Tópicos | Pacote anticrime

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, usou o Twitter para agradecer ao Estado do Piauí pelo apoio ao Pacote Anticrime e à execução da prisão após condenação em segunda instância. Ao longo deste mês, Moro compartilhou imagens de mais de 10 outdoors que representam o posicionamento de grupos de diversos Estados a favor do projeto.

[@#podcast#@]

##RECOMENDA##

 

 

Os outdoors estão espalhados em várias partes do país, na maioria deles, estampando a foto do ministro ao lado do presidente Jair Bolsonaro. Entre os estado que estão em defesa do pacote estão Paraná, Amazonas, Rio Grande do Norte, Sergipe, Santa Catarina, Bahia, Distrito Federal. 

Pacote Anticrime

Aprovado e modificado pelo Grupo de Trabalho no dia 30 de outubro, o projeto inicialmente apresentado por Sérgio Moro, passou a ter itens defendidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e contém pontos como aumento de pena, definição de crimes hediondos, entre outros. A medida da prisão em segunda instância, no entanto, foi retirada do texto após as alterações

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), poderá votar o projeto juntos aos parlamentares ainda esta semana. 

Em reunião na Câmara dos Deputados, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, defendeu nesta terça-feira, 19, a retomada de trechos do pacote anticrime que propôs em janeiro e foram descartados pelo grupo de trabalho da Casa. A votação das medidas de combate à violência e o crime organizado deverá ser feita em até duas semanas, segundo anunciou também nesta terça-feira o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ainda haverá discussões, no entanto, a pedido do ministro, que diz que "tudo ainda pode ser debatido".

O texto consolidado pelo grupo de trabalho de deputados foi montado a partir das propostas de Moro também, e daquelas apresentadas por uma comissão de juristas liderada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Maia anunciou a votação em coletiva de imprensa ao lado de Moraes, pela manhã, e reuniu-se com Moro pela tarde, mas não acompanhou o ministro da Justiça em coletiva de imprensa.

##RECOMENDA##

As sinalizações públicas de Maia sobre as propostas destacam a contribuição de Moraes mais do que a de Moro, e nos bastidores da Câmara há uma leitura de que o presidente da Casa não quer o protagonismo do ministro da Justiça, ex-juiz federal titular dos casos da Operação Lava Jato no Paraná.

"Cabe aqui elogiar o trabalho realizado pelo comitê com esforço para compatibilizar os dois projetos. Nós discutimos aqui sobre o projeto e existem alguns pontos que eu defendo a possibilidade de serem reinseridos, são pontos importantes dentro do projeto anticrime", disse Moro.

O ministro antecipou que defenderá a volta de uma medida que permitia o uso de agentes policiais disfarçados para interagir com criminosos, como uma "ferramenta fundamental". Outra medida que o ministro defende virou tema de debate na própria reunião na Câmara nesta tarde.

Moro defendeu o resgate da proposta que impede a progressão de regime de quem continuar vinculado à alguma organização criminosa. Dessa forma, se a pessoa tiver conexão com uma facção, por exemplo, ela não poderia obter o benefício de sair do regime fechado para o semiaberto, onde é possível passar o dia fora do presídio. A proposta foi excluída do texto pelos deputados, que a consideraram subjetiva, com dificuldade de ser comprovada a ligação com facção.

O deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), no entanto, citou que os presídios no Rio de Janeiro são todos dominados por facções. Seria impossível, no entanto, vetar a progressão de regime para todos os presos. Orlando Silva (PCdoB-SP) fez coro. Moro discordou.

Haverá nova reunião entre a equipe de Moro e deputados nesta quarta-feira para discutir os pontos e buscar algum possível ajuste.

"Nós vamos continuar essas conversações nos próximos dias para ver se consigo reinserir alguns pontos que eu reputo extremamente relevantes. Isso, no entanto, não retira o mérito dos trabalhos que foram feitos pelo comitê e nós vamos tentar avançar nesse debate para aprovação do projeto anticrime e do projeto também do ministro Alexandre", disse Moro.

Pela manhã, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi até o gabinete do ministro Alexandre de Moraes no STF apresentar o texto elaborado pela comissão. Foi então que, ao lado do ministro, anunciou que colocará em votação no plenário em até duas semanas as propostas.

O "pacote penal", como está sendo chamado na Câmara, reteve 75% das propostas de Moro e 90% das de Moraes.

Moro era favorável a que o pacote anticrime fosse analisado na íntegra. Seus aliados afirmam que o projeto foi descaracterizado pelo grupo de trabalho - que retirou medidas como a prisão em segunda instância, entre outras. No Senado, por outro lado, com o texto mantido praticamente na íntegra, o principal projeto do pacote anticrime entrou na pauta de votação desta quarta-feira da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Maia antecipou-se.

O presidente da Câmara enfatizou, em breve pronunciamento à imprensa, o papel do magistrado como principal idealizador das propostas, em vez de Moro, que apresentou ao Congresso o chamado pacote anticrime em janeiro.

O parlamentar frisou que o trabalho começou no final de 2017, quando designou Alexandre de Moraes para presidir uma comissão de juristas.

"A conclusão do grupo veio no primeiro semestre de 2018. No início desse ano (2019), o governo encaminhou um projeto que soma no projeto do ministro Alexandre de Moraes, o projeto do ministro Moro. E agora temos o resultado. Quero agradecer ao ministro (Moraes) e dizer que nós estamos dando uma colaboração importante em um tema que aflige a tantos brasileiros", disse Rodrigo Maia.

Em vez de anticrime, a proposta legislativa está sendo chamada na Câmara de "pacote penal e processual penal", segundo a presidente do grupo de trabalho, Margarete Coelho (PP-PI). "A proposta não é de algum autor específico, mas é da Câmara dos Deputados", disse à reportagem.

Ex-ministro da Justiça no governo Michel Temer e indicado pelo então presidente ao Supremo Tribunal Federal em março de 2017, Moraes destacou à imprensa que as alterações legislativas aprovadas pelo grupo de trabalho da Câmara mantêm essência das propostas da comissão de juristas que presidiu. Disse também que o trabalho iniciou em outubro de 2017 e contou com ampla discussão com a sociedade civil, com secretários de justiça e segurança pública estaduais e presidentes de tribunais de justiça.

"Depois a esses dois projetos foram agregados também os projetos do governo, encabeçados pelo ministro Sérgio Moro. E o grupo de trabalho da Câmara pôde pegar desses projetos o que entendeu de melhor para otimizar o combate à criminalidade organizada. Eu fico muito satisfeito porque o grupo aceitou 90% das propostas da comissão que eu presidi", disse Moraes.

"Nossa intenção é poder votar a urgência na próxima semana. Se tiver acordo, já votar o mérito, ou, se não, votar urgência na próxima semana e o mérito na semana seguinte", afirmou o presidente da Câmara.

Proposta do grupo de trabalho criado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, foi aprovada em 30 de outubro e contém os seguintes pontos:

• cria o Banco Nacional de Perfis Balísticos. O sistema de cadastramento de armas e seus respectivos projéteis, segundo o texto, integraria o Estatuto do Desarmamento e serviria para facilitar o esclarecimento de crimes praticados com o emprego de armas de fogo no País.

