Tópicos | repercussão internacional

As denúncias de blitze da Polícia Rodoviária Federal (PRF), contrariando determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), são destaque na mídia internacional, que levantam as suspeitas de repressão eleitoral nesta disputa para a Presidência do Brasil.

Com o título "Acusações de supressão de eleitores em eleição no Brasil", o The Washington Post expõe em seu site as denúncias de repressão eleitoral e a manutenção do horário de votação. "Apesar das ações de interferência, as urnas fecharão no horário estipulado, afirmam autoridades". "As tensões no Brasil estão altas neste domingo, quando o País profundamente dividido vota em uma eleição vista como a mais importante desde o colapso da ditadura militar em 1985", complementa.

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A Reuters afirma que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) "minimizou os relatos de que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) realizou bloqueios ilegais de ônibus que transportam eleitores pelo nordeste pobre, onde o apoio de Lula é mais forte", e acrescenta que "críticos alegam que a PRF se tornou abertamente pró-Bolsonaro e que as autoridades estavam tentando impedir a votação nos redutos de Lula".

O The Gardian pontua que "o futuro de uma das maiores democracias do mundo e da floresta amazônica estava no fio da navalha quando o Brasil realizou sua eleição mais importante em décadas e seu presidente de extrema direita, Jair Bolsonaro, lutou para se agarrar ao poder em meio a alegações de que as forças de segurança estavam envolvidas em uma campanha de repressão eleitoral pró-Bolsonaro".

Como manda a tradição, o chefe de Estado brasileiro abriu a conferência, que neste ano ocorreu remotamente devido à pandemia da COVID-19. Em sua fala, Bolsonaro disse que o Brasil é "vítima de de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal”. 

Segundo o presidente, a região é "sabidamente riquíssima", o que "explica o apoio de instituições internacionais a essa campanha escorada em interesses escusos que se unem a associações brasileiras, aproveitadoras e impatrióticas, com o objetivo de prejudicar o governo e o próprio Brasil". Dados recentes apontam níveis recordes de queimadas e desmatamento na Amazônia e no Pantanal. 

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Para Marcelo Seráfico, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), o discurso de Bolsonaro na ONU "reitera as duas linhas de argumento fundantes de sua prática política". 

"De um lado, a fuga do trato objetivo dos problemas vividos pelo país, que vão da devastação ambiental, passam pela crise econômica e chegam à crise sanitária. De outro lado, essa simples e direta negação da realidade é acompanhada da reiteração da defesa de uma religiosidade cínica, de uma política econômica que só beneficia grandes empresas, o setor financeiro e o agronegócio, e de um alinhamento servil do país à política externa do governo norte-americana", explicou o sociólogo. 

Escalada do conflito com Venezuela 

Em sua fala, Bolsonaro disse ainda que seu governo, com medidas econômicas, tinha evitado um "mal maior' durante a pandemia do coronavírus. Ele lamentou as mortes provocadas pela doença e criticou o isolamento social, afirmando que a imprensa "politizou o vírus" e a campanha para a população ficar em casa quase trouxe "caos social". 

Ao final do discurso, o presidente fez "apelo a toda a comunidade internacional pela liberdade religiosa e pelo combate à cristofobia". 

Para o cientista político Danillo Bragança, pesquisador da Universidade Federal Fluminense (UFF), um ponto marcante do discurso foi a referência à Venezuela, o que indica que o conflito com o país vizinho "está escalando novamente". 

"Além disso, a presença no Brasil do secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, caiu muito mal na região. Esses fatores apontam para um reaquecimento dos discursos contra a Venezuela", disse Bragança, que é especialista em segurança e assuntos militares, à Sputnik Brasil. 

Bolsonaro acusou o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pelo derramamento de óleo na costa brasileira no ano passado. 

'Alinhamento grosseiro e primário' aos EUA

Segundo Marcial Suarez, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense (UFF), o elogio do presidente ao plano elaborado pelos Estados Unidos para o conflito entre Israel Palestina, assim como à mediação norte-americana de acordos entre Israel e alguns países árabes, demonstra fragilidade da política externa brasileira. 

