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Na última sexta (19), o Abril pro Rock promoveu um momento inédito na história do festival. Em uma noite com atrações exclusivamente femininas, o evento recebeu a apresentação da banda russa Pussy Riot, vindo pela primeira vez ao país. Conhecidas pelo ativismo político, elas receberam Mônica Benício, viúva da ex-vereadora Marielle Franco, e questionaram sobre sua morte no palco.

Vestidas com uma camiseta com a pergunta "Who Killed Marielle Franco" (Quem matou Marielle Franco), as integrantes do Pussy Riot convidaram Mônica Benício para compartilhar uma fala durante seu show. Também com camiseta que perguntava sobre a morte de sua ex-companheira, Mônica disse: "Eles combinaram de nos matar, mas nós combinamos de não morrer". Ela também gritou o nome de Marielle ao que o público respondeu em coro: "Justiça".

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Após o show, Nadya Tolokonnikova, líder das Pussy Riot, falou sobre a presença de Mônica no show delas, no Recife e elogiou sua postura: "Monica é mais que maravilhosa. Como alguém não ia querer ser ativista quando você tem a chance de estar perto de pessoas como ela?".

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O auditório da Escola Pública Sagrado Coração de Jesus, localizada no Amaro Branco, Olinda, irá receber o evento “A Mulher Negra na Cultura: o ativismo como estratégia de resistência”, às 14h, nesta quinta (28). O evento faz alusão ao dia Internacional da Mulher, 8 de março, e pelo Dia da Eliminação da Discriminação Racial, 21 de março.

O evento promete em sua programação diversas atividades como palestras, apresentações culturais, recital de poesias, roda de diálogo, lançamento de livro, entre outros. A realização do evento é da Prefeitura de Olinda e Governo do Estado, através da Secretária Executiva da Mulher e Direitos Humanos, Coordenadoria de Igualdade Racial de Olinda e Comitê das Mulheres Negras Metropolitanas de Pernambuco.

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Serviço

“A Mulher Negra na Cultura: o ativismo como estratégia de resistência”

28 de março | 14h

Audutório da Escola Pública Sagrado Coração de Jesus ( R. Frei Afonso Maria, 199 - Amaro Branco, Olinda – PE)

Autor do pedido de criação de uma CPI para investigar denúncias envolvendo membros de tribunais superiores, o senador Alessandro Vieira (PPS-SE) disse ao jornal O Estado de S. Paulo que houve pressão de ministros do Supremo Tribunal Federal para que seus colegas retirassem suas assinaturas.

Reportagem do Estado mostra que ministros STF atuaram nos bastidores, durante o fim de semana, para que o Senado recuasse da abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o "ativismo judicial" em tribunais superiores. Apelidada de "Lava Toga", a CPI foi enterrada após três senadores retirarem o apoio.

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Como o sr. recebeu a retirada das assinaturas?

Não conversei com os dois (os senadores Tasso Jereissati e Kátia Abreu) sobre os motivos. Vou conversar. Quem tem de se preocupar com isso são os eleitores deles.

A que o sr. atribui esse recuo?

Recebo com uma certa naturalidade, uma vez que havia uma pressão muito grande contra a concretização da CPI.

O sr. considera que o Supremo é uma caixa-preta?

Alguns setores do STF configuram, sem dúvida, o que se denomina caixa-preta.

Acha que houve pressão do Judiciário pela retirada das assinaturas, com o argumento de que isso poderia abrir uma guerra entre os Poderes?

A pressão de alguns ministros aconteceu e ela foi ostensiva. Houve ameaça de retaliação em relação ao plano econômico, de uma crise institucional.

Os críticos da CPI dizem que seria uma vingança contra o ministro Dias Toffoli por ter derrubado o voto aberto.

Não tem cabimento nenhum essa alegação. Não tenho vinculação com nenhum tipo de grupo político. A proposta é uma demanda da sociedade.

Acredita que a CPI pode abrir uma guerra entre os Poderes?

A democracia foi suficientemente testada. O Brasil passou dessa fase, mas existem pessoas que tentam se aproveitar desse tipo de ameaça para manter seus privilégios.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O senador Delegado Alessandro Vieira (PPS-SE) protocolou nesta quinta-feira, 7, um pedido de abertura de comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar o "ativismo judicial" de tribunais superiores do País. O parlamentar já coletou as 27 assinaturas necessárias e, agora, o pedido passará por uma análise da Secretaria-Geral da Casa. Em seguida, a CPI depende da leitura da Mesa Diretora do Senado, durante sessão deliberativa, para ser instalada.

No pedido, o parlamentar resume o motivo da CPI: "investigar o exercício exacerbado de suas atribuições por parte de membros dos Tribunais Superiores do País". No pedido, o parlamentar diz que a Justiça brasileira convive com "decisões contraditórias" para "casos idênticos", que, segundo ele, "parecem flutuar conforme a conveniência do julgador".