##RECOMENDA##

• cria cadeias de custódia em todos os institutos de criminalística do País, a fim de garantir o registro e a guarda dos vestígios da cena do crime e obrigar a identificação de todas as pessoas que tiverem acesso ao material.

• determina o perdimento, em favor da União, de bens utilizados por organizações criminosas ou milícias e dos bens do condenado à pena máxima superior a 6 anos. A perda envolverá o produto do crime que não for compatível com a renda lícita do criminoso.

• autoriza o poder público a manter serviços de ouvidoria, garantindo a qualquer cidadão o direito de relatar crimes contra a administração pública e outros ilícitos administrativos. Segundo o texto, o informante poderá ser recompensado pelas informações que oferecer e só poderá ter a identidade relevada mediante sua concordância formal.

• autoriza policiais a usarem a internet, as redes sociais e aplicativos de comunicação para se infiltrarem em organizações criminosas. O texto admite ainda que órgãos públicos insiram em sistemas de registro oficiais dados fictícios de agentes infiltrados na internet, a fim de conferir credibilidade às ações de investigação.

Aumento de penas

• aumenta de 30 para 40 anos o tempo máximo de cumprimento da pena de prisão no País;

• aumenta de 6 anos a 20 anos de reclusão para 12 anos a 30 anos de reclusão a pena para o homicídio simples se envolver arma de fogo de uso restrito ou proibido;

• aumenta de 4 anos a 8 anos de reclusão para 6 anos a 12 anos de reclusão a pena para comércio ilegal de armas;

• aumenta e 4 anos a 8 anos de reclusão para 8 anos a 10 anos de reclusão a pena aplicada ao tráfico internacional de armas.

• amplia a pena aplicada ao crime de concussão - exigir vantagem em função do cargo que ocupa - para reclusão de 4 anos a 12 anos;

• triplica a pena prevista para os crimes de injúria, calúnia e difamação se praticados pela internet;

• aumenta para até 3 anos o tempo máximo de permanência do preso em estabelecimento penal federal de segurança máxima. Atualmente, esse período não pode exceder 360 dias;

• aumenta de 360 dias para 2 anos o tempo máximo de permanência no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), que é aplicado a presos que cometem crime doloso no presídio, transformando as visitas semanais em quinzenais e determinando o monitoramento de todas as entrevistas e correspondências do preso, excetuando a comunicação com o advogado;

• proíbe a saída temporária, conhecida como "saidinha" para condenados por crimes hediondos que tiveram como resultado morte.

Crimes Hediondos

• define como hediondos o crime de organização criminosa voltado à prática de crimes dessa natureza, bem como o homicídio cometido com uso de arma de fogo de uso restrito ou proibido;

• define que o traficante comum não se enquadra no regime de progressão de pena previsto na lei de crimes hediondos.

Escutas ambientais

• permite ao juiz autorizar a instalação de escutas ambientais como forma de auxiliar a investigação ou a instrução penal de crimes com pena superior a 4 anos. A lei vigente já permite a interceptação telefônica e de sistemas de informática (computador) e telemática (mensagens, e-mail);

• proíbe a instalação de escutas em casas, local considerado pela Carta Magna asilo inviolável do indivíduo;

• determina que a captação ambiental feita por um dos interlocutores de conversa, sem o conhecimento da polícia ou do Ministério Público, só valerá como prova em defesa própria;

• pune com reclusão de 2 anos a 4 anos e multa quem realizar a captação ambiental sem autorização judicial. A mesma pena será aplicada em dobro caso o funcionário público encarregado da captação descumpra a determinação de sigilo;

• proíbe a autorização de interceptações de sistemas de comunicação (computador, celular, e-mail, mensagens) por qualquer meio tecnológico disponível.

Segurança máxima

• determina que lideranças de organizações criminosas armadas ou que tenham armas à disposição iniciem o cumprimento da pena em presídios de segurança máxima;

• autoriza estados e o Distrito Federal a construírem presídios de segurança máxima;

• exclui a possibilidade de o juiz autorizar a gravação da conversa entre o advogado e o cliente dentro de estabelecimentos de segurança máxima;

• elimina a necessidade de o advogado agendar previamente os atendimentos a clientes que cumprem pena em estabelecimentos penais federais de segurança máxima.

*Da Agência Câmara Notícias

 

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, pediu para retirar do pacote anticrime no Senado a previsão de prisão após condenação em segunda instância se o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubar a possibilidade.

A informação foi repassada pelo relator da proposta, Marcos do Val (Pode-ES), à reportagem. De acordo com o relator, o pedido de Moro visa a evitar conflitos com o Supremo, no caso de o STF revisar o entendimento atual sobre o tema.

##RECOMENDA##

No próximo dia 7, o STF deve retomar o julgamento sobre a prisão de condenados em segunda instância. A tendência é que a corte revise o entendimento atual e acabe com a possibilidade, um dos pilares da Operação Lava Jato.

Parlamentares da bancada "lavajatista" pressionam para o Congresso aprovar uma proposta alterando a lei e permitindo a prisão em segundo grau de jurisdição.

O projeto de Moro altera o Código de Processo Penal para assegurar a execução provisória da condenação após julgamento em segunda instância. Na Câmara, o grupo de trabalho já retirou essa proposta do pacote. O Senado discute uma versão idêntica que pode ser votada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no próximo dia 13.

Com a retirada do trecho do projeto anticrime, a bancada "lavajatista" ainda vai pressionar o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a pautar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê a prisão em segundo grau. Na terça-feira, 29, porém, Alcolumbre afirmou que o assunto "não está no radar."

Antídoto

Marcos do Val ainda vai avaliar a sugestão do presidente do STF, Dias Toffoli, encaminhada ao Congresso. O ministro propôs que os parlamentares alterem o Código Penal para impedir a prescrição de casos que chegam ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao STF. A medida seria um "antídoto" ao fim da prisão em segunda instância.

A Advocacia-Geral da União recorreu nesta segunda-feira, 14, da decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que suspendeu a campanha de divulgação do pacote anticrime - o conjunto de medidas voltadas para redução da violência e da corrupção que foram apresentadas ao Congresso pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

Com o slogan "A lei tem que estar acima da impunidade", a campanha foi lançada no dia 3 de outubro, em cerimônia no Palácio do Planalto. O custo estimado da propaganda era de R$ 10 milhões. As peças publicitárias estão sendo veiculadas em TV, rádio, internet, cinema e até em fachadas de prédios públicos, como na Esplanada dos Ministérios.

##RECOMENDA##

A publicidade foi suspensa pelo plenário do Tribunal de Contas no último dia 9. A decisão referendou a medida cautelar dada pelo ministro Vital do Rêgo, que argumentava que os projetos do pacote ainda estão tramitando no Congresso e, dessa forma, poderão sofrer "drásticas alterações".

No mesmo dia do julgamento, Moro lamentou a decisão e indicou que o governo avaliava a apresentação de um eventual recurso à Corte.

No recurso enviado ao Tribunal, a Advocacia-Geral da União argumenta que a campanha foi idealizada com base "no dever constitucional da publicidade" e está pautada "nos princípios que regem a atuação da Administração Pública, que preveem transparência e publicidade dos atos, programas e intenções governamentais". "Com um 'nítido teor informativo', a campanha possui interesse social relevante", alega.

