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No Brasil, a legislação ambiental vem sofrendo ataques que buscam, entre outras situações indesejáveis, o aumento do desmatamento, a ocupação desordenada de áreas de proteção permanente e a impunidade dos infratores. A afirmação foi feita nesta quarta-feira (20) pelo ex-ministro do Meio Ambiente e atual secretário do Meio Ambiente do Distrito Federal, Sarney Filho, em audiência pública na Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC).

Na avaliação de Sarney Filho, o governo Jair Bolsonaro facilita o desmatamento e vai contra a sustentabilidade e a economia verde. Como exemplo, ele citou o Decreto 10.084, de 2019, que revogou o zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar e a determinação para que o Conselho Monetário Nacional fixe normas para o financiamento ao setor sucroalcooleiro.

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“Na prática, isso significa uma permissão implícita ao desmatamento da Amazônia e do Pantanal. É uma temeridade que vai se refletir nos compromissos assumidos no âmbito do Acordo de Paria”, alertou.

O coordenador de Comunicação da rede de ONGs Observatório do Clima, Cláudio Ângelo, disse que há um “abandono deliberado” das políticas ambientais, o que vem gerando a perda de confiança no Brasil em âmbito internacional. Ele criticou a ação de autoridades do setor que, contraditoriamente, não reconhecem a existência das mudanças climáticas:

“Isso é preocupante para um país que, até recentemente, era conhecido pela postura extremamente avançada na área de clima, apesar dos nossos problemas”.

A audiência da CMMC foi organizada para debater a regulamentação do Acordo de Paris (de redução do aquecimento global, a vigorar a partir de 2020) e a participação brasileira na Convenção sobre Mudança Climática (COP-25), a ser realizada em Madrid entre 2 e 13 de dezembro.

No Brasil, ressaltou Sarney Filho, o principal emissor de gases do efeito estuda é o desmatamento, não só na Amazônia, mas em outros biomas, o que requer a implementação de uma agricultura de baixo carbono.

“Vivemos desastres ambientais intensos, com secas em períodos normalmente chuvosos, desmoronamentos, inundações súbitas e violentas que estão levando ao comprometimento da segurança hídrica do país, com a redução de água usada na irrigação, na produção de energia e no consumo humano”.

O ex-ministro do Meio Ambiente também defendeu a demarcação de terras indígenas, ações que ele considerou “importantíssimas numa estratégia de baixo carbono, pois os índios são os maiores guardiões das florestas”.

Sarney Filho cobrou “vigilância parlamentar” e disse que medidas destinadas a prevenir ou mitigar as mudanças climáticas devem estar entre as mais urgentes da pauta legislativa, incluindo o pagamento por serviços ambientais, o aumento do estoque de carbono florestal e um maior uso de fontes alternativas de energia, a exemplo da eólica e da solar.

Painéis solares

Encarregada de Negócios da embaixada da Polônia no Brasil, Marta Olkowska disse que as políticas ecológicas devem ser bem implantadas “na casa das pessoas, e não só nos documentos e tratados internacionais”, e defendeu a oferta de financiamento público para a instalação de painéis solares residenciais.

“Na casa em que nasci, na Polônia, se tivermos 150 dias de sol por ano, já é muito bom. Como o Brasil, com tantos dias de sol durante o ano, ainda não acordou para essa possibilidade de ter energia limpa, barata e disponível para todo mundo?”, questionou.

Segundo Marta, “um simples documento como o Acordo de Paris” não será capaz de salvar o mundo se não houver o engajamento de todos os países. Ela defendeu uma aliança global e afirmou que os Parlamentos precisam se esforçar para criar políticas que consigam conjugar o interesse do agronegócio e da mineração com o “bem-estar do planeta”.

Segundo secretário da embaixada do Chile no Brasil, Diego Araya ressaltou que as mudanças climáticas “são um fato real, palpável, com evidência científica, e não uma coisa de ideologia”. O Chile, afirmou, é responsável por 0,25% da emissão dos gases do efeito estufa, mas está entre os dez países mais afetados pelas alterações do clima, que vêm provocando maior seca, diminuição da estação das chuvas, redução das safras, perdas na agropecuária e retrocesso das geleiras.

