Tópicos | refugiados sírios

O filho mais velho de Donald Trump provocou uma tempestade na internet ao publicar um tuíte comparando refugiados sírios a uma tigela contendo uma série de balas envenenadas e não envenenadas.

"Esta imagem diz tudo", declarou Donald Trump Jr, de 38 anos, na segunda-feira (19), em um tuíte no qual mostrava a imagem de uma tigela branca repleta com as populares e coloridas balas Skittles.

Acima da imagem ele escreveu: "Se eu tivesse uma tigela de skittles e disse que apenas três delas poderiam te matar. Você pegaria um punhado delas? Este é nosso problema com os refugiados sírios".

A publicação no Twitter - mostrando o famoso logotipo "Trump-Pence 2016" com o slogan da campanha presidencial "Make America Great Again!" - provocou polêmica imediatamente entre os usuários da rede.

"Nem gosto muito de Skittles, mas agora comprarei cada pacote", escreveu @SarahSahim.

"É o novo slogan de campanha de Donald Trump 'Tenha medo do Arco-Íris?'", escreveu o usuário do Twitter @AngrySalmond.

Donald Trump, candidato republicano às eleições presidenciais, já provocou críticas no passado com comentários envolvendo questões raciais, imigrantes e refugiados, e pediu inclusive a proibição de que muçulmanos viajem aos Estados Unidos.

Igualmente controverso foi seu pronunciamento no ano passado no qual declarou que imigrantes mexicanos eram traficantes de drogas ou estupradores.

Este magnata também se opõe fortemente aos planos do presidente Barack Obama de permitir que 10.000 refugiados sírios entrem nos Estados Unidos no fim deste mês.

Os países ricos acolheram apenas uma pequena parcela dos quase cinco milhões de refugiados procedentes da Síria, indicou a ONG britânica Oxfam em um relatório divulgado nesta terça-feira (29). No texto, a ONG pede aos países ricos que façam um esforço e que aceitem pelo menos 10% dos 4,8 milhões de refugiados sírios registrados na região.

Hoje, os países ricos reinstalaram apenas 67.100 pessoas, ou 1,39% dos refugiados, segundo a organização. A Oxfam publicou seu informe na véspera de uma conferência internacional promovida pela ONU em Genebra, quando os países têm de prever lugares para reinstalar os refugiados sírios.

A grande maioria permanece nos países próximos quando o conflito chega a seu sexto ano. O objetivo da conferência da ONU é conseguir "compartilhar a responsabilidade global" derivada da crise dos refugiados, provocada pela guerra nesse país. Já são mais de 270.000 mortos.

Segundo a Oxfam, apenas três países ricos - Canadá, Alemanha e Noruega - fizeram mais do que lhes cabia em matéria de acolhida permanente de refugiados. Outros cinco países - Austrália, Finlândia, Islândia, Suécia e Nova Zelândia - também se comprometeram a fazer 50% mais do que sua parte. Já os 20 países restantes examinados pela Oxfam estão abaixo das expectativas.

Os Estados Unidos se comprometeram com 7% dos quase 171.000 considerados sua parte. Até agora, o governo americano reinstalou 1.812 refugiados sírios e indicou que assumirá mais 10.000. Holanda também beira os 7%; Dinamarca, 15%; e Grã-Bretanha, 22%, segundo a Oxfam.

De acordo com a diretora da Oxfam, Winnie Byanyima, "os países com economias fortes, serviços eficazes e infraestruturas desenvolvidas, podem reinstalar de imediato meio milhão de refugiados, se assim decidirem". Byanyima destacou que, no Líbano, um em cada cinco habitantes é um refugiado sírio e, na Jordânia, um em cada dez.

Um avião com 163 refugiados sírios a bordo pousou no aeroporto de Toronto, Canadá, no fim da noite de quinta-feira (10), onde foram eles foram recebidos pelo primeiro-ministro Justin Trudeau. O governo canadense espera receber 10.000 refugiados sírios até o fim do ano.

"Recordaremos este dia", afirmou Trudeau antes de receber os refugiados, incluindo muitas mulheres e crianças. O primeiro grupo viajou em um avião de transporte de tropas, que decolou de Beirute e fez uma escala técnica na Alemanha.