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Ele falou sobre o assunto também no Plenário. Segundo Alessandro Vieira, o "objetivo é abrir a caixa-preta desse Poder que segue intocado". "O único que segue intocado na esfera da democracia brasileira. E só existe democracia quando a transparência chega a todos os lugares. A democracia não pode ser seletiva. As câmaras, as assembleias legislativas, os palácios do Executivo, este Congresso Nacional, já sentiram os efeitos da transparência e das investigações claras, feitas tecnicamente. Os resultados estão consubstanciados realmente em todo o Brasil", afirmou.

O pedido, no entanto, precisa possuir um "fato determinado", ou seja, uma razão objetiva que justifique a abertura da CPI. Isso deve ser analisado antes da leitura em sessão deliberativa. Ao jornal O Estado de S. Paulo, o ministro Marco Aurélio Mello chamou atenção justamente para esse aspecto. "A Constituição é clara e precisa ao exigir que haja um fato determinado. Qual é o fato determinado? São coisas muito genéricas. CPI pressupõe algo concreto. Ou seja, como está na Constituição, fato determinado. E qual é o fato? Já que se tem um leque de matérias? Não vejo como retaliação, vejo como busca de serviço por integrantes das duas casas. [O Judiciário vai se intimidar?] Não, de forma alguma. Por isso a cadeira é vitalícia", disse.

Texto da CPI

No pedido em que justifica sua intenção, o senador cita alguns casos envolvendo diretamente ministros do Supremo Tribunal Federal, tal como "os entendimentos díspares anotados primeiro pelo Ministro Marco Aurélio e depois pelo Ministro Alexandre de Moraes no que toca à determinação para que a Câmara dos Deputados desse continuidade à tramitação de pedidos de Impeachment contra o ex-Presidente Michel Temer", escreveu.

Outro exemplo mencionado pelo senado foi "a concessão do benefício de prisão domiciliar à mulher do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral" e "a suspensão de depoimentos e a concessão de ordem para a liberdade do empresário Jacob Barata Filho em decisões prolatadas por julgador que tem relação pessoal com o beneficiado".

Por último, ele relembra a polêmica mais recente do Senado Federal, quando o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, decidiu que a eleição interna da Casa fosse realizada por votação secreta, mesmo depois de o Plenário decidir, por maioria, que o pleito seria decidido com voto aberto.

"Decisão proferida às 03:45 da manhã interferindo em matéria interna corporis do Senado Federal, ignorando o que preceituam os artigos 59, 60 e 401 do Regimento Interno, para que a eleição de seu presidente fosse por voto fechado, em beneplácito a pedido feito pelos partidos MDB e Solidariedade, parecem fazer ressurgir o Poder Moderador e distanciar o Judiciário de sua função interpretativa e imparcial", justificou.

No pedido, o senador ainda condena essa ativismo por parte de tribunais superiores. "Não deveria haver lugar para ideologias, paixões ou vontades no Judiciário, contudo, fato é que o País tem testemunhado com preocupante freqüência a prevalência de decisões judiciais movidas por indisfarçável ativismo político, muitas vezes ao arrepio da própria Constituição", argumenta.

Estrutura

Se instalada, a CPI deverá ser composta por dez titulares e seis suplentes, podendo trabalhar por até 120 dias, com limite orçamentário de R$ 30 mil. Para a instalação da CPI, o requerimento deve ser lido em Plenário em sessão deliberativa. O requerimento destaca ainda que "não se trata de perquirir as atribuições do Poder Judiciário, mas sim de investigar condutas que extrapolem o exercício regular dessas competências".

Um homem que realizou um ataque hacker contra duas organizações de saúde em nome do grupo Anonymous foi condenado nesta quinta-feira (10) a mais de 10 anos de prisão. Martin Gottesfeld foi considerado culpado por invadir a rede de um hospital para protestar contra o tratamento de uma adolescente.

Ele alega que não cometeu nenhum crime enquanto tentava salvar a vida de Justina Pelletier, que havia sido levada sob custódia do estado depois que uma disputa sobre o seu diagnóstico surgiu entre seus pais e o Hospital Infantil de Boston.

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A adolescente já havia sido diagnosticada com doença mitocondrial, mas o hospital determinou que seus problemas de saúde eram de natureza psiquiátrica e acreditava que seus pais estavam interferindo em seu tratamento.

Gottesfeld, que discordou do diagnóstico do hospital, começou a advogar online por sua libertação, disseram os promotores. Em março de 2014, ele usou uma rede de mais de 40 mil roteadores para realizar um ataque contra uma unidade de tratamento residencial onde Pelletier era residente.