“A resposta às mudanças climáticas tem quer ser coletiva e com todos os setores envolvidos. E a COP-25 é crucial, tendo em vista a entrada em vigor do Acordo de Paris em 2020”, afirmou.

O chefe da Divisão de Meio Ambiente II do Ministério das Relações Exteriores, Marco Tulio Scarpelli Cabral, lembrou que se encontra pendente a regulamentação do artigo do Acordo de Paris que diz respeito ao mercado de carbono.

“A principal preocupação do Brasil é que haja regras que garantam contabilidade bastante rigorosa no comércio de emissões. O acordo dá margem para interpretações. É necessário haver uma regulamentação precisa e rigorosa. Caso contrário, o risco de distorções e abusos será muito grande”.

No que diz respeito às metas brasileiras de redução de emissões, Cabral disse que será necessário “um esforço nacional muito grande de ações que exigem mudança da economia como um todo”.

O Brasil assumiu perante a Organização das Nações Unidas (ONU) o compromisso de chegar a 2025 com as suas emissões de gases de efeito estufa 37% abaixo dos níveis de 2005, com a redução alcançando 43% em 2030.

O coordenador-geral de Mudanças Climáticas do Ministério da Agricultura, Elvison Nunes, informou que 53% dos municípios brasileiros já praticam agricultura de baixo carbono e acrescentou que o país investiu mais de R$ 19 bilhões desde 2010 na adoção de novas tecnologias para a redução das emissões. Como desafio na área de meio ambiente, Nunes apontou a recuperação de pastagens degradadas.

*Da Agência Senado

 

 

O ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, disse que o decreto assinado pelo presidente da República Michel Temer, que extingue a Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), localizada nos Estados do Pará e do Amapá, foi "falta de comunicação interna do governo". Para ele, que afirma ter sido pego de surpresa, o decreto deve ser revogado. As declarações foram dadas ao jornal Valor Econômico.

Ainda segundo Sarney Filho, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) foi consultado em junho, se opôs em parecer técnico, mas depois não foi mais chamado a opinar. "Fui pego de surpresa", afirmou. "Pessoalmente acho que o decreto deveria ser revogado."

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Segundo o ministro, "o texto não é o ideal, mas foi o acordo possível", disse. "A Casa Civil respeitará o que sair daqui. Esta é a decisão do presidente."

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu nesta quarta-feira, 30, dez dias para Temer explicar o decreto. A decisão de Mendes é uma resposta ao mandado de segurança impetrado pelo PSOL contra o texto que extingue a Renca.

Nesta mesma quarta-feira, a Justiça Federal do Distrito Federal suspendeu o decreto que extingue a área de preservação. A decisão foi do juiz Rolando Valcir Spanholo, da 21ª Vara Federal, e respondeu à ação popular proposta por Antônio Carlos Fernandes que questionou o decreto do presidente da República. No dia 23 de agosto, Temer extinguiu a área de preservação - equivalente ao território do Espírito Santo.

Diante da repercussão negativa, o peemedebista chegou a revogar o decreto na segunda-feira, 28, mas editou nova medida para "melhor explicar" o que é a reserva. O novo decreto mantém a extinção, mas entre os poucos pontos alterados prevê um Comitê Interministerial de Acompanhamento das Áreas Ambientais da Extinta Renca.

O Ministério Público Federal do Amapá (MPF-AP) protocolou na terça-feira, 29, na Justiça Federal uma ação para revogação do decreto presidencial que extinguiu a Reserva.

Após a extinção da área de preservação, uma petição em defesa da Amazônia ganhou força. O texto da petição, dirigido à Comissão Especial da Câmara, ao Congresso Nacional e a Temer, pede o "abandono total e definitivo da PL 8.107/17". O projeto de lei em questão altera os limites da Floresta Nacional do Jamanxim, no Pará.

Pouco depois da decisão da 21ª Vara Federal do Distrito Federal suspender atos do governo em relação à Renca, a Advocacia-Geral da União (AGU) informou que iria recorrer da decisão.

