Tópicos | Volta às ruas

Com seis manifestações agendadas para esta segunda-feira (19) em diferentes capitais do Brasil, o movimento Vem Pra Rua vai lançar a campanha “Natal Sem Dilma – Impeachment Já”. De acordo com um dos porta-vozes do grupo em Pernambuco, o advogado Gustavo Gesteira, a iniciativa tem como principal intuito pressionar o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a aprovar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), elaborado pelos juristas Miguel Reale Júnior, Hélio Bicudo e Janaina Pascoal. 

“[O pedido] congrega todas as ilegalidades perpetradas pela presidente Dilma Rousseff, devidamente comprovadas por meio do relatório técnico elaborado pelos auditores do TCU, bem como pelo parecer do Ministério Público de Contas. Além disso, ele também inclui as pedaladas fiscais cometidas neste ano de 2015, ou seja, no presente mandato”, frisou Gesteira.

##RECOMENDA##

No Recife, o ato de lançamento da campanha tem concentração às 18h, em frente ao Hospital da Restauração (HR), no bairro do Derby. Segundo Gesteira, o grupo ainda não definiu se será uma mobilização apenas no local ou percorrerá as ruas do Centro.  Outras duas mobilizações já estão marcadas para acontecer na capital pernambucana. Uma na quinta-feira (22) em frente à Praça Maciel Pinheiro, às 17h. E a segunda está prevista para a próxima segunda (26), nas imediações do Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, a partir das 18h. 

Com a popularidade em baixa, a presidente Dilma Rousseff (PT) foi o principal alvo da manifestação, que aconteceu neste domingo (16), na Avenida Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Ao som de jingles com frases como “pé na bunda dela, o Brasil não é a Venezuela”, “estou na rua para derrubar o PT” e entoando coros de “Fora Dilma”, “Lula nunca mais” e “impeachment, impeachment”, milhares de pernambucanos ocuparam a orla marítima recifense.

Vestidos de verde e amarelo, os rostos pintados e com apitos, os manifestantes iniciaram a concentração para a passeata por volta das 9h30 e o cortejo ganhou as ruas às 11h. O início do percurso foi ao som do Hino Nacional entoado pela cantora Nena Queiroga e dezenas de crianças que participavam junto com os pais do ato. "A nossa maior arma é a voz. Temos voz e vez quando saímos de casa, como hoje", afirmou a artista. 

##RECOMENDA##

Com a caracterização de palhaço, o engenheiro João Paulo, de 54 anos, colocou-se insatisfeito com a atual conjuntura. “Trago aqui a minha insatisfação como brasileiro em relação à situação política e econômica do Brasil. Na estância normal quando um ladrão é descoberto ele é preso, porque os chefes destas quadrilhas não estão na prisão também?”, questionou o engenheiro. Indagado porque estava vestido de palhaço, o engenheiro afirmou se sentir assim. “Nós somos ou palhaços ou gados. Preferi vir de palhaço”, acrescentou. 

Rebatendo os panelaços, mas se colocando favorável a manifestação deste domingo (16), o auditor fiscal do estado, Antônio Mesquita, pediu que as panelas fossem trocadas por flores.  “Estou levantando a bandeira de um país livre do PT e dos partidos políticos que querem aparelhar os governos. Quero uma nação forte e unida em torno de um programa de gestão que beneficie a população por igual”, argumentou, oferecendo flores a quem passasse por ele. 

Um dos porta-vozes do Vem Pra Rua em Pernambuco, o advogado Gustavo Gesteira, apresentou um balanço positivo do ato. “Pudemos ver aqui gente de todas as classes, de vários lugares de Pernambuco e várias idades protestando contra a corrupção instalada no Brasil e esta crise causada pelo governo Lula e Dilma. As pessoas não aguentam mais tanta mentira e incompetência”, observou o representante.

[@#galeria#@]

Segundo Gesteira, agora o Vem Pra Rua vai acompanhar o julgamento das contas da presidente Dilma no Tribunal de Contas da União (TCU). “Vamos acompanhar de perto o julgamento do TCU. Chegou a hora dos ministros divulgarem de que lado eles realmente estão. Se estão ao lado da lei e do povo brasileiro ou da corrupção e da roubalheira que teve nos últimos anos do governo do PT”, cravou, salientando que ainda não há nenhuma nova manifestação pré-agendada. Os dois últimos aconteceram em março e abril.

