresários de outros países. Ele é formado em engenharia mecânica com pós-graduação em engenharia econômica.

O ex-governador não quis falar sobre o novo emprego. Segundo sua assessoria de imprensa, a contratação pela federação ocorreu porque a entidade tem conhecimento da experiência de Azeredo nas áreas em que passou a atuar na federação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-deputado federal Roberto Jefferson, condenado a sete anos de prisão na Ação Penal 470, o processo do mensalão, deixou nestse sábado (16) o Instituto Penal Francisco Spargoli, em Niterói (RJ), e vai cumprir o resto da pena em prisão domiciliar.

O benefício foi autorizado nessa sexta-feira (15) pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), por Jefferson ter cumprido um sexto da pena em regime inicial semiaberto. O ex-deputado ficou 14 meses preso e conseguiu completar um sexto da pena com desconto dos dias trabalhados em um escritório de advocacia como auxiliar de escritório.

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Condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Jefferson disse estar aliviado e que pagou pelos crimes que cometeu. “Está pago, ainda tem algum tempo a cumprir, mas está pago”, disse a jornalistas na saída do prédio.

Perguntado se sabia do esquema de corrupção na Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato, o ex-deputado disse que não pode falar sobre esses assuntos, cumprindo regra imposta pelo ministro Barroso. “Está aqui, mas não posso falar nada”, disse, levando a mão à garganta.

Operado em 2012 para a retirada de um tumor no pâncreas e de partes de outros órgãos do sistema digestivo, Jefferson disse que vai aproveitar a saída da prisão para cuidar da saúde e “namorar muito”. O ex-deputado deve se casar no fim deste mês. “Não há prisão que seja boa, mas tirei com toda a serenidade. Evoluí, melhorei, estou melhor que ontem. Tive o tempo de ler, de conhecer o sofrimento das pessoas que passam por isso”, disse.

O ex-deputado deixou o presídio dirigindo e disse que iria para um apartamento na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio.

Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil condenado no processo do mensalão, pode ser solto na Itália antes mesmo da decisão de uma eventual extradição ao Brasil. No final de abril, o governo italiano havia dado o sinal verde para a extradição do brasileiro, mas na semana passada, o Tribunal Administrativo de Roma acatou um recurso de Pizzolato e marcou uma audiência para o dia 3 de junho para julgar a liminar dos advogados do brasileiro.

O problema é que, no próprio decreto do tribunal, os juízes apontam que a data final para que o Brasil organizasse a extradição seria 31 de maio. Como a audiência ficou marcada apenas para o dia 3, tanto o Ministério da Justiça da Itália como autoridades brasileiras confirmam que Pizzolato poderia ser solto no dia 31 de maio, aguardando em liberdade a audiência. Hoje, ele está preso em Módena. Brasília agora tenta impedir que os advogados de Pizzolato usem uma brecha legal para obter a soltura do cliente.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O advogado Marcos Pinheiro de Lemos, que representa o ex-deputado federal e delator do escândalo do Mensalão Roberto Jefferson (PTB-RJ), afirmou nesta sexta-feira, 15, esperar que ainda hoje seu cliente seja autorizado oficialmente a cumprir pena em casa.

Condenado a 7 anos e 14 dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Jefferson cumpre pena em regime semiaberto. Durante o dia trabalha como auxiliar administrativo em um escritório de advocacia no centro do Rio e à noite é obrigado a se recolher a um presídio de Niterói, na Região Metropolitana.

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Nesta quinta-feira, 14, ele foi beneficiado por uma decisão do ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou o ex-deputado a cumprir pena em regime aberto. Nessa situação, ele não precisará se recolher ao presídio nem usar tornozeleira eletrônica. Poderá ficar em casa e só estará proibido de frequentar bares, portar armas e consumir bebidas alcoólicas e entorpecentes.

Segundo o advogado, a decisão deve ser informada pelo STF à Vara de Execuções Penais do Rio, que então deve emitir o alvará de soltura. "Estou empenhado nisso. Espero resolver esse trâmite ainda hoje (sexta) ou no mais tardar amanhã (sábado)", afirmou Lemos.

Jefferson tem casa em Comendador Levy Gasparian, cidade do sul do Estado do Rio onde, antes de ser preso, morava com a mulher. Segundo o advogado, quando liberado, Jefferson deve continuar morando no Rio e trabalhando no escritório de advocacia. O ex-deputado vai se casar em 29 de maio.

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou que o ex-deputado Roberto Jefferson, condenado no processo do mensalão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, passe para o regime aberto. Atualmente, o ex-parlamentar do PTB cumpre pena no sistema semiaberto, no qual precisa voltar para estabelecimento prisional para dormir após o trabalho.

Jefferson, que denunciou o esquema do mensalão, foi condenado a pena de 7 anos e 14 dias de reclusão em regime inicial semiaberto e cumpre pena no Rio de Janeiro. A progressão de regime pode ser concedida quando já foi cumprido ao menos um sexto da pena e há indicativos de bom comportamento.

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Na decisão, Barroso aponta que o ex-deputado trabalhou em escritório de advocacia desde outubro do ano passado - o que autoriza o desconto de tempo da pena - e destaca o "ótimo comportamento carcerário". Até o dia 20 de abril, Jefferson teve 40 dias de pena descontados pelas atividades de trabalho.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deu parecer favorável à progressão de regime do ex-deputado, considerando ainda que foi comprovado o pagamento de multa estipulada no julgamento do mensalão. "Conforme já referido, há nos autos atestado de ótimo comportamento carcerário e inexistem anotações de prática de infração disciplinar de natureza grave pelo condenado. Ademais, a defesa comprovou o recolhimento da pena de multa, requisito indispensável para a progressão de regime, na linha da atual jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal", apontou o ministro.

O ministro do STF, que é relator das execuções penais do mensalão, afirmou que o ex-deputado deverá se comportar com "sobriedade e discrição" mesmo em regime aberto. "Fica o sentenciado advertido de que, mesmo em regime aberto, encontra-se em cumprimento de pena privativa de liberdade, devendo comportar-se com a sobriedade e discrição que tal condição impõe, sob pena de regressão de regime", alertou o ministro. No regime aberto, o condenado continua com algumas restrições, como a proibição de frequentar bares e o dever de permanecer recolhido em casa durante a noite.

No ano passado, Barroso chegou a advertir o ex-deputado de que perderia o direito a realizar trabalho externo se realizasse pronunciamentos políticos públicos. Barroso considerou que não era "próprio de uma pessoa que está presa" fazer manifestações políticas.

Questionado pelo senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) sobre ser "um ponto fora da curva" em relação ao posicionamento dos ministros que julgaram o caso do mensalão, Luiz Edson Fachin, indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF), disse: "nem ponto, nem curva, eu sigo a lei".

A expressão de "ponto fora da curva" foi usada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF, ao passar por sabatina no Senado, após indicação da presidente Dilma Rousseff. "Tenho comigo a percepção de que o STF, ao julgar como julgou, deu uma resposta a sociedade brasileira", disse Fachin sobre o caso do mensalão, acrescentando que não poderia exprimir mais opinião por não conhecer os autos do processo.

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Fachin respondeu ao questionamento durante sabatina da Comissão de Cidadania, Constituição e Justiça (CCJ) no Senado, processo do qual depende sua confirmação como ministro do STF. Quanto à criminalização do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Fachin disse que não se pode ultrapassar a barreira da violência. "Em hipótese alguma, ainda que as pessoas entendam que a reivindicação é legitima", disse, em resposta a questionamento feito por Caiado.

Financiamento de campanha

Questionado sobre sua opinião sobre o financiamento privado de campanhas eleitorais, assunto que está parado há mais de um ano no STF, Fachin disse que talvez não seja uma discussão para a Suprema Corte, sugerindo que esse tema deva ser debatido no Congresso. "Em tese, há certas circunstâncias em que o Supremo não deve atravessar a rua", disse. O indicado ao STF disse ainda que não gostaria, contudo, de se comprometer com essa opinião. "Digo em tese, não quero que seja esse tema apreendido como comprometimento."

Sobre a prerrogativa de foro por função, Fachin disse que essa é uma determinação prevista na Constituição Federal, ponderando, contudo, que "o parlamento poderá hipoteticamente deliberar em sentido diverso", disse. Atualmente, determinados cargos e funções, como deputados, senadores, vereadores, presidentes e membros de Tribunais superiores têm foro específico em tribunais, como STF e Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O líder do Democratas no Senado, Ronaldo Caiado (GO), afirmou na tarde desta sexta-feira, 8, que vai apresentar um requerimento de convite para que o ex-presidente do Uruguai José Mujica fale sobre a suposta confissão que o ex-presidente Lula fez do envolvimento dele no escândalo do mensalão. O pedido será apresentado na Comissão de Relações Exteriores da Casa e tem como base um livro-reportagem sobre Mujica em que Lula teria narrado ao ex-presidente uruguaio, em encontro em 2010, que esse esquema de corrupção "era a única forma de governar o Brasil".

"A acusação é muito séria, até porque é a própria esquerda brasileira que trata Mujica como uma espécie de mártir e coloca sua índole acima de qualquer suspeita. Se ele diz que o ex-presidente Lula, não só confirmou ter conhecimento sobre o mensalão, como admitiu que era a sua única forma de governar o País, isso coloca em xeque toda a tese que o inocentou do esquema", defende Caiado, em nota divulgada. O caso foi publicado em reportagem do jornal O Globo desta sexta-feira.

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Segundo o líder do DEM, o convite também será feito ao ex-vice presidente do país Danilo Astori, que, segundo Mujica, estava na sala e também ouviu a confissão do petista.

O ex-presidente Lula sempre negou que soubesse da existência do mensalão. No auge do escândalo, Lula chegou a gravar um pronunciamento em que afirmou que se sentia traído e pedindo desculpas. Posteriormente, contudo, ele passou a rejeitar a existência do esquema de corrupção, mesmo após condenações de pessoas próximas a ele pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ter vivenciado o episódio do escândalo do mensalão com "angústia" e com "um pouco de culpa", segundo relato que teria sido feito pelo próprio petista ao ex-presidente do Uruguai José Mojica. A conversa foi narrada pelo uruguaio em um livro recém-lançado no país sobre seu mandato.

No livro-reportagem Una oveja negra al poder (Uma ovelha negra no poder, em tradução livre), escrito pelos jornalistas uruguaios Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz, Mujica fala sobre o ex-presidente brasileiro, quem diz admirar e respeitar politicamente. O livro ainda não foi lançado no Brasil.

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Mujica narrou ainda aos autores que Lula contou ter precisado lidar com "coisas imorais, chantagens". "Essa era a única forma de governar o Brasil", teria dito o brasileiro a Mujica. O diálogo, segundo o livro, foi presenciado também pelo então vice-presidente de Mujica, Danilo Astori, e ocorreu em 2010.

Procurado para comentar as falas de Mujica, o Instituto Lula não se manifestou até a tarde desta sexta-feira, 8.

A extradição de Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil condenado por envolvimento no mensalão, fica adiada para junho. Nesta quarta-feira, 06, seus advogados entraram com um pedido de liminar para tentar impedir sua extradição da Itália para o Brasil. Uma audiência foi marcada para junho para considerar o caso e só então as autoridades brasileiras poderão eventualmente transferi-lo ao País. A medida frustra os planos do Brasil que eram de extraditá-lo a partir do dia 11 de maio.

O recurso foi entregue ao Tribunal Administrativo de Roma. Ao contrário do que vinha sendo defendido, que ele seria inocente, agora o argumento da defesa é que Pizzolato se dispõe a cumprir sua pena de prisão na Itália. "O Tribunal, seguindo o recurso que apresentamos, suspendeu de forma temporária o processo de extradição e fixou pela decisão uma audiência no dia 3 de junho", declarou o advogado de Pizzolato, Alessandro Sivelli, em um comunicado. " Certamente nesta data Henrique Pizzolato ficará na Itália", insistiu.

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Há duas semanas, o governo italiano deu o sinal verde para que o brasileiro seja extraditado, o que abriu a possibilidade para que a transferência ocorresse a partir do dia 11 de maio. Com o recurso, porém, a defesa acredita que todo o processo está adiado.

Segundo Sivelli informou no início da semana, o recurso tem como base tratado judicial entre Brasil e Itália ratificado em 2014 e transformado em lei nacional pelo Parlamento italiano há dois meses. Em um dos trechos da lei, fica permitido que um italiano que tenha cometido crime no Brasil cumpra sua pena de prisão na Itália e vice-versa para os brasileiros. Para Sivelli, o governo de Renzi errou ao dar o sinal verde e violou as regras da lei aprovada no Parlamento ao permitir a extradição.

Procuradores brasileiros ouvidos pelo jornal O Estado de S.Paulo confirmaram que o tratado foi negociado entre os dois países, mas ainda depende de aprovação do Senado brasileiro e depois de publicação no Diário Oficial da União para entrar em vigor. Dessa forma, mesmo que para a Itália o tratado já esteja ratificado, para o Brasil não tem validade ainda.

Além disso, a medida só teria eficácia na avaliação de procuradores brasileiros se Pizzolato tivesse iniciado o cumprimento da pena no País e posteriormente alegasse a necessidade de transferência para a Itália para ficar perto de sua família, o que não é o caso uma vez que seus parentes moram no Brasil e ele fugiu. Apesar disso, até que o recurso seja julgado, o Brasil não pode buscá-lo na Itália.

Em Roma, porém, o Ministério da Justiça admite que a lei italiana é o que vai pesar, e não o fato de o novo tratado não ter sido aprovado ainda no Brasil.

A aprovação do tratado na Itália foi uma estratégia de um grupo de parlamentares em Roma que defendem Pizzolato e que decidiram que usariam o acordo justamente para frear sua extradição.

Segundo a nota emitida por Sivelli, a decisão do governo "contradiz a lei aprovada pelo Parlamento italiano, que da ao cidadão italiano, preso no Brasil, o direito de cumprir pena na Itália". "Pizzolato sempre declarou que está disposto a cumprir a pena na Itália", disse.

Os advogados de Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil e condenado no caso do mensalão, confirmam que vão apresentar um recurso para tentar impedir sua extradição da Itália para o Brasil. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a medida está sendo elaborada e deve ser entregue ao Tribunal Administrativo de Roma ainda nesta semana. O argumento é de que Pizzolato se dispõe a cumprir sua pena de prisão na Itália.

Segundo o advogado italiano Alessandro Sivelli, o recurso terá como base tratado de extradição entre Brasil e Itália, transformado em lei nacional pelo Parlamento italiano há dois meses. Em um dos trechos da lei, fica permitido que um italiano que tenha cometido crime no Brasil cumpra sua pena de prisão na Itália, e vice-versa para os brasileiros. Para Sivelli, o governo de Renzi errou ao dar o sinal verde e violou as regras da lei aprovada no Parlamento ao permitir a extradição.

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Procuradores brasileiros ouvidos pela reportagem confirmaram que o tratado foi negociado entre os dois países, mas ainda depende de aprovação do Senado brasileiro e depois de publicação no Diário Oficial da União para entrar em vigor. Dessa forma, mesmo que para a Itália o tratado já esteja ratificado, para o Brasil não tem validade ainda.

Além disso, a medida só teria eficácia na avaliação de procuradores brasileiros se Pizzolato tivesse iniciado o cumprimento da pena no país e posteriormente alegasse a necessidade de transferência para a Itália para ficar perto de sua família, o que não é o caso uma vez que seus parentes moram no Brasil e ele fugiu. Apesar disso, até que o recurso seja julgado, o Brasil não pode buscá-lo na Itália.

Mensalão

Com dupla cidadania, Pizzolato fugiu para a Itália pouco antes de ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a doze anos e sete meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro acusado de ser um dos operadores financeiros do mensalão, esquema de compra de apoio político para o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O ex-diretor do BB foi descoberto e preso na Itália, o que iniciou um processo legal que durou 18 meses até a definição sobre sua extradição para o Brasil ser aprovada pelo governo de Matteo Renzi na semana passada. Para que ele seja extraditado, porém, o Brasil precisa aguardar para que o período de um recurso seja esgotado, no dia 11 de maio, conforme revelou o Estado.

Nessa semana, o senador italiano Carlo Giovanardi, líder do partido Área Popular na Comissão de Justiça do Senado, esteve com o brasileiro na prisão em Modena. A visita faz parte de uma ofensiva de uma parte do Parlamento italiano para usar o caso de Pizzolato para pressionar o governo em temas de política doméstica. Esse mesmo grupo já havia enviado carta ao governo pedindo que o brasileiro não fosse extraditado, enquanto grupos religiosos enviaram cartas ao Papa Francisco.

O senador aproveitou para pedir que o governo reavalie sua decisão, alegando que as condições das prisões nacionais não são adequadas. "A medida coloca em risco a vida de Pizzolato, que se colocou a disposição de cumprir a pena na Itália, mesmo com o legítimo pedido de revisão do processo em que foi envolvido no Brasil", declarou o senador. E complementou: "O governo italiano incompreensivelmente estabeleceu que Pizzolato, cidadão italiano, deve ser extraditado ao Brasil em 11 de maio."

O senador também questionou a Justiça brasileira. "A maioria dos políticos condenados no Brasil já estão fora da prisão, enquanto os peixes pequenos tiveram condenações pesadas. São os mesmos governadores brasileiros que dizem que as condições de cárcere são inapropriadas." Políticos condenados no mensalão como o ex-ministro José Dirceu, da Casa Civil, cumprem pena em regime domiciliar.

