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O Banco Central inicia, a partir desta quinta-feira (22), as inscrições para o concurso público que disponibiliza 400 vagas para Analista e 100 para Técnico. Os interessados devem acessar, até 9 de setembro, o site do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB), instituição responsável pela prova, preencher o formulário e emitir o boleto da taxa de participação que, para o cargo de Analista, é de R$ 120 e, para o de Técnico, é de R$ 70.

É exigida, para se candidatar às oportunidades de Analista, a conclusão de curso superior. Enquanto, para o de Técnico, é necesária a apresentação de diploma de formação em nível médio. Os inscritos passarão por duas etapas de avaliação: a primeira é composta por provas objetivas, discursivas, e apenas para o cargo de Analista, análise de títulos; e a segunda consistirá em Programa de Formação. Os testes objetivos e discursivos estão previstos para o dia 20 de outubro, nos turnos da manhã e tarde para Analistas, e somente no turno da tarde para Técnicos, aplicados nas cidades de Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Salvador (BA). Quanto à segunda etapa acontecerá em Brasília (DF), sem data definida.

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No caso dos Analistas aprovados, o Banco Central prevê o provimento das vagas nas cidades de Belém (PA), Brasília (DF), Salvador (BA) e São Paulo (SP). Já os 100 melhores classificados para Tecnicos, serão lotados Belém (PA), Brasília (DF), Porto Alegre (RS) e Salvador (BA). Segundo o edital, as remunerações iniciais são de R$ 13.595,85 e R$ 5.158,23 para os cargos de Analista e Técnico, respectivamente.

As incertezas econômicas e políticas do País, refletidas na queda dos índices de confiança de consumidores e empresários, devem resultar em um Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre menor do que o do segundo trimestre, se não nulo. Um grupo de especialistas consultado pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, reconhece que o nível de atividade no terceiro trimestre está apresentando sinais mais fracos do que o esperado, mas por enquanto descarta números negativos.

Também contribui para essa análise mais pessimista o alto nível da inflação, que reduz o impulso para o consumo, e o juro em alta, que inibe as iniciativas de investimento do setor privado. Nem a valorização do dólar traria alívio neste ano para as empresas exportadoras, dada a desvalorização das commodities e a demanda global fraca. Além disso, o legado das manifestações de junho foi o aumento da preocupação e da cautela tanto na ponta da demanda como na de oferta.

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A professora da PUC-RJ Monica Baumgarten de Bolle pondera que as famílias e empresários perceberam que "não há liderança do governo sobre os rumos do País" e isso afetou de forma substancial o consumo e os investimentos no terceiro trimestre. Ela estima que o PIB deve apresentar um resultado nulo entre julho e setembro, depois de ter registrado, segundo sua projeção, uma expansão de 1% no segundo trimestre.

"Temos dois Brasis diferentes neste ano. No primeiro semestre, a atividade registrou uma certa expansão, enquanto no começo do segundo semestre ela está em queda", destacou. De acordo com a acadêmica, de janeiro a junho a economia deve ter apresentado um ritmo de expansão de 3,5%, em termos anualizados, enquanto a velocidade deve ficar bem menor (0,6%) no segundo semestre, na mesma forma de cálculo. Neste contexto, ela espera que o PIB deverá avançar 2% neste ano.

Para a professora da PUC-RJ, além da inflação alta e do elevado endividamento das famílias registrados na primeira metade do ano, as manifestações populares iniciadas em junho agregaram mais um elemento que está corroendo a confiança dos consumidores e diminuindo as perspectivas de investimentos no curto prazo. "Isso aconteceu por causa de fatores diretos e indiretos: os diretos porque muita gente deixou de fazer compras com medo das manifestações", destacou. O reflexo indireto, diz, estaria na cautela gerada na população pela percepção de que as condições sociais e econômicas do País pioraram.

"Um fator que chama a atenção é que a popularidade da presidente (Dilma Rousseff) caiu 30 pontos porcentuais no auge das manifestações, mas depois que elas passaram a melhora registrada foi muito baixa, de quase seis pontos porcentuais", ponderou Monica de Bolle. Segundo ela, esse fato sinaliza que muitos cidadãos estão reticentes com o governo e isso acaba tendo impactos mais prolongados sobre o consumo, com geração de estoques indesejados nas indústrias.

Lista negativa

Apesar de ainda prever um crescimento de 0,2% a 0,3% para o PIB do terceiro trimestre, o diretor de Pesquisa Econômica da GO Associados, Fabio Silveira, também traça um cenário negativo para a economia brasileira da metade 2013 até o final do próximo ano. "A indústria cresce pouco e não vai ser beneficiada pela alta do dólar, a massa salarial perdeu o dinamismo e deve crescer 2,5%, o varejo vai crescer menos e o investimento industrial não tem evidências de um crescimento legítimo", disse.

Silveira lembra que o juro real elevado vai pesar no segundo semestre e irá colaborar para frear a atividade econômica. "Isso é que dá ter economia desequilibrada. No primeiro semestre foi a inflação e, no segundo semestre, o juro elevado. No meio do caminho, a desvalorização cambial."

Para o diretor da GO Associados, a indústria brasileira pouco vai se beneficiar da alta do dólar, porque os setores exportadores de alto e médio valores agregados, minoria na pauta, sofrem com uma demanda fraca por conta do baixo crescimento dos mercados externos. "Já as commodities, que poderiam ser beneficiadas, tiveram uma queda forte nos preços em dólar no exterior que não foi compensada pela alta da moeda aqui."

Diante do cenário negativo e dos juros reais altos, Silveira foi um dos primeiros economistas a prever, há um mês, que o governo pode reduzir a Selic no início de 2014 para tentar reaquecer a economia. "Mesmo assim, olhando todo esse tabuleiro, não é difícil imaginar que possamos revisar o crescimento do PIB do próximo ano de 3% para 2,5%."