"O alinhamento brasileiro à política externa estadunidense é grosseira e primária, ao ponto de Bolsonaro elogiar um acordo de paz sobre a questão palestina, e pasmem novamente, que não contou com a participação da comunidade palestina, mas com países alinhados aos Estados Unidos, como Emirados Árabes, Israel e Bahrein", afirmou o especialista à Sputnik Brasil. 

'Mundo fantasioso e persecutório'

Suarez disse ainda que, no plano interno, "ficamos reféns de afirmações no mínimo difíceis de justificar".

Citando a hidroxicloroquina, Bolsonaro disse na ONU que "não podemos depender apenas de umas poucas nações para produção de insumos e meios essenciais para nossa sobrevivência". Além disso, afirmou que o "insumo da produção" do medicamento tinha sofrido um "reajuste de 500% no início da pandemia". 

Sobre os incêndios na Amazônia, argumentou que a "floresta é úmida e não permite propagação do fogo em seu interior". Segundo Bolsonaro, as queimadas são iniciadas no "entorno leste da floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas". 

"Desde a hidroxicloroquina até a afirmação de que os índios e caboclos são os responsáveis pelas queimadas em áreas já desflorestadas. A tônica dos discursos do presidente, infelizmente, parece se manter inalterada, variando entre um impressão distorcida dos fatos e uma defesa naturalmente errada de um mundo fantasioso e persecutório. Nessa caminhada tortuosa, o Brasil deixa de ser um ator protagonista no cenário internacional para ocupar uma posição de vassalagem em relação à agenda estadunidense", opinou o professor.

Da Sputnik Brasil

A Prefeitura de Barcelona aprovou nesta semana uma declaração institucional repudiando a postura do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e o “triunfo da extrema-direita” no Brasil e em toda a Europa. A postura da cidade espanhola foi anunciada pelo porta-voz oficial da prefeitura, Gerardo Pisarello. Em vídeo divulgado nas redes sociais, Pisarello ressalta o que chama de “discurso de ódio” de Bolsonaro e pontua que os brasileiros “não estão sós”.

“A Barcelona Internacionalista, a Barcelona latino-americana está preocupada pelo triunfo de Bolsonaro no Brasil, igualmente com o triunfo de Trump e nos Estados Unidos e pelo crescimento da extrema-direita em toda a Europa. Porém queremos dizer uma coisa muito clara: o seu discurso inaceitavelmente autoritário, escandalosamente homofóbico, classista, racista, machista não nos farão calar”, diz o porta-voz.

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Além disso, Pisarello observa ainda que a prefeitura está atenta às investigações sobre a morte da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e exige a libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenado a 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, no esquema investigado pela Lava Jato.

“A Prefeitura de Barcelona aprovou uma declaração institucional na que condena o discurso de ódio do presidente do Brasil, na qual se compromete com a luta pelos direitos humanos, nesse país irmão; na qual exigimos a libertação imediata de Lula, condenado por um processo cheio de enormes anomalias e na qual deixamos uma mensagem clara para todos e todas essas ativistas, essas pessoas do mundo acadêmico, do mundo sindical que está sendo perseguida por combater a extrema-direita: vocês não estão sós, Barcelona está do seu lado”, destaca.

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Os jornais internacionais continuam a repercutir a crise em Brasília após a divulgação de áudios comprometedores do presidente Michel Temer, que abalaram o mercado e resultaram em manifestações populares contra o governo do peemedebista.

Nesta noite, o Washington Post divulgou uma nota associando o mal desempenho das ações asiáticas - onde os mercados financeiros já estão abertos - ao "fator Brasil" e ao aumento das tensões políticas tanto por aqui quanto nos Estados Unidos, onde o presidente Donald Trump é questionado sobre suas relações com o governo russo.