O novo governo liberal canadense prometeu durante a campanha receber este ano 25.000 refugiados sírios. Mas recuou no mês passado, alegando problemas logísticos e depois de receber críticas de que o governo de Ottawa atuava com muita pressa, apesar das preocupações em termos de segurança depois dos atentados de Paris Paris.

O ministro da Imigração John McCallum declarou ter a esperança de que o governo possa receber 10.000 refugiados até 31 de dezembro. O governo espera a chegada de outros 15.000 até o fim de fevereiro. Desde o início de 2014, o Canadá recebeu 3.500 refugiados sírios.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, declarou, nesta terça-feira, que manterá o plano de receber 25 mil refugiados sírios antes do fim do ano, apesar das preocupações com a segurança que a oposição tem expressado após os atentados em Paris.

"Devemos respeitar nossa promessa eleitoral de acolher, de maneira segura, 25 mil refugiados antes do dia 1º de janeiro. Faremos todos os esforços para conseguir", declarou Trudeau a jornalistas, durante uma viagem para a reunião da APEC, nas Filipinas.

"Não foi preciso a tragédia em Paris para que nos déssemos conta, de repente, de que a segurança é importante", acrescentou o primeiro-ministro em resposta às preocupações expressas esta semana por líderes regionais no Canadá.

Trudeau prometeu, durante recente campanha eleitoral, acolher 25 mil refugiados que hoje vivem em campos na Jordânia, Líbano e Turquia, antes de 1º de janeiro. Depois de assumir o poder, o governo mobilizou vários ministérios para cumprir essa meta a tempo.

Mas na segunda-feira, Brad Wall, um líder provincial, pediu a Trudeau que "suspendesse" o processo de acolhida que, segundo ele, poderia ter "consequências devastadoras".

A declaração de Wall aconteceu após fontes francesas anunciarem que o passaporte encontrado próximo ao corpo de um dos terroristas do Stade de France, em Paris, poderia ter pertencido a um sírio que havia se declarado como refugiado na Grécia.

Os múltiplos ataques na noite de sexta-feira em Paris deixaram ao menos 129 mortos e 352 feridos. Os atentados foram reivindicados pelo grupo Estado Islâmico.

Dois estados americanos, Alabama e Michigan, anunciaram que não receberão refugiados sírios, com o objetivo de evitar atentados similares aos ocorridos na sexta-feira passada em Paris.

"Depois de ter acompanhado atentamente os ataques terroristas deste fim de semana contra cidadãos inocentes em Paris, vou opor-me a qualquer tentativa de transferir refugiados sírios ao Alabama", afirmou Robert Bentley, governador deste estado do sudeste dos Estados Unidos.

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"Eu não serei cúmplice de uma política que coloca os cidadãos do Alabama em perigo", completou em um comunicado divulgado no domingo. O governador do estado de Michigan, Rick Snyder, também anunciou uma decisão similar, "levando em consideração a terrível situação em Paris".

Em um comunicado, Snyder afirma que deu instruções para suspender "os esforços que pretendiam aceitar novos refugiados, até que o Departamento de Segurança Interna conclua uma revisão completa das medidas de segurança".

"Virão dias difíceis para o povo da França e ele permanecerá em nossos pensamentos e em nossas orações", completou Snyder, cujo estado abriga uma das mais importantes comunidades procedentes do Oriente Médio.

"É importante destacar que estes ataques são executados por extremistas e não refletem a atitude pacífica da população originária do Oriente Médio", destacou o governador. De acordo com o principal jornal de Michigan, o Detroit Free Press, entre 1.800 e 2.000 refugiados foram recebidos no estado durante o ano, incluindo 200 sírios.

Vários pré-candidatos republicanos à presidência afirmaram no domingo que os Estados Unidos não devem receber refugiados sírios, pelo temor de que militantes do grupo Estado Islâmico estejam infiltrados.

Mas uma fonte da Casa Branca afirmou que o país não corre tal risco e que o número de refugiados que devem ser recebidos pelos Estados Unidos é limitado, com um processo de verificação de segurança "sólido".

"Não podemos fechar nossas portas a estas pessoas", afirmou no domingo ao canal Fox News o conselheiro nacional adjunto para questões de Segurança do presidente Barack Obama, Ben Rhodes.

O papa Francisco pediu que cada paróquia da Europa acolha uma família de refugiados sírios. Mas no Brasil, um padre católico já está fazendo isto há mais de um ano, alojando dezenas e até aprendendo árabe para se comunicar com eles.