Segundo o órgão, a ação visa dar visibilidade à proposta de atualização da legislação, "informando a população sobre os principais pontos de mudança propostos e fomentando a discussão e a participação do cidadão nas discussões".

"Considera-se publicidade de utilidade pública aquela que se destina a divulgar temas de interesse social e apresenta comando de ação objetivo, claro e de fácil entendimento, com o objetivo de informar, educar, orientar, mobilizar ou alertar a população para a adoção de comportamentos que gerem benefícios individuais e/ou coletivos", diz a AGU.

Com base em decisões que permitiram a continuidade de campanhas publicitárias sobre a Reforma da Previdência, a AGU sustenta que a divulgação de propostas é lícita, mesmo que as mesmas estejam em tramitação, desde que não caracterizem promoção pessoal ou partidária. Segundo o órgão, a divulgação do pacote anticrime emitiu "de forma impessoal informações pautadas em análises técnicas rigorosamente conduzidas por agentes públicos".

A Advocacia-Geral da União diz ainda que o TCU não teria competência para suspender, de imediato, os contratos administrativos. Além disso, argumenta que a administração pública federal não foi ouvida antes da decisão ser proferida.

Ao solicitar que a decisão seja suspensa, a AGU alega que a medida cautelar de Vital do Rêgo traz "prejuízos à ordem econômica e constitucional e compromete o princípio da separação dos Poderes".

O ministro da Justiça, Sergio Moro, rechaçou nesta sexta-feira, 11, as críticas de que o projeto anticrime dê às forças de segurança uma "licença para matar". "Não existe qualquer espécie de licença para matar nesse projeto. A norma que mais questionam, que é a da legítima defesa, é uma cópia de dispositivos dos códigos penais alemão e português. E ninguém chama esses projetos de fascistas", rebateu.

Moro acrescentou ainda que, muitas vezes, essas críticas vêm de pessoas que não querem avançar no combate à criminalidade, em especial, no combate à corrupção. "São pessoas que vivem nesse sistema e se dão bem dentro desse sistema", disse.

##RECOMENDA##

Moro também comentou sobre as denúncias de maus tratos a presos no Pará. Segundo ele, se ficar comprovado, haverá punição. "Se for comprovada violação daremos a devida punição", destacou, argumentando, contudo que ainda não há procedência dessas informações. "Temos de apurar toda e qualquer denúncia, não parece que as apresentadas são de fato corretas", emendou.

As declarações foram feitas durante em painel de abertura no segundo dia do Fórum de Investimentos Brasil 2019. O evento, realizado em São Paulo, é organizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).

No evento, o ministro voltou a defender o recuo nos crimes ocorridos no Brasil desde o início da sua gestão, citando estatísticas oficiais que revelam queda "significativa" entre os principais tipos de ações criminosas.

Tramitação

O ministro disse que espera uma melhora nas "condições de diálogo" com o Congresso sobre o projeto anticrime após o encaminhamento da votação da Reforma da Previdência no Senado, mas evitou estimar prazos.

"Acredito que depois disso (votação) haverá melhores condições de diálogo com o Congresso", comentou Moro durante entrevista coletiva à imprensa após a palestra.

Questionado se existe alguma articulação em andamento entre os Poderes Executivo e o Legislativo para colocar o tema em análise no Congresso, Moro respondeu apenas que "a pauta do Legislativo e ele pertence". "Estamos buscando denominadores comuns", disse.

Moro apresentou o projeto anticrime no início do governo de Jair Bolsonaro, como um conjunto de medidas para combater a criminalidade violenta e a corrupção.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, disse nesta quinta-feira, 10, que lamenta, mas respeita a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de suspender campanhas publicitárias do governo federal em favor do pacote anticrime, conjunto de medidas apresentadas pelo ministro ao Congresso e voltadas para redução da violência e da corrupção.

"Lamento a decisão, mas evidentemente respeitamos", disse. "O governo está analisando a possibilidade de eventualmente tomar alguma medida ou entrar com algum recurso. Campanhas publicitárias foram feitas no passado. Mas isso cabe à Advocacia Geral da União e não ao Ministério da Justiça", acrescentou.

##RECOMENDA##

O plenário do TCU referendou a cautelar dada terça-feira pelo ministro Vital do Rêgo e manteve suspensa a veiculação de publicidade sobre o pacote anticrime. A suspensão da campanha foi mantida por 6 votos a 2.

Com o slogan "A lei tem que estar acima da impunidade", a campanha foi lançada no dia 3, em cerimônia no Palácio do Planalto. O custo estimado da propaganda é de R$ 10 milhões.

Uma nota técnica da Comissão Arns critica o pacote anticrime, a principal aposta do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, para o combate à corrupção, violência e crime organizado. O documento, subscrito pelos criminalistas José Carlos Dias e Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, analisa o texto do projeto, ponto a ponto, e afirma que "a sociedade deve ser alertada de que é uma ilusão entender-se que leis mais punitivas, repressão policial de maior intensidade e prisões indiscriminadas são modos e meio de se combater o crime".

"O crime se combate com o combate às suas causas e não agindo nos seus efeitos", diz o texto, que será encaminhado à Câmara e ao Senado, onde o projeto é examinado. Os advogados avaliam que quase todos os dispositivos do pacote anticrime são voltados exclusivamente para dificultar o exercício, por parte do acusado, de institutos usados pela defesa.

##RECOMENDA##

Eles questionam, por exemplo, a prisão em segundo grau, defendida por Moro. "Ao declarar que a presunção de inocência vige até o trânsito em julgado da decisão condenatória, o constituinte instituiu uma cláusula pétrea. Portanto, tornou impossível, à luz da Constituição, a prisão antes do trânsito em julgado."

Sobre outro ponto crucial do pacote, a comissão afirma que "a excludente (de ilicitude) ampliada incentivará ainda mais a utilização de armas, já estimulada pelo decreto que as liberou". Para a comissão, o pacote é "um arcabouço legislativo que, ao contrário de proteger a vida, estimula a sua destruição". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ouviu nesta terça-feira (8) de mães que perderam filhos assassinados por policiais críticas ao chamado pacote anticrime, que está em análise na Casa.  Segundo Maia, o papel do parlamento é "reduzir danos", uma vez que a pauta de segurança pública do presidente Jair Bolsonaro já está colocada desde a eleição.

"Vamos respeitar a legitimidade do presidente, mas mostrando a ele que, em alguns temas, a gente precisa ter um ponto de equilíbrio, para que possamos avançar e que esse avanço não seja à custa de vidas de nossas crianças. A gente sabe que nada recupera a perda de um filho", disse Maia, que pretende repassar ao líder da oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), a tarefa de coordenar uma pauta que atenda às reivindicações apresentadas.

##RECOMENDA##

Reunidas com o presidente da Câmara, as mães apresentaram uma carta com sugestões e cobraram uma posição da Câmara em relação a trechos do pacote anticrime que, segundo elas, podem aumentar ainda mais o número de assassinatos praticados por policiais em áreas carentes do País.

"Sabemos que temos um presidente eleito com uma agenda diferente daquilo que vocês acreditam e que eu e [o deputado Alessandro] Molon, majoritariamente, acreditamos. Ele [Bolsonaro] tem direito de propor uma pauta e o nosso papel, nesses casos, é tentar reduzir danos", concluiu Maia.

