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A principal dificuldade da economia brasileira, na avaliação dos analistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, está na necessidade de recuperar a confiança para que as taxas de crescimento saiam do território negativo, que podem levar a uma retração do Produto Interno Bruto (PIB) de até 3% no ano que vem.

Somente com a retorno da confiança o consumo e o investimento podem aumentar, o que vai ajudar no retorno do crescimento econômico. "Não existe uma sinalização clara para onde vão as coisas. E a incerteza política também continua", afirma Alessandra Ribeiro, economista e sócia da Tendências Consultoria Integrada. Hoje, ela estima uma recessão de 1% para 2016, mas não descarta que a queda do PIB do ano que vem possa chegar a 2%.

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Por ora, existe a chance de a economia brasileira começar a se recuperar no fim de 2016. O problema é que a saída dessa crise vai ser lenta, o que agrava ainda mais o cenário. No passado, os anos seguintes aos de forte recessão costumavam ser marcados por um crescimento econômico acelerado. Em 2009, por exemplo, a queda de 0,2% do PIB foi seguida por uma forte expansão de 7,6% em 2010.

"Em geral, a saída de uma economia da recessão é marcada por um número forte", afirma Silvia Matos, coordenadora técnica do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). Em sua última projeção, feita em setembro, o PIB do Brasil deverá recuar 3% este ano e 2,1% no ano que vem. "É um período que nos assusta bastante e, infelizmente, não vemos uma saída dessa recessão", afirma.

Desafio

O futuro brasileiro se torna ainda mais desafiador porque o País terá de enfrentar um cenário internacional mais adverso: a economia mundial cresce menos. Além disso, o governo continua a lidar com os problemas fiscais - na semana passada, a equipe econômica admitiu que deve haver mais um ano de déficit.

O risco da piora fiscal é a economia brasileira perder o grau de investimento por uma segunda agência de classificação de risco - a Standard and Poor’s retirou o selo de bom pagador do Brasil em setembro. Se isso ocorrer, a recuperação econômica fica ainda mais difícil e deve ser postergada.

"A recuperação deverá ser bastante gradual. Dessa vez, o setor externo não vai ajudar como em outros momentos. Antes, a economia mundial estava crescendo num ritmo mais forte e os preços das commodities eram maiores", diz Alessandra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A taxa básica de juros, Selic, deverá chegar a 14% ao ano no fim de 2015. Se confirmada a previsão dos analistas do mercado financeiro, será a maior dos últimos nove anos, já que estava em 14,25% ao ano em agosto de 2006. As projeções constam do Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira, 1, pelo Banco Central, e levam em conta um aumento dessa taxa na próxima quarta-feira, 3, em 0,50 ponto porcentual, para 13,75% ao ano.

Para 2016, há consenso em que a Selic ficará em 12% ao ano, o que embute a perspectiva de que haverá um afrouxamento monetário ao longo de 2016. É para o final do ano que o BC promete entregar a inflação no centro da meta de 4,5%. "O aperto das políticas fiscal e monetária deverá ser acentuado ao longo de 2015, tornando a recuperação em 2016 não menos desafiadora", escreveram os consultores da Rosenberg & Associados em relatório a clientes.

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Por trás desse novo cenário de juros elevados está a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Este ano, o índice oficial do País deve encerrar com aumento de 8,39%, bem acima da meta perseguida pelo BC. Esta foi a sétima semana consecutiva de elevação dessa estimativa. Para 2016, a projeção ficou estacionada em 5,50% mais uma vez. Apesar de mais amena, a taxa também segue acima do objetivo do BC.

Administrados

Já o que justifica a elevação das previsões para o IPCA é a perspectiva de que os preços administrados pelo governo, como conta de luz e tarifas de transporte público, vão subir mais do que o esperado. Para este ano, o ponto central da pesquisa Focus avançou de 13,70% para 13,90%. Nessa área, a boa notícia veio nas previsões para 2016, que recuaram de 5,84% para 5,80%.

Também só no ano que vem é que a atividade mostrará algum alívio, de acordo com o boletim Focus. Para este ano, a projeção central para o Produto Interno Bruto (PIB) voltou a piorar ao passar de uma retração de 1,24% para 1,27%. Pela sétima semana consecutiva, no entanto, foi mantida a expectativa de recuperação em 2016, quando a economia deve crescer, de acordo com os cálculos dos analistas, 1%. Para a indústria foram mantidas as previsões de queda de 2,80% para 2015 e de recuperação de 1,50% no próximo ano.

"A deterioração mais rápida do que o esperado no mercado de trabalho contribui para o tom fúnebre na formação das expectativas para este e o próximo anos", avaliaram os analistas da R&A. "Com o encerramento das políticas econômicas adotadas no primeiro governo de Dilma Rousseff, a confiança na condução da economia tem registrado mínimos históricos, piores que nos momentos mais agudos da crise internacional da década passada", continuaram.

Não houve nenhuma alteração também para o comportamento do câmbio: a Focus trouxe previsão central de R$ 3,20 para 2015 e de R$ 3,30 para 2016. Com o bom comportamento do câmbio, há menos alterações nos IGPs, índices de inflação do atacado e que são mais sensíveis a essas variações. As expectativas para este ano para o IGP-M, principal referência para os reajustes de aluguel, passaram de 6,97% para 6,87%. No caso do IGP-DI, a previsão de alta de 7,03% foi mantida. Para 2016, também não houve alteração da projeção de que os dois subirão 5,50%.

O superávit de US$ 458 milhões da balança comercial brasileira em março era "previsível" e foi puxado basicamente pelo aumento das exportações de soja e açúcar, em razão do maior número de dias úteis, avaliou o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. De acordo com o executivo, a desvalorização do real ante o dólar não teve efeito sobre as exportações de manufaturados até o momento.

Castro destacou que, nos 22 dias úteis de março, os embarques de soja aumentaram para 5,592 milhões de toneladas, ante 868 mil toneladas nos 18 dias úteis de fevereiro. Com isso, a receita bruta da commodity passou de US$ 346 milhões para US$ 2,211 bilhões. Os embarques do açúcar, por sua vez, aumentaram de 811 mil toneladas para 1,817 milhão, fazendo com que a receita crescesse de US$ 281 milhões para US$ 618 milhões. "Esses dois itens foram basicamente os responsáveis. Os outros aumentos foram pequenos", disse.

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O executivo avaliou que o efeito da desvalorização do real sobre manufaturados só deverá ser sentido a partir do final do segundo trimestre. "Aquele câmbio que todos estão dizendo que vai resolver o problema das exportações poderá até resolver, mas não resolveu até agora", afirmou. Para isso acontecer, ele defende que o dólar deve se manter valorizado e que haja remanejamento de recursos do Programa de Financiamento às Exportações (Proex), pois o montante aprovado no Orçamento de 2015 já estaria praticamente todo comprometido.

Castro ressaltou que a AEB prevê um superávit em torno de US$ 5 bilhões neste ano, puxado principalmente por uma queda das importações. Ele argumenta que, com o mercado interno e investimentos mais retraídos e com a alta do dólar, a demanda por importados deverá diminuir. Para a entidade, as importações deverão cair cerca de 12% em 2015, recuo maior do que a retração de 10% das exportações. No acumulado do primeiro trimestre, a balança comercial está com déficit de US$ 5,557 bilhões.

Estagnação econômica

O diretor de Pesquisa Econômica da GO Associados, Fabio Silveira, avaliou que o desempenho positivo da balança comercial em março foi puxado pelo recuo nas importações. No mês passado as importações somaram US$ 16,521 bilhões, baixa de quase US$ 1 bilhão ante os US$ 17,510 bilhões de março do ano passado.

Enquanto a receita total com importações caiu 5,65% entre os meses de março de 2014 e de 2015, na média por dia útil a queda foi de 18,51%, para US$ 751 milhões em março de 2015. "O que ajudou a balança comercial foi o desempenho menos nobre do ponto de vista do crescimento, com queda na importação espelhada na estagnação e a possível recessão que devemos ter no primeiro trimestre", disse Silveira.

Para o economista, outro motivo para o recuo nas importações e o consequente saldo positivo na balança foi o recuo em dólar dos preços de produtos importados em grande volume, como petróleo e derivados, petroquímicos e plásticos nobres. Silveira disse ainda que se a tendência de queda nas importações atrelada à fragilização econômica seguir durante o ano a GO Associados pode até rever a estimativa de um superávit comercial para 2015, até agora em US$ 2 bilhões.

Por causa da forte elevação da tarifa de energia elétrica, consultorias independentes e ligadas a bancos revisaram para cima a projeção de inflação para este ano, que já chega a 8%. Se a expectativa se confirmar, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano será o maior desde 2003, quando a inflação fechou em 9,3% e também foi afetada pelo aumento da eletricidade e pela disparada do câmbio.

Entre as consultorias ouvidas, o departamento econômico do banco Credit Suisse fez a maior correção. Projetava uma inflação de 7,1% para 2015 e agora espera uma alta de 8%. De acordo com o relatório do banco, a mudança ocorreu por causa do avanço dos preços administrados, puxados para cima por causa da eletricidade.

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Os economistas do banco esperam uma alta de 13,2% nas tarifas, mais que o dobro da variação do ano passado (5,3%) e impulsionada pela energia elétrica, que deve subir 52% este ano por causa dos maiores reajustes extraordinários que ocorreram no início deste mês. Em 2014, a tarifa de eletricidade residencial subiu 17%. Nas contas dos economistas do banco, a energia elétrica vai responder por quase a metade da inflação dos preços administrados em 2015 e por 1,5 ponto porcentual do IPCA do ano.

A Tendências é outra consultoria que ampliou a projeção de inflação por causa das tarifas. A economista Adriana Molinari projeta um aumento de 7,9% do IPCA deste ano. A estimativa anterior era de alta de 7,3%. Ela argumenta que a mudança se deu por causa do aumento do custo da eletricidade, antes projetado com uma elevação de 46%, e agora de 68%. Com isso, a expectativa anterior, que era de uma elevação de 11,6% dos preços administrados para este ano, subiu para 14,2%. A eletricidade pesa quase 3% no IPCA e responde por quase um quarto dos preços administrados.

A economista observa que o desempenho do câmbio está acima do inicialmente projetado pela consultoria, mas ressalta que a mudança na estimativa se deveu à pressão das tarifas. Em relação ao câmbio, ela diz que "a atividade enfraquecida pode mitigar os efeitos da alta do dólar".

A LCA consultores projeta uma inflação de 7,8% para este ano. "Será a maior inflação desde 2003", prevê Etore Sanchez, economista da consultoria. Ele lembra que, coincidentemente, a inflação de 2003, de 9,3%, foi puxada para cima pela energia elétrica e pelo câmbio, que disparou com a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência. "Câmbio e energia são fatores coincidentes para pressionar o IPCA em 2003 e 2015."

Nas contas de Sanchez, o reajuste de energia elétrica residencial deve ser de 52,37% este ano. O conjunto dos preços administrados deve subir 13,2% em 2015 e também registrar a maior variação desde 2003, quando as tarifas aumentaram 13,07%.

Martelo

Também há consultorias que estão prestes a bater o martelo para aumentar a projeção de inflação para este ano. "Amanhã (esta quarta-feira, 5) vamos ter uma reunião para revisar o cenário como um todo e a inflação será um ponto a ser alterado para cima", diz Rafael Bistafa, economista da consultoria Rosenberg Associados. Por enquanto, a consultoria espera um IPCA de 7,5% para este ano. A GO Associados, que projeta uma inflação de 6,8%, aguarda a divulgação do IPCA de fevereiro, que será conhecido na sexta-feira, para alterar a estimativa, que muito provavelmente caminha para 7%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O curto comunicado do Banco Central (BC) relativo à decisão de elevar a Selic em 0,50 ponto porcentual indica que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode adotar mais dois aumentos de juros nas reuniões de março e abril, em razão do cenário menos favorável para a inflação no primeiro semestre, afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, Bruno Rovai, economista do banco Barclays. "A mensagem do BC deve ter sido influenciada por uma condição mais difícil para o IPCA até junho, especialmente com maiores pressões de alta dos preços vindas sobretudo de aumentos de gasolina e de eletricidade", comentou.

Rovai avaliava, antes do comunicado divulgado pelo BC nesta quarta-feira (21), que o terceiro ciclo de aperto monetário do governo Dilma Rousseff , iniciado em outubro, seria encerrado no dia 4 de março, quando a taxa básica avançaria de 12,25% para 12,50%. Contudo, ele pondera que mais uma elevação poderá ser adotada no dia 29 de abril. Ele diz que a Selic encerrará o ano em 12,25%, pois estima que o Copom voltará a cortar a taxa no dia 25 de novembro, quando será encerrada a última reunião de 2015.

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Com a confirmação da elevação em 0,50 ponto porcentual da Selic anunciada hoje, a agência classificadora de risco de crédito Austin Rating projeta que o BC deve realizar mais dois aumentos de 0,50 ponto nas reuniões de março e abril do Copom, encerrando o ciclo de alta de juros iniciado em outubro de 2014.

De acordo com o economista-chefe da instituição, Alex Agostini, essa projeção leva em conta um cenário marcado por uma inflação alta e que, portanto, ainda exigirá uma "ação enérgica" do Banco Central por meio da política de juros. O analista pondera, contudo, que trabalha com um cenário alternativo, caso os indicadores de inflação arrefeçam, com altas de 0,50 ponto em março e de 0,25 ponto em abril.

"Depois disso, a Selic ficaria um tempo estável até ao menos o final do ano. Seria aquela parada técnica do Banco Central para avaliar os efeitos do aumento de juros", afirmou Agostini. Diante desse cenário e com o recente aumento de impostos anunciado pelo governo, a Austin Rating projeta que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar 2015 em 7%, ante previsão anterior de 6,8%.

Comunicado enxuto

A decisão do Copom de elevar a taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual confirmou a expectativa do economista-chefe da Infinity Asset Management, Carlos Acquisti. Em entrevista ao Broadcast, ele destacou, porém, que o enxugamento do comunicado que acompanhou a decisão pode ter sido uma estratégia da autoridade monetária para evitar maiores ruídos no mercado financeiro.

"Agora está mais difícil de saber o que eles estão pretendendo", afirmou Acquisti. "Na ata, ele (o Banco Central) deve conseguir dar mais detalhes e deixar menos dúvidas", opinou.

O economista-chefe da Infinity Asset Management fazia parte da corrente dominante do mercado financeiro que previa uma alta de 0,50 ponto porcentual na reunião de janeiro do Copom. Conforme levantamento do AE Projeções, 77 das 82 instituições consultadas esperavam esse procedimento dos diretores do BC.

Para Acquisti, com a decisão da reunião de janeiro, nada mudou no quadro previsto da Infinity Asset sobre o atual ciclo de aperto monetário, iniciado pelo Copom na reunião de outubro do ano passado. "Meu cenário não muda em nada. Acho que vem mais 0,25 ponto porcentual (de alta) na próxima, e que para depois", comentou.

Com uma decisão dentro do esperado e um comunicado enxuto, que deixa a porta aberta para qualquer movimento no próximo encontro do Copom, a alta da Selic em 0,50 ponto porcentual deve ter efeito neutro para os juros futuros nesta quinta-feira, na avaliação do economista sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, para quem as taxas devem reagir mais aos acontecimentos externos, como a decisão do Banco Central Europeu (BCE), do que ao Copom.

"O mercado já está praticamente no meio do caminho entre um aperto de 0,25 ponto e 0,50 ponto na reunião de março. E, para o encontro de abril, está entre 0,25 ponto e nada. Acho que não faz muito sentido alterar essas apostas, por enquanto", afirmou Serrano, que projeta mais uma elevação de 0,25 ponto da Selic e o encerramento do ciclo, com a Selic em 12,50%.