O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, criticou as organizações socioambientais por causa de suas manifestações contrárias à redução da Floresta Nacional do Jamanxim, no Pará, e disse que a criação de unidades de conservação na Amazônia "não deu certo" porque ignorou a presença de pessoas que já estavam na floresta antes dessas áreas passarem a ser protegidas por lei. Foi uma reação às críticas que o governo tem recebido desde o dia 14 de julho, quando o Ministério do Meio Ambiente (MMA), em acordo negociado com a bancada ruralista, enviou ao Congresso um Projeto de Lei 8107 que reduz a proteção da floresta nacional do Jamanxim em 349.046 hectares, uma área equivalente a duas vezes a cidade de São Paulo.

O PL tratou de substituir a Medida Provisória 756 que tratava do mesmo assunto, mas que acabou sendo abandonada pelo governo antes de a comitiva do presidente Michel Temer visitar a Noruega em junho, ocasião em que o governo acabou sendo alvo de intensa crítica pela condução de temas ambientais e aumento nos níveis de desmatamento.

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Em defesa do novo projeto de lei, Sarney Filho afirmou que "o que estão dizendo (sobre a proposta) não corresponde à realidade dos fatos". O texto que tramita em "regime de urgência" no Congresso conta com parecer técnico do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e, segundo o ministro, corrige erros cometidos no processo de criação das florestas protegidas da Amazônia.

"A Jamanxim é a unidade de conservação que, nos últimos cinco anos, mais desmatou. Foi uma fórmula que não deu certo, essa é que é a verdade", disse Sarney Filho. "A intenção foi excelente: fazer um mosaico de unidades de conservação, de proteção, com áreas indígenas, com APAs (Área de Proteção Ambiental), flonas (Floresta Nacional) e parques. Não deu certo."

Sem mencionar a incapacidade do poder público em fiscalizar e investigar os crimes que há décadas saqueiam as florestas amazônicas, Sarney Filho justificou que a criação das unidades de conservação não teria dado certo "porque, quando criaram a flona, existiam propriedades já produtivas dentro dessas áreas, que não foram levadas em conta".

"Então, essas propriedades que já tinham, digamos assim, seu direito legal, elas foram confundidas e foram utilizadas, depois, por grileiros, e virou tudo farinha do mesmo saco. Então, com essa proposta, nós estamos separando o joio do trigo, possibilitando a regularização fundiária", disse.

O projeto de lei faz com que 349 mil hectares de floresta deixem de ser tratados como floresta nacional e passem a ser classificados como APA. Entre todos os tipos de unidades de conservação, a APA é a categoria mais flexível, permitindo ações como compra e venda de terra, atividades do agronegócio e mineração.

Reação

No fim de julho, organizações ambientalistas - Greenpeace Brasil, ICV, Imaflora, Imazon, IPAM, Instituto Socioambiental, TNC Brasil e WWF Brasil - se uniram e lançaram uma nota técnica sobre as "consequências destrutivas dessa medida para o meio ambiente e o País". Segundo as ONGs, a redução da floresta "virou moeda de troca" entre o governo e parlamentares da bancada ruralista, em troca de votos.

Nesta semana, a campanha contra o projeto de lei ganhou o reforço do jornalista e apresentador Marcelo Tas e do diretor e ator peruano radicado no Brasil, Enrique Díaz, que divulgaram filmes nos quais criticam a proposta.

Para separar "o joio do trigo", disse Sarney Filho, a regularização fundiária de ocupações na região vai levar em conta pessoas que se estabeleceram na região antes da criação da unidade de conservação, o que ocorreu em 2006. Quem entrou na área depois disso, em tese, tem que sair.

Desde que chegou ao Congresso, o PL 8107/2017 já ganhou 12 emendas de parlamentares, boa parte delas ligada aos interesses da bancada ruralista. "Defendo o texto mandado por nós", disse Sarney Filho. "Já tem essas emendas, isso não defendo. Vou recomendar o veto e lutar para que não saia com essas mudanças. O que desfigurar o projeto, vou pedir o veto."

Com a área transformada em APA, a floresta nacional do Jamanxim passaria a ter 953 mil hectares. O projeto de lei causa uma redução superior àquela que o governo defendia na medida provisória que retirou de pauta, a qual cortava 304 mil hectares da floresta.

O afrouxamento ambiental está previsto para ocorrer numa faixa da mata próxima ao traçado da BR-163, a rodovia Cuiabá-Santarém, estrada que liga o Mato Grosso e o Pará e que há anos é o principal eixo de desmatamento ilegal e de grilagem de terras no Brasil.

O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, disse nesta quinta-feira, 24, que não está preocupado em perder o cargo, em resposta à ameaça feita na quarta-feira por deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária de que iriam pedir ao presidente Michel Temer a saída do ministro.

"Eu respeito muito meus colegas parlamentares. Sabe que eu fui, durante muitos anos, presidente da Frente Parlamentar Ambientalista. Eu só soube dessa notícia pela imprensa. Até vou chamá-los para uma conversa, para um café da manhã, para entender realmente qual é a preocupação deles", disse à reportagem.

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Questionado sobre se não está preocupado em perder o emprego, disse somente. "Não estou."

Sarney Filho falou rapidamente com a reportagem após participar de um evento em São Paulo sobre gestão de parques promovido pelo Instituto Semeia.

Deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária estão se mostrando descontentes com o trabalho do ministro, que classificam estar fazendo uma "condução ideológica" da pasta. Eles têm uma audiência prevista para a próxima quarta-feira, 30, no Palácio do Planalto.

Além de exporem a Temer as críticas ao ministro, devem até sugerir um candidato para substituí-lo. O nome do ex-ministro e ex-líder do governo de Luis Inácio Lula da Silva, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) está cotado para ser colocado na mesa.

"É muito grande a insatisfação e o que mais nos machuca é que vão lá para fora, como fizeram em Marrakesh, contam as conquistas que o Brasil teve no avanço da preservação ambiental e chegam aqui e fazem quase um boicote", disse o deputado Marcos Montes (PSD-MG), presidente da FPA. "Vamos colocar ao presidente a extrema preocupação do setor rural com a atuação ideológica no ministério. Ajudamos a tirar o governo passado e agora temos que abrir o caminho para o presidente governar."

Além das suspeitas atuais que recaem sobre o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, acusado de tráfico de influência no Ministério da Cultura, o Palácio do Planalto se vê envolvido em nova crise dentro de outra pasta. Deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) pedirão ao presidente Michel Temer (PMDB) a saída do ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, do cargo.

Descontentes com o trabalho do titular, cuja condução da pasta é classificada como "ideológica", os ruralistas têm uma audiência prevista para a próxima quarta-feira, 30, no Palácio do Planalto. Além de exporem a Temer as críticas ao ministro, devem até sugerir um candidato para substituí-lo. O nome do ex-ministro e ex-líder do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), está cotado para ser colocado na mesa.

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A possibilidade de Aldo ser confirmado, porém, é mínima. Aldo tem ligação com os governos de Lula e Dilma Rousseff, tendo passado pelo comando da Articulação Política, Ciência e Tecnologia, Esportes e Defesa. Outro entrave natural à sua indicação seria o fato de ele ser do PCdoB, partido de oposição ao governo Temer. Pesaria ainda o fato de Aldo ser amigo próximo de Sarney Filho.

Por outro lado, Aldo tem prestígio entre os ruralistas desde o tempo em que foi o relator do projeto que criou o Código Florestal Brasileiro. O presidente da FPA, deputado Marcos Montes (PSD-MG), negou que o nome de Aldo será levado a Temer, mas admitiu a sugestão feita dentro da reunião da bancada ruralista, nessa terça-feira, 22.

"Aldo provou que, independente do partido dele, é grande nacionalista e a ideia saiu na reunião da FPA. Todos acharam bom, mas não vou levar o nome ao presidente, afinal de contas é ele (Temer) que tem de decidir", disse Montes. Aldo não comentou o assunto. O ministro Sarney Filho também não quis se manifestar.