Luz amarela

O economista e estrategista para o Brasil do banco Barclays, Guilherme Loureiro, se mostra menos pessimista e diz que os indicadores de junho, como a alta da produção industrial de 1,9% na margem, "afasta o risco de um resultado negativo" do PIB entre julho e setembro. Contudo, ele destaca que resultados do setor manufatureiro colhidos no mês passado "acenderam uma luz amarela."

Ele estima que a produção industrial no período deve ter caído 0,5% em julho ante junho. Neste contexto, ele acredita que o PIB desacelerou de uma alta de 0,8% entre abril e junho para 0,6% no terceiro trimestre. Ele ressalva, no entanto, a queda dos indicadores de confiança das empresas e dos consumidores pode levar a uma expansão ainda menor no terceiro período do ano.

"O ritmo do PIB perdeu força no final do segundo trimestre, o que trouxe mais dificuldades para o crescimento do País neste trimestre", destacou Loureiro, lembrando que a alta, ainda que contida, da taxa de desemprego, também cria incertezas sobre os rumos da economia. Esses fatores, diz, "não são favoráveis para que o segundo semestre apresente uma expansão maior do que a registrada na primeira metade do ano".

Loureiro avalia que a economia de julho a dezembro exibirá uma alta de 2,4% em termos anualizados, abaixo dos 2,8% que ele estima para a primeira metade deste ano. Para o ano completo, Loureiro estima crescimento de 2,3%.

Parte do corte de R$ 10 bilhões no orçamento, anunciado nesta segunda-feira, 22, pelo governo, é mero adiamento de gastos, suspeitam analistas. Isso se aplica aos R$ 2,5 bilhões de redução em despesas com subsídios e subvenções e aos R$ 4,4 bilhões que o governo pretende gastar a menos com pagamentos do Tesouro Nacional ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), para cobrir as perdas decorrentes da desoneração da folha salarial de diversos setores da economia.

Os gastos com subsídios e subvenções vêm, pelo menos desde 2011, sendo utilizados como uma forma de calibrar as despesas e o saldo fiscal. Essa despesa surge, por exemplo, quando o governo autoriza o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a conceder empréstimos a juros abaixo dos de mercado. Ou quando faz um programa como o Minha Casa Minha Vida, que financia habitações populares a juros baixos e com uma parcela bancada pelo governo. Toda a "bondade" é bancada pelo Tesouro, mas ele tem atrasado o repasse desses valores aos órgãos responsáveis pelos programas.

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O maior corte anunciado hoje, de R$ 4,4 bilhões de pagamentos do Tesouro ao BNDES, também é adiamento. "O programa não foi revisto, portanto não teria por que a despesa cair", observou o economista Felipe Salto, da consultoria Tendências. "Parece que é postergação."

O quadro é ainda mais grave, na avaliação do economista-chefe da corretora Tullett Prebon, Fernando Montero. Ele acha que se trata de um adiamento de despesas para o ano que vem. Porém, se a despesa do Tesouro fica R$ 4,4 bilhões menor, a receita do INSS deveria ter caído na mesma magnitude. Não é o que se vê. O governo cortou a previsão de arrecadação previdenciária em R$ 3 bilhões.

"No empurra-empurra, o conjunto ficou R$ 1,4 bilhão melhor", comentou. Isso faria sentido se a arrecadação previdenciária estivesse bem, ao ponto de uma redução de R$ 4,4 bilhões no repasse do Tesouro ter um impacto de R$ 3 bilhões nas receitas previdenciárias. "Mas não é o que está acontecendo", afirmou.

De janeiro a maio deste ano, os gastos da previdência avançaram 14,3%, enquanto as receitas cresceram a um ritmo menor: 11%. No período, o saldo ficou R$ 6 bilhões pior do que em igual período de 2012. Para as contas fecharem como o previsto pelo governo, seria necessário que houvesse uma reviravolta nos dois itens: as receitas precisariam crescer 15% e as despesas, desacelerar para 7,8%. "Isso não tem nenhum lastro na realidade."

O corte de R$ 4,4 bilhões em despesa discricionárias tampouco convenceu. "Não faço ideia de como farão isso", comentou. Viagens, diárias, aluguéis e itens desse tipo comportam reduções menores, em prazos maiores. "São gastos para cortar R$ 1 bilhão, R$ 2 bilhões em um ano", disse.

Os analistas vêm tendo dificuldades em prever com precisão os números recentes da inflação, seja no varejo, seja no atacado. Os índices nas últimas semanas têm ficado sistematicamente abaixo das estimativas. Segundo os economistas consultados pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o motivo básico é a volatilidade intensa do grupo alimentação, que insiste em fugir de modelos econométricos, além de intervenções do governo - tanto nas tarifas públicas quanto na desoneração tributária de alguns produtos -, e de certa falta de orientação da política econômica.

Nesta semana, foram divulgados quatro dados de inflação que contavam com levantamentos do AE Projeções, com destaque para o IPCA-15, que saiu nesta sexta-feira, 19, e ficou em 0,07%. De 51 instituições participantes da sondagem, 37 tinham previsão acima do índice efetivo.

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Para o Índice Geral de Preços -10 (IGP-10) de julho, conhecido na segunda, 15, a maior parte das apostas apontava para 0,56%, ante taxa real de 0,43%. De 35 casas consultadas, apenas três tinham previsão abaixo de 0,50%. Com isso, o mercado viu-se obrigado a rever sua projeção para a segunda prévia do IGP-M de julho, que sairia dois dias depois. A mediana das estimativas, já atualizadas, de 0,32%, distanciou-se 0,08 ponto porcentual da taxa real de 0,24%.