Em abril do mesmo ano, Gottesfeld lançou outro ataque em nome do Anonymous que interrompeu a rede do Hospital Infantil de Boston por duas semanas. Ao receber a sentença nesta semana, Gottesfeld disse que não se arrependia e planejava apelar. Além de seus 121 meses de prisão, Gottesfeld também deve pagar quase US$ 443 mil em indenizações.

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Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificaram que há um ativismo entre as mulheres, mães de crianças com microcefalia em decorrência do Zika vírus, em busca do fortalecimento e solidariedade mútuos. Também pretendem assim reivindicar o comprometimento do Poder Público e compartilhar informações entre elas.

A antropóloga Soraya Fleischer, da Universidade de Brasília, destacou que um dos principais resultados da pesquisa desenvolvida com as mães no Recife é a identificação de um intenso processo de “empoderamento” dessas mulheres como cidadãs, diante da burocracia de diferentes esferas do Estado e de instituições do mundo privado.

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“Acompanhamos essas mulheres interpelando o Estado, a Justiça, as secretarias de Saúde, assistência social, de deficiência, de transporte. Vemos essas mulheres também percorrendo muitas instituições de saúde e aprendendo como percorrê-las, como marcar uma consulta, como manter uma relação de acompanhamento, todo mês tem uma consulta, tem todo um aprendizado, uma alfabetização no jargão médico, para entender termos, diagnósticos, números, interpretar exames.”

Só no Recife e na região metropolitana existem pelos menos quatro grandes grupos de mães de bebês com microcefalia e outras mulheres, geralmente de classe mais alta, que se associam a elas por voluntarismo, filantropia e empatia com a causa.

“O que começa com um desabafo depois passa para trocas cada vez mais especializadas sobre o que os seus filhos estão vivendo. Essas mulheres vão se reunindo, se identificando e criando coletivos políticos. É muito interessante esse processo de politização, associativismo que elas têm amadurecido e, claro, advocacy, a pressão política em cima dos órgãos responsáveis. E elas tem muito mais força quando fazem esse acionamento da pressão por grupo”, afirmou Soraya Fleisher.

Prevenção

Com a proximidade do verão, os pesquisadores se preocupam com a indefinição de como o vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, deve se comportar. No caso da dengue, também transmitida pelo mosquito, os especialistas já sabem que há um ciclo epidêmico a cada dois anos.

Segundo o Ministério da Saúde, em 2015 foram registrados pouco mais de 37 mil casos prováveis de doença aguda pelo Zika. Em 2016, o número de casos ultrapassou 215,3 mil e em 2017 caiu para 17,5 mil.

Em 2018, até o fim de outubro foram registrados 7.544 casos, com taxa de incidência de 3,6 casos por 100 mil habitantes. Desse total, mais de 3,3 mil (43,8 %) casos foram confirmados.

De 2015 a 2017, o ministério recebeu a notificação de 12 óbitos por febre provocada pelo Zika e confirmou que pelo menos 345 bebês diagnosticados com microcefalia ou outras sequelas do Zika morreram desde 2015. Pelos menos 158 casos de óbitos estavam em investigação até o mês passado.

Nordeste

Inicialmente, a epidemia do Zika atingiu com mais força a Região Nordeste do país. Dados mais recentes do Ministério da Saúde mostram que a doença agora tem sido registrada com mais frequência nas regiões Centro-Oeste e Sudeste.

Especialistas ressaltam que a indefinição de quando e onde poderá ocorrer novo surto não é acompanhada por ações estruturais de prevenção por parte do Estado, nem das pessoas.

“Esse é o grande desafio das arboviroses, fora do período epidêmico sai da mídia, ninguém fala mais no assunto, o recurso para a gente captar para pesquisa também reflui, porque já não está tendo tanta visibilidade. As mulheres grávidas já não percebem o risco da doença, então, são desafios grandes e há muita pergunta para ser respondida”, comenta Tereza Lyra, da Fiocruz.

A pesquisadora destaca que muitas vezes as políticas de prevenção são focadas no discurso do cuidado individual, como a recomendação para que as mulheres usem repelentes e roupas que protejam o corpo, ou deixem de morar nas áreas mais vulneráveis, onde as pessoas acumulam água para sobreviver e existem muitos focos para o mosquito.

 “Uma fala de uma mulher para mim é bem marcante: um determinado profissional de saúde disse a ela ‘mas, quem mandou você morar onde tem mosquito?’", contou a pesquisadora. “Veja a carga de violência simbólica que essa frase carrega, ‘você é culpada por seu filho ter Zika’."

Transmissão

Considerando que o vírus também é transmitido por relações sexuais, outro ponto de prevenção destacado pelos estudiosos é o investimento em planejamento familiar. Os dados revelam que a maioria das entrevistadas engravidou sem planejamento e continua não se prevenindo.

De acordo com a pesquisa da Fiocruz, muitas mães relatam que são acompanhadas pelas unidades de Saúde da Família, no entanto, não são devidamente aconselhadas sobre como devem usar os contraceptivos disponíveis na rede pública, como pílulas, camisinha e o dispositivo intrauterino (DIU).

“Teve uma mulher que relatou pra gente que criança com Zika era o quarto filho dela. Disse que em todas as gestações ela engravidou usando contraceptivo. Quando a gente foi vendo, ela usava totalmente errado. Em nenhum momento, foi explicado o uso correto do anticoncepcional, aí, para ela, esse produto não serve para nada.”

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RIO DE JANEIRO - O Circo Voador, na Lapa, recebe na noite desta quinta-feira (26) o evento Marielle Gigante, em homenagem à vereadora do PSOL assassinada no dia 14 de março, no Centro do Rio. Idealizado por quatro coletivos que atuam na luta por direitos do povo negro, mulheres negras, LGBTs, favelados e periféricos, o evento pretende rememorar a vida e trajetória da parlamentar, reconhecida pela árdua dedicação e luta pelos direitos humanos.

A noite contará com shows e apresentações de diversos artistas, como Planet Hemp, Flora Matos, Marcelo Yuka, Bloco Apafunk, o rapper BK, Poetas Favelados, entre outros. A venda dos ingressos será revertida para quatro organizações sociais que eram apoiadas por Marielle: os coletivos Fala Akari, Casa das Pretas, Maré Vive e o Pré-Vestibular Comunitário do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré. 

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Uma das presenças que não pode ser confirmada é a da ativista Buba Aguiar, da Favela de Acari, na Zona Norte do Rio. Como defensora de direitos humanos, Buba já sofreu um sequestro e outras ameaças por denunciar ações truculentas de policiais do 41º Batalhão, ao qual atribuiu o epíteto de "Batalhão da Morte". Desde o assassinato de Marielle Franco (PSOL), a ativista Buba Aguiar segue protocolos de segurança e se mantém afastada de casa. Foto: Marcio Pimentel/AFP (CEASM).

A denúncia feita pelo Coletivo fala Akari, do qual Buba faz parte, foi ecoada por Marielle nas redes sociais, quatro dias antes de ser friamente executada. A parlamentar escreveu:     Desde de Marielle Franco (PSOL), a ativista Buba Aguiar segue protocolos de segurança e se mantém afastada de casa. Foto: Marcio Pimentel/AFP

"Precisamos gritar para que todos saibam o está acontecendo em Acari nesse momento. O 41° Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari. Nessa semana, dois jovens foram mortos e jogados em um valão. Hoje a polícia andou pelas ruas ameaçando moradores. Acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior. Compartilhem essa imagem nas suas linhas do tempo e na capa do perfil!"  

Desde aquela noite de 14 de março, a rotina da ativista ficou completamente conturbada. "Não consigo ir para a faculdade. Também estou afastada do meu trabalho. Minha militância também foi alterada, não posso dizer onde vou estar, nem quando e nem que horas", desabafou.

Seguindo protocolos de segurança, Buba Aguiar concedeu uma entrevista ao LeiaJá, onde falou sobre ativismo e as ameaças que sofre, a situação na Favela de Acari após o crime e o evento desta quinta-feira, que homenageia a vereadora.

Como você tem seguido a vida após a morte de Marielle Franco? De que modo esse crime bárbaro afetou a sua rotina? 

Buba Aguiar: Eu já tinha algumas restrições como, por exemplo, evitar chegar tarde na favela, porque do metrô até a entrada principal de Acari já era um trajeto onde eu corria risco, inclusive foi fazendo esse percurso que fui sequestrada por policiais em 2016. Eu já estava sondando a possibilidade de passar um tempo fora de Acari, uma espécie de planejamento, ficar alguns dias lá e alguns outros dias em algum outro bairro. Então essa questão é bem anterior à morte da Marielle, mas obviamente, quando ocorre a execução de Marielle, a gente (do coletivo) se pega sem saber o que poderia vir. Não sabíamos se no dia seguinte haveria alguma operação grande ou não. Então, o indicado foi que eu saísse, e não apenas eu. E desde então minha vida está uma bagunça. Não consigo ir para a faculdade. Também estou afastada do meu trabalho. Minha militância também foi alterada, não posso dizer onde vou estar, nem quando e nem que horas.

O que Marielle representava para você?

BA: Não só para mim, mas para muitas outras pessoas, a Marielle era, é, uma representatividade forte. Nosso tipo de atuação era muito diferente, inclusive já tivemos posicionamentos diferentes, mas Marielle sempre se mostrou uma aliada política muito importante. Afinal, lutamos pelos direitos do nosso povo, incluindo a humanização do povo negro. Pelo reconhecimento da nossa cultura perante a sociedade. Contra o genocídio do nosso povo.

Você ainda se sente ameaçada pelos PMs do "Batalhão da Morte", mesmo a Polícia Civil tratando milicianos como os principais suspeitos pela morte de vereadora? Que tipo de ameaças você já recebeu desde que começou a denunciar os PMs do batalhão?