Se os ruralistas adotam cautela ao falar de Aldo, as críticas e o pedido para que Sarney Filho saia do cargo são escancaradas. "É muito grande a insatisfação e o que mais nos machuca é que vão lá para fora, como fizeram em Marrakesh, contam as conquistas que o Brasil teve no avanço da preservação ambiental e chegam aqui e fazem quase um boicote", disse o deputado Marcos Montes. "Vamos colocar ao presidente a extrema preocupação do setor rural com a atuação ideológica no ministério. Ajudamos a tirar o governo passado e agora temos que abrir o caminho para o presidente governar."

Histórico

No encontro realizado pela FPA em Brasília na terça-feira, o deputado chegou a dizer que sente falta da ex-ministra do MMA. "Nesta questão ambiental, já estamos até com saudades da ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira." Segundo ele, "criam-se impasses e dificuldades para o financiamento agrícola, licenciamento ambiental, embargam-se áreas. Em resumo, se posicionando contra o processo produtivo. Que colaboração é essa?", questionou o ruralista.

Na visão dos ruralistas, o governo tem dificultado os avanços do Cadastro Ambiental Rural (CAR) para o Programa de Regularização Ambiental (PRA). O Ibama, com aval do MMA, tem procurado avançar com uma proposta de reformulação das regras de licenciamento ambiental, proposta que, apesar de acelerar o processo e desburocratizar uma série de medidas de licenciamento, é visto pelo agronegócio e pelo setor elétrico como um projeto conservador e insuficiente.

Apesar das críticas, a gestão Temer é encarada como um retrocesso para questões indígenas, um dos temas centrais na agenda ruralista. Temer revogou portarias que reconheciam terras indígenas com processo de homologação em andamento. Paralelamente, o Congresso avança com diversos projetos que impõem pressão ainda maior sobre as terras indígenas e seus processos de demarcação, sobretudo em Estados como o Mato Grosso, fortemente marcado por processos de desrespeito às terras indígenas.

O governo deve concluir nas próximas semanas uma proposta de lei geral para simplificar as regras de licenciamento ambiental. De acordo com o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, a ideia é dar mais rapidez aos processos de empreendimentos de menor porte e em locais mais urbanizados. Ele descartou, porém, a dispensa de licenciamento para o agronegócio, umas das principais demandas da bancada ruralista.

"Uma coisa é uma atividade na Grande São Paulo, outra é um projeto no Pantanal, na Amazônia ou na Mata Atlântica. Temos de ter visões diferentes e bom senso", afirmou Sarney Filho ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. "Agora, isenção para todos os setores e atividades não dá, né?" A proposta deve ser enviada ao Congresso até o fim deste mês.

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O projeto prevê a dispensa de apresentação de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) pelos empreendedores em algumas situações, explica a presidente do Ibama, Suely Araújo. Segundo ela, a ideia é só exigir estudos quando o impacto ao meio ambiente for significativo. Para pequenos empreendimentos, o governo deve propor licenciamento por adesão, processo feito eletronicamente.

Segundo ela, será inserida uma novidade importante nos licenciamentos, que é a questão da localização do empreendimento. Com isso, uma mesma indústria poderá ou não ter de apresentar o EIA, dependendo da região onde vai se instalar.

Pedido de isenção. Uma das demandas dos ruralistas é a isenção de licenciamento para atividades agropecuárias. O setor avalia que o enquadramento das propriedades às normas do Código Florestal, apontando áreas de preservação permanente (APP) e reserva legal, já é suficiente.

De acordo com o diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Raimundo Deusdará Filho, 4 milhões de propriedades fazem parte do Cadastro Ambiental Rural (CAR), uma das obrigações do Código Florestal. O cadastro já atingiu uma área de 380 milhões de hectares, correspondente a 12 vezes o tamanho da Alemanha.

Para o governo, porém, a questão deve ser tratada com mais cuidado, principalmente em razão do porte e do tipo de atividade. "Para criar 40 porcos, eu posso ter dispensa de licenciamento. Para 400, posso ter uma licença até por adesão. Agora, para 4 mil ou 40 mil porcos, preciso ter uma licença com mais cuidado", acrescentou Suely. Atualmente, o licenciamento é tratado em apenas um artigo da lei da Política Nacional de Meio Ambiente, de 1981, mas é tema de resoluções do Conama, portarias ministeriais e legislações estaduais.

Outro projeto que altera o licenciamento é o fast track (trâmite rápido) para grandes projetos de infraestrutura, de autoria do senador Romero Jucá (PMDB-RR), que estabelece um prazo máximo de oito meses para análise de todo o procedimento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder da bancada do PV na Câmara dos Deputados, Sarney Filho (MA), compareceu na tarde desta terça-feira, 25, à CPI da Petrobras para rebater as declarações do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa de que a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB-MA) recebeu recursos do esquema de corrupção. Exaltado, Zequinha Sarney, como é chamado, disse que as acusações eram falsas.

"É minha obrigação vir aqui repor a verdade. Em nenhum momento a governadora confirmou qualquer tipo de coisa. Exijo respeito pela história de vida da governadora, ao contrário da história de vida de Paulo Roberto", declarou o irmão da ex-governadora. Zequinha não é membro da comissão, mas pode defender a peemedebista usando o tempo regimental concedido a líderes partidários.

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Costa disse hoje na acareação com o doleiro Alberto Youssef que Roseana confirmou o recebimento do recurso. Já o doleiro negou que tenha enviado valores para a peemedebista. "Não entreguei nenhum valor ao (Edison) Lobão e à Roseana à pedido do Paulo Roberto", afirmou.

Outra divergência entre os delatores é sobre o pagamento de recursos para a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010 com intermediação do ex-ministro Antonio Palocci. Costa diz que o repasse foi feito, mas o doleiro declarou que não conhece o petista. Segundo Youssef, um novo delator vai detalhar o suposto pedido feito por Palocci.

Pressão

O doleiro foi questionado pelo petista Jorge Solla (BA) sobre o suposto esquema de corrupção envolvendo Furnas e os tucanos de Minas Gerais, mais precisamente sobre a participação do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG). Youssef disse que o esquema foi relatado a ele pelo ex-deputado José Janene (PP-PR).

Sobre repasses ao senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), o doleiro disse que a ele coube apenas enviar o dinheiro. "Mandei dinheiro sim a Belo Horizonte, mas não fui eu quem foi lá entregar. A mim não foi dito que era para o Anastasia. Quem foi lá entregar foi o Jaime (de Oliveira), só ele pode dizer a quem entregou."

A Câmara dos Deputados discute o Projeto de Lei 6964/13, que simplifica o uso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) no caso de desastre natural. A proposta foi apresentada pela comissão externa criada pela Casa para acompanhar os desastres ocorridos na região serrana do Estado do Rio de Janeiro, ainda no ano de 2013.

Pelo texto, o morador poderá sacar o FGTS se o desastre ocorrido na sua região estiver previsto na Classificação e Codificação Brasileira de Desastres (Cobrade) para eventos geológicos, meteorológicos ou hidrológicos. A Cobrade tem um rol mais amplo de situações de desastres do que o decreto atual que baseia a liberação do FGTS nessas situações (Decreto 5.113/04). Tragédias decorrentes de erosão, por exemplo, estão incluídas no Cobrade e não no decreto.

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O coordenador da comissão, deputado Sarney Filho (PV), diz que o decreto é um equívoco e gera constrangimentos às famílias que precisam usar o FGTS para se recuperar de desastres, mas não podem. “O conceito de desastre natural deve seguir a Cobrade, de forma a contemplar todos os eventos geológicos, meteorológicos e hidrológicos que implicam risco de acidentes no País”, disse o parlamentar. 

Tramitação

O projeto tramita apensado ao PL 7472/10, que amplia possibilidades de resgate do FGTS, e será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Trabalho, de Administração e Serviço Público; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania, antes de seguir para o Plenário.

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