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Pela primeira vez desde domingo (20), veículos com passageiros desembarcaram na madrugada desta quarta-feira no porto de Calais (norte da França) procedentes de Dover, após a reabertura do tráfego a partir do Reino Unido.

Às 3h30 locais, uma caminhonete saiu da balsa "Côtes des Flandres", da empresa DFDS, a primeira embarcação que partiu depois da meia-noite de Dover, no qual também estavam alguns reboques vazios.

De acordo com fontes portuárias, uma dezena de veículos de turismo também desembarcaram do "Spirit of France", da empresa P&O, às 4H00 em Calais.

O tráfego procedente da Inglaterra deve ficar mais intenso no final da manhã, segundo a direção do porto.

Na terça-feira (22) à noite, a França aprovou alguns retornos a partir do Reino Unido com a condição de que as pessoas apresentem um exame negativo de menos de 72 horas da Covid-19 e da nova cepa que se propagou na Inglaterra, uma situação que levou muitos países a suspender as conexões com o Reino Unido.

O bloqueio agravou os engarrafamentos no porto de Dover, onde quase 3.000 caminhões aguardavam para atravessar o Canal da Mancha.

O governo britânico anuncia nesta quinta-feira (18) que aumentará em 44,5 milhões de libras sua contribuição para a manutenção da segurança em Calais, um porto francês por onde passa um grande fluxo de migrantes rumo ao Reino Unido.

O montante (cerca de US$ 61,5 milhões de dólares) "será investido na melhoria da segurança da fronteira", declarou um porta-voz do Executivo britânico.

O anúncio será feito oficialmente na cúpula bilateral que acontece hoje em Sandhurst, no Reino Unido, entre o presidente francês, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra britânica, Theresa May.

"Assim como investimos em nossas fronteiras no restante do Reino Unido, é normal ver permanentemente se podemos reforçar os controles na França e na Bélgica", acrescentou o porta-voz.

Em virtude dos acordos de Touquet, em vigor desde 2004, a fronteira britânica com a França está instalada na costa francesa, onde agentes britânicos fazem o controle das centenas de milhares de imigrantes que convergem no porto de Calais. Boa parte almeja chegar ao Reino Unido.

Nesse sentido, o governo britânico contribuiu com cerca de 100 milhões de libras nos últimos três anos.

Eles sonham em chegar ao Reino Unido, mas os menores de idade da "Selva" de Calais transferidos para os centros de acolhida na França após o desmantelamento do acampamento de imigrantes continuam à espera de uma decisão de Londres, que parece endurecer sua postura.

Em 24 de outubro começou o desmonte deste grande acampamento ilegal situado no porto de Calais, em frente à costa britânica, onde viviam mais de 7.000 migrantes, em sua maioria afegãos, eritreus e sudaneses. Entre eles também havia 1.900 menores de idade. Todos foram expulsos em poucos dias e logo evacuados, antes de serem levados para centros de acolhida espalhados por toda a França.

Um mês depois de seu fechamento, o local onde estava a "Selva" está agora vazio e é vigiado pelas forças de segurança. A cerca de 500 metros de distância, o porto de Calais, o mais importante da França e o segundo da Europa, parece ter recuperado sua atividade normal. Desde o início de novembro, os transportadores voltaram ao porto e o tráfego aumentou em 10%. Mas a 40 quilômetros de Calais continua existindo outro acampamento, situado no povoado de Grande-Synthe.

As instalações, abertas em março pela organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) e pela Prefeitura de Grande-Synthe, que hoje tem o apoio do governo, acolhem 1.000 migrantes e às vezes têm que fazer frente a grupos de traficantes violentos. O acampamento, com capacidade para 1.500 pessoas, não tem data de fechamento e não aceita novos migrantes, mesmo que sejam mulheres ou crianças.

Critérios restritivos

Os menores de idade que estavam em Calais agora se encontram instalados em centros ao longo da França, onde esperam uma resposta a suas demandas de transferência para o Reino Unido, e que são examinadas por Londres. Segundo o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, os britânicos se comprometeram a acolher os menores isolados que estavam em Calais e os que conseguissem comprovar laços familiares.

Desde meados de outubro, 300 jovens cruzaram o Canal da Mancha, mas agora Londres endureceu seus critérios. Para poderem ser acolhidos, deverão ter 12 anos ou menos ou terem sido expostos a um alto risco de exploração sexual. No caso de sírios e sudaneses, eles devem ter 15 anos ou menos, mas poderão aceitar menores de 18 anos acompanhados de outro menor que cumpra um dos três critérios.

A esses parâmetros acrescenta-se mais uma condição: os menores devem ter chegado a Calais o mais tardar em 24 de outubro, dia que começou o desmantelamento da "Selva". Alf Dubs, deputado trabalhista da Câmara dos Lordes e impulsionador de uma emenda para acolher as crianças refugiadas, criticou esses critérios e acusou o governo de "não cumprir sua promessa (...) para acolher apenas uma parte das crianças".

Por isso, o futuro dos que vivem na "Selva" é incerto. "Existe o risco de que voltem para Calais ou fiquem em Paris", afirma Christian Salomé, da associação Auberge de Migrants, pois muitos dos que aceitaram ir para outros centros de acolhida "acreditaram que logo passariam" para o lado britânico. Um sonho que agora parece cada vez mais distante.

Autoridades francesas começaram a retirar nesta quinta-feira (3) os últimos 350 a 400 ocupantes do acampamento de migrantes de Calais, principalmente mulheres e crianças, que serão realojados em centros de acolhida de toda a França.

O primeiro ônibus partiu às 08h00 GMT (06h00 de Brasília) em direção a um centro de acolhida no oeste do país, com trinta mulheres e crianças a bordo, constatou um jornalista da AFP.

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Dois agentes do ministério do Interior britânico, encarregados de estudar seus pedidos de acolhimento no Reino Unido, acompanham os migrantes em cada ônibus. A maioria destas pessoas querem ir ao Reino Unido, onde acreditam que terão melhores oportunidades.

A retirada destas famílias, que haviam sido levadas para um centro adjacente ao imenso acampamento, coloca um ponto final no desmantelamento do maior campo de migrantes da França, onde até meados de outubro viviam entre 6.400 e 8.100 pessoas, segundo diferentes estimativas.

Migrantes de várias nacionalidades - principalmente afegãos, sudaneses e eritreus - se instalaram nos últimos meses neste acampamento situado na localidade francesa de Calais (norte), a trinta quilômetros da costa britânica.

Após a transferência na semana passada de 4.500 adultos a centros de acolhida, 1.616 menores de idade que viviam em Calais sem a companhia de um adulto foram evacuados na quarta-feira a estabelecimentos para menores.

Ali, serão examinados os pedidos de transferência ao Reino Unido daqueles que afirmam ter parentes em território britânico, fazendo valer o direito à reunificação familiar reconhecido pela União Europeia.

Os demais, que não querem renunciar ao sonho britânico, esperam poder se beneficiar de um dispositivo britânico para migrantes em situação de "vulnerabilidade".

No entanto, apesar da evacuação deste assentamento, persiste a crise de acolhimento de migrantes na França.

Em Paris, 2.000 migrantes se instalaram nos últimos dias em barracas em plena rua. As autoridades prometem retirá-los nesta semana.

O presidente da França, François Hollande, afirmou que imigrantes e refugiados não poderão mais entrar em Calais, após o campo que existia no local ter sido evacuado e desmontado pelas autoridades.

As últimas barracas e tendas foram retiradas na noite de segunda-feira (31), após a evacuaçãoo de mais de 5 mil imigrantes e refugiados para abrigos temporários ao redor da França.

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Em um entrevista publicada nesta terça-feira (1°) no jornal La Voix du Nord, Hollande afirmou: "Eu prometo (aos residentes de Calais) que não haverá um novo campo no local."

O presidente francês também disse que mais de mil imigrantes e refugiados menores de idade, que estão abrigos em contêineres em Calais, serão removidos dentro de alguns dias para "centros dedicados" nos quais as autoridades britânicas poderão estudar seus casos para asilo.