BA: Bom, como falei antes, as ameaças ocorrem há muitos anos, e num certo momento foram concretizadas com invasões à minha casa, fuzil na minha testa, apreensão ilegal de materiais políticos como panfletos, faixas e afins, danificação de móveis e eletrônicos e o mais grave foi o sequestro que falei acima. Sabemos que muitos policiais militares atuam em milícias, então, eu fico apreensiva de qualquer forma. Porém, tem um agravante que perpassa a morte da Marielle: nós conseguimos fazer o mundo observar a atuação do Batalhão da Morte, principalmente em Acari, tanto que desde então esse batalhão não realizou nenhuma operação oficial lá, porque sabem que violações de direitos irão ocorrer e serão denunciadas com um rigor muito maior. Com isso, nós, militantes locais, nos tornamos, ainda mais, um alvo principal deles para quando essa poeira abaixar. Então, te respondendo com mais firmeza: sim, ainda me sinto em risco por conta das inúmeras ameaças que já recebi de policiais do batalhão da morte.

Como está o clima em Acari após o que houve com Marielle? Você continua afastada da comunidade? 

BA: O clima em Acari está uma espécie de sossego frágil. Pois, com todo mundo em cima do 41º BPM, as operações deram um tempo, mas não sabemos até quando. E com a intervenção federal militar essa fragilidade aumenta. 

Como se dá a sua atuação em defesa dos direitos humanos? Esse trabalho foi afetado após o crime?

BA: Eu não sou mártir, mártires morrem cedo. E por mais que eu saiba que realmente corro grande risco sendo militante e atuando da forma que atuo, de forma mais direta, batendo de frente, tirando policiais sem ordem judicial de dentro da casa de moradores e desarticulando cárceres privados, por exemplo, não me permito parar até porque é isso que eles querem, querem que eu aceite calada e de cabeça baixa todo sofrimento que tentam impor. A partir do momento que me rebelo, grito contra tudo isso e boto o dedo na cara do estado, vem a perseguição, que nada mais é do que uma forma autoritária de tentar nos silenciar, mas isso não vai acontecer, nem me matando. Obviamente, ando com muitas restrições, às vezes preciso deixar de ir a algum evento porque a movimentação está estranha, evitar ter uma rotina (como se eu conseguisse criar rotina com tudo do jeito que está, né), recusar certas mesas de debates, tive de desmarcar algumas consultas médicas por serem profissionais que já me acompanham há um tempo. É como se minha vida estivesse parada sem estar, porque eu continuo atuando, ligada no 220, ajudando familiares de vítimas de violência do estado, organizando evento, escrevendo, aí na resistência. Não vão me frear. 

Qual a sua relação com o Coletivo Fala Akari? Que tipo de papel a organização desempenha?

BA: Sou uma integrante do Coletivo Fala Akari. O coletivo é formado por mulheres negras faveladas. É um coletivo horizontal, não tem uma de nós que seja líder do coletivo. Como qualquer grupo de pessoas, cada uma tem a sua personalidade e também seu modo de atuação, o que é bom, que reafirma nossa horizontalidade e pluralidade na militância. Nós desempenhamos vários papéis, fazemos trabalho de comunicação comunitária, trabalhos culturais e educacionais, ajudamos a montar dois pré-vestibulares maravilhosos, já organizamos uma audiência pública comunitária para denunciar publicamente a violência policial, rodas de conversas sobre política, até festa de São Cosme e São Damião nós já organizamos por ser uma das formas de resgatar a cultura de matriz africana. O bom é perceber que esse nosso trabalho, que chamamos de trabalho de base, dá muito certo. Hoje em dia temos a confiança dos moradores, eles conhecem e reconhecem nosso trabalho, a importância desse trabalho e a importância deles contribuírem também para que a gente possa continuar tudo isso.  

Você e o coletivo têm recebido algum tipo de proteção do Estado? Ou, continua adotando apenas 'protocolos de segurança'? 

BA: A única coisa que recebemos do estado é bala de fuzil e caveirão. Sinceramente, não sei como seria receber uma suposta proteção de quem quer me matar. Continuo, sim, em protocolo de segurança e meio que sem previsão de voltar para minha casa. 

Qual o principal objetivo do evento que será realizado no Circo Voador? Ele já vinha sendo planejado ou é uma resposta ao que aconteceu à vereadora? 

BA: O objetivo do evento é reafirmar a importância de Marielle Franco e toda a luta que travou em vida e que continuamos travando após a sua execução política. Mostrar que, apesar de tudo, apesar de nosso sangue continuar sendo derramado, apesar das perseguições, continuaremos na luta. Esse evento já estava sendo pensado há um tempo, porém com tudo que ocorreu, com intervenção após o carnaval, com a execução da Marielle, do Anderson, dos meninos de Maricá e com o alto número de mortes de defensores de direitos humanos no Brasil, resolvemos reformular o evento da forma que estava sendo pensada anteriormente.

O Maroon 5 se tornou nesta sexta-feira a última banda a cancelar shows na Carolina do Norte em resposta a uma lei que obriga transgêneros a usarem o banheiro que corresponde a seu sexo de nascimento.

O grupo, conhecido pelos sucessos como "Moves Like Jagger" e "Makes Me Wonder", cancelou shows marcados para setembro em Raleigh, a capital deste estado do leste dos Estados Unidos, e em sua cidade mais populosa, Charlotte.

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"Não queremos castigar nossos fãs da Carolina do Norte ao não nos apresentarmos, mas no fim o que importa é o que sentimos ser moralmente correto, POIS ACREDITAMOS QUE TODOS DEVEM SER TRATADOS IGUALMENTE", disse a banda em seu site na internet.

Ativistas dos direitos civis lançaram uma campanha desde que foi aprovada na Carolina do Norte uma lei, conhecida como HB2, que exige que as pessoas transgênero usem o banheiro que corresponda ao seu sexo de nascimento, e não aquele do gênero com o qual se identificam.

O lendário roqueiro Bruce Springsteen iniciou o boicote contra o estado e logo foi seguido por grupos e artistas como Pearl Jam, Ringo Starr, Itzhak Perlman e o Cirque du Soleil.

Outros artistas escolheram não cancelar seus shows, mas entregarem doações a ativistas que se opõem à lei. Entre estes se incluem a cantora Beyoncé, a banda Mumford and Sons e a estrela pop dos anos 1980 Cyndi Lauper.

Em meio ao crescente debate sobre os direitos das pessoas transgênero, o presidente americano, Barack Obama, ordenou a todas as escolas do país permitir que seus estudantes usem o banheiro no qual irão se sentir mais confortáveis.

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Transexual. Ativista. Negra. Mulher. Robeyoncé, no auge dos seus 27 anos, afirma que sua maior luta é em prol da causa LGBT. Com sua aprovação inédita no 18º Exame de Ordem Unificado da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a jovem dedicou sua aprovação. “Não é uma vitória somente minha, mas de todas as trans e de toda a comunidade LGBT”, disse.

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Ela também afirmou que sentiu sua privacidade invadida. “Mas, se eu tiver que escolher entre ter a minha privacidade e lutar pelos direitos LBGT, eu prefiro lutar pelos direitos LGBT”, afirmou.

Nesta semana, Pernambuco soube da primeira aprovação na história no Exame da OAB. Robeyoncé Lima está no seleto grupo das pessoas que obtêm êxito na prova. A média é de que 17,5% dos candidatos que prestam o Exame são aprovados.

Para sua aprovação, Robeyoncé disse que se dedicou intensamente durante apenas 15 dias, mas que seu gosto pelos estudos vem desde quando era pequena, em decorrência do isolamento que sofreu. “As crianças não queriam brincar comigo, nunca tinha lugar para mim nas brincadeiras. Então, eu me sentia à vontade com os livros, eu ficava entretida, os gibis eram meus amigos”, conta.

Robeyoncé, que sempre frequenta livrarias e os famosos sebos (locais onde se vendem livros usados ou novos a preço mais baixo que os do mercado convencional) contou que compra sempre títulos no local e que também consome obras específicas da área de direito oriundos de lá. “Eu venho aqui, compro livros de idiomas, compro Vade Mecum, compro livros de passatempo”, explica.

Além de estudante de direito, Robeyoncé já é formada em geografia, também pela UFPE. “Eu percebi que o ambiente de sala de aula não era para mim, eu tinha que impor respeito, mas eu gosto de conquistar o respeito”, afirma. Sua mudança para o outro curso veio pensada de forma prática, já que, em sua opinião, a área jurídica é a que tem mais retorno no mercado de trabalho.

Atualmente, Robeyoncé é estagiária da 11ª Vara do Tribunal de Justiça Federal de Pernambuco e está no último ano do curso. “Quando eu pegar a carteira da OAB, meu objetivo é advogar ajudando minhas amigas com seus nomes sociais e em prol da causa LGBT. Além disso, eu também tenho afinidade pela área de Direito Internacional, por isso faço curso de inglês e compro livros de idiomas”, afirma.

O que você acha do nome social?

Robeyoncé – É uma coisa revolucionária porque é o direito de ser chamada pelo meu nome social na chamada, nos documentos da universidade, poder ir ao banheiro feminino. Antes, eu ia no masculino, mas não me sentia à vontade e percebia que os rapazes também não gostavam da minha presença. Eu procurava ir ao banheiro quando não tivesse quase ninguém ou em um bem escondido. Agora, no feminino, sou bem melhor recebida.

Mas o nome social é suficiente?

R – O nome social coloca a visibilidade trans em pauta, facilita algo fundamental, mas é um degrau para o nome civil, na minha opinião. Eu sou Robeyoncé apenas nas grades da universidade. Fora delas, Robeyoncé nem existe. Quando eu me olho no espelho, eu não vejo um menino, eu vejo uma mulher. Mas, para mudar precisam de vários laudos, porque de acordo com a CID, eu sou doente, e existem várias fases antes da alteração.

De onde vem Robeyoncé?

R - Foi uma forma de homenageá-la (a cantora Beyoncé), trazê-la para junto de mim, para que ela sempre estivesse ao meu lado. Isso foi decorrente de uma apresentação na 1ª Semana LGBT da UFPE, em que eu dancei uma música dela. Então, todo mundo que me chama de Rob, meu apelido, adicionou o “Beyoncé” e ficou Robeyoncé.

Porque você diz que é doente?

R - Porque segundo a CID (Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde), a transexualidade é uma patologia. Homossexualidade também era, mas tiraram da lista. Eu faço acompanhamento no Hospital das Clínicas, faço tratamento psicológico, hormonal, tudo.

Você pensa em fazer a mudança de sexo?

R - Para a sociedade, você só é mulher se tiver peito, bunda e vagina. Sem vagina, não é mulher. Eu não tenho essa urgência, eu não me incomodo com minhas genitálias. E, também, a operação é o último estágio. Se você se operar não tem mais como voltar, então os médicos fazem muitos laudos, passam você por muitos exames e tratamentos para saber se é isso mesmo que você quer. Eu tenho amigas no grupo (do HC) que dizem que sentem nojo da própria genitália. Você percebe que o caso delas é realmente urgente, mais do que o meu. Mas silicone eu queria colocar. Um peito me emponderaria. Mesmo eu andando com roupas femininas, de sapatilha, de brincos, as pessoas ainda me tratam no gênero masculino. Se eu tivesse peito, as pessoas iriam logo se impactar e me tratar pelo feminino, porque eu estaria ali com um peito na cara delas.

Sobre o nome social, como você foi recebida com a mudança?

R - Para minha família, o nome é sagrado. Então, eu mudei meu primeiro nome, deixando o ‘Ro’, que remete ao meu nome civil, e acrescentei o ‘Beyoncé’. O ‘Lima’, eu deixei justamente por essa questão da minha família. Minha mãe, às vezes, me chama pelo meu nome masculino, e eu fico sempre consertando. De vez em quando, dá vontade de fingir que não estão falando comigo, mas eu não vou virar a cara para minha mãe, né? Por isso eu preciso de um peito!

O que você acha do preconceito sobre a transexualidade?

R - Eu não tenho como pedir para uma pessoa preconceituosa involuntária, que foi criada em uma sociedade assim, acabar de uma vez com seu preconceito. Há necessidade de um debate. Todos nós temos preconceito, me diga uma pessoa que não tem.

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Lembrado por seu ativismo na web e seu pioneirismo no ramo da programação, o norte-americano Aaron Swartz ganhou um documentário nomeado de “The Internet’s Own Boy” (O filho da internet, em tradução livre). O filme foi exibido pela primeira vez na última segunda-feira (20), durante o Sundance Film Festival, em Utah, nos Estados Unidos. Com direção de Brian Knappenberger, a peça aborda desde a adolescência de Swartz, até seu envolvimento com o Reddit e suas atitudes controversas que o envolveram em um escândalo com o Massachusetts Institute of Technology (MIT).

Em 2010 o MIT percebeu que vários artigos e parte do acervo da biblioteca da universidade estavam sendo baixados de algum dos pontos eletrônicos localizados na instituição. O download ilegal de informações do JTSOR, serviço que fornece cópias pesquisáveis dos periódicos acadêmicos para alunos, estava sendo realizado a partir de um quadro de servidores, localizado em uma pequena sala. Mas o que o “ladrão” de dados não percebeu é que no local existia uma câmera. O rapaz em questão era Aaron Swartz.

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O jovem hacker foi acusado pela Justiça americana pelos crimes de fraude de computadores, invasão de sistemas e quebra de copyright. Para enfrentar o processo em liberdade o ciberativista precisou pagar US$ 100 mil de fiança, sua condenação poderia levá-lo a 50 anos de prisão e multa de US$ 1 milhão. Em janeiro de 2013, com 26 anos, Swartz se suicidou em Nova Iorque. Desde então, o norte-americano é um mártir da internet.

Confira o teaser:

Nesta sexta (10), a Livraria Cultura do Paço Alfândega, no Centro do Recife, receberá a palestra "Experimentação Animal: o obscurantismo da ciência". O evento faz parte da 14ª edição do Cultura Veg, realizado mensalmente pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). 

Quem comanda a palestra é a jornalista Silvana Andrade. Silvana é vegana e ativista dos direitos animais, além de ter trabalhado em diversos meios de comunicação. Na ocasião, será discutida a polêmica do uso de animais em laboratórios e universidades. 

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Serviço

Palestra "Experimentação animal: o obscurantismo da ciência"

Data: 10 de janeiro

Local: Livraria Cultura do Paço Alfândega

Três fundadoras do grupo feminista Femen, famoso por suas ativistas que manifestam em topless, anunciaram neste sábado que deixaram a Ucrânia por medo de repressão, após a descoberta de armas em seu escritório em Kiev pela polícia ucraniana.

Alexandra Shevchenko, Anna Goutsol e Iana Jdanova "fugiram da Ucrânia temendo por suas vidas e sua liberdade", indicou o Femen em um comunicado publicado em seu site oficial.

As três ativistas vão "continuar suas atividades na Europa", afirma o comunicado.

As fundadoras do Femen decidiram deixar o país depois de serem chamadas para interrogatório pela polícia, de acordo com a mesma fonte.

Uma pistola e uma granada foram apreendidas pela polícia durante uma incursão terça-feira na sede ucraniana do grupo em Kiev.

Após a descoberta, o Femen, que denunciou "uma provocação", anunciou o fechamento de seu escritório.

Por sua vez , a polícia Kiev declarou neste sábado que as ativistas eram apenas testemunhas neste caso e que poderiam "se locomover livremente".

O grupo Femen ucraniano é alvo há várias semanas da justiça.

Três ativistas que se preparavam para protestar contra a visita à Ucrânia do presidente russo, Vladimir Putin, foram presas no final de julho em Kiev e Goutsol foi agredida.

Elas acusaram os serviços especiais russos e ucranianos de estarem por trás do incidente.

O movimento Femen, fundado na Ucrânia e agora sediado em Paris, realiza há vários anos ações em todo o mundo para denunciar o sexismo e a discriminação contra as mulheres.

O grupo também denuncia a homofobia, o conluio entre o Estado e a Igreja, regimes autoritários e fraudes eleitorais.

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O programa Vencer desta semana traz uma entrevista com Manoel Aguiar, que é cego e luta pelos direitos dos deficientes. Na matéria, ele conta um pouco de sua história de vida e fala também sobre ativismo no segmento da pessoa com deficiência.

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O quadro Cine Vencer também é destaque na edição desta semana com o filme "O homem elefante." No Direito de Vencer, saiba como comprar um carro com desconto de impostos. Já o quadro Karras Komenta vai abordar o turismo inclusivo.

Toda sexta-feira você confere um novo programa Vencer aqui, no portal LeiaJa.com. 

Um dos setores mais atingidos pelo "ativismo" do governo Dilma Rousseff é o bancário. No pronunciamento televisivo veiculado na véspera do Dia do Trabalho, a presidente disse ser "inadmissível que o Brasil, que tem um dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos, continue com um dos juros mais altos do mundo". Foi a senha para que a maior parte das ações do setor começasse a cair ou permanecesse estacionada.

"O governo disparou sua metralhadora contra vários setores da economia com o objetivo principal de aumentar a competitividade da indústria", afirmou o analista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi. "Muitas dessas medidas são populistas e assustaram o investidor, principalmente o estrangeiro."

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No caso do setor bancário, Galdi avalia que mudanças estruturais estavam mesmo em curso, mas o governo as catalisou ao pressionar pelo aumento da competição do setor - por meio do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

As mudanças estruturais a que se refere Galdi dizem respeito à redução da taxa básica de juros (Selic) para níveis historicamente baixos. Com o custo do dinheiro menor, é natural que haja um aumento da demanda por crédito e, por tabela, da concorrência no sistema financeiro. "O problema é que a rapidez com que tudo foi feito criou um mal-estar nos investidores."

O analista de instituições financeiras da Lopes Filho Corretora, João Augusto Frota Salles, concorda. "As mudanças ocorreriam de qualquer forma, mas foram muito aceleradas", disse. "Se os bancos tivessem tido mais tempo para se adaptar, poderiam se adequar melhor à queda das margens (decorrente dos juros mais baixos). Em 2012, o nível de provisões para perdas cresceu muito por causa da inadimplência mais elevada".

A conjunção desses dois fatores, segundo Salles, levou a uma queda dos níveis de rentabilidade e, em consequência, dos preços das ações. "A principal explicação para a desvalorização dos papéis é a ingerência do governo no setor", disse. "Ainda que não possamos desprezar o próprio mau humor do mercado em meio à crise global", observou.

Procurados, os grandes bancos não quiseram se pronunciar. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) também não comentou. Executivos do setor afirmam que os grandes bancos vão manter níveis de rentabilidade sobre o patrimônio líquido entre 15% e 20%. Para um deles, a chave é o oferecimento de novos produtos. "É nisso que vamos apostar daqui para a frente." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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