De volta à inflação do varejo, a maior parte das previsões para o IPC-Fipe da segunda quadrissemana de julho era de 0,05%, também mais elevada do que a taxa de 0,01% informada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que, por sua vez esteve muito abaixo da expectativa da própria Fipe (0,07)%. Na semana passada, na primeira quadrissemana de julho, o IPC de 0,16% havia ficado abaixo do piso das projeções (0,17%).

Dificuldade

"O que acaba pesando (sobre as projeções) é a volatilidade dos alimentos, que acabaram caindo mais do que as pessoas esperavam", disse a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Votorantim. "Tanto no varejo quanto no atacado, o item é bem volátil, e quando vira fica mais difícil acertar."

O analista Étore Sanchez, da LCA Consultores, concorda que o sobe e desce dos preços de alguns produtos torna custoso o trabalho de especialistas em fazer projeção para indicadores de inflação, especialmente no curto prazo. "Quando a série fica muito volátil, sem direção, sem oscilar ao redor de uma média, isso tem aumentado a margem (de erro)", avaliou.

A médio e longo prazos, o analista da LCA faz um alerta em relação às intervenções do governo, que tendem a atrapalhar a tarefa de fazer estimativas. Ele lembra do fato mais recente, que pegou todos no mercado de surpresa, que foram as manifestações em várias partes do País e que resultaram na revogação de reajustes de alguns preços administrados.

"Em dezembro de 2012, ninguém esperava que neste ano teríamos baixa dos administrados. Ninguém projetava isso. Houve a autorização do aumento e logo depois a revogação. Isso dificulta muito", afirmou, ao referir-se ao cancelamento da alta das tarifas de transporte público em várias cidades brasileiras, após os protestos.

O professor da FEA-USP e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Rafael Costa Lima, considera importante a sinalização do governo em relação à economia para facilitar o trabalho dos agentes do mercado financeiro. Nesta gestão, contudo, observa que há um pouco de falta de clareza quanto ao rumo que o governo pretende dar à economia.

Segundo ele, a tarefa já tem uma dificuldade "intrínseca" que são preços sujeitos a choques de mercado, como o dos alimentos. "Ao longo dos governos FHC e Lula, tinha um sistema de meta de inflação muito claro. Sempre que saía do centro da meta, o juro subia. Se a inflação estava baixa, relaxava o juro. A conduta da equipe econômica era mais previsível. Nesse governo da presidente Dilma, ficou menos previsível."

O professor complementa que em alguns momentos o Banco Central chegou a ser conivente com níveis de inflação sistematicamente mais altos do que o centro da meta de 4,50% ao ano. "Até passou a impressão de que os preços poderiam sair do controle, mas isso não aconteceu."

Para Costa Lima, a postura do governo para segurar a inflação é bastante importante para driblar as expectativas dos agentes financeiros e medidas como as recentes desonerações deste ano acabam por gerar uma variância ainda maior nas estimativas. "Não necessariamente muda a trajetória da inflação, mas pontualmente mexe bastante. A inflação deste ano deve ser entre 0,70 e 0,80 ponto porcentual menor por conta da desoneração da tarifa de energia elétrica", disse.

"A presidente Dilma disse que vai manter a inflação sob controle. O governo dá alguns sinais concretos. Tem gente que acredita e tem quem não acredita, o que é muito importante para a previsão de inflação", completou.

Além de mencionar o intervencionismo do governo, que tem dificultado a tarefa de fazer projeção para inflação no curto prazo, o estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil, Luciano Rostagno, cita a desvalorização cambial como complicador. Segundo ele, a valorização recente da moeda norte-americana tende a atrapalhar o trabalho dos agentes nas estimativas de médio prazo. "A volatilidade do câmbio também gera problemas para projetar mais à frente porque fica difícil de prever exatamente qual será o repasse da alta nos preços", afirmou.

Em vez de anunciar um corte de gastos que tende a ser pouco convincente, o governo deveria admitir que o quadro é difícil, que fechará o ano com uma economia fiscal mais baixa do que os prometidos 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB), mas buscará melhorar o resultado no médio prazo. É o que avaliam economistas do setor privado. Eles concordam com a visão de uma ala do governo para a qual conter despesas agora, quando a atividade econômica dá sinais de fraqueza, pode piorar a situação.

"Faltam cinco meses para terminar o ano, portanto não haverá tempo de cortar o que seria necessário para atingir a meta", diz o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. O mais grave é que isso seria feito para cumprir uma meta nas contas públicas com a qual o mercado não conta. "Se o governo fechar o ano com saldo abaixo do prometido, não será surpresa para ninguém."

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Qualidade do corte

O ex-diretor do Banco Central e economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, acha que uma eventual contenção de despesas seria de má qualidade, com gastos retidos "na boca do caixa" e, possivelmente, prejudicando investimentos. "O importante são as expectativas", admite.

Nesse sentido, acredita, o governo tem dado sinais corretos, ao indicar que buscará, no médio prazo, um déficit nominal (diferença entre arrecadação e gastos, inclusive os juros) mais baixo, com a perspectiva de zerá-lo. Também foi acertado informar que não vai mais fazer desonerações, que tiveram efeito inflacionário, e vai parar de recorrer a manobras contábeis.

Juros. Defensora histórica do corte de gastos, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) avalia que a contenção de despesas é importante para abrir espaço para que o Banco Central fixe taxas de juros mais baixas.

"É difícil, mas se o governo cortasse gastos de custeio seria importante", diz o gerente executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca. "Mas, se for para cortar investimentos, aí eu concordo que não é hora de fazer." Fonseca e Freitas destacam que, sem um ajuste nos gastos públicos, aumenta a importância da atuação do Banco Central. "Ele passou a ser o grande gestor da economia, já que o fiscal está de mãos amarradas", comentou o economista da CNC. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Bolsa de Valores de São Paulo encerrou o primeiro semestre com uma queda de 22,14%, o pior resultado para o período de início de ano desde 1972. Quando se leva em conta também o período de fim de ano, a Bovespa teve em 2013 o pior desempenho semestral desde 2008, quando caiu 44% no segundo semestre. E o pior, segundo os analistas de mercado, é que as perspectivas não são boas.