Mais de 30 refugiados sírios, a maioria muçulmanos, foram acolhidos pelo pároco Alex Coelho, da igreja São João Batista, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro. Graças a um acordo com a ONG católica Cáritas e a doações de fiéis, os refugiados que chegam à igreja têm alojamento e comida durante pelo menos três meses. Eles podem começar a aprender português e são ajudados a procurar um emprego.

"Aqui há uma capela, mas os refugiados podem vir rezar o Corão se quiserem", disse o padre Alex, enquanto mostrava à AFP a casa ampla, localizada no pátio da igreja que hoje abriga nove sírios.

A mais de 11.000 km de casa

Todos são homens, chegaram a aproximadamente um mês e só falam árabe, com exceção de Khaled Fares, jovem muçulmano de 27 anos que chegou ao Brasil procedente de Damasco há um ano e meio e estuda português na universidade.

"Minha opção, se ficasse na Síria, era o exército ou morrer. Meu pai implorou para que eu fosse embora", disse este protético que sonha em estudar odontologia no Rio.

"A guerra é muito triste. No Brasil, não conheço ninguém, não tenho parentes, não tenho casa, não conheço o idioma. Mas não me sinto perdido", conta, abaixando a cabeça para esconder a emoção.

Ele escolheu como o destino o Brasil, a mais de 11.000 km de sua terra natal, porque foi o único país que aceitou seu pedido de asilo e não queria arriscar a vida no mar para tentar chegar à Europa de forma irregular.

Com uma tradição de conceder asilo e a forte comunidade árabe radicada no país há décadas, o Brasil acolheu 2.077 refugiados sírios desde que a guerra começou em 2011, muito mais do que qualquer outro país da América Latina.

Não negou um único pedido de visto a um refugiado e chegou, inclusive, a adotar medidas em 2013 para simplificar e acelerar os trâmites de asilo para os sírios.

Mas diferentemente de Khaled, quase todos os refugiados sírios que chegam aqui querem voltar à Europa ou até mesmo para a Turquia quando veem que o Brasil, em plena crise econômica e política, no os ajuda com um subsídio, vivendo nem emprego.

"Deus não tem religião"

O padre Alex decidiu começar a acolher refugiados em sua paróquia há um ano e meio, quando assistia a uma reportagem na televisão sobre os sírios.

Em sua igreja também vivem refugiados nigerianos, afegãos, palestinos e iraquianos, mas 90% são sírios.

A guerra na Síria causou a morte de mais de 240.000 pessoas e levou ao exílio mais de quatro milhões. O êxodo de dezenas de milhares de sírios para a Europa é a causa da pior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial.

"Eu sou cristão e eles são, em sua grande maioria, muçulmanos. Mas Deus é um só para nós e somos irmãos. Deus não tem religião", disse Coelho.

Dara Rmadan tem 42 anos, mas aparenta muito mais. Ele vendeu sua casa no norte da Síria, perto da fronteira com o Iraque, para fugir com a mulher e os quatro filhos da guerra, iniciada em 2011, durante a qual sua loja de roupas foi incendiada.

Todos chegaram a Istambul, onde está sua família, mas Dara veio para o Brasil em busca de um futuro melhor depois que vários países europeus rejeitaram seu pedido de asilo. Agora, quer voltar à Turquia.

"Na Europa o governo te dá casa, um salário, plano de saúde. Se trouxer minha família para cá, não terei como sustentá-la", disse, por meio de um tradutor.

"Mas não sinto saudades da Síria. Não tenho nada lá. Perdi tudo. Não resta ninguém de quem sentir saudades", disse.

Em frente à igreja, Mohammed Ebraheem, de 20 anos, vende esfirras e outras comidas típicas de seu país, que prepara diariamente com os pais e seus dois irmãos. O padre Alex os ajudou a comprar uma máquina para fabricar as esfirras.

"Preciso de ajuda para encontrar uma casa. O complicado aqui é a moradia. Se a gente tem casa, vir aqui é muito melhor do que ir para a Europa", conta, em bom português, o jovem que fugiu da Síria antes de ter que se apresentar ao Exército.

Outros sírios que moram na igreja se adaptaram rapidamente ao jeito carioca e para faturar algum vendem cerveja e doses de vodca nas praias e nas ruas do Rio.

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