Excludente de ilicitude

Bruna Silva, que perdeu o filho Marcos Vinícius em junho durante uma operação policial na favela da Maré, no Rio de Janeiro, criticou especificamente mudanças previstas no pacote anticrime no excludente de ilicitude, que poderia ser usado para eximir de culpa policiais em situações de confronto.

"Será que essa casa está pronta para aprovar isso? Se aprovar, vai ser muito sangue derramado.  E nós vamos vir aqui cobrar.  Se é a casa do povo, porque só sai lei que vai nos prejudicar", disse ela, em tom de indignação.

Maia voltou a defender uma avaliação criteriosa sobre o excludente de ilicitude, a fim de decidir se é realmente necessária qualquer alteração, e se comprometeu a encaminhar a todos os deputados a carta com as sugestões apresentadas pelas mães.

*Da Agência Câmara Notícias 

 

O ministro Vital do Rêgo, do Tribunal de Contas da União (TCU), suspendeu a veiculação de publicidade envolvendo o pacote anticrime, como ficaram conhecidos os projetos de lei idealizados pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que ainda se encontram em discussão no Congresso.

A campanha publicitária foi lançada no último dia 3 de outubro em cerimônia no Palácio do Planalto, ao custo estimado em R$ 10 milhões. A decisão tem validade até que o plenário do TCU se manifeste sobre o tema, o que deve acontecer na sessão do plenário desta quarta-feira, 9.

##RECOMENDA##

O argumento central do relator, Vital do Rêgo, é que os projetos ainda estão tramitando no Congresso e, dessa forma, poderão sofrer "drásticas alterações", razão pela qual o investimento de recursos no momento poderia gerar desperdício de dinheiro público.

"Não vislumbro como alinhar a divulgação de um projeto de lei que ainda será discutido pelo parlamento com o objetivo de 'informar, educar, orientar, mobilizar, prevenir ou alertar a população para a adoção de comportamentos que gerem benefícios individuais e/ou coletivos'", disse o ministro relator em despacho nesta terça-feira, 8.

Os questionamentos à publicidade partiram de duas frentes. De um lado, o Ministério Público de Contas, e de outro, parlamentares da oposição, entre eles deputados integrantes do grupo de trabalho que discutiu durante meses o projeto na Câmara, como Orlando Silva (PCdoB-SP), Paulo Teixeira (PT-SP) e Marcelo Freixo (PSOL-RJ). Um dos argumentos é que, como ainda não é uma política de governo, e sim um projeto legislativo, não poderiam ser investidos recursos para uma campanha publicitária institucional da Presidência da Republica.

O procurador do TCU Lucas Furtado pediu que a Corte analisasse o emprego dos recursos considerando que eles podem não atender aos "princípios do interesse público e da transparência" e sim servir "ao favorecimento de interesses pessoais, com ofensa aos princípios da impessoalidade e da supremacia do interesse público".

No pedido dos parlamentares, eles afirmam que "trata-se de uma ação contrária à Constituição Federal, incompatível com o interesse público e lesiva à moralidade e às finanças da União, uma vez que a presente campanha publicitária se caracteriza única e exclusivamente pelo seu caráter político, não se enquadrando em qualquer dos casos previstos pela Constituição, além do que envolve grandes despesas para os cofres da Administração Pública Federal".

 O governador Paulo Câmara (PSB) participa, nesta terça-feira (8), do VII Fórum Nacional dos Governadores. O encontro acontece no edifício do Banco do Brasil, em Brasília, e será coordenado pelo gestor do Distrito Federal, Ibaneis Rocha. 

Na reunião, os governadores de todo o país devem discutir temas de interesse dos Estados e que estão em tramitação no Congresso Nacional. 

##RECOMENDA##

Entre os assuntos que devem nortear os debates estão o pacto federativo, as reformas da Previdência e tributária, a securitização, o pacote anticrime, o Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal (PEF) e Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). 

No lançamento de campanha publicitária para aprovação do pacote anticrime, o presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta quinta-feira, 3, que registros de mortes por "autos de resistência" são sinais de que os policiais trabalham.

"Muitas vezes a gente vê um policial ser alçado para uma função e a imprensa dizer: 'tem 20 autos de resistência'. Tinha de ter 50. É sinal de que trabalha. Que faz sua parte e que não morreu", disse Bolsonaro. Autos de resistência são mortes enquadradas como consequência da atividade do policial, como uma reação para legítima defesa.

##RECOMENDA##

O presidente afirmou ter certeza de que haverá consentimento para aprovação do pacote proposto pelo Executivo, mas reconheceu que o governo sofreu "alguns reveses". "Devemos entender que não pudemos mudar de hora pra outra o rumo de transatlântico que, há no mínimo 30 anos, está no caminho errado", disse Bolsonaro.

Apresentado em fevereiro deste ano como carro-chefe do projeto do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, para combate ao crime, o pacote sofreu derrotas em grupo de trabalho de deputados, como a derrubada de dispositivo sobre excludente de ilicitude.

O plano

"Pacote Anticrime. A lei tem que estar acima da impunidade" é o slogan da campanha, que terá vídeos de 30 segundos com depoimentos reais. O presidente afirmou que o governo está "vagarosamente" conseguindo vencer a "guerra de informações" sobre segurança no País.

Moro afirmou na cerimônia que, no governo Bolsonaro, o Brasil não será mais "paraíso para criminosos". Segundo o ministro, o pacote é uma aspiração importante da sociedade brasileira. "Há não muito tempo havia certa percepção de que vivíamos em terra sem lei e sem Justiça", disse ele.

Para o ministro, o País vivenciou "principalmente" nos últimos cinco anos "revelações de um grande sistema de corrupção que gerava incredulidade até daqueles que tinham conhecimento destes fatos". O ex-juiz disse ainda que Bolsonaro é o "grande mentor" do governo e da proposta de endurecimento contra o crime.

Para uma plateia composta por congressistas, entre eles o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filhos do presidente, o ministro mandou recados. "Ações do Executivo são importantes, mas mudanças legislativas são igualmente fundamentais. Para que não só governo, mas também o Congresso, possa mandar mensagem clara para sociedade de que os tempos do Brasil sem lei e sem Justiça chegaram ao fim", disse Moro.

Moro disse ainda que "nada foi perdido" com relação ao pacote anticrime, mesmo após mudanças no texto feitas por grupo de trabalho da Câmara dos Deputados.

"O processo legislativo ainda está em trâmite. A votação está aberta e nada foi perdido. Outros pontos podem ser, no final, aprovados. E outros, rejeitados. O papel do governo é convencer os parlamentares", disse o ministro.

Moro afirmou compreender que o Congresso tenha deixado o pacote em segundo plano para analisar a reforma da Previdência. "Mas temos de lembrar que ambiente com menos criminalidade também favorece desenvolvimento econômico", afirmou.

Segundo o ministro, a ideia da campanha publicitária pró-pacote é "lembrar que essa necessidade de enfrentar a criminalidade é para defender as pessoas". "Por trás de cada um desses números, estatísticas, existem lá pessoas que foram vitimadas por crimes muitas vezes terríveis."

