Os partidos políticos têm cada vez mais perdido a credibilidade diante da população, por questões como a falta de ideologia, casos de corrupção e outros assuntos, que deixam a desejar. Esta desconfiança tem resultado na escassez de filiações. No Recife, de acordo com dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), nesta quarta-feira (9), 90,9% da população não é filiada a partidos políticos. Os que aderiram a alguma sigla, chega ao percentual de 6,5%.
Segundo o cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco, Adriano Oliveira, esses números legitimam a “falta de credibilidade” das legendas diante dos recifenses. “Este é um dado fundamental que demonstra a falta de credibilidade da população para com os partidos”, pontuou.
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Os dados, de acordo com o analista político Maurício Romão, podem demonstrar ainda a falta de intimidade dos eleitores com o ato da filiação. “Na maioria dos países as pessoas são até adeptas aos partidos, mas só por gostar de algumas pessoas que estão ligadas as legendas. A pesquisa mostra que não há uma intimidade forte entre o recifense e a filiação partidária”, reforçou o estudioso.
Dos 6,5% que afirmaram estar filiados a alguma legenda, 72,7% são do PT. Adesões explicadas, segundo Oliveira, por três aspectos. “A preferência pelo PT tem três motivos: a história do PT nas lutas pelo movimento sindical e as causas trabalhistas, os 12 anos no comando da Prefeitura do Recife e a força e admiração que Lula tem na cidade”, enumerou.
Ao questionar os 90,9% sobre se tivesse a oportunidade de se filiar a algum partido político, qual escolheriam, a maioria 49% frisou não escolher nenhuma sigla. Outros 22,9% optariam pelo PT, reafirmando a preferência da legenda, e apesar de comandar a Prefeitura da cidade, com a gestão de Geraldo Julio (PSB), e o Governo do Estado, com Eduardo Campos (PSB), o Partido Socialista Brasileiro é apenas o terceiro mais citado, com 3,5%, antecedido ainda pelo PMDB que aparece com 4,2%.Outras legendas também são citadas como o PMDB, com 9,1% das filiações, seguido pelo PSDB e o PSB com o mesmo percentual, 6,1%. Ainda aprecem com adesões do PV e o PCdoB com 3% dos entrevistados.
“O PSB não tem um Lula, não tem defesas sindicais. Miguel Arraes não tem uma história militante no PSB, ele não é conhecido pelo partido político, mas por ser Miguel Arraes, ninguém o remete ao PSB”, explicou Adriano Oliveira.
A surpresa dos partidos citados, segundo Romão, é o PMDB ser apontado como segunda opção de filiação partidária. “É estranho que uma parte prefira o PMDB, mas se olharmos direito ele é um dos maiores na Câmara Federal e tem disparadamente o maior em números de prefeituras no Brasil”, contextualizou.
Os políticos precisam ser filiados
Os dados do IPMN mostram ainda que apesar de a maioria dos recifenses não serem adeptos aos partidos, eles acreditam que é necessário estar filiado para concorrer a algum cargo público, como diz a Lei Eleitoral. Dos entrevistados pela mostra 45,8% são a favor da regra, número quase igualado aos que são contra 43,9%.
“Os partidos precisam ter um trabalho para aprimorar a sua imagem, eles aprimoram a imagem do candidato e esquecem da sua. O que deixam eles sem conquistar cadeiras e sem conquistar mais filiados. Os eleitores votam nas pessoas e não nos partidos, por isso ainda aceitam a Lei”, explicou Oliveira.