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Já o jornal argentino Clarín deu grande destaque à divulgação dos áudios, dedicando a maior parte de sua home à Michel Temer. O site afirma que a situação deve ter impactos no país vizinho e comentou o tuíte da série americana House of Cards, da Netflix, sobre o caso.

Também na Argentina, o La Nacion disponibilizou uma cobertura completa da crise no Brasil, com os áudios, galerias de imagens e análises sobre o caso. O site destaca as manifestações desencadeadas pelo País e uma das matérias diz que o governo Temer sobrevive "com respirador artificial".

O jornal português Público também ofereceu uma cobertura especial do tema, dando atenção aos pedidos de destituição de Temer por parlamentares, além dos áudios em questão. "Temer apostou a presidência numa conversa gravada", diz a manchete do jornal.

Na Espanha, o El País destacou a crise Brasileira na manchete: "Supremo brasileiro coloca Temer à beira da destituição". O site afirma que começaram as deserções entre os aliados do peemedebista e também trata do "pânico" dos mercados, em razão do ocorrido.

O site do jornal britânico Financial Times traz em sua home a notícia de que Temer rejeitou os pedidos para renunciar. Assim como o The New York Times, o francês Le Monde deu maior destaque aos desdobramentos políticos no Brasil, nesta noite, chamando atenção na página principal para a decisão de Temer de não renunciar. No The Guardian, as notícias sobre Temer estão entre as 10 mais lidas do portal.

A vitória do republicano Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos provocou repercussões entre os líderes mundiais. Na Europa, França e Alemanha mostraram uma recepção glacial ao presidente eleito nos EUA. A eleição abre "um período de incerteza", disse o presidente da França, François Hollande. Já a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, cumprimentou Trump e citou um clima de cooperação com o bilionário. No dia anterior, a chanceler havia declarado que a vitória de Hillary poderia dar mais força às mulheres.

A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, afirmou que "a Grã-Bretanha e os Estados Unidos têm um relação duradoura e especial baseada nos valores de liberdade, democracia e empreendedorismo". Já o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse que respeita a eleição do republicano, mas ressalta que "esses resultados trazem novos desafios" para as relações internacionais.

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Na Eslovênia, país natal de Melania Trump, mulher do presidente eleito, moradores esperam uma visita da futura primeira-dama, acolhendo a notícia com bandeiras dos EUA em algumas regiões da cidade. Já o primeiro-ministro da Holanda, Bert Koenders, afirmou que irá "julgar Donald Trump e suas ações".

O ex-líder soviético, Mikhail Gorbachev, disse que a vitória de Trump é uma oportunidade de consertar as relações entre Moscou e Washington, segundo a agência de notícias Interfax. Já o atual presidente da Polônia, Andrzej Duda, parabenizou Trump e o lembrou da importante parceria estratégica entre os dois países. "As relações entre Polônia e Estados Unidos se tornaram um importante pilar da estabilidade europeia e transatlântica. Nós estamos particularmente agradecidos que, durante a Cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Varsóvia este ano, os EUA decidiram aumentar sua presença militar na Polônia".

América Latina

Uma das reações mais enfáticas contra Trump foi a do presidente mexicano Enrique Peña Nieto. Ele cumprimento o país pelas eleições, mas não se referiu diretamente a Donald Trump. Em seu perfil no Twitter, Peña Nieto repetiu que espera trabalhar com Trump, sendo favorável às relações bilaterais entre os dois países.

Na Argentina, o presidente Mauricio Macri também parabenizou Trump e disse que se sentiu surpreso com o triunfo do republicano. De acordo com o jornal argentino La Nación, a ordem, no momento, é a de analisar o novo cenário e aceitar os contatos de Donald Trump.

Ásia

Na Ásia, o ministro das Relações Exteriores do Japão, Fumio Kishida, disse que o país está trabalhando para construir laços com Donald Trump. Kishida falou na televisão que ainda não está claro como o governo de Trump afetará o país oriental, mas que Tóquio está bem preparada para qualquer mudança política que possa acontecer.