Só em junho foram registradas perdas de 11,31%, quase metade da queda acumulada em 2013. Trata-se do pior primeiro semestre do índice Bovespa desde 1972, quando houve queda de 31,44%, segundo levantamento feito pela empresa de dados financeiros Economática, a pedido do Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. Naquela época, o mundo enfrentava a crise do petróleo - que provocou recessão e elevou a inflação em vários países.

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Se a comparação for feita com todos os semestres, e não apenas com a primeira metade do ano, as coisas mudam. A eclosão da crise global em 2008, com a quebra do banco Lehman Brothers, teve impacto maior nas ações do que a crise do petróleo. Na segunda metade de 2008, o Ibovespa registrou a maior perda semestral da história, com queda de 42,25%.

Humor

Para o analista sênior do BB Investimentos, Hamilton Alves, boa parte da deterioração recente da Bolsa está relacionada à mudança no humor dos investidores, diante da apreensão sobre o fim dos estímulos monetários pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano). Quando o Fed retirar os estímulos para a economia, haverá redução de dólares no mercado e fuga de capitais dos países emergentes para os Estados Unidos. Os investidores já estão antecipando este movimento.

Também pesa sobre a Bolsa o rebaixamento da perspectiva da nota de risco de crédito (rating) do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P). A ameaça de mudança na nota é reflexo das dúvidas sobre a política econômica e pode limitar a entrada de recursos no Brasil. "É um fator muito sério, porque impede muitos fundos de aplicarem no País", disse Alves.

Os protestos de rua também afetaram a Bolsa. Para acalmar os manifestantes, prefeituras, governos estaduais e governo federal suspenderam reajustes de tarifas de ônibus, de pedágio e de energia elétrica. Aos olhos dos investidores, aumentou o risco político de se aplicar recursos em companhias concessionárias de serviços públicos.

Alguns investidores gostariam de ver outras mudanças na economia. "É preciso um choque de gestão. O que está vindo agora traz apenas melhoras pontuais. Há ainda a complicação nos países emergentes, como China e Turquia", disse o gestor de ativos da Infinity Asset, George Sanders.

Perspectiva

Se o início do ano é um período para se esquecer, os últimos seis meses de 2013 não são promissores. Para os profissionais consultados pelo Broadcast, para a Bolsa se recuperar seria preciso uma melhora da economia brasileira e do ambiente de negócios internacional.

"Aqui está mais fragilizado por causa da fraqueza econômica e os ruídos políticos, enquanto os mercados globais ainda buscam um equilíbrio após o Fed", avaliou o economista da Órama Investimentos Álvaro Bandeira. Sanders, da Infinity, lembrou que a alta do dólar também deve ser um fator negativo para os resultados trimestrais das empresas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A suspensão do reajuste das tarifas de pedágio nas rodovias paulistas afeta a percepção de risco no setor de concessões e aumenta as incertezas a respeito dos próximos leilões, avaliam os analistas do HSBC Alexandre Falcão e Ravi Jain.

Para os profissionais, embora o governo de São Paulo tenha afirmado não ter intenção de quebrar contratos e que vai compensar as concessões por meio da redução nos custos, a fim de garantir o rebalanceamento econômico e financeiro dos contratos, a decisão influencia a percepção de risco pela intervenção regulatória. "Acreditamos que a possível continuidade da interferência do governo cria o potencial para desequilíbrios econômicos no futuro", disseram, em relatório.

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No que diz respeito às companhias com concessões estaduais, caso da Arteris, CCR e EcoRodovias, os analistas avaliam que, no caso de não haver compensação, o efeito sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) de 2013 "não será significativo". A casa estima que, na ausência de reajuste tarifário, o Ebitda de Arteris, CCR e Ecorodovias vai cair 3,6%, 3,5% e 2,4%, respectivamente. "Embora o impacto pareça limitado para um ano, sem a compensação, esse impacto pode ser composto ao longo da duração da concessão", afirmam.

Ainda assim, Falcão e Jain lembram que o governador Geraldo Alckmin declarou que o Estado planeja conseguir o rebalanceamento dos contratos por meio de reduções nos custos, como a diminuição na tarifa da agência regulatória estadual, a Artesp, que passará de 3% para 1,5% do faturamento das concessionárias; o início da cobrança de pedágio dos "eixos suspensos"; e, se necessário, a redução do ônus fixo pago ao governo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A urgência de reforçar o caixa da Petrobras para viabilizar seu programa bilionário de investimentos no médio prazo e as eleições presidenciais de 2014 devem levar o governo a antecipar do ano que vem para o segundo semestre de 2013 mais um aumento de combustíveis.

Segundo as consultorias, LCA, Tendências e Rosenberg, as desonerações tributárias neste ano, especialmente sobre produtos da cesta básica, vão colaborar para que o Poder Executivo não enfrente o ônus político de um novo reajuste da gasolina poucos meses antes das eleições de 2014.

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De acordo com a economista e sócia da Tendências, Alessandra Ribeiro, o governo deve elevar o preço da gasolina em 5% na bomba entre julho e dezembro deste ano, o que elevaria em 0,2 ponto porcentual o IPCA em 2013. Junto com o acréscimo de 4,3% do combustível no fim de janeiro, ela calcula que haveria um aumento total de 9,7% do preço da gasolina para os consumidores.