Ao fim do percurso, Gesteira abriu o microfone para os que estavam acompanhando a passeata. Pedidos de impeachment e críticas ao PT e ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), foram algumas das teses levantadas pelos que fizeram o uso da palavra. “Não é com facão na mão que vamos lutar, mas com a constituição debaixo do braço e flores”, ironizou a professora Mônica Marinho, fazendo menção ao que disse recentemente o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Vagner Freitas. Ele disse que usaria armas para defender o governo petista. 

De acordo com o Vem Pra Rua, 50 mil pessoas estiveram no ato. A Polícia Militar que acompanhou todo o trajeto e não registrou ocorrências, preferiu não se posicionar sobre o quantitativo de presentes. 

Participação política 

A manifestação deste domingo acontece exatamente 23 anos depois que os caras-pintadas saíram às ruas pela primeira vez em todo o Brasil para pedir a saída do então presidente Fernando Collor. O desembarque da presidente Dilma Rousseff também é defendido por políticos que participaram do ato no Recife

“A população hoje está revoltada com a corrupção e a crise. Tem o direito e o dever de protestar, dizer da sua insatisfação e clamar por mudanças que passam por um processo de impeachment, por estratégias para eliminar a corrupção endêmica e a crise econômica”, observou o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho. 

“O país está semi-paralisado. Ela [Dilma Rousseff] continua mentindo, quando diz que a crise é passageira. O país não aguenta nem Lula, nem o PT nem ela”, corroborou o deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB). Para ele, o caminho mais viável seria uma renuncia de Dilma, pois o “processo de impeachment é muito traumático”. 

Além deles, os deputados federais Raul Jungmann (PPS), Daniel Coelho (PSDB) e Bruno Araújo (PSDB), este líder da oposição na Câmara; os estaduais Priscila Krause (DEM) e Antônio Moraes (PSDB); e o vereador do Recife André Régis (PSDB) também participaram do ato.  

Custeio 

Um caminhão de pequeno porte acompanhou toda a passeata vendendo camisas e placas com o pedido de “Fora Dilma” e “Lula nunca mais”. A estratégia, no entanto, não era referida como comercialização de itens pelos integrantes do Vem Pra Rua, mas como uma forma de doação. 

“Doe R$ 10,00 e ganhe um pirulito [placa com dizeres contra o PT]. Doe R$15,00 e ganhe uma camisa”, dizia o locutor. Indagado sobre os custos do evento, que por sinal foi logisticamente mais organizado do que os dois últimos, Gesteira disse que os gastos foram menores do que o imaginado. 

“Com as doações das pessoas que vieram para cá conseguimos custear a manifestação. O custo é menor do que se pensa. Gastamos menos de R$ 20 mil para bancar tudo”, explicou.

A direção nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) divulgou, nesta sexta-feira (27), um cronograma com as datas das próximas mobilizações da legenda “em defesa da democracia, dos direitos dos trabalhadores, da Petrobras e das reformas política, da mídia e tributária”. E, consequentemente, da gestão da presidente Dilma Rousseff (PT).

Os atos terão início a partir da próxima segunda-feira (30), quando lideranças de todo o país se reúnem com o ex-presidente Lula (PT) para conversarem sobre a atual conjuntura do país. No evento, Lula também deverá endossar o desejo de integração da legenda em favor do governo de Dilma. 

##RECOMENDA##

No dia seguinte, a terça-feira (31), o documento convoca as direções estaduais a organizarem e participarem de plenárias com os movimentos sociais em defesa dos direitos dos trabalhadores, da democracia, da reforma política e da Petrobras. 

Outras duas datas que os petistas devem ir às ruas, segundo o cronograma, serão os dias 2 e 7 de abril. A primeira para endossar a luta pela reforma política, pedindo, inclusive, que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, devolva ao Congresso Nacional a ação que torna inconstitucional o financiamento empresarial de campanha. Já a segunda data é quando se celebra o Dia Nacional de Lutas, convocado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outros centrais sindicais.

Todas essas mobilizações petistas, no entanto, tem um objetivo em comum: a tentativa de minimizar os protestos agendados para o dia 12 de abril, contra o governo petista e pedindo, mais uma vez, o impeachment da presidente. 

“É hora de mobilização e de ir às ruas em defesa da democracia. O PT defende os direitos de reunião e livre manifestação, mas repele manifestações de golpismo, intolerância e ódio. Diante destes, sairemos às ruas em defesa da democracia e das nossas bandeiras. Democracia sempre mais, ditadura nunca mais”, defende o documento divulgado pela legenda, juntamente com o cronograma de atos.

Ainda compõem as atividades do PT para os próximos meses, a realização dos Congressos Municipais e Estaduais da sigla, precedentes do 5º Congresso Nacional do PT, que acontece em junho. 

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando