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Nicole Kidman será a rainha do Festival de Cannes este ano, com três filmes e uma série na mostra oficial. Aos 49 anos, a atriz, que soube reinventar sua trajetória, segue uma carreira corajosa, com sucessos de bilheteria e filmes independentes.

Na 70ª edição de Cannes, dois filmes com a atriz disputam a Palma de Ouro.

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O primeiro é "O Estranho que Nós Amamos", da americana Sofia Coppola, protagonizado por Colin Farrell, Elle Fanning e Kirsten Dunst, que conta a história de um soldado que se esconde em um internato para meninas durante a Guerra de Secessão nos Estados Unidos.

A atriz australiana também atua ao lado de Colin Farrell em "The Killing of a Sacred Deer", filme do diretor grego Yorgos Lanthimos, responsável por "O Lagosta", que venceu o Prêmio do Júri em Cannes-2015.

Fora de competição, ela exibirá na Croisette "How to Talk to Girls at Parties", do americano John Cameron Mitchell.

O filme, outra parceria com Elle Fanning, é uma história de extraterrestres que se passa durante a cena punk de Londres na década de 1970.

Para completar, Kidman também está na segunda temporada da série de televisão "Top of the Lake", da diretora neozelandesa Jane Campion, que será exibida em uma sessão especial.

A atriz, vencedora do Oscar por sua interpretação de Virginia Woolf em "As Horas", de Stephen Daldry, em 2003, e dona de três Globos de Ouro, já compareceu diversas vezes a Cannes.

Em 2001 desfilou pelo tapete vermelho por ser a protagonista do filme de abertura do festival, "Moulin Rouge", de Baz Luhrmann, um musical no qual interpretou Satine, uma dançarina de cabaré.

Em 2003, o drama experimental "Dogville" de Lars von Trier a levou novamente à Croisette, experiência que repetiu com o thriller "Obsessão" de Lee Daniels de 2012.

Em 2014, o filme biográfico "Grace de Mônaco", no qual interpreta a atriz que virou princesa, dirigido pelo francês Olivier Dahan, abriu o festival.

Com mais de 60 filmes no currículo, Nicole Kidman, que em 2002 foi considerada pela revista People a mulher mais bonita do mundo, já trabalhou com alguns diretores de muito prestígio, como Stanley Kubrick, Gus Van Sant ou Jane Campion.

- Casamento ultra-midiático -

Nicole Mary Kidman nasceu em 20 de junho de 1967 em Honolulu, no Havaí, onde seu pai, um psicólogo australiano trabalhava no Instituto Nacional de Saúde Mental.

A família retornou para a Austrália quando ela tinha quatro anos. Desde cedo demonstrou interesse pela arte e decidiu abandonar a escola tradicional para estudar interpretação.

Em 1983, aos 14 anos, se tornou conhecida na Austrália com o filme para televisão "Bush Christmas".

Depois de vários papéis na Austrália, em 1989 iniciou sua caminhada para conquistar Hollywood com o filme "Terror a Bordo".

Em seguida ganhou ainda mais fama com "Dias de Trovão", no qual interpretava a namorada do personagem de Tom Cruise.

Com o filme, sua vida também deu uma guinada, já que os dois iniciaram um relacionamento. Em 1991, Tom Cruise e Nicole Kidman se casaram em uma cerimônia acompanhada por muitos veículos de comunicação.

Os dois se separaram 10 anos depois, em um dos divórcios mais famosos da história de Hollywood.

Sua carreira é eclética, entre sucessos de bilheteria como "Batman Eternamente", o filme de suspense com toques de erotismo "De Olhos Bem Fechados" de Stanley Kubrick, com filmagens que duraram mais de um ano, ou a peça "The Blue Room" nos palcos londrinos".

Em 1995, o diretor Gus Van Sant deu a oportunidade para que ela demonstrasse todo seu talento em "Um Sonho sem Limites", que rendeu seu primeiro Globo de Ouro.