Hollande ainda pediu que o Reino Unido "faça sua parte" e acolha as crianças imigrantes e refugiadas. Fonte: Associated Press.

Dezenas de migrantes, incluindo menores de idade, continuavam abandonados à própria sorte nesta sexta-feira (28), após uma segunda noite passada perto da "Selva" de Calais, uma situação denunciada pela ONU, enquanto Paris e Londres se acusavam mutuamente pela crise.

Uma centena de adolescentes e jovens dormiram em tendas instaladas nos arredores do acampamento no norte da França desmantelado desde segunda-feira (24), cujos milhares de ocupantes foram levados para abrigos.

Símbolo da dificuldade da União Europeia para enfrentar a crise migratória, o imenso acampamento localizado de frente para a costa inglesa abrigava até a semana passada entre 6.400 e 8.100 pessoas, segundo estimativas, principalmente procedentes do Sudão, Eritreia e Afeganistão.

Deixados à própria sorte após o desmantelamento do acampamento organizado pelas autoridades francesas, dezenas de menores de idade encontraram refúgio em uma igreja, outros em uma mesquita, de acordo com um ativista da ONG Care 4 Calais, que esperava o envio de ônibus pelas autoridades para levá-los a abrigos.

Por não terem sido registrados nos três dias da operação de desmantelamento, estes jovens, que se dizem todos menores de idade, não foram admitidos no centro de acolhimento provisório (CAP) que oferecia 1.500 vagas para crianças.

"Eles vieram no primeiro dia e ouviram que deveriam retornar no dia seguinte, voltaram no dia seguinte e esperaram até que mandaram que voltassem no outro dia, e no outro dia já não havia mais fila, nenhuma solução foi proposta", lamenta Margot, da associação L'Auberge des Migrants.

Migrantes em Paris

A ONU soou o alarme, convocando a França nesta sexta-feira a "fornecer alojamento adequado" para os requerentes de asilo ainda presentes nas proximidades do acampamento deserto e pediu "medidas especiais para garantir a segurança e o bem-estar das crianças da 'Selva'".

O destino desses menores desacompanhados causou tensões entre a Grã-Bretanha e a França, que se acusam mutuamente.

O governo britânico pediu que Paris "proteja como deve ser" os menores que ainda estão na área, provocando "surpresa" entre as autoridades francesas.

Os ministros do Interior, Bernard Cazeneuve, e da Habitação, Emmanuelle Cosse, recordaram que "essas pessoas (...) planejavam se instalar no Reino Unido" e pediram que Londres "assuma rapidamente sua responsabilidade e receba esses menores, que desejam ser transferidos para o Reino Unido".

Desde meados de outubro e durante o desmantelamento da "Selva" de Calais, 1.451 menores foram acolhidos na França, enquanto o Reino Unido abriu suas portas para 274 menores desacompanhados, argumentaram os ministros franceses.

Sob as regras da UE em matéria de reagrupamento familiar, os menores que têm um parente na Grã-Bretanha podem esperar para serem acolhidos.

Nos bairros do norte de Paris, os acampamentos de migrantes têm aumentado desde o desmantelamento da "Selva", segundo associações e políticos locais.

"Há três dias, distribuíamos entre 700 e 800 refeições. Hoje, são mais de mil. Não sei como vamos fazer", declara Charles Drane, coordenador da ONG Adventist Development and Relief Agency (Adra).

Uma centena de migrantes passaram a noite desta quinta-feira (28) em uma zona junto ao acampamento de migrantes que foi evacuado nesta semana em Calais, no norte da França.

Muitos afirmam ser menores que viajam sozinhos, mas, ao não conseguirem se registrar como tais ante as autoridades, não puderam ter acesso ao centro de acolhida provisório (CAP) com capacidade para 1.500 menores localizado junto ao acampamento.

Cerca de 200 migrantes já haviam dormido ao relento na noite de quarta-feira, muitos agarrados à ideia de seguir tentando cruzar ao Reino Unido, onde dizem ter familiares.