Sem pistas

Na avaliação da economista da Tendências Consultoria Alessandra Ribeiro, o comunicado divulgado pelo Copom deixa espaço para diferente movimentos na política de juros no futuro. "É um comunicado que deixa espaço tanto para redução de ritmo do aumento de juros ou manutenção. Não é um comunicado que dá muitas pistas", afirmou.

A economista destacou que a decisão ficou em linha com o consenso do mercado e que também era esperado que houvesse essa alteração no comunicado. Antes do RTI, no comunicado que se seguiu à divulgação da decisão de política monetária, em dezembro, o Copom citava os efeitos dos preços defasados e ainda sugeria parcimônia. "Era de se esperar que fosse retirar esses trechos", afirmou.

Sem surpresa na decisão de hoje, mesmo com o conteúdo mais sucinto do comunicado, Alessandra disse que mantém inalterada a sua previsão para a trajetória da Selic nos próximos meses. "Em março, acreditamos em mais uma alta de 0,5 p.p e uma alta derradeira de 0,25 p.p. em abril", afirmou.

O ano de 2015 começa com a inflação ao consumidor pressionada, podendo passar de 1% em janeiro e romper a barreira de 7% em 12 meses. O repique do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) esperado para o primeiro mês do ano é resultado do acúmulo de aumentos de preços em diversos segmentos da economia.

Esse conjunto de pressões apontadas pelos economistas especializados em inflação inclui da volta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre veículos 1.0, de 3% para 7%, e da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre a gasolina ao reajuste de ônibus e energia elétrica. Além disso, há o impacto da alta recente do câmbio sobre os preços dos alimentos e de outros produtos comercializáveis e os aumentos que ocorrem toda virada de ano, como escolas e condomínios, a chamada inflação "gregoriana".

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"O IPCA de janeiro deve chegar a 1,32%", prevê a economista da Tendências Consultoria Integrada, Adriana Molinari. O economista do Itaú Unibanco, Elson Teles, espera para janeiro inflação de 1%. Já Fabio Silveira, diretor de pesquisa da GO Associados, projeta alta de 0,8%. Diferenças numéricas à parte, as projeções têm um ponto em comum: indicam que a inflação esperada para janeiro deve superar de longe a do mesmo mês de 2014, de 0,55%.

É consenso entre os economistas que um vilão do IPCA de janeiro será a tarifa de energia elétrica. Nas contas de Teles, mais da metade do reajuste de 17,5% projetado pelo economista para a alta anual da tarifa de energia deve ocorrer em janeiro (8%). A eletricidade vai responder por um quarto da inflação de 1% que ele espera para o mês.

Adriana, da Tendências, projeta alta de 8,8% na eletricidade para janeiro de 2015. Essa forte pressão na tarifa de energia no mês deve ocorrer porque entra em vigor a bandeira tarifária, sistema pelo qual os custos da energia por causa do uso das termoelétricas serão repassados ao consumidor no momento em que ele usa a energia. Até 2014, a sistemática era outra e esse aumento de custo da energia era cobrado do consumidor no momento do reajuste.

Outro foco de pressão para janeiro é a volta da Cide sobre a gasolina, hipótese aventada pela nova equipe econômica para aumentar a arrecadação e ajustar a economia. "A gasolina deve subir 12,6% na bomba em 2015, sendo 9,3% só em janeiro, considerando a Cide de R$ 0,28 por litro", prevê Adriana.

As tarifas de ônibus urbano, que há muito tempo não têm reajuste no País, devem se concentrar no IPCA de janeiro. O destaque é para São Paulo, que responde por mais de um terço no IPCA, e vai reajustar a passagem de ônibus em 16,7%.

Alimentos

Silveira, da GO Associados, lembra que a pressão de alta dos preços dos alimentos que já ocorreu no atacado por causa da subida do dólar deve respingar nos preços ao consumidor no começo do ano. "As cotações de soja, café e bovinos tiveram altas bem significativas nos últimos dois meses no atacado e devem pressionar o grupo alimentação no começo do ano." Nas suas contas, em janeiro o grupo alimentação deve voltar a exibir altas acumuladas em 12 meses na faixa de 10%.

Silveira lembra que os produtos comercializáveis, aqueles cujos preços são afetados pelo câmbio, estão sob forte pressão desde setembro e, mesmo com a demanda fraca, repasses para o consumidor devem ocorrer.

Já Teles, do Itaú Unibanco, traça um cenário mais favorável para a alimentação. Ele diz que o clima favorável deve ajudar a ampliar a oferta de produtos e isso pode atenuar a pressão do câmbio nos preços em reais. "A carne está subindo 20% este ano e dificilmente isso vai se repetir em 2015. Se subir 7%, será um grande alívio." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mesmo com o aumento da taxa de desemprego em julho em três das quatro regiões metropolitanas pesquisadas, os dados divulgados nesta quinta-feira, 21, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que o mercado de trabalho no Brasil ainda é forte, mas não necessariamente significam a criação de novas vagas. A avaliação é do economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.

Conforme divulgado pelo órgão, a taxa de desemprego caiu apenas na região metropolitana de São Paulo (4,9% em julho, ante 5,1% em junho). Em Belo Horizonte, subiu a 4,1% em julho ante 3,9% no mês anterior; no Recife foi a 6,6% ante 6,2%; e no Rio de Janeiro ficou em 3,6%, ante 3,2%. Perfeito observa, no entanto, que esses aumentos foram pequenos, o que indica que a situação do emprego ainda é boa no País.

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"Esse indicadores mostram um mercado de trabalho ainda bastante forte no Brasil, o que vai gerar muitos desafios para o governo, entre eles, como moderar a inflação mais para frente", afirma. Na avaliação do economista, as taxas de desemprego para Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo - que, segundo o IBGE, foi a menor para julho na série histórica em cada região - indicam que há menos pessoas procurando emprego.

Com base nos dados divulgados pelo IBGE na Pesquisa Mensal de Emprego (PME), a consultoria Tendências calcula que a taxa média de desemprego do País aumentou de 4,6% em junho para 4,7% em julho, já desconsiderados os efeitos sazonais. As informações foram publicadas pela Tendências Consultoria em seu serviço on line.

Ainda segundo cálculos da consultoria, a taxa de ocupação recuou 0,4% em julho, ante avanço de 0,3% em junho, na série dessazonalizada. Na mesma base comparativa, a População Economicamente Ativa (PEA) registrou queda de 0,3% no mês passado, após avançar 0,2% no sexto mês do ano.

Devido à greve de servidores, o IBGE divulgou apenas as taxas de desemprego das regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, o que inviabilizou a publicação da taxa média oficial de desemprego no Brasil.

Apesar de os indicadores de confiança mostrarem que em 2014 as expectativas das famílias e empresários para a economia não são favoráveis, apresentando um patamar semelhante ao registrado em 2009, quando o País viveu uma breve recessão, economistas ponderam que começam a surgir alguns sinais que podem indicar certa melhora da perspectiva do nível atividade do segundo semestre. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), medido pela Fundação Getúlio Vargas, subiu 1% em junho, na margem, e avançou 3% em julho, interrompendo um movimento de queda que vinha desde novembro de 2013.

Para especialistas, a desaceleração da inflação e o fim da Copa do Mundo, que na prática reduziu o número de dias úteis em várias capitais durante o torneio, podem ser os principais fatores que explicariam esta avaliação. "Contudo, essa sensação de melhora não significa uma recuperação expressiva, pois o País no primeiro semestre estava em estagnação", comentou Braulio Borges, economista-chefe da consultoria LCA.

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Um outro indicador que sinalizou uma possível interrupção na piora das expectativas foi o Índice de Confiança de Serviços (ICS), também apurado pela FGV. Apesar de ter registrado a sétima queda mensal consecutiva em julho, ao atingir 107,3 pontos - o menor patamar desde abril de 2009 -, o indicador de expectativas subiu 4,3%. "Pode ser que isso sinalize que a situação do setor pode começar a registrar certa estabilização no curto prazo e talvez até algum avanço do nível de atividade no segundo semestre ante o primeiro", comentou Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências.