"Moulin Rouge", de Baz Luhrmann, a catapulta ao status de estrela internacional. Também rendeu sua primeira indicação ao Oscar e mais um Globo de Ouro.

Em seguida foi muito elogiada pela crítica em "Os Outros" de Alejandro Amenábar, "Cold Mountain" (2003) de Anthony Minghella, "As Horas" ou "A Intérprete" de Sydney Pollack.

Nos últimos anos se destacou em "Reencontrando a Felicidade" (2010) de John Cameron Mitchell, que valeu uma nova indicação ao Oscar, e "Obsessão".

Este ano foi indicada ao Oscar de atriz coadjuvante por "Lion: Uma Jornada para Casa" de Garth Davies. Também se destacou na série da HBO "Big Little Lies".

Nicole Kidman, que já foi uma das atrizes mais bem pagas de Hollywood, reduziu o ritmo de trabalho após o casamento com o músico Keith Urban, em 2006, com quem tem dois filhos.

Por ocasião do 70º aniversário do Festival de Cannes, personalidades do mundo do cinema recordam sua primeira experiência na Croisette e sua melhor lembrança.

- A atriz e cantora britânica Jane Birkin

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"A primeira lembrança que me vem à cabeça é... quando estava no colo de Jack Nicholson [risos]. Foi divertido! Não lembro o contexto exato. (...) É a frivolidade de Cannes! Devia ter 25 anos.

Minha melhor recordação é ter ido defender 'La Pirate', o filme do [seu então companheiro] Jacques Doillon que estava competindo. Foi um momento muito bonito".

- A diretora de cinema americana Sofia Coppola:

"Me recordo de ter ido a Cannes com meu pai nos anos 1970 por 'Apocalypse now' (Palma de Ouro em 1979). O Festival coincide com a época do meu aniversário, ou seja, tenho boas lembranças. Sempre adorei Cannes e gostei de estar no júri, foi fascinante".

- O diretor de cinema francês Costa-Gavras:

"Meu primeiro festival foi com 'Crime no carro dormitório'. Fomos com Simone Signoret e Yves Montand. Apresentamos o filme, demos uma pequena coletiva de imprensa. Me lembro muito bem das palavras de Simone Signoret. Havia uma multidão de jornalistas por causa de Signoret e Montand. Disse: 'Fizemos um filme. Não fizemos 'O encouraçado Potemkin'. E estamos todos muito felizes'.

Uma das minhas melhores lembranças é sem dúvida a Palma de Ouro (por 'Desaparecido - um grande mistério', em 1982) que compartilhei com o diretor turco Yilmaz Güney ('O caminho'). Houve um grande silêncio na sala. Não sei se as pessoas se perguntavam o que ia acontecer entre um grego e um turco. Depois nos beijamos, foi um grande momento".

- O diretor mexicano Alfonso Cuarón:

"Me lembro da apresentação de 'O labirinto do fauno', em 2006, que eu tinha produzido. Foi um filme muito difícil para (o diretor) Guillermo del Toro. Me comoveu vê-lo no meio da sala de projeção, onde o público começou a aplaudir e não parava, as palmas duraram 15 minutos. Ele fez piadas, mas as pessoas não paravam de aplaudir. Não sabia o que fazer, se devia se esconder. Eu lhe disse: 'Memo, é o seu momento, aproveita, eles te amam'".

- O cineasta francês Jacques Doillon:

"Fui três vezes a Cannes, duas competindo - por 'La Drôlesse', em 1979, e depois por 'La Pirate', em 1984. Fora isso, nunca vi nada de Cannes, porque quando você está dentro dessas seleções, é um pouco como em uma fábrica, de oito da manhã até uma da madrugada. Você sai sem muito cérebro e com bastante cansaço".

- A atriz americana Kirsten Dunst:

"Vir com 'Maria Antonieta' (de Sofia Coppola, em 2006) foi especial. Fizemos uma festa realmente incrível depois do filme. Foi a melhor festa que já fui em Cannes. Havia fogos de artifício, foi extraordinário".

- O diretor de cinema canadense Atom Egoyan:

"Minha primeira lembrança de Cannes é um quarto minúsculo em um beco onde eu acordei ao som de uma harpa no pátio, que uma mulher estava tocando iluminada pela Lua.

Me lembro quando, em 1999, fui barrado na entrada da festa na praia em frente ao Majestic depois da apresentação oficial do meu filme 'O fio da inocência'. Ele foi coproduzido por Mel Gibson, que estava cercado pela segurança. Eu tinha que ficar com ele, mas me atrasei. E quando cheguei havia uma multidão esperando para entrar. Ninguém acreditou em mim quando eu disse que eu era o diretor. Foi surreal. Finalmente um produtor me viu e me fez entrar".

Nem tudo o que reluz é ouro, ainda que seja a Palma de Ouro, prêmio máximo do Festival de Cannes. Ao longo da história da mostra, vazamentos sobre as deliberações do júri revelaram confusões e guerras viscerais.

- Rossellini, a jogada perversa-

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Em 1977, Roberto Rossellini reina sobre o júri como um déspota ilustrado. O presidente do Festival, Robert Favre Le Bret, quer que a Palma de Ouro vá para "Um dia muito especial", de Ettore Scola. Mas Rossellini prefere o filme dos irmãos Taviani, "Pai Patrão", filmado em 16 mm para a televisão. Para dissipar as dúvidas de uma integrante do júri, Rossellini lhe dá de presente uma joia caríssima que põe na conta de Favre Le Bret. No dia da premiação, ao entregar a Palma aos irmãos Taviani, o diretor, em tom provocador, afirma: "Sem a televisão, o cinema morrerá". Indignado, Favre Le Bret promete que de a partir de então, o júri teria "mais profissionais de verdade e menos amadores".

- O concurso "arranjado" de Françoise Sagan -

Em 1979, a Palma de Ouro é atribuída 'ex-aequo' (com igual mérito) ao filme "Apocalipse Now", de Francis Ford Coppola, e a "O Tambor", de Volker Schlöndorff. Sete meses depois, a polêmica vem à tona: a presidente do júri, a escritora Françoise Sagan, diz à imprensa que a competição foi "arranjada" e acusa Favre Le Bret de ter pressionado o júri, que queria premiar apenas o filme do cineasta alemão.

A este escândalo se somam "considerações financeiras mesquinhas", escreve a AFP na ocasião. A escritora se queixa de que o hotel onde se hospedou, convidada pelo Festival, lhe exigiu pagar suas despesas de alojamento. Cannes reage publicando a conta astronômica de gastos "extras".

- Polanski embriaga o júri -

Em 1991, um único filme agrada o presidente do júri, Roman Polanski: "Barton Fink: Delírios de Hollywood", dos irmãos Coen. O cineasta quer atribuir-lhe todos os prêmios. Na véspera da premiação, organiza uma deliberação privada, no qual serve álcool em abundância, aproveitando para convencer todos os membros do júri para atribuir a Palma de Ouro a "Barton Fink". No dia seguinte, durante a deliberação oficial, a decisão é questionada, mas Polanski rejeita categoricamente que se vote de novo.

"Barton Fink" leva três prêmios: a Palma de Ouro e os prêmios de melhor diretor e melhor interpretação masculina para John Turturro. Esta concentração suscita tal polêmica que o Festival estabelece que a partir de então, um mesmo filme só pode levar um prêmio, com exceção da recompensa à melhor interpretação masculina/feminina.

