Tópicos | Operação Prato Feito

A Polícia Federal (PF) indiciou 96 pessoas, entre prefeitos, empresários e servidores públicos, por fraudes em licitações de merenda, uniforme e material escolar. Os indiciamentos foram apresentados no âmbito da Operação Prato Feito, deflagrada em maio de 2018 para investigar cinco organizações criminosas que atuaram em pelo menos trinta municípios do Estado de São Paulo.

A operação apurava o envolvimento de treze prefeitos em exercício. Mas foi constatado que um outro grupo de gestores, que não era alvo das investigações, participaram do desvio de recursos.

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A operação cumpriu 154 mandados de busca e apreensão para investigar 65 contratos, cujos valores totais ultrapassavam R$ 1,6 bilhão. As ordens foram expedidas pela 1ª Vara Federal Criminal da Capital e pelo TRF da 3ª Região, em razão do envolvimento de treze prefeitos em exercício.

Segundo a PF, as apurações em andamento no TRF, envolvendo prefeitos paulistas, foram desmembradas em treze inquéritos, já encerrados. Além disso, algumas das investigações já resultaram em denúncias da Procuradoria Regional da República, indicou a corporação.

A Polícia Federal indicou que dos treze prefeitos, quatro tiveram seus mandatos cassados pelas respectivas Câmaras dos Vereadores. A corporação pediu o afastamento de alguns gestores e agora aguarda manifestação do TRF da 3ª Região sobre as medidas cautelares.

Segundo balanço, a PF concluiu que haveria participação em crimes dos prefeitos de Mauá, Mongaguá, Embu das Artes, Cosmópolis, Laranjal Paulista, Registro, Pirassununga, Holambra, Barueri, Paulínia e Caconde.

Os policiais informaram que não viram participação dos gestores de Mogi Guaçu e de Hortolândia no esquema de fraudes.

Com relação às apurações da 1ª Vara Federal, a PF indicou que houve o indiciamento de prefeitos que não foram investigados, nem alvo de quaisquer medidas na Prato Feito, mas que diante das provas, concluiu-se que participaram do desvio de recursos.

É o caso de gestores e ex-gestores de Águas de Lindoia, Itaquaquecetuba, Mauá, São Bernardo do Campo.

Defesas

A prefeitura de São Bernardo do Campo se manifestou por meio de nota. "Em resposta aos questionamentos apontados, o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, informa que não recebeu nenhum valor de pessoas ou empresas citadas em investigação. Lembrando que a prestação de contas da campanha eleitoral de 2016 foi aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral".

"Não há nenhuma prova de favorecimento na campanha eleitoral e, muito menos, depois. Os contratos feitos ao longo da gestão foram aprovados pelo Tribunal de Contas do Estado, até porque geraram economia de milhões para o município. As mudanças nas contratações ofereceram vantagem ao município, comprovadas por decisão judicial, na qual a Justiça determinou a uma empresa, contratada na gestão do PT (Luiz Marinho), devolva R$ 5,2 milhões ao município de São Bernardo".

"Quando da operação, todos os envolvidos foram afastados e, por decreto do prefeito Orlando Morando, essas empresas foram proibidas de firmar contratos com o município", finaliza o texto

A reportagem tenta contato com as prefeituras. O espaço está aberto para as manifestações de defesa.

A Polícia Federal pediu o afastamento do atual prefeito de São Bernardo do Campo Orlando Morando. Segundo a corporação, o pedido tem relação com desdobramentos da Operação Prato Feito, que investiga crimes de corrupção e fraude em licitação e execução de contratos.

A informação foi revelada pela CBN e confirmada pela reportagem do Estadão.

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A Prato Feito foi deflagrada pela Polícia Federal em maio de 2018 para investigar 65 contratos, cujos valores totais ultrapassam R$ 1,6 bilhão, em 30 cidades de São Paulo.

Quando a ação foi desencadeada, a Polícia Federal indicou que cinco grupos criminosos seriam suspeitos de desviar recursos da União para a educação. As verbas eram destinadas ao fornecimento de merenda escolar, uniformes, material didático e outros serviços.