Alessandra ressalta que tal avaliação precisa levar em conta que o PIB no primeiro semestre enfrentou uma leve recessão, com uma perspectiva de pequeno avanço da economia entre julho e dezembro. Ela estima que o Produto Interno Bruto deve ter caído 0,4% entre abril e junho, na margem, depois de ter registrado uma retração de 0,1% no primeiro trimestre, já considerando uma possível revisão do IBGE, que apontou uma alta inicial de 0,2% nos primeiros três meses de 2014.

Para o terceiro e quarto trimestres deste ano, ela estima avanço de 0,35% para o PIB, na mesma base de comparação. "Isto não significa uma melhora muito expressiva. No entanto, é possível esperar algum incremento das vendas de varejo, com a redução da inflação, especialmente de alimentos", destacou. O IPCA acumulou uma alta de 2,9% entre janeiro e abril, mas deve desacelerar para um aumento de 1,2% entre maio e agosto, estima Braúlio Borges.

"Além disso, medidas adotadas pelo governo para estimular um pouco mais o crédito, como a redução de compulsórios, podem incentivar as vendas de bens duráveis, como veículos", ressaltou Alessandra Ribeiro. Na sexta-feira passada, o Banco Central ajustou as regras dos recolhimentos compulsórios e também nos critérios referentes ao requerimento mínimo de capital para riscos das operações no varejo. Com tais ações, o BC projeta que os bancos terão até R$ 45 bilhões a mais de caixa para realizar novos financiamentos.

PIB fraco

Mas os especialistas enfatizam que a melhora da atividade na segunda metade do ano será suave e não será suficiente para elevar o PIB de forma substancial no ano. Alessandra Ribeiro e José Márcio Camargo, professor da PUC-RJ e economista-chefe da Opus Gestão de Recursos, estimam que o País crescerá apenas 0,6% em 2014. Marcelo Salomon, co-diretor de pesquisas para a América Latina do banco Barclays, prevê um incremento de 0,7%. Na ponta mais otimista estão a LCA, que prevê um aumento de 1,2%, e o banco Goldman Sachs, que espera 1,1% de crescimento, embora admita um viés de baixa, como manifestou Alberto Ramos, diretor de pesquisas para a América Latina da instituição.

"Num contexto de demanda agregada estagnada no primeiro semestre e muitas dúvidas de consumidores, empresários e investidores sobre a gestão da política econômica até as eleições presidenciais em outubro, os indicadores de confiança se tornaram peças importantes para sinalizar tendências sobre o que pode ocorrer com a atividade no curto prazo", ponderou Camargo, da Opus. "Como eles, em geral, apresentam um bom nível de correlação com o desempenho da economia nos meses adiante, a queda registrada no primeiro semestre pelos índices de confiança sugere que no segundo semestre o desempenho do nível de atividade continuará bem fraco", completou.

E para vários especialistas, a frustração de consumidores e empresários com o baixo crescimento do País há três anos, com a gestão da presidente Dilma Rousseff, culminou neste ano com uma impressão mais sensível de deterioração da confiança destes agentes econômicos, destaca Tony Volpon, diretor de pesquisas para a América Latina da Nomura Securities. "O governo diz que há excesso de pessimismo dos mercados com o Brasil, mas isso não está registrado nos ativos financeiros, como por exemplo o câmbio e ações de empresas", disse. "Quem apresenta uma avaliação negativa são as famílias e dirigentes de empresas, que avaliam as condições da economia e não estão satisfeitos com os resultados dos últimos anos", disse.

O PIB avançou 4,6% na média entre 2007 a 2010, mas deve registrar uma marca média de 2% de 2011 a 2014, considerando a estimativa do Banco Central de crescimento de 1,6% neste ano.

Nos dias 21 e 22 de julho, a LucreRH,consultoria especializada em Recrutamento e Seleção promoverá treinamento de formação, gestão de cargos, carreiras e remuneração, no Hotel Vila Rica, em Boa Viagem. Para fazer a inscrição, os interessados devem enviar mensagem para o endereço eletrônico lucrerh.treinamentos@gmail.com ou ligar para o número (81) 9137 3737.

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Associações do setor elétrico acreditam que o governo federal está atrasado no que se refere à adoção de medidas preventivas para evitar um colapso no fornecimento de energia no País. Segundo as entidades, campanhas educativas e até mesmo programas de incentivo à redução do consumo deveriam ter sido adotados já no início da crise hidrológica que afeta os reservatórios das usinas. "Na visão do setor, essas são as alternativas mais recomendáveis neste momento. A situação é preocupante e você precisa dar sinais mais claros disso à população", afirmou o presidente do Fórum de Associações do Setor Elétrico Brasileiro (Fase), Mário Menel.

"Na verdade, a sinalização do governo até o momento é justamente no sentido contrário, com a redução das tarifas de energia elétrica através da MP (Medida Provisória) 579", completou o presidente do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico (FMASE), Alexei Vivian. Em entrevista, os representantes do setor consideram que a não aplicação das bandeiras tarifárias para a distribuidoras, prevista para o final do ano passado, foi "uma oportunidade perdida" no sentido de desestimular o desperdício de energia. As bandeiras tarifárias sinalizariam para o consumidor o real custo da energia gerada naquele período.

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Ainda de acordo com os especialistas, o ano eleitoral e a exposição do Brasil no cenário internacional devido à realização da Copa do Mundo podem explicar a ausência de programas para a racionalização de energia. "E isso ocorre independentemente de partido. Qualquer governo teria, nesse contexto, receio de falar em medidas de restrição de consumo, ainda que não fale de racionamento", explicou Vivian.

Racionamento

Apesar de considerar crítica a atual situação das hidrelétricas brasileiras, a Fase, que agrega, entre outras associações, a Abrace (grandes consumidores), Abrage (grandes geradores) e Abraget (geradores termoelétricos), e a FMASE descartam a hipótese efetiva de um racionamento de energia no País em 2014. "O risco (de um racionamento) sempre existe, mas a possibilidade efetiva de um racionamento ainda neste ano é praticamente nula", disse Menel.

Hoje, durante um evento com analistas e investidores, executivos da Cemig citaram estudo da consultoria PSR, no qual a probabilidade de insuficiência dos reservatórios para atender à demanda por energia em 2014 seria de 46%. O resultado dos cálculos da PSR, feitos com base em dados oficiais de oferta, demanda e hidrologia utilizados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), difere da probabilidade de insuficiência de 6,7% apresentada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) no início deste mês.

Publicado em abril, o relatório da consultoria, sugere ainda uma redução de 6% no consumo mensal de energia entre maio e novembro com o objetivo de garantir a oferta de energia até 2015. "O grande problema é que estamos retardando uma solução para 2015, quando, então, dependeremos da quantidade de chuvas, o que torna o risco de um racionamento mais alto", disse Vivian, destacando a importância de medidas preventivas.

O diretor de Geração e Transmissão da Cemig, Luiz Henrique de Castro Carvalho, também defendeu que medidas de estímulo ao consumo eficiente de energia já deveriam ter sido tomadas. "Sem uma medida de racionalização agora, é provável um racionamento mais agressivo para frente", disse. O diretor Comercial da Cemig, José Raimundo Dias Fonseca, acrescentou que a definição sobre o racionamento depende da hidrologia dos próximos meses e disse que "o risco existe sim, e é real", mas considera provável que se consiga passar por este ano sem racionamento.

Há duas semanas, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, descartou a possibilidade de incentivo governamental à racionalização do consumo de energia. "Não proporemos racionalização ou racionamento de energia desnecessariamente, mas ninguém está proibido de fazê-lo", disse o ministro na ocasião.

Colaboraram Luciana Collet e Malena Oliveira, especial para a Agência Estado

A América Latina Logística (ALL) reportou lucro líquido 78,7% abaixo da média das estimativas de analistas consultados pelo Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado (JPMorgan, Goldman Sachs, Morgan Stanley e Bradesco). Enquanto o mercado previa, na média, lucro líquido de R$ 36,1 milhões no primeiro exercício do ano, a concessionária anunciou na manhã desta terça-feira, 6, R$ 7,7 milhões - o dado exclui os resultados da Argentina e a perda de concessões no país vizinho no ano passado.

