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A secretária de Educação dos Estados Unidos, Betsy DeVos, renunciou ao cargo na noite de quinta-feira (7) um dia depois da invasão do Capitólio por apoiadores do presidente Donald Trump. Em uma carta de demissão, DeVos culpou o presidente Donald Trump por inflamar as tensões durante o motim no Congresso norte-americano. 

"Não há dúvidas sobre o impacto que sua retórica teve sobre a situação, e é o ponto de inflexão para mim", disse DeVos no pronunciamento. Devos foi a nona integrante do governo Trump que saiu da administração federal após os protestos violentos de quarta-feira (6).

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Antes dela, a secretária dos Transportes do país, Elaine Chao, também havia renunciado ao cargo, citando os eventos "totalmente evitáveis" e traumáticos ocorridos em Washington.

Um terceiro ministro renunciou, nesta segunda-feira (10), no Líbano, enfraquecendo ainda mais uma classe política responsabilizada pelas explosões mortais do porto de Beirute, enquanto a indignação nas ruas não enfraquece.

Quase uma semana depois da tragédia que deixou pelo menos 158 mortos, 6.000 feridos e destruiu parte da capital, as autoridades, acusadas de corrupção, negligência e incompetência, ainda não responderam à principal pergunta: por que uma grande quantidade de nitrato de amônio estava armazenada no porto, no coração da cidade?

As explosões foram provocadas por um incêndio no armazém onde 2.750 toneladas de nitrato de amônio estavam armazenadas há seis anos sem "medidas de prevenção", segundo admitiu o próprio primeiro-ministro, Hassan Diab.

O presidente Michel Aoun, cada vez mais contestado, rejeitou uma investigação internacional. E as autoridades não informaram sobre o andamento da investigação local.

Diante da magnitude da tragédia e da raiva de uma população cansada, a ministra da Justiça, Marie-Claude Najm, apresentou sua renúncia, a terceira a deixar o governo após a ministra da Informação, Manal Abdel Samad, e do ministro do Meio Ambiente, Damianos Kattar.

Najm foi criticada na quinta-feira ao visitar o devastado distrito de Gemmayzé, nas proximidades do porto, poucas horas depois de um deslocamento ao mesmo setor do presidente francês Emmanuel Macron, recebido como um "herói".

- "Uma única pessoa" -

"A renúncia de ministros não é suficiente. Eles devem ser responsabilizados", disse Michelle, uma jovem manifestante que perdeu uma amiga na explosão.

"Queremos um tribunal internacional que nos diga quem os matou, porque eles (os líderes políticos) vão encobrir o caso", considerou.

De acordo com a Constituição, o governo cai se mais de um terço de seus membros renunciar. A imprensa local diz que outros ministros do governo de 20 membros, que devem se reunir à tarde, podem abandonar o barco.

Hassan Diab havia indicado que estava pronto para permanecer no cargo por dois meses, até a organização de eleições antecipadas em um país dominado pelo movimento armado do Hezbollah, um aliado do Irã e do regime sírio de Bashar al-Assad.

Durante as manifestações de sábado e domingo, reprimidas pelas forças de segurança, os manifestantes pediram "vingança" contra a classe política totalmente desacreditada após a tragédia em um país já atingido por uma crise econômica sem precedentes agravada pela epidemia de Covid-19.

Eleições antecipadas não são uma das principais reivindicações das ruas, já que o Parlamento é controlado por forças tradicionais que elaboraram uma lei eleitoral cuidadosamente calibrada para servir aos seus interesses.

"Todos significa todos", proclamaram nos últimos dois dias os manifestantes, apelando à saída de todos os dirigentes. Efígies de muitos deles, incluindo de Michel Aoun e Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, foram penduradas em forcas durante os protestos.

"Há apenas uma pessoa que controla este país, é Hassan Nasrallah", afirmou um dos nove deputados que anunciou sua renúncia, Nadim Gemayel. "Para eleger um presidente, nomear um primeiro-ministro (...) você precisa da autorização de Hassan Nasrallah".

- "Buscas continuam" -

Enquanto os libaneses continuam enterrando seus mortos, as equipes de resgate perderam todas as esperanças de encontrar sobreviventes das explosões.

Para desespero das famílias de cerca de 20 desaparecidos que acusam as autoridades de terem demorado na organização das buscas.

"Exigimos que as buscas continuem", afirmou nas redes sociais Emilie Hasrouty, cujo irmão estaria sob os escombros.

Na noite de domingo, os moradores acenderam velas em um morro com vista para o porto, para homenagear as vítimas.

Ao mesmo tempo, violentos confrontos ocorreram no centro da cidade pelo segundo dia consecutivo entre manifestantes e forças de segurança que dispararam gás lacrimogêneo e balas de borracha.

O drama relançou a contestação popular desencadeada em 17 de outubro de 2019 para denunciar a corrupção dos dirigentes, mas que havia perdido o fôlego com a pandemia do coronavírus.

A comunidade internacional, que há anos clama por reformas e pelo combate à corrupção no governo libanês, mostrou claramente, durante uma videoconferência no domingo co-organizada pela França e a ONU, que não confia mais no regime.

Vários países anunciaram que vão distribuir "diretamente" à população os 252,7 milhões de euros de ajuda às vítimas das explosões.

E exigiram uma investigação "transparente" sobre as causas do desastre que deixou quase 300.000 desabrigados, aos quais o governo ainda não prestou assistência.

Uma manifestação reuniu neste domingo (23) cerca de 250 mil pessoas em Praga, segundo os organizadores e a imprensa local, para pedir a renúncia do premier tcheco, Andrej Babis, suspeito de fraude, no maior protesto no país desde a queda do comunismo, em 1989.

A mobilização foi organizada por Mikulas Minar, reponsável pela ONG Um Milhão de Momentos para a Democracia. Os participantes se dirigiram simbolicamente até a esplanada de Letna, lugar memorável de protestos gigantescos contra o antigo regime totalitário em 1989, em que o dramaturgo e dissidente Vaclav Havel, futuro presidente, dirigia-se à multidão.

Babis, 64, segunda maior fortuna do país e fundador do gigante agroalimentar Agrofert, foi investigado no ano passado em um caso de suposto desvio de 2 milhão de euros de fundos europeus. Ele também estaria envolvido em uma situação de conflito de interesse entre suas atividades políticas e seus negócios, segundo rascunhos de relatórios da Comissão Europeia cujos trechos foram publicados pela imprensa local.

O premier nega envolvimento nesta situação de conflito de interesses e aponta erros nos documentos, que, segundo ele, são ataques a seu país.

Babis também é criticado por sua filiação ao Partido Comunista antes de 1989 e sua suposta colaboração com a polícia secreta do antigo regime. Na mobilização de hoje, entre bandeiras tchecas e europeias, cartazes diziam "Babis, renuncie!", "Tenho vergonha do meu premier" e "Basta!".

Uma série de protestos contra o premier são organizados na capital e em outras localidades do país desde o fim de abril.

O primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho, negou nesta terça-feira que renunciará ao cargo, apesar de ter perdido o apoio de dois importantes membros de seu gabinete em menos de 24 horas em meio a divergências sobre as políticas de austeridade.

Em pronunciamento à nação na noite de hoje, Pedro Passos Coelho prometeu que seu governo continuará se empenhando na recuperação da economia portuguesa. "Não vou desistir de meu país", disse ele.

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Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores, Paulo Portas, apresentou sua renúncia ao cargo, mas Passos Coelho disse que não aceitaria a saída e que tentaria contornar a situação.

O chanceler Paulo Portas lidera o Centro Democrático e Social - Partido Popular (CDS-PP). Apesar de pequeno, o CDS-PP garante ao governo maioria no Parlamento.

Ontem, o ministro das Finanças, Vitor Gaspar, deixou o governo queixando-se da falta de apoio político a seu programa de austeridade.

Em comunicado, Portas disse que sua renúncia é uma forma de protesto à escolha da secretária do Tesouro, Maria Luís Albuquerque, como nova ministra de Finanças. Assim como Gaspar, Maria Luís enfatiza a necessidade de o governo manter forte controle sobre o Orçamento.

Portugal atravessa uma grave recessão e as políticas de austeridade implementadas pelo governo em troca de um resgate financeiro internacional carecem de apoio popular. Fontes: Associated Press e Dow Jones Newswires.

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