“The Callisto Protocol” era um dos títulos mais aguardados de 2022, pois o seu desenvolvimento tinha como líder o game designer Glen Schofield, criador da franquia de survival horror (horror e sobrevivência) “Dead Space” (2008), da Electronic Arts (EA), com o qual o novo jogo possui diversas semelhanças, ao mesmo tempo em que também mantém uma identidade própria.
O game foi desenvolvido pela Striking Distance e publicado pela Krafton em 2 de dezembro de 2022, para Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series X/S e PC. Para a realização desta resenha, a versão utilizada foi a do console Xbox Series S.
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A história do game gira em torno do personagem Jacob Lee, que foi interpretado pelo ator Josh Duhamel, conhecido pelo seu trabalho no filme “Transformers: The Last Knight” (2017). Após um acidente em sua nave, Jacob é preso e transportado para a prisão de Ferro Negro, localizada na Lua Calisto, onde ele terá que lidar com uma misteriosa epidemia, que transformou todos os prisioneiros em monstros selvagens.
Outra personagem fundamental para a trama, é a prisioneira Dani Nakamura, interpretada pela atriz Karen Fukuhara, conhecida por ser a Kimiko na série “The Boys” (2019), da Amazon. Durante a narrativa, ela terá que cooperar com Jacob para conseguir escapar da prisão.
Embora “The Callisto Protocol” conte com atores de peso, a trama é bastante simples e não possui grandes reviravoltas. Vale destacar que a química entre Jacob e Dani possui um desenvolvimento repentino e apressado, o que pode comprometer um pouco da veracidade do roteiro. Apesar da história não ser o ponto mais forte, é em outros elementos que “The Callisto Protocol” brilha.
Fãs de “Dead Space” vão notar bastante semelhança, a começar pelo estilo de Heads-Up Display (HUD), que são todos os elementos gráficos que transmitem informações ao jogador, como barras de vida, o tipo da arma utilizada, a quantidade de munição e os itens do inventário.
Assim como em Dead Space, o novo jogo da Striking Distance mantém o mesmo estilo de interface imersiva, sem nenhuma poluição visual. A barra de vida de Jacob pode ser visualizada por um dispositivo preso em seu pescoço, já a quantidade de munição é vista sempre que ele aponta uma arma para os inimigos.
Outro ponto de destaque são os gráficos de “The Callisto Protocol”, tanto pelos cenários detalhados, quanto pelas expressões faciais, que demonstram o real potencial da atual geração de consoles.
Além disso, os desenvolvedores não pouparam detalhes na violência visual e o game apresenta uma diversidade de animações de morte para Jacob, cada uma mais brutal que a outra, entre elas, decapitação, dilaceração de membros, personagem sendo dividido em dois e muito mais. Jogadores que são sensíveis a estes tipos de cenas, devem ficar longe de “The Callisto Protocol”.
Jogabilidade
Apesar das muitas semelhanças com “Dead Space”, a jogabilidade do novo título da Striking Distance consegue apresentar novos elementos, que dá ao título uma identidade própria. Na maior parte do tempo, o game incentiva o jogador a utilizar o combate corpo a corpo, o que faz das armas de fogo um elemento de finalização.
Um movimento essencial que precisa ser dominado em “The Callisto Protocol” é a esquiva. No momento em que um monstro ataca Jacob, o jogador precisa segurar o direcional analógico para direita ou para esquerda, para desviar do golpe. Se o monstro realizar um segundo ataque, obrigatoriamente a próxima esquiva deve ser realizada na direção oposta à da primeira.
Ao ser bem sucedido em uma esquiva, o jogador poderá contra-atacar o adversário com uma sequência de golpes físicos e, no momento que uma marcação surgir no monstro, será possível sacar a arma de fogo e atirar contra a criatura. Se o monstro bloquear algum dos golpes, será o momento de se preparar para desviar.
Embora seja simples, o jogo falha em explicar em detalhes como esta mecânica de esquiva funciona, fazendo-a parecer mais complexa do que realmente é, o que pode gerar diversas mortes desnecessárias.
Vale lembrar que assim como em “Dead Space”, o jogador também terá acesso a uma arma de gravidade, que permite trazer os adversários para mais perto, arremessar itens do cenário contra eles, e jogá-los em buracos ou em paredes de espinhos. Além disso, este elemento também será utilizado para liberar novos caminhos durante a jornada.
Muitos acertos, mas alguns incômodos
Um dos problemas de “The Callisto Protocol” é a distribuição dos pontos de checagem (checkpoints), que são bem programados na maior parte do tempo, mas alguns em específicos podem frustrar uma parcela considerável de jogadores. É muito comum morrer nos combates e, no lugar de iniciar direto da batalha, será preciso repetir uma série de ações, como melhoramento de equipamentos e descarte de itens do inventário.
Outro incômodo considerável do game está relacionado a sua performance técnica. O título apresenta uma taxa de frames por segundo (FPS) bastante instável, caindo para menos de 30 em vários momentos. Não bastasse isso, também é possível que o game trave em momentos aleatórios e feche de maneira repentina, o que obriga o jogador a reiniciar o jogo.
O jogo pode ser finalizado em cerca de 15 horas, um tempo que pode decepcionar aqueles que buscam por uma experiência durável. Até o momento, o título não possui nenhum elemento que incentive uma segunda jogada, contudo, a Striking Distance já prometeu que em algum momento o modo “new game+” será adicionado via atualizações, o que permite ao jogador iniciar uma segunda jornada, ao mesmo tempo que mantém os equipamentos e melhorias da primeira.
O progresso também pode incomodar alguns, pois ele funciona de maneira bastante linear, portanto, não espere por muitas idas e vindas no mapa, ou por quebra-cabeças elaborados, como os vistos nos jogos da franquia “Resident Evil” e outros títulos de survival horror.
“The Callisto Protocol” acerta em muitos pontos, mas comete alguns deslizes que podem tirar o brilho da experiência. Resta esperar que Striking Distance receba o feedback dos jogadores e consiga reverter alguns destes problemas em possíveis atualizações ou em futuras sequências. O game possui um potencial, que se explorado da maneira correta, pode consolidar uma nova franquia de survival horror na indústria dos games.
O título está disponível nas lojas digitais da Playstation e Xbox, por aproximadamente R$300 na versão básica; R$349 na Standard Edition; e R$482 na Digital Deluxe Edition. Já nos computadores, ele pode ser adquirido na Steam e Epic Games Store, por valores a partir de R$249.
Por Alfredo Carvalho