O Ebitda ajustado divulgado hoje pela companhia, de R$ 444,7 milhões no primeiro trimestre, coincidiu com a média das estimativas dos analistas. A ALL, no entanto, já havia divulgado o resultado do Ebitda em sua prévia operacional, no último dia 16. Sobre a margem Ebitda, a expectativa dos analistas consultados foi entre 47,3% e 49,3%. A empresa reportou hoje margem Ebitda de 49,1%.

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A receita líquida do primeiro trimestre de 2014 também ficou em linha com a estimativa dos analistas. A empresa reportou R$ 905,9 milhões, enquanto a média das previsões das casas consultadas foi de R$ 939,1 milhões. O Broadcast considera que o resultado está em linha com as projeções quando a variação para cima ou para baixo é de até 5%.

A queda nos preços de combustíveis nos próximos meses em virtude da sazonalidade da safra de cana-de-açúcar e da produção de etanol já está na conta de inflação dos analistas. Na manhã desta quarta-feira (23), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, citou a produção de etanol como fator que vai colaborar para a redução dos preços dos combustíveis em maio e junho e ajudar a controlar a inflação, mas a informação não surpreendeu o mercado. Apesar de a safra ter começado em abril, é nos próximos meses que a produção de etanol se intensifica. O economista da LCA Étore Sanchez afirma que, de fato, as análises apontam uma queda sazonal nos preços de etanol, com o ponto mais baixo registrado em junho. Isso não evita, contudo, que o IPCA rompa o teto da meta no mesmo mês.

"Já está na conta. O ponto mais baixo para o etanol é esperado para o final de junho", disse Sanchez. Em março, o etanol subiu 4,07%, com reflexo sobre o preço da gasolina, que registrou alta de 0,67%. De acordo com Sanchez, a queda no etanol em junho deve ser de 4%, com impacto aproximado no IPCA - considerando o peso do item na apuração mais recente do indicador - de 0,04 ponto porcentual negativo. Mesmo assim, a LCA projeta que a inflação acumulada em 12 meses chegue a 6,55% em junho, superior ao teto da meta, de 6,5%.

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Alessandra Ribeiro, economista e sócia da Tendências Consultoria Integrada, corrobora: "Temos esse movimento na conta, já esperamos o arrefecimento nos combustíveis por conta da entrada da safra." A Tendências também projeta rompimento do teto da meta de inflação em junho, quando o IPCA em 12 meses deve chegar a 6,86%, nos cálculos da consultoria. O mês de junho, também nas previsões da Tendências, assim como nas estimativas da LCA, deve registrar maior recuo nos combustíveis.

"Trabalhamos já no cenário com a volta de combustíveis a patamares mais baixos principalmente em junho. O que poderia atrapalhar seria um período mais chuvoso", aponta. "Junho vai ser o pior momento da inflação em 12 meses", disse Alessandra. A queda nos preços do etanol terá influência também sobre o valor da gasolina, com defasagem. De acordo com Sanchez, o ponto mais baixo esperado para os preços da gasolina será visto em julho, com queda de 0,60%. "A redução do preço do etanol causa uma migração do usuário flex para o etanol e arrefece a demanda de gasolina", explicou o economista da LCA.

A previsão da Tendências é de que o subgrupo combustíveis, que contempla, além de etanol e gasolina, óleo diesel e gás, registre deflação de 0,74% em maio e de 0,84% em junho.

Em rápida entrevista em Brasília nesta tarde, Mantega negou que o governo vá aumentar a participação de álcool anidro na gasolina para ajudar no combate à inflação. Étore Sanchez, da LCA, aponta que a maior participação do etanol na gasolina reduziria o preço do combustível, mas ressalta que há um problema na safra de cana-de-açúcar e na oferta de anidro neste ano. "Nosso cenário é de que a mistura vai se sustentar nos atuais 25%", avaliou. Na Tendências, também não é considerada no cenário uma possível mudança na mistura dos combustíveis.

A proposta de elevar a participação na gasolina, segundo reportagem publicada pelo Broadcast nesta quarta-feira (23), divide o governo, deixando Ministério da Agricultura em campo oposto ao da Fazenda.

Pressões - A ajuda dos preços de combustíveis na desaceleração da inflação nos próximos meses é dada como certa pelos economistas. O pico da taxa de inflação, diz Étore, foi registrado em março, quando o IPCA registrou alta de 0,92%, e daqui para frente será observada uma desaceleração nas variações mensais pelos próximos cinco meses. O cenário, contudo, contempla outras pressões.

Já em maio a inflação em 12 meses se aproxima do teto da meta, chegando a 6,47% na previsão da LCA. "A surpresa da inflação neste ano podemos colocar na conta de energia, que também em virtude dos reajustes recentes já gerou alteração da expectativa para o ano", disse Sanchez, citando o boletim Focus divulgado ontem (22), no qual a projeção para o IPCA de 2014 chegou a 6,51%, de 6,47% na semana anterior. Para o economista da LCA, a mudança é resultado dos reajustes mais recentes - realizados nas tarifas da gaúcha AES Sul, na sequência da cearense Coelce, da baiana Coelba e outras.

O cenário para o mercado de trabalho em 2013 mostrado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) nesta quinta-feira (10), continuou favorável, apesar de a taxa nacional de desemprego média ter vindo acima da verificada pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) para as seis principais regiões metropolitanas do País, avaliaram economistas ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Enquanto a Pnad Contínua apontou para uma taxa de desemprego média de 7,1% no ano, a PME registrou uma taxa de desocupação de 5,4% no período.

O economista Douglas Uemura, da LCA Consultores Associados, notou que embora a taxa de desemprego verificada pelas duas pesquisas tenham magnitudes diferentes, elas têm caminhado na mesma direção ao longo da série histórica, com tendência de redução. "Olhando a evolução da taxa de desemprego, elas caminham junto. Na Pnad Contínua, a queda na taxa de desemprego foi até mais expressiva. A Pnad está mostrando um 2013 um pouco melhor do que a PME estava mostrando", apontou Uemura.

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Os cálculos do economista da LCA apontam para uma taxa de desemprego pela PME de 4,9% no quarto trimestre de 2012 para 4,7% no quarto trimestre de 2013. Na Pnad Contínua, a taxa de desemprego saiu de 6,9% para 6,2% no mesmo período.

Segundo Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria Integrada, a taxa de desemprego verificada pela Pnad Contínua ainda pode ser considerada baixa. "Se a gente olhar as variações desde o primeiro trimestre de 2012, a taxa de desemprego vem diminuindo por conta do crescimento do emprego acima da força de trabalho", ressaltou Bacciotti.

O economista da Tendências lembrou que a Pnad Contínua mostrou um aumento no ritmo de geração de postos de trabalho, ao contrário do que foi verificado pela PME. A ocupação teve crescimento de 1,7% no quarto trimestre de 2013 ante o quarto trimestre de 2012, enquanto tinha crescido 1,2% no terceiro trimestre de 2013 em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. "Então acelerou a criação de vagas", afirmou Bacciotti. "A gente pode dizer que o mercado de trabalho na Pnad Contínua está mais favorável do que o mostrado pela PME", confirmou ele.

O pesquisador do departamento de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) Rodrigo Leandro de Moura disse que a Pnad Contínua mostra que as áreas que estão fora das principais regiões metropolitanas ainda não vivem o pleno emprego, mas que há geração de vagas efetivamente. "Isso mostra que a taxa de desemprego ainda pode cair em 2014 no Brasil", previu Moura.

A inclusão do termo "neste momento" no comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) sinaliza que a alta de 0,25 ponto porcentual, que levou nesta quarta-feira (2), a taxa básica de juros a 11% ao ano, foi vista como pontual e que o ciclo de ajuste da Selic pode ter terminado. A avaliação é da economista e sócia da Tendências Consultoria Integrada, Alessandra Ribeiro. "Esse tipo de sinalização mostra que não há intenção de subir novamente a taxa em maio", afirmou.

Segundo ela, antes disso, a consultoria trabalhava com pelo menos mais um ajuste de 0,25 ponto na taxa. "Nossa curva ainda é de mais uma alta em maio, mas a luz dessa mudança ficou um pouco menos provável", afirmou. Ela ponderou que ainda não é possível descartar esse cenário. "Vai depender dos dados, acho que agora eles só subirão novamente se houver uma piora adicional no cenário econômico", avaliou.

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Para Alessandra, se as expectativas em torno de uma alta inflacionária continuarem expressivas e houver algum movimento relevante de depreciação do real, pode haver alteração do rumo dessa política do BC. "Se houve uma pequena depreciação cambial não acredito, mas se o câmbio bater rapidamente em R$ 2,45, acho que conduziria o BC a uma nova alta na taxa", afirmou.

"O mais provável agora, no entanto, segundo Alessandra, é que o cenário atual se mantenha e que o BC possa trabalhar o fim do ajuste. "Ai ficaríamos com esses 11% ao ano pelo menos até o fim de 2014."

Goldman Sachs- O ciclo de aperto monetário iniciado em abril do ano passado pode ter chegado ao fim, na opinião do diretor de pesquisas para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos. "A probabilidade maior é que ele não vai mais elevar os juros. E isso se evidencia por ter mudado o comunicado, no qual retirou a expressão "dando continuidade" e agregou o termo 'neste momento', mesmo movimento realizado quando mudou o ritmo de alta de juros de 0,50 para 0,25 ponto porcentual", destacou.

Na avaliação de Ramos, a menos que a inflação e o câmbio apresentem resultados desfavoráveis nas próximas seis semanas é que o Copom poderia elevar novamente os juros no dia 28 de maio, quando realizará a sua próxima reunião. "O BC ficará dependente de dados", afirmou.

O ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, sócio da Tendências Consultoria Integrada, afirmou nesta noite de segunda-feira (24), ao Broadcast, serviço de notícia em tempo real da Agência Estado, que o rebaixamento do Brasil pela Standard & Poor's (S&P), anunciado hoje, sinaliza que sem medidas corretivas por parte do governo, principalmente na questão fiscal, o País pode perder o grau de investimento. "Foi menos mal, porque o Brasil ainda não perdeu o grau de investimento, mas fica sinalização forte que isso pode ocorrer caso não sejam tomadas medidas corretivas pelo governo, principalmente nas questões fiscal e de crescimento", disse. "Se governo não der sinais fortes de que está havendo uma correção de rumo, pode haver novo rebaixamento pela frente", completou.

Loyola considerou o anúncio da S&P já esperado e antecipado pelo mercado, mas avaliou a decisão como negativa, pois poderá afastar novos investimentos. "Os investidores tomam em consideração essa classificação de risco nas decisões", afirmou.

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Para o ex-presidente do BC, a mudança na perspectiva do rating da dívida do Brasil de "negativa" para "estável", também anunciada pela S&P, tira o horizonte de um novo rebaixamento em 2014, mas não alivia a pressão sobre o País. "Antes de um possível novo rebaixamento, a S&P deverá observar o desenrolar da política econômica nos próximos meses e nas eleições. Mas não dá para ficar tranquilo, porque é difícil, mas não impossível, um novo rebaixamento sem mudança na perspectiva de rating", concluiu.

Alerta - Como a agência de risco S&P rebaixou a nota de crédito do Brasil para BBB- com perspectiva "estável", em vez de "negativa", a reação do mercado "pode não ser tão dura", afirmou hoje José Márcio Camargo, professor da PUC-Rio e economista-chefe da gestora Opus. Ainda assim, uma depreciação no câmbio e uma elevação nos juros pagos pelas empresas brasileiras nos mercados internacionais deverão ocorrer. "Aumenta o mau humor", comentou José Márcio.

O fato de a nova nota ter perspectiva "estável" é importante porque evita a possibilidade de o Brasil perder o "grau de investimento" num prazo mais curto. "A perspectiva estável garante que haverá mais um alerta antes de perder o grau de investimento", disse José Márcio.

O economista se disse pouco surpreso com a decisão da S&P, dado que já considerava em suas projeções o rebaixamento. Os motivos também não são novidade. As incertezas sobre a política fiscal e os impactos da crise do setor elétrico nas contas públicas são os esperados destaques. Nesse quadro, o problema, segundo José Márcio, é que a meta de superávit primário de 1,9% do PIB, anunciada pelo governo, é muito difícil de ser atingida.

No caso dos efeitos sobre as empresas, o rebaixamento deverá elevar as taxas de juros no mercado internacional para todas as empresas. No entanto, a Petrobras tem um caso "muito específico", dada sua forte relação com o governo. "É muito possível que a Petrobras seja rebaixada", disse José Márcio.

Questão fiscal - Para o economista-chefe do Banco J.Safra e ex-secretário do Tesouro, Carlos Kawall, o rebaixamento do rating do Brasil pela agência de classificação de risco S&P é decorrência da questão fiscal brasileira. Segundo ele, a S&P via o Brasil com "uma situação estruturalmente mais desafiadora do ponto de vista das contas públicas".

Para Kawall, o cenário em que o Brasil cresce menos do que já cresceu, na faixa dos 2%, dificultou uma trajetória fiscal saudável, em função do aumento das despesas. "Isso coloca desafios para a trajetória, já que o País está crescendo menos de que crescia no governo Lula", citou. "Além disso, nos últimos anos tivemos sinalizações de menor comprometimento do governo no cumprimento da meta fiscal."

Apesar de o governo ter anunciado recentemente uma meta fiscal para 2014 considerada "factível" por alguns analistas, com membros da equipe econômica sinalizando maior comprometimento com as contas públicas, Kawall acredita que esta ação foi tardia e não mostrou, para a S&P, uma "mudança qualitativa de postura". "Entre os problemas que chamaram a atenção está também, sem dúvida, a questão do setor elétrico", acrescentou o economista.

No entanto, apesar de a S&P ter rebaixado o rating em moeda estrangeira de longo prazo do Brasil de BBB para BBB-, o País não perdeu o chamado "grau de investimento". Além disso, a perspectiva do rating do País passou de "negativa" para "estável", o que foi bem visto por Kawall. "A decisão tira a dúvida sobre se o downgrade poderia ocorrer com perspectiva negativa. Já sabemos que é estável e que, no curto prazo, não há risco", comentou.

Na prática, diz o economista, a tendência é de que não ocorra novo rebaixamento no curto prazo, o que mantém o Brasil na faixa de grau de investimento e, em tese, minimiza os efeitos negativos sobre o mercado financeiro. Ainda assim, Kawall prevê certo "mau humor" para os mercados amanhã.

 

 

O impacto de um possível reajuste médio de 4,6% nas tarifas de energia elétrica, neste ano, no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode aproximar ainda mais a inflação oficial do teto do regime de metas (6,5%). Caso o repasse chegue ao consumidor, o IPCA de 2014 seria até 0,13 ponto porcentual mais elevado, de acordo com cálculos iniciais feitos por analistas consultados pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. O aumento teria como objetivo bancar gastos R$ 5,6 bilhões maiores que os previstos para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo que arca com a redução das contas de luz, entre outros pagamentos.

Com um eventual aumento de 4,6% na energia, a expectativa dos analistas é de que o item energia elétrica dentro do IPCA atinja uma alta de até 7,50%. Este item tem peso de 2,7% no índice oficial de inflação. A taxa de 7,50% está alinhada à previsão do Banco Central, conforme a última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), de janeiro, quando a taxa de juros subiu de 10% para 10,50% ao ano.

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Os economistas consultados ponderam que a transferência, se acontecer, pode não ser integral ou até mesmo nem atingir o bolso do consumidor. A expectativa é de que o Tesouro Nacional possa dar ajuda extra às distribuidoras de energia, além dos R$ 9 bilhões previstos no Orçamento para a CDE, como afirmou recentemente o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Daremos cobertura para esses problemas, de modo que isso não passe para a tarifa do consumidor final", disse.

A despeito de muitos acreditarem que o repasse das despesas das distribuidoras possa nem chegar ao varejo, alertam que a ausência de chuvas no País pode elevar ainda mais os custos do setor energético.