O governo britânico convocou a França a proteger os menores bloqueados na zona de Calais. Em resposta, as autoridades francesas convocaram o Reino Unido a "assumir suas responsabilidades e acolher estes menores".

Segundo as normas europeias sobre reagrupamento familiar, os menores que têm um familiar no Reino Unido podem pedir para ser acolhidos no país.

Entre 6.000 e 8.000 pessoas, principalmente sudaneses, eritreus e afegãos, viviam até a semana passada neste imenso acampamento de barracas no norte da França, conhecido como "Selva".

As autoridades decidiram, por motivos humanitários, desmantelar este acampamento insalubre.

Cerca de 4.500 migrantes foram transferidos em ônibus desde segunda-feira a centros de acolhida e orientação espalhados por todo o país e 1.500 menores desacompanhados foram realojados em centros provisórios junto ao acampamento, enquanto sua situação é determinada.

Bombeiros trabalham para apagar dezenas de incêndios em abrigos e pequenas tendas iniciados por imigrantes e refugiados no campo da cidade de Calais, no norte da França. O prefeito Fabienne Buccio disse na noite de terça-feira (25) que os imigrantes e refugiados têm uma "tradição" de queimar seus abrigos antes de irem embora.

Steve Barbet, porta-voz da prefeitura, disse nesta quarta-feira (26) que um imigrante ficou levemente ferido e foi levado ao hospital de Calais. Cerca de 100 imigrantes e refugiados foram evacuados durante a noite para uma "terra de ninguém" na entrada do campo.

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Após dois dias do início da operação de esvaziamento de Calais, que deve durar uma semana, as autoridades francesas já transportaram centenas de imigrantes e refugiados para centros de acolhimento ao redor do país.

O campo, conhecido como "A Selva" pelas condições precárias de vida, foi um abrigo temporário para cerca de 6.300 imigrantes e refugiados, de acordo com autoridades. Grupos humanitários acreditam que o número passe de 8 mil. Fonte: Associated Press.

As autoridades francesas se prepararam nesta terça-feira (25) para demolir o acampamento de migrantes de Calais, de onde mais de 2.300 migrantes que viviam em condições sub-humanas foram transferidos na véspera a centros de acolhida espalhados por todo o território.

Entre 6.000 e 8.000 homens, mulheres e crianças, principalmente afegãos, sudaneses e eritreus, viviam até segunda-feira (24) neste assentamento informal, onde esperavam uma oportunidade para cruzar ao Reino Unido, do outro lado do Canal da Mancha.

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No total, 1.918 adultos foram retirados na segunda-feira do acampamento, comumente chamado de "Selva" de Calais, e transferidos a centros de acolhida e orientação em 11 regiões da França, indicou o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve.

As operações de evacuação prosseguiam nesta terça-feira. Além disso, 400 menores foram "orientados a um centro de acolhida temporário", localizado no acampamento, à espera de que sua situação seja determinada. Um total de 1.300 menores desacompanhados vivem neste acampamento, em condições extremas, 500 dos quais dizem ter parentes no Reino Unido.

Cazeneuve afirmou na segunda-feira que o Reino Unido receberá "todos os menores desacompanhados" presentes em Calais que tenham familiares neste país e estudará os casos dos menores sem vínculos familiares, "mas cujo maior interesse seria ir a este país".

Quase 200 menores da "Selva" foram acolhidos no Reino Unido desde o início de outubro, entre eles 60 meninas que corriam o risco de "exploração sexual", indicou sua colega, Amber Rudd.

Londres injetará até 40 milhões de euros (44 milhões de dólares) para reforçar seus controles na fronteira com Calais e para garantir que o acampamento permanecerá fechado, acrescentou a funcionária.

- Acolhida polêmica -

As equipes de demolição começarão a derrubar nesta terça-feira as centenas de barracas e tendas nas quais os migrantes viviam em condições sanitárias lamentáveis.

Situada em um terreno baldio perto do porto de Calais, a "Selva" de Calais, um assentamento de quatro quilômetros quadrados, se converteu no símbolo da incapacidade da Europa para resolver a pior crise de migração desde a Segunda Guerra Mundial.