"Isso representaria um impacto direto no IPCA de 0,37 ponto porcentual neste ano", comentou. Contudo, ela ressalta que a desoneração de produtos da cesta básica deve retirar daquele índice de inflação 0,45 ponto porcentual em 2013. Ou seja, a redução de preços de alimentos da cesta cobrirá com pequena folga o impacto sobre a inflação das altas da gasolina neste ano.

Os aumentos dos combustíveis serão adotados especialmente para que a Petrobrás tenha maior fôlego de recursos. Os investimentos da estatal atingiram R$ 84,1 bilhões em 2012 e, segundo a companhia, devem atingir R$ 97,7 bilhões em 2013. A Petrobrás ainda não informou quanto pretende aplicar em 2014, mas o seu plano de negócios prevê gasto de US$ 236,7 bilhões entre este ano e 2017.

Segundo o economista da LCA, Fábio Romão, ainda há uma defasagem de 16% da gasolina e de 28% para o diesel ante os preços internacionais. Levando em conta também as eleições de 2014, será inevitável um novo aumento dos dois combustíveis no segundo semestre, já que um aumento no ano que vem seria uma iniciativa impopular."Como o preço da gasolina influencia diretamente o do álcool, o etanol deve subir também mais 4% nos postos", ponderou Romão.

Para a economista da consultoria Rosenberg, Priscila Godoy, um reajuste da gasolina no segundo semestre seria de 6%. Junto com a elevação já concedida, os aumentos vão agregar ao IPCA entre 0,35 e 0,4 ponto porcentual neste ano. Contudo, ela também acredita que esse efeito será coberto pelas desonerações da cesta básica, que devem aliviar a inflação também em 0,4 ponto porcentual em 2013. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Consultorias e departamentos econômicos de bancos calcularam que o alívio decorrente da desoneração de produtos da cesta básica sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) seria de 0,40 ponto porcentual, podendo atingir 0,60 ponto, se repassada integralmente. Estes cálculos, no entanto, encontram objeção por parte de alguns economistas, para os quais a lei da oferta e da demanda pesa mais na composição desses preços do que qualquer isenção tributária e, por isso, o repasse pode acabar não acontecendo.

O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, por exemplo, disse à Agência Estado que a desoneração anunciada pelo governo não o fez nem piscar em relação a alguma projeção de inflação. "Mantemos 6% no ano e ainda acho que mudaremos a projeção do IPCA de março para cima e não para baixo, a depender do que sair no IPCA-15", disse. O IPCA-15 deste mês será divulgado na sexta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para Vale, não tem sentido tentar controlar inflação com política fiscal, "que é o que o governo vem tentando fazer já há algum tempo".

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"Esses resultados negativos devem permanecer ao longo do mês, lembrando que o impacto do custo do frete nos últimos meses anula qualquer tentativa de corte de preços desses produtos (alimentos)", comentou Vale. "Acho até bizarro ter de discutir esse tipo de política, muito anos 80, ineficientes, que impedem o Banco Central de fazer o trabalho que precisa ser feito. Parece-me que o governo quer, no máximo, fazer uma dobradinha BC-Fazenda para tentar diminuir a necessidade de aumentar a Selic. Isso apenas fará com as expectativas piorem ainda mais."

O sócio da Schwartsman & Associados e ex-diretor do Banco Central, Alexandre Schwartsman, chama a atenção para o fato de que o cálculo de alívio de até 0,60 ponto porcentual no IPCA está condicionado ao repasse integral da desoneração do PIS/Cofins para o preço dos produtos da cesta na ponta do consumidor. "No entanto, sabemos que essa condição só acontece em circunstâncias muito especiais, ou seja, quando a demanda por esse bem particular é completamente insensível aos preços, ou, no jargão da economia, perfeitamente inelástica", observa, em relatório que enviou recentemente a seus clientes.

Não é, no entanto, o que ele acredita que deva acontecer. Recorrendo à literatura econômica, Schwartsman coloca que, supondo que os impostos sobre um bem particular sejam reduzidos a zero, isso implica em que os fornecedores estariam dispostos a vender a mesma quantidade do bem a um preço menor. Por outro lado, na ponta do consumidor, o desejo de comprar aumenta quando os preços caem.

"A preços equivalentes ao preço antigo, menos impostos, os consumidores passam a querer mais do bem do que os produtores estão dispostos a vender", explica o ex-BC. Assim, de acordo com ele, os preços tendem a aumentar ao longo do processo de expansão da oferta para atender à demanda.

A análise de Schwartsman reforça o pensamento de Heron do Carmo, professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo que durante 25 anos coordenou o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo publicada no sábado (16), Heron considerou "um tiro no pé" a intenção do governo de conectar desoneração de PIS/Cofins de oito produtos da cesta básica à redução nos índices de inflação.

"Uma coisa é desonerar produto industrializado, que todo mundo tem controle sobre os preços", explicou. "Outra coisa é desonerar alimento, produto com pouca elaboração, cuja oferta depende de safra. Nesse caso, a desoneração não significa necessariamente queda de preço do produto na ponta. O preço pode até subir ou a desoneração atenuar uma alta de preço. No caso dos alimentos, a demanda e a oferta de mercado pesam mais na formação dos preços finais do que a desoneração."

Para o economista e sócio-diretor da Rosenberg & Associados, José Augusto Arantes Savasini, quando o governo fala que vai reduzir o imposto e o preço vai cair, isso não é necessariamente verdade. Exemplificando, Savasini disse que o preço de um produto é uma função de "A", que representa todos os custos mais o imposto. "Dependendo de quanto é este A, se eu reduzo 10% do imposto, o produto não vai cair 10% porque o A que é fixo", explicou, acrescentando que o aumento recente do frete, que em alguns casos chegou a 50%, vai consumir o alívio da desoneração do PIS/Cofins. "Então o governo vai fazer reunião com empresários e dizer que o preço tem que baixar 10%?. O empresário vai dar risada", provocou o diretor da Rosenberg. Colaborou Márcia De Chiara.

O Diário Oficial da União (DOU) publicou, nesta quarta-feira (27), a abertura do concurso público que disponibilizará 360 vagas imediatas mais formação de cadastro reserva para o preenchimento de cargos de níveis médio e superior do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), ligado ao Ministério da Fazenda. Do total de vagas, 5% serão destinadas a pessoas com deficiência. A seleção será realizada pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB) e as inscrições estão previstas para acontecer no período de 7 a 27 de março e será feita somente pelo endereço eletrônico da Cespe.  A taxa de participação para o cargo de analista é de R$ 95. Já para quem vai concorrer à vaga de técnico, o investimento é de R$ 60.

O certame será composto apenas por provas objetivas, previstas para acontecer no dia 5 de maio nos estados de Sergipe, Pará, Roraima, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Ceará, Paraíba, Alagoas, Amazonas, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Pernambuco, Acre, Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão, São Paulo, Piauí e Espírito Santo, além do Distrito Federal.

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Os candidatos aprovados serão regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho. Entre as vagas disponíveis estão para o Distrito Federal, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Pará, Bahia e Rio Grande do Sul.

De acordo com o DOU, os salários variam de R$ 2.339,11 a R$ 5.203,90, em uma jornada de trabalho de 40 horas semanais - exceto para o cargo de médico, que deve cumprir 20 horas. Quem tem diploma de nível médio, entrará na disputa pela função de técnico, nas especialidades de enfermagem do trabalho, operação de redes, programação e controle de serviços de tecnologia da informação, segurança do trabalho e suporte administrativo.







Depois de os investidores já terem estimado nos preços dos contratos futuros uma alta na taxa Selic a partir de abril, analistas de instituições financeiras capitularam à sinalização do governo de que agirá para combater a inflação e começaram a revisar suas apostas para os juros.

A principal justificativa para as revisões das apostas apontada pelos analistas foram as recentes declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e também do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o governo está desconfortável com o nível atual dos índices de preços e que os juros continuam a ser o principal instrumento de combate à inflação.

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Na última pesquisa semanal Focus do BC com 100 analistas, divulgada na segunda-feira, o consenso ainda é de uma taxa Selic a 7,25% no fim deste ano, mas a rodada de revisão das estimativas para os juros, que teve início depois do discurso de Tombini no lançamento do programa Otimiza BC, na terça-feira, deverá ser captada nas projeções da Focus já na próxima semana.

Para os analistas, o trecho do discurso de Tombini que acabou alterando a percepção em relação à Selic foi o seguinte: "Quando necessário, se ensejado pelo cenário prospectivo de inflação, a postura do Banco Central em relação à política monetária será adequadamente ajustada. Dito de outra forma, nesse novo ambiente macroeconômico há pouco descrito, a taxa Selic oscilará em patamares mais baixos do que no passado".

O banco J. Safra mudou sua aposta oficial para a Selic neste ano, agora incorporando o início do ciclo de aperto monetário na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de abril. Em relatório a clientes, o economista-chefe do J. Safra, Carlos Kawall, estima que o BC deverá elevar a Selic em 1 ponto porcentual, para 8,25%, em quatro altas a partir de abril.

"Nossa visão é em resposta à deterioração na perspectiva de inflação e à sinalização do Banco Central e do governo de que a política monetária deverá ser a principal ferramenta para conter a inflação - e não a apreciação da moeda ou um aperto fiscal", escreveu Kawall.

Na noite de quarta-feira (20) foi a vez de o banco JP Morgan alterar a sua aposta para a Selic no fim deste ano, de 7,25% para 8,5%, dividida em três elevações a partir da reunião do Copom de maio. Em relatório, os economistas do banco estimam que o Copom elevará os juros em 0,25 ponto porcentual na reunião de maio e depois seguirá com mais duas elevações, ambas de 0,5 ponto, em julho e agosto.

Já o economista para Brasil do banco UBS, André Carvalho, está projetando uma elevação da Selic de 1,5 ponto porcentual, para 8,75%. Em relatório, Carvalho estima que essa alta dos juros seria feita em quatro reuniões do Copom, a partir de outubro.

O início de um ciclo de aperto monetário ao nível de 8,75%, segundo Carvalho, será uma reação do BC a uma surpresa com a inflação. O economista prevê que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo fechará 2013 em 6,2% e terminará 2014 em 6,5%. Na última pesquisa Focus, a projeção do IPCA para 2013 caiu para 5,7% e a estimativa para 2014 ficou em 5,5%.

Além de elevar a Selic em resposta a essa surpresa no IPCA, Carvalho acredita que o governo poderá deixar o câmbio se valorizar para perto de R$ 1,90. Ele também prevê uma desaceleração no nível de empréstimos ao consumidor. Contudo, o economista do UBS não crê que o governo lançará mão de medidas macroprudenciais para desacelerar o crédito em 2013 e em 2014.

De acordo com um relatório elaborado pelo analista Shaw Wu, da empresa Sterne Agee, e enviado a investidores, a demanda do iPhone 5 não caiu. A queda no volume de pedidos de componentes significa que eles devem está sendo trocados por modelos atualizados ou que os fornecedores estão sendo substituídos.

Mark Moskowitz, do JP Morgan, defendeu a opinião da empresa, que afirmou que após atender o volume inicial de lançamento, a Apple pode aprimorar a fabricação do aparelho, assim como faz com o iPad e com os Macs.

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O jornal Nikkei divulgou, nesta segunda-feira (14), que a Sharp e a Japan Display começaram a reduzir a produção de telas LCD para a Apple devido à queda nas vendas do aparelho.

Segundo o vice-presidente de produtos da Apple, Phil Schiller, a empresa não tem planos de lançar um iPhone de baixo custo.

A ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no cenário político nacional, num momento em que aumentam as pressões para que se investigue a sua conduta em determinados escândalos, como o que envolveu a ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha, tem chamado a atenção de analistas políticos. Na avaliação de Marco Antonio Carvalho Teixeira, cientista político, professor e vice-coordenador do curso de administração pública da FGV, o sumiço de Lula é sintomático, sobretudo para alguém que sempre se expôs muito na mídia e não deixava os adversários sem respostas, inclusive na eclosão do caso mensalão.

"Pode ser que Lula já sentiu o golpe (desses ataques), pois o recolhimento indica que ele não tem muitas respostas a dar neste momento. Ele não foi nem na posse do prefeito eleito Fernando Haddad, seu afilhado político", reitera o professor. Carvalho Teixeira - autor da expressão "efeito teflon de Lula", para designar que nada grudava na imagem do então presidente que pudesse comprometer a sua popularidade, quando estourou o escândalo do mensalão - acredita que toda essa pressão sobre o petista pode vir a afetar a sua imagem, inclusive fora do País. "É bom lembrar que todo teflon (material antiaderente) tem o seu prazo de validade", reitera.

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Para o professor da FGV, mesmo com a perspectiva de que a saída de Lula do cenário nacional poderá afetar a sua imagem e consequente popularidade, ainda não é possível mensurar, neste momento, o impacto que isso poderá ter nas eleições gerais de 2014. "Com relação à sua afilhada política, a presidente Dilma Rousseff, creio que ela poderá ser afetada não pelo sumiço ou falta de explicações de Lula, mas pela própria conjuntura econômica e pela iminente crise energética, com ameaça de apagões e de redução de investimentos, o que futuramente poderá afetar o nível de emprego."

A mesma opinião é partilhada pelo especialista em pesquisas eleitorais e marketing político Sidney Kuntz. Na sua avaliação, o ex-presidente Lula está dando sinais de que quer fugir desses focos de incêndio (os escândalos que envolvem o seu nome). Para Kuntz, independentemente do desfecho de uma investigação pela Procuradoria Geral da União (PGU), Lula deverá continuar 'recolhido', esperando os focos de incêndio se acalmarem.

"É uma estratégia correta do ponto de vista eleitoral, pois estamos ainda a dois anos do pleito e, neste momento, o eleitorado está preocupado com outras questões, como férias e carnaval", reitera o especialista em marketing político. E complementa: "Então, esse é o período ideal pra ele tentar se poupar, deixar os escândalos pipocar e retornar quando o cenário estiver mais calmo, quem sabe com alguma nova estratégia, se reinventando, como é o seu estilo."

Em seu primeiro ano de governo, a presidente Dilma Rousseff se destacou pela personalidade forte, pela elegância na relação com os adversários políticos e por perder boa parte do tempo lidando com crises ministeriais. Essa é a visão de cientistas políticos ouvidos pela Agência Estado, que consideraram a rotina de crise maléfica para a governabilidade. Segundo os analistas, ao gastar tempo e energia administrando denúncias, o governo perdeu uma oportunidade única de emplacar as reformas necessárias, como a política e a tributária.

"Minha impressão foi que ela ficou administrando os conflitos da base. Não foi um ano transformador", resumiu Carlos Melo, do Insper. Os analistas afirmam que o primeiro ano do governo é o momento ideal para a implementação de reformas, já que o presidente assume a administração com o respaldo das urnas. "Não ter feito as reformas compromete. Um governo novo tem mais força política para fazer reformas", reforçou o cientista político Rubens Figueiredo.

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Mas se Dilma passou o ano consertando o "malfeito", ela ganhou o apoio da população ao se mostrar intolerante com a corrupção. "Ao contrário do governo anterior, as denúncias tiveram consequências", lembrou Figueiredo. A ideia de "faxina" ganhou destaque, mas os analistas apontam que a impressão de "limpeza profunda" não condiz com a realidade. "Faxina seria a disposição do governo de limpar a casa. No caso, o vaso quebrou e Dilma só recolheu os cacos", comparou Carlos Melo. O professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fábio Wanderley, compartilha da opinião de Melo. "Não é propriamente uma faxina", ponderou. Mesmo com uma reforma ministerial, a qualidade da base de apoio, ressaltou Melo, impede que a presidente se livre facilmente do ciclo de denúncias. "Enquanto a gente tiver essa composição, e a sociedade tem culpa porque vota mal, não tem faxina. Ela pode se livrar de alguns móveis velhos, mas faxina de verdade é mais difícil", disse.

Oposição

A rotina de troca de ministros, embora tenha agradado a opinião pública, comprometeu o bom desempenho do governo Dilma Rousseff, indicam os cientistas. "É como numa empresa, se você começar a trocar toda hora a diretoria, vai ter problema de performance. Cada um que entra compromete a ação administrativa", afirmou Figueiredo. "No Brasil, a boa administração briga com a política", emendou. Refém dos interesses da base aliada, a presidente não teve força para emplacar sua agenda e teve de negociar para não perder a governabilidade. Por isso, mesmo com a ineficiência da oposição, os analistas acreditam que os partidos aliados acabaram agindo como inimigos. "A oposição não foi dos partidos de oposição, que foram uns zero à esquerda. Ela teve mais oposição dentro de casa", analisou Melo.

Se Dilma não teve sorte com sua base, a primeira mulher presidente do Brasil "caiu no gosto do eleitorado". "Para mim houve superação das expectativas e o resultado é melhor do que a encomenda. É notável que ela tenha níveis de popularidade à altura do Lula", elogiou Wanderley. O professor da UFMG acredita que a popularidade de Dilma se deve à continuidade das políticas sociais do governo Lula.