Para garantir que Pizzolato fosse extraditado, o Ministério Público brasileiro, a AGU e mesmo a Polícia Federal enviaram garantias ao governo italiano de que o brasileiro ficaria no complexo da Papuda, no mesmo local onde outros condenados no caso do mensalão cumpriram pena. As garantias convenceram os italianos, que aprovaram a extradição.

O ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado no processo do mensalão, será colocado à disposição do governo brasileiro para retorno ao País a partir do dia 11 de maio. O comunicado foi feito de forma extraoficial pela Itália a autoridades brasileiras. A partir desta data, começará a contar o prazo final de 20 dias dado ao Brasil para promover a viagem.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta segunda-feira, 27,que o governo brasileiro ainda não recebeu o comunicado oficial da Itália sobre a data a partir da qual Pizzolato será liberado, o que deve ocorrer nos próximos dias. "Nossa ideia é fazer (a transferência) assim que possível", afirmou o ministro. Segundo ele, o retorno do ex-diretor do BB deve ser realizado antes do prazo final de 20 dias.

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"Vamos fazer isso da maneira mais reservada possível dentro daquilo que o tempo nos permite. É desejo nosso que façamos com a maior agilidade toda a transferência", completou Cardozo.

A Polícia Federal tinha previsto inicialmente a volta de Pizzolato para a próxima quinta-feira, 30. Logo depois a data foi descartada, diante da ausência de comunicação oficial por parte da Itália. Nesta terça-feira, 28, a PF realiza uma reunião para discutir a data da viagem e os trâmites logísticos.

Condenado a 12 anos e 7 meses de prisão, Pizzolato deve descontar do total da pena o período que já permaneceu preso na Itália, de 11 meses. A extradição do ex-diretor do Banco do Brasil foi autorizada pela Itália na última sexta-feira, 24. "Nós tínhamos confiança que o governo italiano atenderia nossa solicitação", disse Cardozo nesta segunda-feira.

Pizzolato deve ser transportado em voo comercial para Brasília, onde cumprirá pena no Complexo Penitenciário da Papuda, presídio no qual outros condenados no mensalão já cumpriram pena.

Autoridades do governo e da Procuradoria-Geral da República (PGR) brasileira comemoraram a oficialização por parte da Itália da autorização para extraditar o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado no processo do mensalão. Um dos compromissos firmados pelo governo para garantir o retorno do condenado por peculato, lavagem de dinheiro e corrupção passiva é a garantia de que Pizzolato irá receber assistência oferecida pelo Consulado da Itália na prisão.

"Nós consideramos essa decisão extremamente importante e histórica", disse o procurador regional da República e secretário de Cooperação Jurídica Internacional da PGR, Vladimir Aras. Na esfera judicial, o Brasil teve de convencer a Justiça italiana de que o presídio que receberia Pizzolato não é um local de risco e não oferece ameaças à dignidade do preso. Ele irá cumprir pena no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, conforme determinado pelo ex-ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), em novembro de 2013.

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Depois, o desafio foi negociar com o governo italiano a extradição de Pizzolato, mesmo ele sendo um cidadão italiano nato. "Pela primeira vez de fato um cidadão italiano é entregue a uma nação estrangeira", completou Aras. "O fato de termos um crime de corrupção como base nos pareceu muito importante na decisão italiana de abrir essa exceção e extraditar um nacional. O compromisso de combate à corrupção foi colocado na decisão", disse o diretor do departamento internacional da Advocacia-Geral da União (AGU), Boni Soares.

No início do mês, o governo brasileiro encaminhou uma carta à Itália, com compromissos do País em relação à extradição. O conteúdo do documento não foi divulgado. Nesta sexta-feira, autoridades brasileiras confirmaram um dos acertos feitos com a Itália: a garantia de que Pizzolato terá acesso a uma assistência consular, por ser cidadão italiano. "Qualquer cidadão tem direito a várias assistências quando está preso e o estrangeiro tem uma a mais, que o acesso à sua representação consular", explicou Vladimir Aras.

Aurélio Viotti, chefe da divisão de cooperação internacional do Ministério de Relações Exteriores (MRE), assegurou que a assistência consular está prevista na Convenção de Viena, da qual o Brasil é signatário, e é "absolutamente normal". Segundo ele, os consulados brasileiros também monitoram os presos do País no exterior para garantir o bem do cidadão.

Condenado a 12 anos e 7 meses de prisão, Pizzolato terá descontado do total da pena o período que já permaneceu preso na Itália, de 11 anos. Desta forma, com cerca de 1 ano e 2 meses de pena cumprida no Brasil em regime fechado, Pizzolato já terá cumprido um sexto do período que deve permanecer na prisão e, portanto, poderá pedir a progressão de regime para o semiaberto, no qual pode sair para trabalhar durante o dia.

O pedido deverá ser analisado pelo ministro relator das execuções penais do mensalão no STF, Luís Roberto Barroso. Caberá ao ministro analisar eventuais consequências do comportamento de Pizzolato, que podem dificultar a progressão de regime. O Ministério Público, normalmente, é chamado a se manifestar nesses casos.

Ressarcimento

Governo e Procuradoria não descartam a possibilidade de pedir o ressarcimento dos custos com o processo de extradição. Esta seria a primeira cobrança de ressarcimento por extradição, de acordo com Boni Soares, da AGU. Os custos devem ser calculados pela PGR e pela AGU em conjunto. Só a tradução do trecho do acórdão do processo do mensalão que cita Pizzolato, por exemplo, custou em torno de R$ 20 mil. Caso toda a decisão fosse traduzida, o valor seria de R$ 468 mil.

Além da tradução, o País gastou com viagens à Itália e contratação de advogados locais. No total, foram feitas quatro viagens. "A análise (sobre ressarcimento) está sendo feita", disse Soares.

É preciso aguardar que o governo italiano indique a data oficial a partir da qual será iniciada a contagem de 20 dias para concluir da extradição. A "logística" do retorno de Pizzolato ainda não está definida. Fontes envolvidas apontam que Pizzolato deve voltar em um avião de carreira.

Cooperação

O secretário Nacional de Justiça, Beto Vasconcelos, destacou a importância da cooperação entre os diversos órgãos brasileiros no processo de extradição. "Definitivamente, o papel e a atuação coordenada e articulada dos órgãos públicos brasileiros geram sim em resultados efetivos", afirmou.

O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato deverá ficar preso no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, ou em outro presídio localizado em Santa Catarina, estado de origem dele, se a defesa assim optar. Pizzolato teve a extradição para o Brasil autorizada nesta sexta-feira (24) pelo governo italiano.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o Brasil terá 20 dias para definir a logística para transferir Pizzolato. A data de início para a contagem do prazo será informada pelo governo italiano à representação brasileira em Roma. O prazo foi definido no tratado de extradição entre os dois países.

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Pizzolato, que tem cidadania italiana, foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 12 anos e sete meses de prisão, por lavagem de dinheiro e peculato na Ação Penal 470, o processo do mensalão, mas fugiu para a Itália com passaporte falso. Ele foi detido em fevereiro de 2014, em Maranello, por causa da documentação irregular. Em fevereiro último, a Corte de Cassação de Roma reverteu uma decisão do Tribunal de Bolonha e autorizou a extradição do brasileiro. A decisão final coube ao Ministério da Justiça da Itália.

Em entrevista coletiva, a PGR confirmou que, além de pedir a garantia de que Pizzolato ficará preso em um presídio que lhe garanta condições dignas, o governo italiano pediu que ele tenha direito à assistência consular. Por ser cidadão italiano, a embaixada da Itália no Brasil poderá monitorar se as garantias serão cumpridas. Outros condenados no processo do mensalão também ficaram presos no Presídio da Papuda.

A procuradoria, o Ministério da Justiça, a Advocacia-Geral da União e o Ministério  das Relações Exteriores atuaram de forma conjunta para conseguir a extradição. O caso do ex-diretor é a primeira extradição de um nacional, autorizada pelo governo italiano, para o Brasil.

Deputados da oposição viram como uma vitória à autorização do governo da Itália pela extradição para o Brasil, do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, nesta sexta-feira (24). Condenado no julgamento do mensalão do PT, Pizzolato deve cumprir pena de 12 anos e 7 meses por crimes de peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. No país, ele poderá dar novos depoimentos, acredita políticos do PSDB e do PPS. 

Para o deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE), o retorno dele ao Brasil mostra a independência da Justiça da Itália. “Eu acho que é uma vitória da justiça brasileira. É uma demonstração de independência da Justiça Italiana e ao contrário do caso Battisti, a justiça italiana agiu com neutralidade porque não se deve confundir decisões judiciais com decisões políticas. Agora, vamos vê o que ele vai dizer sobre o mensalão e que ele tenha um justo julgamento”, espera o pós-comunista.

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Questionado se a decisão poderia ter manipulação do governo brasileiro, Jungmann descartou a ideia e elogiou o Ministério Público. “Não. É uma vitória da Justiça e do Ministério Público e a demonstração da imparcialidade da democracia italiana, da democracia do poder”, reforçou. 