Mais de um milhão de pessoas que fogem da guerra e da pobreza na África e no Oriente Médio chegaram à Europa em 2015, semeando divisões entre os 28 países da União Europeia (UE) e alimentando a ascensão dos partidos de extrema-direita.

Aqueles que sonham em chegar ao Reino Unido, onde acreditam que terão maiores chances de encontrar um trabalho que na França, convergiram à cidade portuária de Calais, o ponto mais próximo à costa inglesa, durante mais de uma década.

O desmantelamento deste acampamento de migrantes, um dos maiores da Europa, foi anunciado pelo presidente socialista François Hollande em setembro, a seis meses das eleições presidenciais, nas quais a imigração se posicionou como um dos temas principais.

A França começou a desmantelar na manhã desta segunda-feira a chamada "Selva" de Calais, acampamento onde se concentram milhares de migrantes, com o que espera virar a página deste símbolo da crise migratória que afeta a Europa.

As primeiras mulheres, crianças e doentes dos cerca de 8.000 migrantes chegados majoritariamente do Afeganistão, Sudão e Eritreia, se apresentaram com seus pertences no hangar utilizado como base de operações.

De lá, pegam os ônibus que os levarão para 451 centros de acolhida espalhados por todo o território francês. Um primeiro ônibus com 50 sudaneses a bordo partiu menos de uma hora depois do início oficial da operação.

No total, entre 6.000 e 8.000 migrantes serão evacuados em uma operação que vai durar a semana toda. Cerca de 1.250 policiais foram mobilizados para garantir o bom desenvolvimento da operação.

O primeiro na fila, um sudanês de 25 anos, afirmou que "qualquer lugar da França será melhor do que Calais". Por outro lado, Mohamed, um etíope, é mais cético. "Quero ir para o Reino Unido, não me interessa embarcar nesses ônibus". Homens, mulheres e crianças convivem há meses neste acampamento precário.

O governo francês anunciou no fim de setembro o desmantelamento do acampamento que, com a insegurança e a revolta que gera entre a população local, se transformou num ponto delicado que envenena o debate na França em torno da imigração, seis meses antes das eleições presidenciais. Simboliza também a impotência da Europa frente à pior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial.

As autoridades começaram a distribuir folhetos em vários idiomas para explicar a operação, apresentada como humanitária, e tentar convencer os mais reticentes. "Ainda é preciso convencer algumas pessoas", admitiu Didier Leschi, diretor-geral do Escritório Francês de Imigração.

Como Karhazi, um afegão que lamenta ser obrigado a ir embora. "Terão que nos forçar a partir. Queremos ir para o Reino Unido", insistiu. Vários migrantes abandonaram o acampamento nos últimos dias para não se afastar da região e continuar tentando cruzar o Canal da Mancha.

- Operação delicada -

Alguns povoados franceses expressaram seu desacordo com o plano de repartição imposto pelo executivo, e vários membros da oposição de direita aludiram ao risco de criar vários "mini-Calais" em todo o país.

"Acolher nestas localidades 30, 40 pessoas me parece o mínimo. É preciso ter respeito e humanidade para com os migrantes", declarou o ministro das Cidades, Patrick Kanner. Além da logística complexa, a operação é delicada do ponto de vista de segurança.

Na noite de domingo ocorreram confrontos perto do acampamento e a polícia precisou lançar bombas de gás lacrimogêneo. O desmantelamento do acampamento permitiu reunir uma parte dos 1.300 menores não acompanhados que viviam na "Selva". O governo britânico acelerou os procedimentos para acolher estas crianças e adolescentes, dos quais cerca de 500 têm famílias no Reino Unido.

Mais de um milhão de pessoas que fogem da guerra e da pobreza na África e no Oriente Médio chegaram à Europa em 2015, semeando divisões entre os 28 países da União Europeia (EU) e alimentando a ascensão dos partidos de extrema-direita.

A "selva" de Calais, grande acampamento de milhares de migrantes na região norte da França, vive neste domingo seu último dia antes do início da retirada de seus habitantes, um processo difícil, especialmente para os jovens isolados.