Caso Ágatha Félix

O ministro disse lamentar a morte da estudante Ágatha Félix, de 8 anos, baleada no dia 20 passado no Rio de Janeiro, mas não quis comentar sobre o presidente Bolsonaro não ter feito declarações sobre o caso. "A pergunta não é apropriada", afirmou.

"Foi, no fundo, questão mais relativa ao governo estadual (a morte da estudante), mas o projeto anticrime visa proteger todas as pessoas. Objetivo maior é reduzir a criminalidade em geral e poupar a vida de muitas 'Ágathas'", disse Moro.

A campanha publicitária para aprovação do pacote anticrime, lançada nesta quinta-feira, 3, em cerimônia com a presença do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, custou R$ 10 milhões e ficará no ar até o dia 31 de outubro.

No evento, foram apresentados três vídeos com depoimentos reais, segundo o governo, de familiares de pessoas que foram assassinadas por criminosos beneficiados por situações que o pacote anticrime deseja alterar: a saída temporária e a execução da sentença após condenação pelo Tribunal do Júri ou em segunda instância.

##RECOMENDA##

O grupo de trabalho que analisa o pacote na Câmara, no entanto, já rejeitou as propostas sobre saídas temporárias e sobre execução provisória a condenados no tribunal do júri. O texto consolidado pelo grupo será levado ao plenário da Câmara, onde o governo espera reverter derrotas com a aprovação de emendas.

Segundo o ministro, a ideia da campanha publicitária pró-pacote é "lembrar que essa necessidade de enfrentar a criminalidade é para defender as pessoas". "Por trás de cada um desses números, estatísticas, existem lá pessoas que foram vitimadas por crimes muitas vezes terríveis."

Após a retirada do excludente de ilicitude do pacote anticrime, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, se reuniu com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para debater o tema. "Vamos usar a próxima semana e a outra para avançar no diálogo e aí sim colocar a voto", disse Maia.

Ao final do encontro, ambos defenderam o diálogo entre os Poderes. Moro falou sobre um "endurecimento pontual" contra crime organizado, corrupção e crime violento, como os propósitos principais do projeto. Já Maia voltou a pedir cautela no debate sobre o excludente de ilicitude, que é a possibilidade de redução ou mesmo isenção de pena a policiais que causarem morte durante a atividade ou para civis que cometerem excessos sob o pretexto de escusável medo, surpresa ou violenta emoção.

##RECOMENDA##

O excludente foi uma medida prometida pelo presidente Jair Bolsonaro ainda na campanha eleitoral e foi incluída pelo ministro da Justiça em seu pacote anticrime, ao lado de uma série de alterações na legislação que visava a endurecer o combate à criminalidade. O projeto foi apresentado em fevereiro à Câmara.

"Muitos criticaram o texto colocado pelo governo que diz que o texto converge com as leis de Portugal e da Alemanha, mas o Brasil não é nem Portugal nem Alemanha, então se vai se tentar reintroduzir esse texto, tem de se construir um texto que se preserve a segurança das pessoas e da família", disse Maia.

Maia elogiou o trabalho feito pela comissão da Câmara que analisou o pacote e disse que o importante é o diálogo. "Tem coisas que o grupo tirou e que talvez tenha uma posição majoritária para manter fora do texto, mas tem algumas coisas que se tivermos paciência e diálogo conseguimos restabelecer parte e construir um acordo", afirmou.

O ministro Moro classificou a conversa como "boa" e disse que chegou o momento de amadurecer o projeto para que ele possa ser votado em plenário. Para ele alguns pontos precisam de endurecimento pontual. "Uma das propostas originárias era que crimes hediondos com resultado morte, teriam requisitos mais rígidos para progressão de regime. Às vezes alguém comente um homicídio qualificado, cruel, às vezes até uma criança e em dez anos a pessoa já se encontra em liberdade. Isso não acontece em outros países, isso é um erro da nossa legislação", disse. "É claro que um endurecimento penal é algo que tem de ser sempre muito bem pensado".

O grupo de trabalho que analisa o pacote anticrime rejeitou nesta quarta-feira (25) a ampliação do conceito de excludente de ilicitude previsto no Código Penal. O colegiado, no entanto, aprovou parcialmente proposta que amplia as hipóteses em que o agente de segurança pública pode atuar em legitima defesa. Depois de passar pelo grupo, o pacote será analisado pelo Plenário da Câmara dos Deputados.

O excludente de ilicitude define os casos em que a prática de ato ilegal não é considerada crime, como, por exemplo, agir em legítima defesa, em estado de necessidade (dirigir sem CNH para levar doente grave ao hospital, por exemplo) ou no estrito cumprimento de dever legal (policial matar para impedir um assassinato).

##RECOMENDA##

O grupo rejeitou a alteração proposta pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, e manteve o atual texto do Código Penal. O texto vigente determina que, mesmo abrigado por um caso dos casos de excludente de ilicitude, quem pratica ato ilegal deve responder pelos excessos cometidos (policial que mata ou fere criminoso que já não oferece risco, por exemplo).

A rejeição do texto de Moro foi proposta pelo deputado Marcelo Freixo e aprovada por 9 votos a 5. O projeto apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro à Câmara permite que o juiz reduza a pena até a metade ou deixe de aplicá-la nos casos de esse excesso decorrer de medo, surpresa ou violenta emoção. “Não tem como nós melhorarmos uma proposta que é uma licença para matar”, disse Freixo.

Na avaliação do deputado, medo, surpresa e violenta emoção são conceitos subjetivos e não devem ser usados pelo juiz para determinar se houve ou não crime. Freixo observou ainda que a nova excludente de ilicitude beneficiaria tanto cidadãos civis quanto policiais. “Estamos dando um recado para a tropa: mate mais”, finalizou.

O deputado [[Orlando Silva]] também criticou a mudança e defendeu a supressão do texto. “Eu sou negro e procuro representar os negros brasileiros que são vítimas da violência. Rejeitar essa mudança é defender a vida do povo pobre e preto da periferia”, disse.

Ao defender o pacote, o relator do grupo de trabalho, deputado [[Capitão Augusto]], discordou que se esteja ampliando casos de excludente de ilicitude. “Não estamos criando nova excludente de ilicitude. Estamos falando do agente que já está abrigado pela legítima defesa, mas que comete excessos”, disse ele, comentando uma situação hipotética envolvendo a estudante Mariana Forti Bazza, de 19 anos, que foi sequestrada e morta após receber ajuda para trocar o pneu de seu carro.

“Digamos que ela tivesse pegado uma arma e descarregado a arma nele [sequestrador]. Agiu em legítima defesa, mas deu seis tiros. Então uma pessoa que era para ser vítima de homicídio e se defendeu seria responsabilizada por homicídio doloso pelo excesso”, argumentou Augusto.

O deputado [[Lafayette de Andrade]] rebateu o argumento do relator e disse o texto do pacote anticrime cria amplia sim casos de excludente de ilicitude. “O Código Penal vigente determina que o excesso afasta os casos de excludente de ilicitude. Ou seja, deve haver punição. O texto proposto aqui está criando um novo excludente, sim, especificamente para os casos em que o excesso decorrer de medo, surpresa ou violenta emoção”, disse.

Legitima defesa

O colegiado acolheu sugestão do deputado Lafayette de Andrada e aprovou texto que passa a considerar em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.