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Também comemorando a decisão da Justiça italiana, o deputado federal Daniel Coelho (PSDB) elogiou a decisão. “Foi importante esta finalização porque num país democrático eles não podem compactuar com a corrupção (...). Isso é importante para ele saber que não pode fazer o que quiser e depois ir para o exterior. A justiça da Itália está de parabéns”, enalteceu o tucano.

Na espera da chegada de Pizzolato, Daniel Coelho, sugeriu, inclusive, que ele participe da delação premiada no Congresso Nacional. “Eu acho que existe (possibilidade de depor na CPI) porque é o colegiado que tem que decidir, mas eu acho importante que ele seja ouvido e estando no Brasil não vai poder escapar”, destacou o deputado.

 

A Procuradoria-Geral da República irá explicar, na tarde desta sexta-feira, 24, a extradição do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, condenado no processo do mensalão.

Mais cedo, a Interpol na Itália confirmou que o país autorizou a extradição de Pizzolato ao Brasil, após a disputa legal e as negociações políticas sobre o assunto. Atualmente, Pizzolato está preso em Módena, na Itália.

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A expectativa é que a PGR confirme a informação da Interpol e explique os trâmites para que a extradição ocorra a partir de agora. O Ministério da Justiça brasileiro ainda não confirmou o recebimento de comunicação oficial da Itália sobre a decisão.

A Itália autorizou a extradição ao Brasil do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado por envolvimento no mensalão. A decisão foi tomada pelo governo de Mateu Renzi e marca o fim de quase dois anos de disputa legal e tratativas políticas em relação ao brasileiro. A transferência de Pizzolato, que está em uma cadeia de Módena, poderá ocorrer já nos próximos dias e o Brasil tem 20 dias para organizar a viagem de volta ao País.

A informação é dos representantes da Interpol na Itália. O governo em Roma, porém, ainda mantém oficialmente um silêncio sobre o assunto, já que a decisão primeiro precisa ser dada a Pizzolato e ao governo brasileiro.

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Em fevereiro, a instância máxima do Judiciário italiano havia revertido uma decisão do tribunal de Bolonha e havia dado o sinal verde para que Pizzolato fosse devolvido ao Brasil. Mas faltava ainda o posicionamento do Ministério da Justiça, que ainda poderia negar a extradição.

Pela decisão da Corte, "existem condições para a extradição", numa referência à situação das prisões no Brasil, e das garantias dadas pelo governo. "Sempre confiei na Justiça italiana", afirmou Miqueli Gentiloni, advogado contratado pelo Brasil para defender o caso.

Ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Pizzolato foi condenado a 12 anos e sete meses de prisão. Mas, há um ano e oito meses, fugiu do País com um passaporte falso e declarou que confiava que a Justiça italiana não faria um processo político contra ele, como acusa a Justiça brasileira de ter realizado.

Ele acabou sendo preso na cidade de Maranello e, em setembro do ano passado, a Corte de Bolonha negou sua extradição argumentando que as prisões brasileiras não têm condições de recebê-lo. Ao sair da prisão, declarou que havia fugido para "salvar sua vida".

Para conseguir reverter a decisão, os advogados contratados pelo Brasil insistiram na tese de que a Itália não poderia generalizar a condição das prisões no País.

Battisti

Os advogados de Pizzolato chegaram a usar o tema da extradição Cesare Battisti - italiano que recebeu asilo no Brasil - na argumentação e tentaram convencer a Corte que o ex-diretor do Banco do Brasil não poderia ser extraditado por conta da recusa do governo brasileiro em cooperar no caso de Battisti. O argumento não foi acatado.

"O Brasil mostrou que não há uma reciprocidade", indicou o advogado de Pizzolato, Emmanuelle Fragasso, em fevereiro.

O advogado Miqueli Gentiloni rejeitou o argumento da defesa. "Isso não tem nenhuma influência nesse processo", insistiu. Battisti foi condenado na Itália por terrorismo. Mas, no Brasil, o então ministro da Justiça, Tarso Genro, o concedeu asilo, o que gerou fortes protestos por toda a Itália e ameaças de suspender certos acordos de cooperação.

O Brasil conseguiu a vitória judicial graças às garantias diplomáticas dadas de que Pizzolato teria sua proteção assegurada na prisão.

As garantias foram apresentadas pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Para a defesa contratada pelo Brasil, isso "demonstra inequivocadamente não apenas que (Pizzolato) não corre perigo de tortura, mas é garantia de que receberá um tratamento melhor em respeito a dos demais presos".

Os advogados contratados pelo Brasil indicaram ainda que Pizzolato faria parte, assim como os demais condenados no mesmo caso, de "uma categoria de presos aos quais está assegurado o total respeito da lei e de seu conforto".Para dar provas disso, o Brasil explicou a estrutura do Complexo da Papuda, penitenciária para onde Pizzolato seria enviado, e deu garantias de que ele ficaria "isolado do resto da população carcerária".

O governo da Itália deve decidir ainda nesta semana sobre a extradição do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, que fugiu para aquele país após ser condenado no esquema do mensalão. Pizzolato foi condenado a 12 anos e sete meses de prisão, por lavagem de dinheiro e peculato no processo do mensalão. A justiça italiana decidiu pela extradição, mas o Ministério da Justiça daquele país pediu informações ao governo brasileiro sobre as condições dos presídios.

O ministério da Justiça do Brasil já encaminhou um documento aos italianos, no qual atesta que os direitos humanos do preso serão respeitados no País. Conforme a deputada brasileira no Parlamento Italiano, Renata Bueno, a decisão da Itália deve sair a qualquer momento.

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O governo brasileiro vem mantendo sigilo sobre o documento enviado para a Itália que trata da situação dos presídios, mas conforme a parlamentar, foi dada toda a garantia necessária de que Pizzolato terá no Brasil seus direitos garantidos.

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitaram nesta quarta-feira, 15, três recursos apresentados por réus condenados no mensalão, que pediam imediata progressão do regime semiaberto para o aberto. Entraram com recurso na Suprema Corte contra decisão do ministro Luís Roberto Barroso os ex-deputados Pedro Corrêa (PP-PE) e Pedro Henry (PP-MT) e o advogado Rogério Tolentino.

A defesa de Tolentino argumenta que o réu não tem condições de pagar a multa de R$ 484 mil, em valores não atualizados. Já os advogados de Corrêa dizem que o ex-deputado não conseguiu efetuar o pagamento de R$ 1,6 milhão porque a multa não consta como dívida ativa da União e Henry pede que seja beneficiado pelo indulto natalino decretado pela presidente no ano passado, que extinguiria sua pena. O ex-deputado do PP do Mato Grosso deverá pagar uma multa de R$ 1,3 milhão.

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O entendimento dos ministros foi de que não é possível migrar do regime semiaberto para o aberto antes do pagamento da multa que foi imposta aos réus pelo desvio de recursos públicos. "Em não havendo pagamento da multa, não é possível a progressão de regime. Essa foi a decisão tomada pelo Plenário", disse o presidente do STF, o ministro Ricardo Lewandowski, em referência a julgamento semelhante realizado na semana passada, quando os ministros recusaram pedido do ex-deputado Romeu Queiroz (PTB) de progredir de regime antes de pagar o débito com a União.

Na última semana, o Plenário da Corte já havia rejeitado recurso de outro réu condenado no mensalão, o ex-deputado que pedia a progressão para o regime aberto, mas não havia pago a multa no valor de R$ 1,2 milhão. Na sessão, o único voto contrário foi o do ministro Marco Aurélio Mello. "Especialmente em matéria de crimes contra a administração pública, como também nos crimes de colarinho branco em geral, a parte verdadeiramente severa da pena há de ser a de natureza pecuniária, essa sim tem o poder de funcionar como real fator de prevenção", votou Barroso, no caso analisado na última semana.

O ministro Barroso, relator do mensalão no STF, fez uma ressalva no julgamento realizado hoje, dizendo que poderá haver uma exceção nos casos em que o réu comprovar que não tem condições reais de efetuar o pagamento da multa. Contudo, o ministro disse que essa será uma discussão no futuro, quando for analisado o mérito dos recursos apresentados ao Tribunal.

A necessidade do pagamento de multa como condição para progressão de regime já havia sido discutida anteriormente pelos ministros, como no caso do ex-deputado João Paulo Cunha, que teve seu pedido rejeitado duas vezes até que ele tivesse comprovado o pagamento.

Lava Jato

Corrêa e Henry estão entre os investigados pela Operação Lava Jato. Ambos são alvo de um mesmo inquérito no STF, que investiga o envolvimento de 40 pessoas em uma suposta formação de quadrilha que teria atuado no esquema de corrupção envolvendo a Petrobras. Corrêa, que cumpria a pena imposta por envolvimento no mensalão no regime semiaberto em Pernambuco, foi preso na última sexta-feira, 10, na 11ª fase da Lava Jato e transferido para Curitiba.

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