Segundo representação policial que foi enviada à 1ª Vara Federal Criminal de São Paulo para a deflagração da "Prato Feito", um investigado que trabalhava com fornecimento de merenda escolar teria afirmado em áudio que entregou vantagem indevida para o então candidato e atual Prefeito de São Bernardo do Campo.

Na ocasião, a Polícia Federal anotou que apesar dos indícios de que foi oferecida propina à Morando, não havia elementos que comprovassem que o atual prefeito teria as recebido.

A PF indicou ainda que havia necessidade de aprofundar as investigações sobre suposta participação de Morando dos esquemas e por isso não houve nenhum pedido de medida em face do político na época.

Defesa

"Em resposta aos questionamentos apontados, o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, informa que não recebeu nenhum valor de pessoas ou empresas citadas em investigação.

Lembrando que a prestação de contas da campanha eleitoral de 2016 foi aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral.

Não há nenhuma prova de favorecimento na campanha eleitoral e, muito menos, depois. Os contratos feitos ao longo da gestão foram aprovados pelo Tribunal de Contas do Estado, até porque geraram economia de milhões para o município.

As mudanças nas contratações ofereceram vantagem ao município, comprovadas por decisão judicial, na qual a Justiça determinou a uma empresa, contratada na gestão do PT (Luiz Marinho), devolva R$ 5,2 milhões ao município de São Bernardo.

Quando da operação, todos os envolvidos foram afastados e, por decreto do prefeito Orlando Morando, essas empresas foram proibidas de firmar contratos com o município."

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, mandou soltar o prefeito de Mauá, Átila Jacomussi (PSB), alvo da Operação Prato Feito, que mira supostos desvios em contratos para o fornecimento de merenda escolar. O magistrado acolheu pedido liminar da defesa para suspender o decreto de prisão preventiva. Gilmar determinou que o Tribunal Regional Federal da 3ª Região determine medidas cautelares diversas da prisão ao prefeito.

Na casa de Jacomussi, a PF encontrou R$ 87 mil em espécie, dos quais R$ 80 mil estavam escondidos na cozinha, dentro de uma panela. Ele foi denunciado por lavagem de dinheiro. Além de Jacomussi, também foi preso preventivamente o secretário de Governo e Transporte de Mauá, João Eduardo Gaspar, este flagrado com R$ 588.417,00, 2.985 euros e US$ 1.300 - ele também é alvo de denúncia.

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No mesmo dia da prisão de Jacomussi, a Prato Feito também encarcerou o prefeito de Mongaguá, Artur Parada Prócida (PSDB), flagrado com R$ 4,61 milhões em sua casa e mais US$ 217 mil, tudo em dinheiro vivo.

Ao soltar o prefeito, Gilmar sustentou que "a prisão provisória continua a ser encarada como única medida eficaz de resguardar o processo penal".

"Assim, tenho que o risco à ordem pública, conveniência da instrução processual e a garantia da aplicação da lei penal podem ser mitigados por medidas cautelares diversas. Não vejo, no caso, razões a justificar a restrição da liberdade de locomoção do paciente", anotou.

Defesa

O criminalista Daniel Bialski, advogado que defende Átila Jacomussi, disse que "a decisão da Suprema Corte reconhece a arbitrariedade e excesso da prisão preventiva, decretada sem motivação válida e baseada em sofismas inverídicos".

"Como foi exibido nos pedidos, o prefeito não praticou qualquer ilicitude e nunca teve envolvimento com fatos ligados à operação da Polícia Federal", sustenta Bialski. "Felizmente, a Suprema Corte vem mantendo sua jurisprudência que a prisão é a exceção e não a regra."

Para o criminalista, "nestes moldes, a liberdade agora concedida, reforça os argumentos da defesa".

"A decisão nos dá maior força para provar a inocência de Átila Jacomussi no curso do processo."

O Ministério Público Federal denunciou criminalmente os prefeitos de Mongaguá, Arthur Parada Prócida (PSDB), e de Mauá, Átila Jacomussi (PSB), por lavagem de dinheiro na Operação Prato Feito - investigação sobre desvios de recursos públicos federais em contratos da merenda escolar em pelo menos 30 municípios paulistas.

Prócida e Jacomussi foram presos em flagrante em maio na posse de fortunas em dinheiro vivo - na casa do tucano a Polícia Federal apreendeu R$ 4,61 milhões e mais US$ 217 mil, tudo em dinheiro vivo. Na casa de Jacomussi, a PF encontrou R$ 87 mil em espécie, dos quais R$ 80 mil estavam escondidos na cozinha, dentro de uma panela.

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Também foi denunciado o secretário de Governo e Transporte de Mauá, João Eduardo Gaspar, este flagrado com R$ 588.417,00, 2.985 euros e US$ 1.300.

A denúncia foi levada ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), Corte que detém competência para eventualmente processar prefeitos em casos de desvios de verbas públicas da União. A acusação é da Procuradoria Regional da República da 3ª Região (PRR-3).

Prócida e Jacomussi também são alvo de inquéritos específicos por fraude em licitações e corrupção.

A Procuradoria destaca que os prefeitos de Mongaguá e Mauá, além do secretário de Governo de Mauá, foram presos "ocultando grande quantidade de dinheiro em espécie em suas residências, durante a deflagração da operação Prato Feito, que investiga fraudes em processos licitatórios para aquisição de merenda e material escolar em diversas cidades paulistas".

Grampos telefônicos no curso da investigação "permitiram identificar vários núcleos empresariais atuando paralelamente para fraudar procedimentos licitatórios e gerar contratos superfaturados e, assim, desviar recursos públicos".

"Há fortes indícios da participação de agentes públicos nessas fraudes e no crime de corrupção, sendo que ora alguns prefeitos mantinham contato direto com os suspeitos, ora servidores o faziam sob orientação desses chefes do executivo municipal", sustenta a Procuradoria.

"A contrapartida de muitas dessas condutas ilícitas é o pagamento de vantagens indevidas, incluindo financiamento de campanha eleitoral."

As investigações apontam que um empresário, Carlos Zeli Carvalho, proprietário da Reverson Ferraz da Silva - ME, teria repassado recursos a Gaspar, "que agia como representante do prefeito de Mauá". A Reverson, em 2017, firmou contrato com a prefeitura de Mauá para fornecimento de uniforme escolar, no valor de R$ 8,34 milhões.

Arthur Prócida, o prefeito de Mongaguá, também foi preso com fortuna escondida dentro de um guarda-roupas em sua residência. Ele afirmou que os valores se referiam a "aluguéis recebidos", mas depois mudou a versão, dizendo que eram "sobras de campanha eleitoral".

Segundo apontam as investigações da Prato Feito, o mesmo empresário que repassou dinheiro para o prefeito de Mauá transferiu valores para Prócida.

A Procuradoria destaca que em 2017, duas empresas de vestuário e comércio, representadas por Carlos Zeli Carvalho, mantiveram contratos com a prefeitura em valores acima de R$ 25 milhões.

Defesas

A reportagem está tentando contato com a defesa do prefeito de Mongaguá, Arthur Parada Prócida (PSDB), mas ainda não obteve retorno.

As defesas do prefeito de Mauá, Átila Jacomussi, e de João Eduardo Gaspar afirmaram que não tiveram acesso a denúncia e que, em razão disso, não comentariam.

A reportagem não localizou o empresário Carlos Zeli Carvalho.

Preso em flagrante com R$ 4,6 milhões no guarda-roupa de sua casa e US$ 216 mil, tudo em dinheiro vivo, o prefeito afastado de Mongaguá, no litoral paulista, Artur Parada Prócida (PSDB) pede liberdade. A defesa do tucano, alvo da Operação Prato Feito, entrou com pedido liminar em habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Gilmar Mendes vai analisar o caso.

Em depoimento, Artur afirmou que os R$ 4,6 milhões "decorrem de sobras de suas campanhas políticas". O tucano registrou que "está no quinto mandato de prefeito do município de Mongaguá".

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"Sobre o montante em espécie em moeda estrangeira (dólares) afirma que decorre de doação de seu pai em razão do falecimento, ocorrido há cerca de 10 ou 15 anos, não se recorda neste momento; que gostaria de esclarecer que deste dinheiro não existiu nenhum real de propina, sendo todas as prestações de contas de seus mandatos aprovadas pelo Tribunal de Contas", disse.