Na Turquia, o presidente Recep Tayyip Erdogan afirmou que espera que a eleição de Donald Trump marque uma nova era nos EUA que, segundo ele, represente passos significativos para direitos fundamentais. Nas Filipinas, o presidente Rodrigo Duterte saudou a vitória de Trump. Durante uma visita à Malásia nesta quarta, ele disse: "Vida longa a Trump! Nós dois falamos palavrões. Nós somos parecidos". (Victor Rezende - victor.rezende@estado.com e Caroline Monteiro, especial para a Agência Estado, com informações da Associated Press)

Jornais estrangeiros dedicaram nesta sexta-feira (13) espaço em seus editoriais para falar da situação política no Brasil, um dia após Michel Temer assumir interinamente a Presidência da República. O americano The New York Times afirma que a presidente afastada Dilma Rousseff paga um preço "desproporcionalmente alto" por erros administrativos que cometeu, enquanto vários de seus maiores detratores são acusados de crimes mais flagrantes.

Os britânicos Financial Times e The Guardian trouxeram visões diferentes sobre o processo de impeachment. O FT qualificou o afastamento como "longe de ser perfeito", mas destacou que, se Michel Temer conseguir colocar a economia de volta aos trilhos e continuar com a luta contra a corrupção, "deixará um legado considerável".

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Já o Guardian publicou duro editorial, criticando o processo e avaliando que o sistema político é que deveria ser julgado, e não a presidente da República.

O editorial do FT diz que Temer enfrenta uma "tarefa assustadora" na Presidência da República com uma crise tripla: econômica, ética e política. No topo das prioridades, o FT diz que está a situação da economia. A nomeação de Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda e o rumor de que Ilan Goldfajn pode ir para o Banco Central são "encorajadores", diz o jornal, que avalia a equipe econômica como "digna de confiança". Sobre a crise ética, o FT lembra que a Operação Lava Jato pesa sobre boa parte do Congresso e até sobre o próprio Temer. Por isso, o editorial defende que o presidente em exercício "deve permitir que as investigações continuem seu curso".

Ao reconhecer a controvérsia sobre a argumentação jurídica que baseia o processo de impeachment, o FT afirma que o resultado do desdobramento da crise política visto "está longe de ser perfeito".

Já o editorial do Guardian defende que o Brasil deveria ter profunda reforma para tornar a política mais funcional e honesta, mas lamenta que a equipe apresentada na quinta-feira mostra que é "muito duvidoso" que o governo Temer dará esse salto.

O Guardian diz que o sistema político brasileiro é tão disfuncional que a corrupção é "praticamente inevitável" para a governabilidade. "Dilma herdou esse legado infeliz e começou a perder o controle em um período de declínio econômico e quando a corrupção, graças à polícia e a promotores independentes, começava a se tornar um escândalo de proporções crescentes". O texto também cita que houve preconceito machista e ressentimento da direita que nunca aceitou a ascensão de Luiz Inácio Lula da Silva e do PT.

"O elemento tóxico final na crise foi a percepção de muitos políticos que os procuradores poderiam descobrir mais coisas sobre eles e uma maneira de evitar ou reduzir essa possibilidade poderia ser distrair a atenção e tomar o controle político com o processo de impeachment da chefe de Estado", cita o editorial. O Guardian diz que "a ironia é que muitos dos acusadores são acusados e por pecados piores". O texto cita Eduardo Cunha e lembra que Dilma não é acusada, nem investigada por corrupção. Diante desse quadro, o Guardian defende que "o que deveria estar em julgamento acima de tudo é o modelo político brasileiro que falhou".

Com o título Fazendo a crise política piorar, o editorial do New York Times, maior jornal dos EUA defende que os brasileiros deveriam ter o direito de eleger um novo presidente. O jornal avalia que Dilma pode ter sido uma governante "ruim", mas foi eleita duas vezes nas urnas e não há evidência de que ela usou seu cargo para enriquecimento pessoal, enquanto outros políticos que a acusam estão envolvidos em escândalos de corrupção. O NYT ressalta que Temer foi condenado pela Justiça eleitoral e está inelegível por oito anos e o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que aceitou o pedido de impeachment de Dilma, foi afastado por denúncias de corrupção.

O jornal diz que o governo pode representar uma guinada para a direita, como em outros países da América Latina. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O afastamento da presidente Dilma Rousseff provocou diferentes reações no âmbito internacional. Nos Estados Unidos e na União Europeia, a diplomacia e manutenção do bom relacionamento se destacam, independentemente da troca na presidência. "Nós temos uma boa relação cooperativa e muitos projetos de interesse mútuo, como em segurança e defesa, migração e antiterrorismo", disse o porta-voz da UE à reportagem.

Na Grã-Bretanha, a posição foi semelhante. Um porta-voz do Ministério de Relações Exteriores afirmou que está monitorando os desenvolvimentos políticos do País. "Esse é um tema interno para os cidadãos do Brasil e seus representantes eleitos, sobre o qual não gostaríamos de fazer comentários adicionais", disse.

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Já a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Elizabeth Trudeau, em entrevista à imprensa, comentou que os dois países mantêm uma forte relação bilateral. "Nós cooperamos com o Brasil em várias questões, como comércio e meio ambiente e esperamos que isso continue", declarou.

Numa outra entrevista, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, declarou que os Estados Unidos estão com o Brasil, mesmo nestes momentos desafiadores.

Na América do Sul, o tom geral foi de desconforto com o afastamento de Dilma Rousseff. O Secretário-Geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), o colombiano Ernesto Samper, afirmou que a região vive um momento difícil.

Os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Bolívia, Evo Morales, chamaram o impeachment de golpe.

A imprensa da Europa informou o afastamento da presidente Dilma Rousseff por meio de alertas de "urgente" distribuídos a seus leitores. Para o jornal francês Le Monde, o Brasil deu salto "no desconhecido" com a abertura do processo de impeachment no Senado, aprovada no início da manhã desta quinta-feira, 12, em Brasília.

"Após uma longa noite de deliberações, o Senado chegou, na noite de quarta para quinta-feira, à maioria dos votos necessários para a admissão do processo de impeachment (destituição). A presidente deverá deixar o Planalto, sede da presidência, ladeada por seu mentor, Luiz Inácio Lula da Silva, presidente entre 2003 e 2010", informou o jornal francês. "O resultado do voto no Senado a obriga a entregar o poder a seu vice-presidente, Michel Temer."

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Para o diário parisiense, "uma atmosfera de melancolia" reinava no plenário. "Os senadores se expressaram um mês após o voto mordaz dos deputados. Ao tumulto de seus colegas da câmara baixa, eles responderam com solenidade", avaliou Le Monde.

Em Londres, o jornal The Guardian acompanhou em tempo real a decisão no Senado. O jornal acompanhou os discursos e destacou as principais frases da madrugada. Sobre a defesa de Dilma Rousseff, publicou a frase do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, que advertiu em seu discurso que o Brasil se tornaria "a maior república de bananas do planeta" caso o impeachment fosse aceito. "As acusações contra Dilma Rousseff serão agora investigadas em comitê. O vice-presidente Michel Temer assume o poder durante este período", explicou o jornal britânico.

O El País, de Madri, classificou a sessão plenária como "histórica e extenuante", e lembrou que por "uma maioria simples de senadores brasileiros (55 de 81)" o Senado "deu luz verde ao processo de destituição". "A dirigente do Partido dos Trabalhadores sairá hoje mesmo pela porta principal do Palácio do Planalto, sede presidencial, em um gesto explícito que quer dizer que acata, mas não aprova a decisão", interpreta o jornal.

Em Roma o jornal La Repubblica destacou a admissão do processo de impeachment de Dilma Rousseff, afirmou que o Brasil, "em caso de destituição", não vai para eleições antecipadas", e que Michel Temer "completará o mandato presidencial até 1º de janeiro de 2019".

