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O blog Terça Livre, canal ligado ao blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, encerrou suas atividades, informou um de seus fundadores.

Italo Lorezon, um dos fundadores do blog, publicou em suas redes sociais um agradecimento aos seus seguidores, informando que o canal havia encerrado suas atividades na noite de sexta-feira, 22. O anúncio foi feito após decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito das milícias digitais - uma delas pedindo a prisão preventiva de Santos.

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O ministro ainda determinou que o Ministério da Justiça dê início imediato ao processo de extradição do militante de extrema direita, que está nos Estados Unidos. A Embaixada dos EUA foi comunicada sobre a decretação das medidas. A decisão, tomada no dia 5, a pedido da Polícia Federal, também indica que o nome do blogueiro bolsonarista seja incluído na lista de Difusão Vermelha da Polícia Internacional (Interpol), para "viabilizar sua prisão, neste País ou em outro".

A Procuradoria-Geral da República foi contra a medida.

O canal do Terça Livre no YouTube foi removido da plataforma neste mês, enquanto contas ligadas ao blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, colega de Lorenzon, também foram bloqueados ou excluídos recentemente. O perfil do blogueiro bolsonarista no Instagram foi bloqueado, e, na semana passada, uma conta do Twitter de Santos também foi suspensa.

O YouTube encerrou os dois canais do veículo bolsonarista 'Terça Livre'. Antes da decisão dessa quarta-feira (3), a página já havia sido advertida em duas oportunidades por 'violação dos Termos de Serviço' da plataforma. Embora alegue censura, o veículo comandado por Allan dos Santos costuma apoiar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com fake news.

Antes de ter o mesmo fim que o blogueiro Oswaldo Eustáquio, que recebeu prisão domiciliar e uma tornozeleira eletrônica por publicar informações falsas contra políticos da esquerda e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, Allan dos Santos refugiou-se nos Estados Unidos.

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Mesmo longe do Brasil, ele continuou a emitir informações sem comprovação, como quando apontou supostas fraudes no processo eleitoral norte-americano. O 'Terça Livre' chegou a ter mais de 1 milhão de seguidores.

Além de desestimular as iniciativas em combate ao novo coronavírus, Allan incitou seus seguidores a participar de atos violentos contra um grupo definido de pessoas, indica a plataforma, que relaciona o canal com 'organizações criminosas violentas'. Foi justamente as restrições decorrentes das advertências ou 'strikes', que um canal reserva foi criado na tentativa de burlar a política do YouTube.

Alvo de investigações da Polícia Federal no inquérito das fakes news, Allan também já teve a conta do Twitter suspensa em 2020. Ele credita a suspensão dos canais ao grupo Sleeping Giants, que pressiona patrocinadores para retirar anúncios de veículos sem compromisso com a verdade.

Ouvido nessa terça-feira (5) pela CPI Mista das Fake News, que investiga notícias falsas nas redes sociais e assédio virtual, o jornalista Allan dos Santos, do blog Terça Livre, defendeu a liberdade de opinião e disse que “o jornalismo de direita quer existir, mas está sendo calado”. Ele foi convocado pela CPI por requerimento do deputado Rui Falcão (PT-SP), que o apontou como um grande disseminador de notícias falsas na internet, inclusive para beneficiar o presidente da República, Jair Bolsonaro, desde a campanha eleitoral de 2018. Allan alegou que são "as grandes empresas de comunicação que promovem desinformação".

O jornalista informou que criou o site em 2014 para “vencer o comunismo, as Farc [forças revolucionárias colombianas] e todo o trabalho de guerrilha armada no Brasil”. Allan reiterou seu apoio a Bolsonaro, mas negou receber financiamento do governo. Ele chegou, inicialmente, a concordar com pedido da relatora da CPI, deputada Lídice da Mata (PSB-BA) para autorizar a quebra do seu sigilo bancário e fiscal. Porém, voltou atrás ressaltando que “o ônus da prova é de quem acusa”.

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Allan disse ao deputado Rui Falcão que recebe doações por meio das redes sociais e que não há como identificar quem contribui, mas que paga impostos sobre esse valor. No YouTube, o canal Terça Livre TV tem, atualmente, 629 mil inscritos.

"Sou dono do maior portal conservador da América Latina e não recebo nenhum centavo do governo", disse completou.

Gebinete do ódio

Quando questionado pelo líder do PT, senador Humberto Costa (PE) sobre sua relação com Tercio Arnaud Tomaz, assessor da presidência da República, o jornalista preferiu manter o silêncio. Tercio seria um dos comandantes do chamado “Gabinete do Ódio”, dentro do Palácio do Planalto, supostamente responsável por disseminar fake news e ataques a adversários políticos a partir do governo.

O senador sugeriu a Allan que abra também o sigilo das suas redes sociais e alertou os parlamentares presentes na audiência sobre o “linchamento virtual” e a “destruição de reputações” promovidos por blogs como o Terça Livre.

"Se nós não desmontarmos essa máquina, estaremos sujeitos ao que vários sofreram na última eleição", disse Humberto Costa, referindo-se à notícia falsa veiculada no site sobre suposto financiamento milionário de facção criminosa à campanha do PT.

O jornalista ainda se negou a responder perguntas do deputado Alexandre Frota (PSDB-SP), por se considerar ofendido após ser chamado de “uma espécie de Sônia Abrão digital”. O parlamentar queria saber o motivo de Allan replicar postagens de perfis no Twitter conhecidos por espalhar fake news e fazer ataques a críticos do governo.

Quando respondeu às perguntas da deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) confirmou que uma das profissionais que compõem a sua equipe como freelancer, a jornalista Fernanda Salles Andrade, também é assessora do deputado estadual Bruno Engler (PSL), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

LGBTs

O jornalista também foi inquirido sobre outras notícias divulgadas pelo Terça Livre, entre elas a que acusava grupos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) de aprovarem a pedofilia.  Fato para o qual Allan disse ter “provas contundentes”, “não apenas no Brasil como no mundo”.

Também foram questionadas outras publicações do site, como a suposta internação do jornalista norte-americano Glenn Greenwald com "infarto causado por overdose de cocaína"; e a atribuição à jornalista Constança Rezende de postagem falsa quanto ao "Brasil ter virado uma ditadura” após o assassinato da vereadora Marielle Franco.

"Vítima"

Allan lembrou que deve resguardar o sigilo das fontes e que só responderá em juízo aos citados diretamente nas matérias. Além disso, disse que ele próprio já foi vítima de notícias falsas, como a de que teria acompanhado Jair Bolsonaro em viagem ao exterior no avião presidencial. Também negou que tenha carro de luxo e mansão com aluguel pago pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PLS-SP).

O próprio deputado se pronunciou e defendeu o jornalista. Ele disse ter sido acusado de usar dinheiro do fundo partidário para pagar a sua lua-de-mel e atribuiu a notícia falsa à “perseguição da esquerda”.

"A esquerda domina jornais, universidades, cinema, sindicato e movimentos sociais. Só tem um flanco que a esquerda não domina, que é a internet", afirmou Eduardo Bolsonaro.

Críticas

A deputada Caroline de Toni (PSL-SC) também  defendeu Allan dos Santos. Ela criticou o uso do termo “milícia” para se referir à mobilização na internet de pessoas que se alinham ao pensamento bolsonarista. E, com outros deputados governistas, criticou a “instrumentalização” da Comissão.

"O que a CPMI quer é calar a voz do povo. Qualquer pessoa pode se reunir digitalmente, são discussões digitais, sem impedimento para suas ideias e vontades. Esta comissão é para tentar criminalizar e perseguir pessoas", disse.

As críticas contra a CPI mista foram respondidas pela relatora. Lídice da Mata enfatizou o papel da comissão é de investigar quem produz, distribui e financia as fake news.

"Alguns aqui contestam o que é a ação da CPMI e alguns insistem em caracterizar as fake news como apenas uma fofoca, um boato. Não é isto. Não há essa ingenuidade nas fake news. O seu conceito parte do princípio da existência do dolo, da criação de uma notícia falsa com o objetivo de prejudicar. E que, portanto, deve ser combatida", afirmou Lídice.

*Da Agência Senado

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News ouve, nesta terça-feira (5), o jornalista Allan dos Santos, criador do blog Terça Livre. Ele foi convocado para prestar esclarecimentos sobre a divulgação de notícias falsas durante as eleições de 2018. A oitiva de Allan fez com que o nome dele virasse o assunto mais comentado no Twitter durante a manhã de hoje. 

A hashtag #SomosTodosAllan foi criada em apoio ao blogueiro. Até às 11h, segundo dados do microblog, o termo havia sido citado cerca de 32,8 mil vezes em defesa dele. 

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“Eu tenho certeza absoluta que a pior coisa pro establishment foi ter deixado o @allantercalivre ser convidado para a CPI das Fake News. Vai ser um show e um massacre à esquerda e aos traidores. #SomosTodosAllan”, argumentou um dos internautas que usou a hashtag.

“Minha solidariedade ao Allan dos Santos, que está sendo perseguido pelo  mero fato de apoiar @jairbolsonaro. Esquerdopatas podem usar até o crime para atacar Moro e procuradores que o STF os protege, como no caso Crimecept. Já para quem critica o sistema”, declara outro.

Allan dos Santos deve ser ouvido pela CPMI a partir das 13h. O nome dele foi citado pelo deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) na semana passada como “o maior incentivador das fake news”. Allan dos Santos é apontado como um dos membros da chamada "milícia virtual" que age em defesa do presidente Jair Bolsonaro (PSL), na divulgação de notícias falsas ou não de membros da oposição e até de aliados atacados pelo governo. 

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