A Prato Feito foi deflagrada em 9 de maio. A operação investiga desvios e fraudes em licitações de merenda e material de limpeza e escolar para a educação na prefeitura de São Paulo e de outras 29 cidades.

Naquele dia, Artur foi preso em flagrante por crime de lavagem de dinheiro.

Em despacho, a Polícia Federal afirmou que o valor milionário estava oculto na casa do tucano e se tratava de "vantagem ilícita recebida (prova inequívoca do delito de corrupção passiva que até então se suspeitava, na modalidade de receber vantagem indevida) de empresários que contratam com a Administração Pública de Mongaguá".

A prisão em flagrante do prefeito de Mongaguá foi convertida em preventiva pelo desembargador federal Maurício Kato, do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF-3) em 11 de maio.

"A despeito de ter a defesa de Artur Parada Prócida alegado a origem lícita dos valores encontrados em sua residência, esta versão não é verossímil e não se coaduna com sua renda declarada. De fato, há indícios seguros de que o paciente está envolvido em organização criminosa estruturalmente ordenada, voltada para a prática de diversos crimes contra a administração pública", afirmou Mauricio Kato.

"É evidente que a conduta do recorrido coloca em risco concretamente a ordem pública, uma vez que ele demonstrou descaso com a Justiça ao declarar, em um primeiro momento, para os policiais federais que cumpriam o mandado de busca e apreensão em sua residência que tinha guardado somente a quantia de R$ 15 mil."

Na decisão, o desembargador destacou a "gravidade do crime (que afronta com a dignidade da pessoa humana, no caso, as crianças que são prejudicadas com a baixa qualidade da merenda oferecidas nas escolas públicas), as circunstâncias do fato, (vultosa quantidade de dinheiro apreendido em sua residência) e as condições pessoais do recorrido (que se utiliza de seu cargo público para desviar dinheiro e cometer crimes contra a administração pública)".

No dia seguinte após a decisão de Kato, a Justiça de Itanhaém/SP, em plantão, afastou Artur da chefia do Executivo de Mongaguá. O juiz Paulo Alexandre Rodrigues Coutinho autorizou a posse do presidente da Câmara de Vereadores ao cargo de prefeito, em caráter interino - isso porque o vice da cidade também foi afastado do cargo no âmbito da Prato Feito.

O juiz federal Alessandro Diaféria, da 1.ª Vara Criminal de São Paulo, determinou o afastamento imediato de 16 servidores públicos no interior de São Paulo pelo suposto envolvimento com a Operação Prato Feito. A ordem foi expedida na mesma decisão em que o magistrado autorizou a deflagração da missão, que mira desvios por meio de contratos da Prefeitura da capital paulista e outras 29 prefeituras no interior do Estado.

A ação mira 65 contratos, cujos valores totais ultrapassam R$ 1,6 bilhão. De acordo com a Polícia Federal, cinco grupos criminosos são suspeitos de desviar recursos da União para a educação destinados ao fornecimento de merenda escolar, uniformes, material didático e outros serviços.

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Ao deflagrar a Operação, o juiz determinou o afastamento de funcionários públicos de todos os escalões - de assessor de vereador a vice-prefeito.

Entre os afastados, estão secretários de Esportes, Assuntos Governamentais, Finanças, Educação de diversos municípios; além de pregoeiros, assessores, diretores de licitações e até mesmo servidores de Câmaras Municipais investigados por integrar o esquema bilionário.

Diaféria também proibiu 29 empresas de contratar com o poder público e determinou a inclusão dessas pessoas jurídicas pela Controladoria-Geral da União no cadastro de inidôneas.

"Ressalte-se que a presente medida é indispensável e visa a evitar novas práticas criminosas pelo grupo ora sob investigação, fazendo cessar ou extirpar a atividade nociva à Administração, de modo a resguardar o interesse público", anotou.

O magistrado pondera "não ser o caso, todavia, de suspender os contratos públicos, firmados com as empresas acima, com participação dos investigados, e que ainda estão em vigor, muito embora presentes indícios de ilegalidade".

"Isso porque o dano causado à coletividade, sobretudo a crianças de baixa renda que dependem da alimentação fornecida pela rede de ensino municipal, seria desproporcional ao objetivo pretendido", anotou.

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