O diário lembrou logo a seguir o suposto envolvimento do senador Aécio Neves, do PSDB, em escândalos de corrupção. "A situação é complicada também para o líder da oposição, Aécio Neves: o Supremo Tribunal Federal autorizou a investigação por corrupção contra o líder do PSDB, partido de centro-direita e um dos principais apoiadores do impeachment", afirma.

A nova fase da operação Lava Jato e a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganham destaque na imprensa europeia. A operação da Polícia Federal é manchete da edição espanhola do portal do El País. A emissora britânica BBC publicou notícia urgente na página em inglês sobre o tema.

A versão eletrônica do El País dá grande destaque ao tema e a manchete do site informa que "Polícia faz buscas em domicílio de Lula pelo caso de corrupção da Petrobras". O jornal espanhol informa que foram feitas buscas na casa do ex-presidente e os policiais chegaram por volta das 6 horas ao imóvel em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Também noticia as buscas na residência de um dos filhos do ex-presidente, Fábio Luiz Lula da Silva.

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No site da emissora BBC, há uma notícia urgente com o título "Polícia do Brasil faz buscas na casa de Lula". O texto em atualização informa que as buscas são relacionadas ao esquema de corrupção na empresa estatal Petrobras. O tema tem chamada no portal de notícias da BBC.

Os protestos realizados na noite desta segunda-feira, 17, nas principais capitais do Brasil abriram os olhos da imprensa internacional para a insatisfação popular no País. O tema foi capa do jornal francês "Le Monde" e destaque nas principais páginas de informação na internet de países como França, Inglaterra e Espanha. Entre as explicações para a revolta, dois temas ganharam destaque: o alto custo de vida e os gastos excessivos do governo para realizar a Copa do Mundo de 2014.

O maior destaque foi dado pelo "Le Monde", que estampou as manifestações na manchete desta ontem e ainda pediu depoimentos de brasileiros e franceses que participaram ou testemunharam os protestos em São Paulo, Rio, Brasília e outras capitais. "Contestação social se amplia - 'Milagre brasileiro' entra em pane", diz o diário na primeira página, intitulando na principal reportagem: "Brasil faz manifestações contra o custo de vida, às vésperas do Mundial".

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O texto chama atenção para a presença em massa de brasileiros nas ruas - "200 mil". "O movimento de contestação, lançado nas redes sociais, denuncia a alta do custo dos transportes públicos e a fatura do Mundial 2014", explica a reportagem. "Trata-se das mais importantes manifestações sociais desde as realizadas em 1992 contra a corrupção no governo de Fernando Collor de Mello." Ainda em Paris, os jornais "Libération", de esquerda, e Le Figaro, de direita, foram no mesmo tom. O primeiro usou como título "O Brasil se inflama", "para denunciar a alta do custo dos serviços públicos, as despesas faraônicas para a organização do Mundial 2014 e a corrupção das autoridades locais".

Em Londres, o jornal "The Guardian" - que também colheu depoimentos de brasileiros e ingleses - levou o tema à manchete de capa do portal ao longo do dia, chamando: "Brasil se levanta em protestos contra serviços e custos da Copa do Mundo". Em outro texto, o jornal questiona: "O Brasil vai contar os custos de sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas?". "A opinião divide-se sobre se o dinheiro gasto poderia ser melhor usado na saúde e educação", escreve o diário. "O custo para o erário público e as comunidades afetadas podem ser enormes, gerando críticas de que o dinheiro poderia ser melhor gasto, em lugar de premiar projetos de prestígio para as empreiteiras."

Na Espanha, o jornal "El País" manteve o assunto nos principais tópicos do dia. O escritor e jornalista Juan Arias enumerou questões para tentar entender os protestos, arriscando respostas e sugerindo uma postura aos jovens manifestantes: "Que o façam sem violência porque violência já existe de sobra neste País maravilhoso que sempre preferiu a paz à guerra".

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