Lafayette de Andrada sugeriu trocar a palavra “previne”, prevista no pacote, por “repele”. “Isso se justifica principalmente por envolver a figura do refém”, disse o deputado, citando como exemplo o caso do policial que atirou e matou o homem que sequestrou um ônibus na ponte Rio-Niterói, no Rio de Janeiro, em agosto deste ano.

Outro dispositivo que também pretendia considerar em legítima defesa o policial que, em conflito armado ou em risco iminente de conflito armado, previne injusta e iminente agressão a direito seu ou de outrem, acabou rejeitado.

Da Agência Câmara

A morte da menina Ágatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, baleada no interior de um veículo no Complexo do Alemão, levou governistas e partidos alinhados à política de segurança a reforçarem a defesa do pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro, no grupo de trabalho que analisa a proposta.

Uma das medidas em discussão no grupo é a redução ou mesmo isenção de pena a policiais que causarem morte durante sua atividade - o chamado excludente de ilicitude. Grupos ligados a movimentos negros e de direitos humanos usaram cartazes com dizeres como "licença para matar não" e "parem de nos matar" para condenar a morte de Ágatha e criticar a proposta que foi uma das principais promessas do presidente Jair Bolsonaro na campanha.

##RECOMENDA##

A presença do líder do governo, Major Vitor Hugo (PSL-GO), acontece menos de uma semana depois da deputada Carla Zambelli (PSL-SP) anunciar a saída do partido de Bolsonaro da discussão do pacote no grupo de trabalho. Insatisfeita com derrotas consecutivas no grupo, Zambelli abandonou o colegiado e foi criticada pelo relator, deputado Capitão Augusto (PL-SP), na semana passada.

Em seis meses de trabalho, foi a primeira vez que o líder do governo apareceu para defender o texto. "Mantemos o apoio à proposta original do ministro Moro por entendermos que ela representa os anseios da sociedade. Vamos resgatar a proposta original no Plenário", afirmou o líder do governo apoiando ainda a atitude de Zambelli.

Desde o início da discussão do pacote anticrime, os deputados governistas reclamam da composição do grupo de trabalho. Formado em março pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em resposta às cobranças públicas de Moro para acelerar a proposta, o grupo não seguiu a regra de proporcionalidade da Casa que daria ao PSL mais cadeiras.

A divisão foi feita a critério do presidente da Câmara, que optou por um grupo mais "legalista", ou seja, de parlamentares que defendem mais o direito do indivíduo e, normalmente, são os mais críticos à atuação da Lava Jato.

Excludente

O grupo adiou para a quarta-feira, 25, a discussão sobre a redução ou mesmo isenção de pena a policiais que causarem morte durante sua atividade. O tema ganhou força nos últimos dias por conta do assassinato de Ágatha.

"Hoje, estamos aqui pela primeira vez vendo uma sessão prestigiada. Nós sabemos a razão disso. Tem um nome: Ágatha. O nome Ágatha que justificativa essa concentração de atenção do Brasil. Se não fosse o fuzilamento de Ágatha estaríamos aqui sete, oito ou dez no máximo. E eu falo fuzilamento porque foi um tiro de fuzil", afirmou o deputado Fábio Trad (PSD-MS).

Representando a liderança do Novo, deputado Paulo Ganime (RJ), colocou em xeque a legitimidade do grupo e reafirmou apoio integral do partido ao texto original de Moro. "Não foi respeitada a proporcionalidade da Câmara", afirmou o parlamentar que compareceu pela primeira vez ao grupo.

"Não podemos ser deslegitimados pelos perdedores de plantão", afirmou o Paulo Teixeira (PT-SP) em reação às colocações.

"Querer manchar o relatório, manchar o que estou propondo aqui no excludente ilicitude. Chega a ser leviano, se não demagogo. O texto jamais livraria, caso seja comprovada a ação militar, de punição", afirmou Capitão Augusto.

Durante a sessão, os grupos "Coalizão por Direitos na Rede", "Coalizão Negra por Direitos", "Rede Justiça Criminal", "Conectas" e "Frente das Mulheres Negras do DF e entornos" levantaram cartazes com os dizeres "parem de nos matar" e "licença para matar não", em referência à proposta de excludente de ilicitude.

Progressão

Os deputados aprovaram o fim da progressão de regime para presos condenados por crimes hediondos que resultam em morte. Se a proposta foi apresentada no pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro, analisado pelo grupo de trabalho na Câmara.

Se estivesse em rigor, a regra impediria a progressão de regime de Alexandre Nardoni, condenado pelo assassinato de sua filha Isabella, em 2010. Nardoni foi condenado a 30 anos de prisão pela morte da filha. Em abril desde ano, ele conseguiu a progressão para o regime semiaberto por conta do bom comportamento na prisão.

O texto foi apresentado pelo deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) em uma proposta do Subtenente Gonzaga (PDT-MG) que alterou as regras para progressão de regime na Lei de Execução Penal. Hoje, a legislação prevê como regra para que o preso tenha direito a mudança do regime que o preso tenha bom comportamento e 1/6 da pena.

Os deputados divergiram sobre a necessidade de mudar a progressão. Os deputados Paulo Teixeira (PT-SP) e Marcelo Freixo (PSOL-RJ) foram contras as mudanças sob o argumento de que o novo texto aumentaria o encarceramento no País. O relator do pacote, Capitão Augusto (PL-SP), aceitou a sugestão e incorporou a proposta que foi aprovada.

Em casos de crimes hediondos - homicídio qualificado, crimes de extermínio, roubo seguido de morte, extorsão qualificada pela morte, a extorsão mediante sequestro e até corrupção -, hoje, a progressão começa a valer quando o preso cumprir 2/5 da pena e, em casos de reincidência, 3/5 da pena.

Pelo texto aprovado no grupo de trabalho, apenas em casos de crime sem violência ou grave ameaça, o preso que cumprir 1/6 (16%) da pena poderá passar para um regime mais brando como o semiaberto ou aberto. Se for reincidente, o benefício é permitido a partir do cumprimento de 20% da pena. Para os demais crimes, há uma nova forma de progressão.

Em casos de violência ou grave ameaça, a progressão só poderá ocorrer ¼ da pena. Em caso de reincidência nesses crimes de pena, o benefício passa a valer a partir do cumprimento de 30% da pena. Se o preso exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou milícia a progressão só acontece após o cumprimento de 40% da pena. O mesmo valeria condenado pela prática de crime hediondo sem morte, desde que o réu for primário.

O Colégio Nacional dos Defensores Públicos Gerais (Condege) - entidade que reúne as representações das Defensorias Públicas dos 26 Estados, além da Defensoria do DF - defendeu a criação do "juiz de garantias", modelo aprovado por emenda do grupo de trabalho da Câmara que analisa o projeto anticrime do ministro Sergio Moro (Justiça).

O "juiz de garantias" deverá supervisionar investigações, assegurar a "legalidade do processo" e o cumprimento dos direitos dos suspeitos.

##RECOMENDA##

O pacote anticrime idealizado por Moro tem sofrido constantes ataques no Congresso.

A criação do "juiz de garantias" foi sugerida pela deputada Margarete Coelho (PP/PI), coordenadora do grupo de trabalho, e pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP). O pacote ainda passará pelo crivo do Plenário da Câmara.

Em Nota Pública, o Colégio Nacional dos Defensores Públicos Gerais destacou que "há muito se discute no Brasil a criação da figura do juiz de garantias, o qual seria responsável pelo exercício das funções jurisdicionais alusivas à tutela imediata e direta das garantias individuais, atuando na fase pré-processual, cessando sua competência quando da propositura da ação penal, a qual, a partir desse momento, seria da competência do juiz natural".

Segundo os defensores públicos, "no sistema vigente há uma confusão sobre a exata e constitucionalmente correta função do juiz ao analisar diligências que antecedam a ação penal".

"É rotineiro que o magistrado que julgará o mérito de futura ação penal e decidirá sobre a condenação ou inocência tenha contato direto com os agentes de segurança responsáveis pela investigação, autorizando medidas excepcionais, as quais somente com a instauração do processo serão objeto do contraditório por parte da defesa."

Segundo a entidade, "afigura-se natural que o juiz criminal que determinou as medidas instrutórias anteriores à instauração do processo estabeleça um vínculo psicológico com as provas produzidas até então, influenciando-o diretamente no julgamento de fundo da causa, perdendo a equidistância necessária para o exercício da jurisdição".

"Desse modo, o Colégio Nacional dos Defensores Públicos Gerais considera um avanço a aprovação da emenda criando o 'juiz de garantias' no processo penal brasileiro", afirma a nota pública, subscrita pelo presidente do Colégio, José Fabrício Silva de Lima, defensor-público-geral de Pernambuco.

Os defensores pedem que "o parlamento consagre o instituto em questão, estabelecendo nova metodologia a conferir maior densidade ao princípio constitucional do devido processo legal".

LEIA A NOTA PÚBLICA DOS DEFENSORES PÚBLICOS

Assunto: manifestação sobre a aprovação do "juiz de garantias" pelo grupo de trabalho do projeto "anticrime"

O Colégio Nacional dos Defensores Públicos Gerais - CONDEGE - entidade que reúne as representações das Defensorias Públicas dos 26 Estados da Federação, além da Defensoria Pública do Distrito Federal, vem, respeitosamente, manifestar-se sobre a aprovação de emenda pelo grupo de trabalho que analisa o chamado "projeto anticrime", no que tange à instituição do juízo de garantias.

Há muito se discute no Brasil a criação da figura do "juiz de garantias", o qual seria responsável pelo exercício das funções jurisdicionais alusivas à tutela imediata e direta das garantias individuais, atuando na fase pré-processual, cessando sua competência quando da propositura da ação penal, a qual, a partir desse momento, seria da competência do juiz natural.

No sistema vigente há uma confusão sobre a exata e constitucionalmente correta função do juiz ao analisar diligências que antecedam a ação penal, posto que é rotineiro que o magistrado que julgará o mérito de futura ação penal (decidirá sobre a condenação ou inocência) tenha contato direto com os agentes de segurança responsáveis pela investigação, autorizando medidas excepcionais, as quais somente com a instauração do processo serão objeto do contraditório por parte da defesa.

Afigura-se natural que o juiz criminal que determinou as medidas instrutórias anteriores à instauração do processo estabeleça um vínculo psicológico com as provas produzidas até então, influenciando-o diretamente no julgamento de fundo da causa, perdendo a equidistância necessária para o exercício da jurisdição.

Desse modo, o Colégio Nacional dos Defensores Públicos Gerais considera um avanço a aprovação da emenda criando o "juiz de garantias" no processo penal brasileiro, fazendo votos para que o parlamento consagre o instituto em questão, estabelecendo nova metodologia a conferir maior densidade ao princípio constitucional do devido processo legal.

Brasília, 19 de setembro de 2019

JOSÉ FABRÍCIO SILVA DE LIMA

Defensor Público-Geral do Estado de Pernambuco

Presidente do CONDEGE

Na contramão de deputados, o relator do pacote anticrime no Senado, Marcos do Val (Podemos-ES), defendeu a manutenção da proposta do ministro da Justiça e Segurança, Sergio Moro, que pode reduzir ou até isentar a pena de policiais que causarem morte durante o exercício do serviço no País.

A discussão do chamado excludente de ilicitude ganhou novos cenários após a morte da menina Ágatha Félix, de 8 anos, atingida por um tiro de fuzil dentro de uma Kombi no Complexo do Alemão, no Rio, na noite da última sexta-feira, 20.

##RECOMENDA##

Marcos do Val afasta a relação entre a morte de Ágatha e a proposta de Moro. "Quem é contra lógico que vai usar essa situação como motivo da retirada dessa parte do projeto. Se analisarmos o número de abordagens diárias no Brasil inteiro, isso (a morte) é uma em um milhão. Não podemos achar que isso é a rotina", comentou o senador ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

O pacote de Moro está sendo discutido na Câmara. O Senado, paralelamente, discute projetos que foram apresentados com o mesmo conteúdo. Um deles, que trata sobre o excludente de ilicitude, está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Marcos do Val reforçou que pretende dar aval à proposta de Moro sobre esse ponto e que espera votar o projeto no colegiado em outubro, após a conclusão da reforma da Previdência na Casa.

A morte da menina Ágatha Vitória Sales Félix, de oito anos, baleada no interior de um veículo no Complexo do Alemão na sexta-feira, 20, pode enterrar de vez a discussão sobre a excludente de ilicitude no grupo de trabalho que analisa o pacote anticrime na Câmara. Os deputados de oposição ao governo - leia-se PSOL, PT e PCdoB -, que aceitaram analisar um texto alternativo à proposta do governo, recuaram e vão defender a manutenção da atual legislação.

Os deputados da oposição avisaram a alguns membros que qualquer discussão sobre a modificação da atual legislação após o fato ocorrido na semana passada no Rio é "impossível". "A atual legislação já dá garantias aos policiais. Não há necessidade de mexer nessa lei", afirmou o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que apresentou uma emenda para suprimir qualquer modificação proposta pelo pacote do ministro da Justiça, Sergio Moro.

##RECOMENDA##

O grupo vinha discutindo uma alternativa ao texto proposto pelo ministro Sergio Moro para ampliar as garantias legais aos policiais em casos de confronto, mas sem correr o risco de "dar um cheque em branco" para matar.

"Há uma tendência de votar pela manutenção do atual texto do Código Penal, que já abarca situações de excludente de ilicitude como a legítima defesa e o estreito cumprimento do dever local, que já prevê eventual diminuição de pena relacionada a excesso de defesa. Mas há a possibilidade de construir um texto alternativo com a comissão para ser votado, que dê mais segurança jurídica", afirmou o deputado Fabio Trad (PSD-MS), que tentava construir uma alternativa.

No domingo, pelas redes sociais, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu cuidado ao grupo de trabalho da Câmara na análise do texto. "Qualquer pai e mãe consegue se imaginar no lugar da família da Ágatha e sabe o tamanho dessa dor. Expresso minha solidariedade aos familiares sabendo que não há palavra que diminua tamanho sofrimento. É por isso que defendo uma avaliação muito cuidadosa e criteriosa sobre o excludente de ilicitude que está em discussão no Parlamento", disse Maia na postagem.

Termômetro

Desde maio, há uma maioria entre os 16 parlamentares do colegiado contra o texto proposto por Moro, conforme mostrou o jornal O Estado de S. Paulo. Na proposta do ministro, as penas de policiais - e cidadãos comuns - podem cair à metade ou deixar de aplicar qualquer sanção em casos de "medo, surpresa ou violenta emoção". Desde então, um grupo liderado pela coordenadora do grupo, Margareth Coelho (PP-PI), e por Trad discute alternativas à proposta do governo.

"Esse caso recente no Rio deixou bem claro que é algo a ser analisado com cuidado, como próprio Rodrigo Maia disse", afirma Margareth.

De acordo com a coordenadora do grupo, há três propostas em discussão. A alternativa seria um texto intermediário que suprime a possibilidade de aplicar o excludente em casos de "medo, surpresa ou violenta emoção", passando a definir situação como confronto ou reação à ataque. O texto deixaria claro, por exemplo, que o excludente de ilicitude não valeria para casos de violência doméstica, por exemplo.

"Como esse dispositivo não se dirige só aos policiais, as mulheres têm muito medo sobre os casos do feminicídio. Há uma subjetividade muito grande", diz a parlamentar sobre a impressão que colheu nos debates.

As outras duas opções sobre a mesa são de manter o texto sugerido por Moro, defendido pelo relator, Capitão Augusto (PL-SP), mas já descartada pela maioria do colegiado. Ou a rejeição total à proposta com a manutenção da atual legislação. Segundo afirmam, o Código Penal já prevê a regra para quem estiver em "estrito cumprimento de dever legal" e pode ser aplicada a policiais. O deputado Marcelo Freixo é o autor da proposta que tem o apoio dos outros partidos de oposição.

"A proposta do Governo abre para todos os cidadãos a possibilidade de 'excludente de ilicitude' por 'medo, surpresa ou violenta emoção'. É muito grave. Pode legalizar homicídios, inclusive feminicídio. Vamos defender a supressão desse texto", afirmou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

Margareth Coelho diz que ainda não tomou sua decisão, mas lembra ainda do caso do sequestro do ônibus na ponte Rio-Niterói, em agosto. "A legislação atual já deu conta", diz a deputado.

Crítica

Em nota técnica divulgada em maio, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE) afirmou que, da maneira que o texto está redigido por Moro, a alteração da lei poderia ser usada até para "exculpar" policiais que cometerem feminicídio.

"Depois de flexibilizar a legislação sobre o desarmamento e, consequentemente, em certa medida, armar a população, propor a exculpação do excesso de legítima defesa praticado por medo, é algo preocupante."

De acordo com os magistrados federais, "cabe notar que a expressão violenta emoção abrange ódio, ira, paixão, tristeza e mágoa, emoções que não devem ser aceitas como excludentes de excesso de legítima defesa". "Essas emoções podem, isso sim, ser levadas em conta nas circunstâncias judiciais, para fins de dosimetria da pena".

Votação

O grupo de trabalho entrou na reta final de discussão. O artigo envolvendo excludente de ilicitude deve ser o último a ser analisado pelos parlamentares já que foi a única proposta que ainda estava sendo negociada.

A possibilidade de redução ou mesmo isenção de pena a policiais que causarem morte durante sua atividade - o excludente de ilicitude - foi prometido pelo presidente Jair Bolsonaro ainda na campanha eleitoral. A medida foi incluída pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, em seu pacote anticrime, uma série de alterações na legislação que visa a endurecer o combate à criminalidade. O projeto foi apresentado em fevereiro à Câmara.

Com uma série de derrotas no grupo de trabalho, na semana passada, o PSL anunciou que abandonaria os trabalhos. Em coletiva na última sexta-feira, 20, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), deputado Felipe Francischini (PSL-PR), disse que pretende resgatar pontos do pacote anticrime do ministro Sergio Moro rejeitados por questões formais pelo grupo de trabalho formado pelos deputados.

Entre as propostas estão a prisão após condenação em segunda instância e, até, o excludente de ilicitude. De acordo com Francischini, a proposta de isentar policiais de punição poderia ser recuperada através de outro projeto de lei, anterior a proposta de Moro, que já estava em tramitação no colegiado.

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Felipe Francischini (PSL-PR), afirmou nesta sexta-feira, 20, que o colegiado tentará retomar alguns dos pontos que o grupo de trabalho que analisa o pacote anticrime enviado pelo ministro Sergio Moro derrubou, como a prisão em segunda instância e o excludente de ilicitude. De acordo com ele, o grupo rejeitou estes pontos por terem vício formal e a CCJ deverá retomá-los por meio de outras propostas que já tramitam na comissão.

Ele também informou que o colegiado deverá votar na próxima terça-feira um projeto que faz parte do pacote anticrime e trata da separação do que seria de competência da Justiça comum do que seria competência da Justiça Eleitoral. A relatora da proposta, deputada Bia Kicis (PSL-DF), já apresentou parecer favorável. Este projeto não está sendo analisado pelo grupo de trabalho.

##RECOMENDA##

"Chegou o momento da gente começar a discutir e votar os temas do pacote anticrime", disse. Francischini informou que vai marcar uma reunião com os integrantes do grupo de trabalho na semana que vem para saber o que a CCJ pode fazer para complementar os pontos que saíram durante as discussões do grupo.

No caso da prisão em segunda instância, o grupo entendeu que ela não poderia ser tratada por um projeto de lei, mas sim por uma proposta de emenda à Constituição. Segundo Francischini, há uma PEC, do deputado Alex Manente (Cidadania-SP) que já tramita na comissão e trata do mesmo assunto. A deputada Caroline de Toni (PSL-SC) será a relatora da proposta.

"Minha reunião com o grupo de trabalho na semana que vem vai ser para que possamos ver todos os itens que foram tirados do pacote anticrime ou que estão sendo alterados por vício formal. O que estiver assim, tentaremos salvar na CCJ via outros projetos", disse.

Questionado sobre se a recuperação de alguns pontos seria uma reação ao grupo de trabalho, Francischini negou. Ontem, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) anunciou que o PSL estava deixando o grupo. A saída ocorreu após o relator da proposta e aliado do governo, deputado Capitão Augusto (PL-SP), fazer críticas públicas à base. De acordo com Augusto, os deputados governistas "não se apresentam" para defender a proposta do ministro da Justiça.

"De maneira alguma. Não adianta aprovar tudo o que foi mandado se houver vício de iniciativa ou vício formal, porque daí a gente aprova o projeto no Congresso e o Supremo Tribunal Federal derruba. Queremos agir em harmonia com o grupo de trabalho. O mérito do que eles fizeram será discutido pelo plenário", disse.

A deputada Bia Kicis, vice-presidente da CCJ, disse também que o foco da comissão agora é avançar com o pacote anticrime. Questionada sobre se a iniciativa seria uma forma de fortalecer o ministro da Justiça, Sergio Moro, após ele ter se desgastado com o presidente Jair Bolsonaro, ela negou.

"Não é só para dar apoio ao ministro. Ele sempre soube que o pacote teria que esperar outros projetos tramitarem, como a reforma da Previdência. Mas agora chegou a hora de dar andamento a ele. Em nenhum momento o ministro foi abandonado pelo governo ou pelo PSL", disse.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando