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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destacou hoje (18), em Bruxelas, a "importância" da cúpula entre União Europeia e Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), mas afirmou que o acordo UE-Mercosul não deve ser definido no âmbito desse encontro.

Lula, que tem o comando pro temporario do bloco sul-americano até o fim do ano, manifestou recentemente a intenção de concluir o acordo com a UE ainda neste semestre.

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"[A cúpula UE-Celac] É a oportunidade não apenas de discutir ações conjuntas dos dois continentes, como é extremamente importante fazer reuniões bilaterais para que se discuta a aproximação do Brasil com o mundo", declarou o presidente em sua live semanal.

"Nós concluímos a pauta do Mercosul e já enviamos para os presidentes do Mercosul. Ela não vai ser discutida aqui porque não é a Celac que tem que fazer o acordo, é só o Mercosul", acrescentou.

Na última segunda (17), Lula já teve reuniões bilaterais com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, com a premiê de Barbados, Mia Mottley, com o rei da Bélgica, Philippe, e com o primeiro-ministro do país, Alexander De Croo, além da mandatária do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.

Já a agenda desta terça começou com um café da manhã com lideranças progressistas, seguida por encontros com o premiê da Suécia, Ulf Kristersson, e o chanceler da Áustria, Karl Nehammer.

Lula também se reunirá com a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, e com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz.

"Estou achando a reunião [UE-Celac] extraordinária, é uma reunião muito produtiva para o futuro das relações internacionais do Brasil", disse.

*Da Ansa

O governo francês instalou uma comissão de dez especialistas que vão avaliar as consequências do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e os países do Mercosul - anunciou o gabinete do primeiro-ministro, Edouard Philippe, nesta segunda-feira (29).

A comissão será presidida por Stefan Ambec, economista ambiental na Toulouse School of Economic e diretor de pesquisa no Instituto Francês de Agronomia (INRA).

Os especialistas (nove homens e uma mulher) são "reconhecidos em matéria ambiental, comercial, agrícola, sanitária, jurídica, social e geopolítica", completou a assessoria do premiê francês.

O objetivo é analisar os dispositivos do acordo de livre-comércio firmado em junho passado entre a UE e os países do Mercosul, após 20 anos de complexas negociações.

O acordo foi criticado, em particular, pelo setor agrícola francês, que teme a chegada de carne e de outros produtos a seu mercado, assim como pelos ecologistas, que denunciam a política ambiental do governo Jair Bolsonaro.

Ainda segundo o gabinete do primeiro-ministro, a comissão "vai avaliar os efeitos do acordo em termos de emissão de gases causadores do efeito estufa, de desmatamento e de biodiversidade".

Também vai analisar as consequências do acordo "na capacidade dos Estados e da União Europeia para regular e aplicar suas normas aos produtos consumidos no mercado europeu".

O informe será tornado público e contará com análises específicas de setores "sensíveis", como o da carne bovina, do açúcar, ou da carne de ave e servirá para definir a posição da França no longo processo de ratificação do acordo.

Os agricultores europeus levantaram a voz de maneira imediata contra o acordo comercial que UE e Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) fecharam na sexta-feira em Bruxelas, que eles consideram uma ameaça a sua atividade.

Assim que o acordo foi anunciado, mensagens de revolta no Twitter e comunicados críticos começaram a proliferar, em contraste com os sorrisos dos negociadores europeus e sul-americanos, satisfeitos com o compromisso "histórico" após 20 anos de de discussões.

A Copa Cogeca, o principal sindicato agrícola da UE, criticou uma "política comercial de dois pesos e duas medidas, que aumenta a brecha entre o que se pede aos agricultores europeus e o que se tolera dos produtores do Mercosul", cujas normas fitossanitárias e ambientais não são as mesmas que na Europa.

Na Alemanha, Joachim Rukwied, diretor do sindicato agrícola Deutscher Bauernverband, declarou que o o acordo é "totalmente desequilibrado" e colocará em perigo "muitas atividades agrícolas familiares".

"Poucas semanas depois das eleições europeias é inaceitável a assinatura de um acordo Mercosul-UE, que deve expor os agricultores europeus a uma concorrência desleal e os consumidores a um engano total", tuitou a diretora do maior sindicato agrícola francês, FNSEA, Christiane Lambert.

O acordo, um dos mais importantes do mundo, pois afetará a 770 milhões de pessoas e implicará 25% do PIB mundial (18 trilhões de euros), provocou fortes dúvidas sobre sua aplicação.

Em um contexto de grande tensão, a necessária aprovação dos 28 Estados-membros e do Parlamento Europeu parece mais incerta do que nunca.

Além disso, uma carta aberta recente, assinada por 340 ONGs europeias e sul-americanas, incluindo Greenpeace e Friends of the Earth, criticava as negociações em outras duas frentes: meio ambiente e direitos humanos, enfraquecidas pela política do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, segundo as organizações.

- "Riscos alimentares" -

Para alcançar o compromisso, o Mercosul teve que abrir as portas à indústria europeia, particularmente no setor automotivo, mas também aos setores químico e farmacêutico, assim como seus mercados públicos.

Em troca, a UE facilitará o acesso a seu mercado aos quatro países sul-americanos, ávidos por vender açúcar, etanol e carne.

Com o acordo, o Mercosul poderá exportar para a UE quase 99.000 toneladas de carne bovina com uma taxa preferencial de 7,5%, o que enfraquecerá a posição dos europeus.

Na França, este setor, muito dependente dos subsídios europeus, acredita que não conseguirá competir com as "fábricas de carne" latino-americanas.

A situação fica ainda mais complicada quando se considera as diferenças nas práticas nos dois continentes: enquanto na UE cada vez há mais normas ambientais, na América do Sul são utilizados antibióticos, hormônios do crescimento e soja modificada geneticamente.

A principal organização de agricultores da Itália, Coldiretti, advertiu para os "graves riscos alimentares" em alguns países do Mercosul.

Como resposta, o comissário europeu da Agricultura, Phil Hogan, prometeu na sexta-feira uma "ajuda financeira" de até um bilhão de euros "em caso de perturbação do mercado", embora tenha admitido que o texto implica "alguns desafios para os agricultores europeus".

Seu compatriota, o ministro irlandês da Agricultura, Michael Creed, afirmou que está "muito decepcionado" com a "importante contingente tarifário" sobre a carne bovina, justo no momento em que o setor "enfrenta uma grande incerteza".

O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que este é um "bom" acordo, mas que a França permanecerá "vigilante".

Macron se declarou satisfeito porque o texto faz uma referência explícita ao Acordo de Paris sobre o clima e que garante, segundo ele, o respeito das normas ambientais e fitossanitárias da UE.

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