Jogo de cintura

Na opinião dos analistas, a presidente Dilma também se destacou por seu jogo de cintura e capacidade de liderança. Mesmo alinhada com Lula, Dilma não se mostrou submissa ao antecessor. "Ela tem luz própria", observou Figueiredo. Um exemplo disso foi a condução da política externa brasileira em determinadas situações, como no endurecimento do discurso com a Síria. "Ela foi bem, foi menos polêmica, evitando bolas divididas. O governo assumiu o que a população queria ouvir", ressaltou Melo.

Outro ponto positivo de Dilma, segundo os cientistas, foi a aproximação com os governadores da oposição e a elegância no trato com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, menosprezado por Lula durante seus oito anos de governo. "Ela se mostrou uma presidente sensível, com uma postura menos bélica", comentou Figueiredo.

O estilo reservado de Dilma também foi elogiado. "É um governo menos voltado para o espetacular. O governo Lula era um governo show, enquanto ela é mais voltada para a administração", acrescentou Figueiredo.

Não é ainda uma goleada, mas o Banco Central está ganhando o jogo que vem disputando com o mercado desde que sinalizou, lá em agosto, que o cenário externo justificaria o início de uma trajetória de redução de juros. É o que afirmam economistas consultados pela Agência Estado à luz de indicadores de atividade e, mais recentemente, da redução da inflação corrente e da expectativa para o fechamento do ano na meta, ainda que no teto, conforme mostrou a Pesquisa Focus.

Na última segunda-feira, ao divulgar as medianas das expectativas dos analistas do mercado para o IPCA de 2011, o Banco Central confirmou o recuo da previsão de inflação de 6,52% - taxa ao redor da qual as projeções têm rodado desde setembro - para 6,50%. Trata-se de um leve recuo, de apenas 0,02 ponto porcentual, mas o suficiente para a autoridade monetária não se ver na obrigação, caso o número se confirme, de escrever uma carta ao Conselho Monetário Nacional (CMN) no final do ano para justificar a inflação acima do teto da meta, que é de 6,50%.

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Diante dos indicadores que comprovam a desaceleração econômica esperada pelo BC - em agosto a produção industrial caiu 0,20% na margem -, da desaceleração do ritmo de crescimento do crédito para Pessoa Física em setembro e da volta para a meta das expectativas de inflação, os analistas já admitem que o BC acertou lá atrás quando delineou o cenário em que a crise externa iria impactar a economia doméstica.

A economista-chefe do Royal Bank of Scotland (RBS), Zeina Latif, está entre os que reconhecem que o BC acertou no seu prognóstico. "O fato concreto é que o BC acertou mais que o mercado o cenário internacional e as suas implicações para a atividade doméstica", diz a economista. Ela só acha cedo para dizer que o BC acertou totalmente na questão da inflação, mesmo com a redução recente das expectativas, porque ele nunca previu a inflação rompendo a meta e "isso ainda pode acontecer". "De qualquer forma, a tendência é a Focus interromper a alta por hora", diz Zeina, para quem a Focus tem limite para piora.

Evidentemente, diz a economista, o IPCA-15 baixo - em outubro a inflação por este indicador foi de 0,42% ante 0,53% em setembro - influenciou positivamente o ligeiro recuo da mediana das expectativas de inflação para 2011. Isso, de acordo com a economista, ajuda a dinâmica inflacionária deste e do próximo ano. "Tem casas reduzindo expectativa de crescimento do PIB, o que ajuda a inflação", diz.

No Banrisul, o economista Cássio Zimmermann, diz ter ainda um pouco de dúvida sobre a efetividade da queda da inflação, como prevê a Focus, porque, segundo ele, o cenário neste momento não é aquele que o mercado previa e nem o que o BC esperava. "Está no meio do caminho", diz o economista do banco gaúcho. Todavia, ele não nega que o comportamento dos preços ao consumidor tem surpreendido os analistas do mercado. "Por enquanto, o BC está com a cabeça na lâmpada. As projeções estão apontando para uma inflação no teto da meta", reitera Zimmermann. "Mas lá trás, o BC estava mais certo que o mercado sim".

O problema, de acordo com o economista do Banrisul, é que a convergência tem se dado de forma muito lenta. "Não que eu duvide do BC, mas faltam ainda alguns resultados. Mas se tiver que fazer um placar, diria que o BC está ganhando o jogo. Não é ainda uma goleada, mas está ganhando", admite o economista. Zimmermann confessa que está inclinado a caminhar para o cenário do BC. "É nítido e natural que o BC tenha outras informações que nós não temos. Como ele acertou lá trás e mantém a trajetória da sua política monetária, é mais um indício de que ele está vendo mais piora no cenário externo", avalia o economista.

O Banrisul trabalha com projeções de 6,50% para o IPCA no fechamento deste ano e de 5,40% no ano que vem. "Na projeção deste ano eu não mexo mais. Se tiver que mudar, reduzirei a projeção do IPCA para 2012", diz.

O presidente e economista-chefe do Banco Ribeirão Preto (BRP), Nelson Rocha Augusto, diz não ter dúvidas de que o BC acertou e por uma razão muito simples: "As autoridades, quando estão imbuídas de propósitos corretos e têm mais informações que seus comandados, acabam acertando", afirma.

Augusto lembra que naquela semana de agosto que antecedeu o primeiro corte de 0,50 ponto porcentual da Selic, que o mercado todo contestou, o presidente do BC, Alexandre Tombini, participou de várias reuniões presenciais na Europa com autoridades econômicas de todo o mundo. "Quando ele volta da Europa e induz os membros do Copom a votar um corte da Selic era porque ele tinha informações que nós não tínhamos. Eu não tenho a menor dúvida de que o Tombini estava correto e tomou a decisão correta", diz o presidente do BRP, que trabalha com o IPCA fechando em 6,40% este ano.

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