"Se o preço da energia for reajustado em 4,6%, o impacto no IPCA seria de 13bps (ponto porcentual)", afirmou o economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano. O banco projeta um IPCA de 6,00% no fechamento de 2014 e, com o aumento do preço da energia ao consumidor, o IPCA chegaria a 6,13%.

A Votorantim Corretora calcula um aumento de 0,12 ponto porcentual no IPCA deste ano, caso a conta de luz ao consumidor suba 4,6%. O economista-sênior da instituição, Guilherme Maia, ressalta que o repasse pode ficar ainda maior, dada a situação atual desfavorável em virtude da ausência de chuvas no País. "Se a seca continuar, além do déficit de R$ 5,6 bilhões, poderíamos ter mais uns R$ 15 bilhões", afirmou.

Por enquanto, a corretora mantém a projeção de alta de 6,00% no IPCA de 2014 e de 5,20% para o item energia elétrica, pois acredita que o Tesouro Nacional poderá arcar com o rombo, o que aumentaria a pressão sobre a parte fiscal. Se o aumento chegar ao varejo, a estimativa para o índice oficial de inflação passaria para até 6,20% este ano, conforme a Votorantim. "Se atingir o fiscal, o mercado azeda, afeta o câmbio e, consequentemente, a inflação", afirmou Maia.

A despeito de acreditar que o Tesouro poderá ficar responsável pelas despesas da CDE, Maia ressalta que a recente falta de chuvas poderá gerar novas pressões de alta sobre energia elétrica e também sobre a inflação de alimentos. "As coletas (pesquisas) ainda não retratam impacto da seca sobre os alimentos, mas há um risco considerável de acontecer. Mas o efeito maior (seca) e mais direto seria um preço maior da energia, além do que prevemos (de 5,2%)", ponderou.

A equipe econômica da Tendências Consultoria Integrada elevou a projeção para o item energia elétrica, de 5,5% para 7,5% no âmbito do IPCA de 2014. A estimativa para o índice oficial de inflação, no entanto, permanece em 6,00%. "O IPCA de janeiro (de 0,55%) nos surpreendeu para baixo", justificou a analista Adriana Molinari.

De acordo com Adriana, se o aumento de 4,6% for repassado para a conta de luz, o efeito sobre o IPCA deste ano seria de 0,12 ponto porcentual. Como ainda há dúvidas se o repasse será feito de forma integral, o cálculo da Tendências leva em consideração um aumento de 2,00% para tentar cobrir os custos com energia, "o que resultaria em um IPCA maior em 0,06 ponto porcentual", disse.

A analista da Tendências também partilha da visão do colega da Votorantim Corretora, de que, por enquanto, não é possível precisar o impacto da seca sobre os preços, mas que é preciso ficar atento a eventuais efeitos. "As coletas mostram que os preços dos alimentos in natura, os mais suscetíveis aos efeitos da falta de chuvas, estão em linha com o esperado para esta época do ano. Mas, se avançar (seca persistir), pode ter impacto, sim. No entanto, as pesquisas ainda não incorporam, mas é preciso acompanhar com atenção, especialmente as grandes culturas, como as de cana-de-açúcar, feijão, soja e milho", avaliou.

Selic

As dúvidas relacionadas à questão energética devem levar o Comitê de Política Monetária (Copom) a manter o ritmo de aperto monetário, que começou em abril de 2013, na opinião de Guilherme Maia, da Votorantim Corretora. Segundo ele, o Banco Central, por meio de declarações dos membros da autoridade monetária e de encontros com o mercado financeiro, vem dando sinais de que estaria predisposto a diminuir o ritmo de alta, de 0,50 ponto porcentual para 0,25 ponto, ainda que condicionado ao câmbio. "Essa questão cambial está se confundindo com a questão da energia. É um fator novo que vem ganhando força", disse.

No mercado futuro de juros, há dias comenta-se sobre os eventuais efeitos da ausência de chuvas e de possíveis elevações nos preços dos alimentos e energia. Hoje, as preocupações ganharam força e ajudaram a sustentar as taxas domésticas em alta.

A inflação no próximo ano vai superar a de 2013, de acordo com projeções de instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC). A estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para este ano é 5,73%, após duas altas consecutivas na expectativa. Para 2014, a projeção é 5,98%, na terceira alta seguida. No ano passado, a inflação ficou em 5,84%.

Essas projeções, atualizadas todas as semanas, estão acima do centro da meta de inflação, de 4,5%, e abaixo do limite superior de 6,5%. É função do BC fazer com que a inflação convirja para o centro da meta.

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Entretanto, no dia 20, ao divulgar o Relatório de Inflação, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, disse que o cenário mais provável da instituição não aponta a inflação no centro da meta em 2013 e nos próximos anos. “O cenário mais provável não aponta essa convergência, o que não implica que não seja possível. São coisas distintas. A convergência pode se tornar mais provável mais adiante, na medida em que a economia começar a responder às ações que foram tomadas”, acrescentou.

No Relatório de Inflação, o BC prevê que o IPCA vai ficar em 5,8%, este ano. Para 2014, a estimativa para a inflação é 5,6% e, para 2015, 5,4%.

Um dos instrumentos usados pelo BC para influenciar a atividade econômica e, por consequência, a inflação, é a taxa básica de juros, a Selic. Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida e isso gera reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

O diretor lembrou que, neste ano, a Selic foi ajustada em 2,75 pontos percentuais e os efeitos desses aumentos levam tempo para aparecer. Atualmente, a Selic está 10% ao ano. Para as instituições financeiras, ao final de 2014, a Selic estará em 10,5% ao ano.

A estimativa para o crescimento da economia (Produto Interno Bruto – PIB) foi mantida em 2,30%, este ano, com expectativa de expansão menor em 2014 (2%).

A expectativa para a cotação do dólar foi mantida em R$ 2,34, este ano, e em R$ 2,45, no fim de 2014.

A consultoria Rosenberg & Associados estima que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve acelerar da taxa de 0,54% registrada no mês de novembro, anunciada nesta sexta-feira (6), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para 0,81% em dezembro. O economista Fernando Parmagnani justificou a projeção de avanço do índice dizendo que, no próximo mês, entrará na conta o reajuste de combustíveis anunciado pela Petrobras no dia 29 de novembro. "Isso pode adicionar 0,11 ponto porcentual no IPCA", disse.

Parmagnani observou que dezembro deve ser impactado pelos reajustes de energia elétrica, água e esgoto, além do cigarro. O economista disse ainda que os grupos Vestuário e Alimentação devem acelerar em razão da sazonalidade de fim de ano. "Por questão de safra, também pode haver impacto maior do etanol no índice de inflação." A Rosenberg esperava alta de 0,59% do IPCA em novembro, ante o 0,54% divulgado pelo IBGE. Parmagnani destacou a queda do grupo Alimentação, de 1,03% em outubro para 0,56% em novembro. "No caso das carnes, a taxa de variação recuou de 3,17% para 0,92% entre os dois períodos." A Rosenberg espera que o IPCA encerre 2013 em 5,8%.

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Já para a economista e sócia da consultoria Tendências, Alessandra Ribeiro, a queda no preço dos alimentos em novembro foi uma surpresa e deve impactar nas estimativas para a inflação de dezembro e também do fechamento de 2013. "Ainda estamos com a projeção de 0,76% para dezembro e de 5,8% para o fim do ano, mas devemos dar uma lapidada para baixo nas projeções para mês e para o ano", afirmou. A consultoria esperava alta de 0,60%.

A principal diferença veio da alimentação em domicílio, diz ela. "Dentro de alimentação em domicílio tivemos alguns movimentos mais intensos de desaceleração, como carnes, que passou para 0,92%. No IPCA-15 tinha sido de 2,34% e em outubro os preços haviam registrado alta de 3,17%. Foi uma boa desaceleração, mais forte de que imaginávamos", disse.

Para dezembro, segundo Alessandra, a projeção de 0,76% leva em conta o reajuste nos combustíveis e também a possibilidade de aumento no preço no cigarro. "Já houve reajuste do cigarro na região Norte, Nordeste, Centro-Oeste e no Rio de Janeiro. Estamos esperando o reajuste para São Paulo. É um peso importante que faz toda diferença para dezembro", explicou.

A economista destacou ainda que chama atenção o índice de difusão do IPCA, que ainda é alto. Ou seja, a disseminação da alta dos preços dentro dos itens do IPCA. "A pressão dos preços é generalizada, o que é ruim. Ainda que o resultado de novembro tenha vindo um pouco abaixo do esperado, o índice de difusão gera um pouco de desconforto para o início de 2014", afirmou. Em novembro, o índice de difusão foi de 68,2%, contra 67,7% em outubro.

Alessandra ressaltou que a inflação de serviços ainda se mantém em um nível elevado e pressiona negativamente os preços para o ano que vem. "A inflação de serviços, com exceção de passagem área, que é muito volátil, está resistindo. Terminou 2012 em 8,4% e agora, em 12 meses, está em 8,5%", disse. Segundo ela, os preços dos serviços mostram força ainda. "Parou de subir, mas ainda está num patamar alto. É um motivo de desconforto e ajuda a entrarmos 2014 com um quadro não muito favorável", reforçou. Para 2014, a consultoria ainda trabalha com expectativa de inflação de 6%.

A poucas horas do início da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed), a palavra de ordem no mercado financeiro europeu é cautela. Mesmo diante da reação positiva vista na segunda-feira, 16, com o anúncio da saída de Lawrence Summers da disputa pela presidência do banco central dos Estados Unidos, investidores voltam a pisar no freio diante da reunião do Fed, que pode anunciar o início da retirada dos estímulos monetários à maior economia do mundo. Nem mesmo a forte melhora da confiança na economia alemã é capaz de diminuir a cautela no pregão e as principais bolsas da Europa operam em queda.

Na segunda-feira, 16, o mercado financeiro subiu em reação à decisão de Summers, um ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, de retirar sua candidatura para a presidência do Fed. Para analistas, Summers era um candidato que poderia retirar os estímulos monetários em ritmo mais acelerado que os demais nomes cogitados para substituir Ben Bernanke. Por isso, a desistência do ex-secretário do Tesouro trouxe alívio a muitos investidores.

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Mesmo com esse alívio, a cautela prevalece porque começa mais tarde e termina na quarta-feira, 18, a reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). Economistas apostam que, nesse encontro, o BC dos EUA deve anunciar a diminuição do ritmo da injeção de dinheiro no mercado. Para tentar ajudar a economia, o Fed compra atualmente US$ 85 bilhões em títulos de dívida que estão na mão dos bancos. Com essa operação, o BC injeta dinheiro na economia com o objetivo de tentar incentivar a atividade com a oferta de mais crédito via bancos.

Para boa parte dos analistas, esse programa deve começar a ser desmontado com a diminuição das compras mensais em cerca de US$ 10 bilhões. Mesmo com essa expectativa compartilhada por muitos agentes, há pouca certeza sobre como será a reação do mercado financeiro à diminuição da oferta de dinheiro fácil.

"O efeito positivo gerado por Summers desapareceu rapidamente. Muitos investidores parecem não ter muita certeza de que Janet Yellen (atual vice-presidente do Fed) vai ficar com o cargo de Ben Bernanke e algumas pessoas começam a afirmar até que o ex-presidente do Banco de Israel, Stanley Fisher, poderia estar na corrida", dizem os analistas da corretora IronFX em relatório aos clientes, ao comentar que a saída de Summers da disputa poderia adicionar alguma incerteza com relação ao perfil dos concorrentes.

Na Europa, o noticiário da manhã foi positivo. Na Alemanha, o índice de expectativa econômica medido pelo instituto ZEW subiu de 42 em agosto para 49,6 em setembro. O número superou largamente a expectativa do mercado que previa alta para 46. "O número atingiu o patamar mais elevado desde abril de 2010 e a pesquisa mostra que os entrevistados estão mais otimistas com as perspectivas para a economia alemã e também com o ritmo do restante da atividade na zona do euro. A pesquisa ZEW é um dos primeiros dados relativos ao mês de setembro. Esperamos ver uma melhora ampla em todos os indicadores do mês, incluindo o índice gerente de compras e o clima de negócios IFO", diz a economista do BNP Paribas Evelyn Herrmann.

Apesar da boa notícia vinda da Alemanha, números sobre o setor automobilístico mostram que os problemas persistem no continente. Levantamento da Associação das Montadoras Europeias (ACEA, na sigla em inglês) mostra que a venda de veículos caiu 5% em agosto na comparação com igual mês de 2012. De janeiro a agosto de 2013, o emplacamento de carros novos diminuiu 5,2% na comparação com igual período do ano passado, para 7,841 milhões de veículos. Esse é o pior período de oito meses já registrado pela entidade na série histórica iniciada em 1990.

Às 7h40 (pelo horário de Brasília), os principais mercados europeus operavam em queda à espera do Fed: Londres recuava 0,37%, Frankfurt cedia 0,21%, Paris registrava queda de 0,33% e Madri caía 0,63%. No mercado de moedas, o euro subia e era negociado a US$ 1,3361. O iene registrava ligeira queda e o dólar valia 99,11. A libra, por sua vez, operava praticamente estável, a US$ 1,5897.

O anúncio da ampla ação do Banco Central (BC) do Brasil para tentar conter a sangria do real conseguiu conter a desvalorização da moeda brasileira na manhã desta sexta-feira, 23. Analistas internacionais acompanham a reação do mercado com atenção, mas há dúvidas se o montante de até US$ 60 bilhões será suficiente para fazer frente ao movimento do mercado. Outros países como a Índia e Turquia também anunciaram medidas nos últimos dias.

"Moedas emergentes parecem querer fazer uma pausa após a forte queda observada durante a semana. Enquanto os bancos centrais emergentes estão preocupados com o futuro, especialmente o fim dos estímulos norte-americanos, Índia, Turquia e agora o Brasil anunciam programas de intervenção para dar suporte às moedas", diz a analista do suíço Swissquote Bank, Ipek Ozkardeskaya, em nota aos clientes.

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A economista do banco suíço de médio porte que atua no segmento de moedas emergentes diz ter dúvidas, porém, se a magnitude da ação anunciada ontem à noite será suficiente para proteger o real. Ao comentar que o programa separa US$ 3 bilhões por semana, a economista diz que a pressão sobre divisas emergentes deverá continuar nos próximos meses e, por isso, diz não saber se é a hora de comprar reais.

"A despeito da forte pressão de venda esperada para os próximos meses nos mercados emergentes, será que estamos na hora certa para sair do México (e ir para o Brasil)? Ou o BC do Brasil continuará impotente nessa batalha para proteger o real contra o momento do mercado", questiona a economista, que, por enquanto, prefere permanecer com as posições no mercado mexicano.

Também há cautela no EverBank, outro banco de nicho que também atua em moedas emergentes. Para o vice-presidente de mercados emergentes da casa, Chuck Butler, a decisão do governo brasileiro pode ser considerada uma surpresa. "O BC do Brasil anunciou uma intervenção de até US$ 60 bilhões em um esforço para conter a queda do real. É como mudar os cavalos no meio da travessia do rio, já que não faz muito tempo que o mesmo BC estava vendendo reais para enfraquecê-lo", lembra.

"Mas não sei se os US$ 60 bilhões serão suficientes. Isso, na verdade, só mostra que as duas instituições, o BC e governo brasileiro, estão juntas no esforço e não ficarão sentadas à espera de uma reação da moeda", diz o vice-presidente do banco em e-mail aos investidores.

Para Butler, será especialmente importante observar a reação do mercado no Brasil porque, para ela, a medida pode ter implicações em outros países. "Se funcionar, acho que outros emergentes, como Colômbia, México, Índia e Turquia, seriam beneficiados. Particularmente, não gosto de intervenções de bancos centrais, mas acho que, como o BC participou das ações passadas que enfraqueceram o real, acho que agora eles têm que encontrar maneiras de reverter o quadro", diz.

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