Entre 6.000 e 8.000 migrantes procedentes em sua maioria do Afeganistão, Sudão e Eritreia, que moram no enorme acampamento de barracos diante da costa da Inglaterra - país no qual sonham em entrar -, serão transferidos para centros de recepção espalhados por todo o território da França.

A "selva" de Calais, com a insegurança e o nervosismo que provocam na população local, se tornou uma questão que envenena o debate na França a respeito da imigração. A situação levou o governo socialista do presidente François Hollande a anunciar no fim de setembro o desmantelamento do local.

As saídas estão previstas para começar na segunda-feira, mas neste domingo os representantes dos serviços de imigração já estavam no acampamento para explicar como será o processo de retirada, assim como porque esta é necessária aos que ainda hesitam em deixar o local.

"Todo mundo preparou suas coisas há uma semana", declarou Mohamed, um sudanês de 43 anos. Ele desistiu de seguir para a Grã-Bretanha, mas alguns de seus amigos decidiram abandonar o acampamento para tentar concretizar o sonho.

Operação de uma semana

Durante três dias, 145 ônibus serão utilizados em sistema de rodízio para transportar os migrantes aos 300 centros de abrigo temporário em toda a França. O governo, que providenciou 7.500 vagas em alojamentos, espera concluir a operação em uma semana.

Agora resta saber como será a recepção. Algumas localidades pequenas não concordaram com o plano de distribuição dos migrantes imposto pelo governo. Membros da oposição de direita citam o risco de criar várias "mini-Calais" em todo o país. Mas o ministro das Cidades, Patrick Kanner, exigiu "respeito e humanidade" para os migrantes.

"Acolher nestas localidades 30, 40 pessoas me parece o mínimo", disse. Além da logística complexa, a operação é considerada delicada do ponto de vista da segurança, pois algumas pessoas podem manifestar o desejo de permanecer no local e "militantes" podem recusar o processo de evacuação do acampamento.

O ministério do Interior está preocupado com a presença em Calais de 150 a 200 membros do movimento "No border", que defende o fim das fronteiras. Mais de 1.200 policiais foram mobilizados. Outro tema sensível é o dos 1.300 menores isolados presentes na "selva" de Calais.

Paris e Londres dividem as responsabilidades pela falta de soluções ao acampamento, mas o governo britânico finalmente acelerou os procedimentos de recepção para estas crianças e adolescentes - quase 500 delas têm parentes no Reino Unido. De acordo com o governo francês, esta semana 194 menores deixarão Calais com destino a Grã-Bretanha.

Londres se comprometeu a receber jovens com menos de 18 anos com um parente na Grã-Bretanha, mas pode ir até mais longe após uma emenda chamada "Dubs", aprovada em maio, que prevê o acolhimento de todas as crianças refugiados vulneráveis e sem família.

Pela primeira vez, 53 meninas, em sua maioria eritreias, foram admitidas no sábado, graças à emenda, em território britânico.

Sob pressão de grupos de ajuda humanitária, líderes religiosos e autoridades da França, o Reino Unido aceitou receber crianças refugiadas que estavam no campo de Calais, no norte francês.

Devem chegar hoje ao Reino Unido 14 crianças que irão se encontrar com suas famílias, as primeiras de dezenas que devem ser reassentadas. O ex-arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, afirmou que as crianças serão registradas em um prédio do governo no sul de Londres antes de se reencontrarem com parentes em igrejas locais.

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Centenas de imigrantes de refugiados chegaram em Calais na esperança de conseguir atravessar a fronteira para o Reino Unido. A França declarou que pretende fechar o campo de refugiados, conhecido como "A Selva", na qual centenas de refugiados vivem.

Grupos que trabalham com caridade estão se manifestando contra a decisão do governo francês de fechar um dos maiores campos de refugiados e de imigrantes no norte no país, na cidade de Calais.

Apesar de não ter dado uma data específica para o fechamento, o governo da França confirmou que irá demolir o campo existente na cidade, conhecido como "Selva", até o final deste ano, para dispersar os ocupantes. Já na próxima semana um grupo deve ser retirado da área. Algumas organizações de ajuda humanitária se opõem à decisão do governo, que expulsaria do local cerca de 10 mil refugiados e imigrantes de países em conflito como Síria, Iraque e Afeganistão.

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O grupo francês Emmaus, de origem católica, afirma que a atitude não trará soluções efetivas. "As pessoas continuarão voltando enquanto não formos capazes de oferecer uma solução para o plano de vida delas", diz Thierry Khun, presidente do grupo. Muitos refugiados estariam na verdade na França numa tentativa de alcançar o Canal da Mancha, para conseguir chegar ao Reino Unido, de acordo com a organização.

"O governo diz que as pessoas em Calais estão procurando asilo no país, mas eles não fazem ideia que muitos deles querem chegar ao Reino Unido", afirma outro membro do Emmaus, Frederic Amiel. Fonte: Associated Press.

Os incidentes entre a polícia e manifestantes que protestavam neste sábado a favor dos migrantes que vivem em um precário acampamento no norte da França, enquanto esperam para cruzar o Reino Unido, deixaram três agentes feridos, informaram as autoridades.

O governo francês anunciou nesta semana que desmantelará completamente até o final deste ano o precário acampamento, onde vivem entre 7.000 e 10.000 migrantes que esperam cruzar para o Reino Unido. Estes enfrentamentos ocorrem depois de que a prefeitura de Pas-de-Calais proibiu nesta semana a manifestação, que deveria partir da "Selva" e chegar ao centro da cidade.

Segundo a prefeitura, se reuniram 200 manifestantes que "pertenciam essencialmente ao coletivo 'No borders'" ou que eram migrantes que moram no campo. Os agentes utilizaram gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersá-los e em resposta alguns manifestantes lançaram pedras.

Nos incidentes um fotógrafo da AFP saiu com ferimentos leves, quando uma pedra "do tamanho de uma maçã" caiu em sua cabeça, provocando um corte no couro cabeludo. Um pouco antes, quatro ônibus que haviam saído de Paris e que transportavam pessoas que pretendiam participar da manifestação ficaram bloqueados a 40 km da cidade.

"Eram militantes de ultra-esquerda parisienses e de migrantes provenientes de Paris", disse à AFP a prefeitura.

A demolição parcial da "selva" de Calais (norte da França), onde milhares de migrantes vivem, prosseguia nesta terça-feira (1°), após uma noite tranquila, um dia depois de incidentes violentos que marcaram o início da operação, indicaram autoridades.

Os trabalhos de demolição da parte sul do acampamento prosseguirão nesta terça-feira sob a estreita vigilância de um grande dispositivo de segurança. Segundo a prefeitura local, um grupo de migrantes se reuniu durante a noite "em várias ocasiões ao longo da estrada" de acesso ao porto de Calais, embora "sem violência".

Na segunda-feira à noite, 150 migrantes, alguns armados com barras de ferro, estiveram durante uma hora nesta estrada próxima à "selva". A partir dali lançaram pedras ou atacaram os veículos que se dirigiam à Inglaterra, do outro lado do Canal da Mancha.

As forças de ordem responderam disparando bombas de gás lacrimogêneo, e depois expulsaram os manifestantes da estrada. Segundo as autoridades, dois policiais ficaram feridos. Há anos, milhares de migrantes, em sua maioria procedentes de Síria, Afeganistão e Sudão, transitam por Calais com a esperança de alcançar o Reino Unido.

Na quinta-feira passada, o governo francês obteve a autorização da justiça para evacuar a parte sul da "selva" de Calais, onde vivem, segundo a prefeitura, entre 800 e 1.000 migrantes, e 3.500, segundo as associações.

Os migrantes desalojados devem ser reinstalados em centros de acolhida na zona de Calais ou em outras regiões da França. A operação iniciada na segunda-feira é a primeira etapa ao desmantelamento completo do acampamento, onde vivem entre 3.700 e 7.000 migrantes, segundo as estimativas.

Jude Law e outros atores britânicos visitaram, neste domingo, o acampamento de refugiados conhecido como "Selva" de Calais (norte da França), onde leram aos cerca de 200 migrantes textos de refugiados para alertar a opinião pública britânica sobre a situação dos menores não acompanhados.

A iniciativa se soma à carta aberta enviada recentemente a David Cameron, e assinada por uma centena de personalidades, incluindo Idris Elba e Benedict Cumberbatch. Esta carta pedia ao primeiro-ministro para acolher os menores que vivem em Calais e que têm família no Reino Unido.

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Jude Law, que atuou em "A.I", "Sherlock Holmes" e "O Grande Hotel Budapeste", chegou pouco depois do meio-dia na "Selva", onde 3.700 migrantes, segundo dados das autoridades francesas, vivem na pobreza. O ator caminhou pelo acampamento cheio de lama pelas chuvas e se dirigiu para a Good Chance Theatre, criado por voluntários ingleses.

Diante de uma plateia de cerca de 200 migrantes, Jude Law e outros atores britânicos, incluindo Tom Odell e Tom Stoppard, leram cartas de migrantes presentes na "Selva". O espetáculo, que foi traduzido simultaneamente para o árabe, curdo, pashtu e farsi pelos membros de associações, foi saudado por aplausos.

A França mobilizará 120 efetivos adicionais na região de Calais (norte), em particular nos arredores do terminal do Eurotúnel, para onde se dirigem centenas de migrantes que querem viajar à Grã-Bretanha, anunciou nesta quarta-feira o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve.

O ministro também declarou que o grupo Eurotúnel, que explora o túnel do Canal da Mancha, deve "assumir sua responsabilidade" na segurança do terminal, onde todas as noites centenas de migrantes tentam entrar.

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Nesta quarta-feira um migrante sudanês morreu quando tentava subir em um trem com destino à Grã-Bretanha.

O terminal do Eurotúnel em Calais (norte da França) foi novamente alvo, na madrugada desta quarta-feira, de, ao menos, 1.500 tentativas de invasão por parte de imigrantes que queriam chegar à Grã-Bretanha, um episódio que custou a vida de um deles, indicou à AFP uma fonte policial.

"Nossas equipes encontraram um corpo nesta manhã (quarta-feira) e os bombeiros confirmaram a morte da pessoa", confirmou um porta-voz do Eurotunnel, a empresa que explora o túnel que cruza o Canal da Mancha.

Trata-se da nona pessoa que perde a vida perto das instalações do Eurotunnel desde o início de junho.

O migrante falecido, de origem sudanesa, tinha entre 25 e 30 anos e foi atropelado por um caminhão que havia saído de um ferry que cruzava o canal, indicou uma fonte policial.

"Tudo aconteceu durante a noite e às seis da manhã os policiais ainda tinham muito trabalho", acrescentou a fonte, declarando que havia sido informada da presença de "500 a 1.000 imigrantes" na zona.

Alguns migrantes tentam realizar várias tentativas de intrusão durante a noite.

O Eurotunnel indicou na véspera que cerca de 2.000 tentativas de invasão de migrantes haviam sido registradas na madrugada de terça-feira. "É a tentativa mais importante em um mês e meio", disse à AFP um porta-voz do Eurotunnel.

Há várias semanas, muitos migrantes tentam quase diariamente cruzar o túnel do Canal da Mancha para chegar ao Reino Unido, e desde janeiro os funcionários do Eurotunnel interceptaram mais de 37.000 migrantes que tentavam viajar clandestinamente da França à Grã-Bretanha, afirmou um comunicado da empresa.

O Eurotunnel convocou os Estados a uma reação apropriada diante da "explosão do número de migrantes presentes em Calais e das consequências, às vezes dramáticas", da situação. Esta situação "supera o que um concessionário pode razoavelmente fazer", indicou o comunicado da empresa.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, expressou nesta quarta-feira sua preocupação com a situação.

"Isso é muito preocupante", disse à imprensa durante uma visita a Cingapura, acrescentando que o governo trabalha estreitamente com as autoridades francesas para enfrentar a situação.

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