- A guerra Adjani-Moretti -

Em 1997, a atriz francesa Isabelle Adjani preside o júri, do qual faz parte o cineasta italiano Nanni Moretti. No dia da última deliberação, a atriz quer atribuir a Palma de Ouro a "O Doce Amanhã", de Atom Egoyan. Mas o restante dos jurados preferem claramente "A Enguia", de Shohei Imamura. Moretti, que defende também "Gosto de Cereja", de Abbas Kiarostami, sugere a Adjani pedir ao Festival que autorize que se premie com a Palma os dois filmes. A atriz francesa aceita, acreditando que o cineasta apoiará "O Doce Amanhã". Mas ele vota em "A Enguia" e convence o restante dos jurados a escolherem à Palma ex-aequo "Gosto de Cereja". À imprensa, Adjani chama Nanni Moretti de "Maquiavel".

Batalhas de estilo, contestação política ou acessos de raiva. Em 70 edições, muitos escândalos atingiram a história do Festival de Cannes e contribuíram, também, para sua lenda.

- "Dolce Vita"/"Avventura": escândalos à italiana -

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Em 1960, "L'Avventura" ("A Aventura"), de Michelangelo Antonioni, desconcerta o público ao lançar pelos ares as convenções narrativas clássicas. A projeção é um desastre. O filme é vaiado, a atriz, Monica Vitte, começa a chorar. Trinta e sete artistas, incluindo Roberto Rossellini, enviam uma carta de apoio a Antonioni, que recebe o Prêmio do Júri.

Retrato deslumbrante de uma Itália desencantada, "La Dolce Vita" ("A Doce Vida"), de Federico Fellini, chega no mesmo ano a Cannes precedida de um cheiro de enxofre. O Vaticano condena um filme decadente, rebatizado por ele de "La sconcia vita" (A vida repugnante). Apoiado pelo presidente do Júri, o romancista Georges Simenon, leva a Palma de Ouro.

- O ambiente de maio de 1968 inunda Cannes -

No dia 10 de maio de 1968, enquanto Paris se cobre de barricadas, as estrelas se encontram no 21º Festival de Cannes. Os ventos do protesto cruzam rapidamente as portas do festival. Truffaut, Godard, Lelouch propõem interromper o festival e ocupar o palácio. Cineastas contestatários detêm uma projeção; os membros do júri renunciam, os diretores retiram seus filmes da competição. O Festival de Cannes de 1968 será uma manifestação sem vencedor.

- Cannes digere mal "A Comilança" -

Em 1973, a seleção francesa comove a Croisette. Cru e provocativo, "La maman et la putain" ("A mãe e a puta"), de Jean Eustache, divide a crítica e os presentes no Festival. A investida verbal do triângulo amoroso de Jean-Pierre Léaud, Françoise Lebrun e Bernadette Laffont é classificada de "obra-prima" por uns e de "escândalo" por outros.

E isso não é nada comparado com "La grande bouffe" ("A Comilança"), de Marco Ferreri. O suicídio coletivo em forma de festa gigantesca de Marcello Mastroianni, Michel Piccoli, Philippe Noiret e Ugo Tognazzi provoca assobios, vaias, náusea, mas também aplausos por esta feroz crítica à sociedade de consumo.

Os dois filmes levam o prêmio da crítica internacional e "A mãe e a puta" o Grande Prêmio Especial do Júri.

- Os fotógrafos ignoram Adjani -

Em 1983, Isabelle Adjani, protagonista feminina de "L'été meurtrier" ("Verão assassino"), deixa os jornalistas na mão ao se negar a comparecer à tradicional coletiva de imprensa. Privados de suas imagens, os fotógrafos se vingam na mesma noite.

Para protestar contra o capricho da artista, deixam suas lentes no chão e lhe dão as costas quando sobe as escadas do Palácio dos Festivais para a projeção oficial.

- O punho ameaçador de Pialat -

No dia 20 de maio de 1987, Maurice Pialat coloca fim a 21 anos de penúria para os diretores franceses ao ganhar a Palma de Ouro por "Sous le soleil de Satan" ("Sob o sol de Satã"), adaptado do livro de Georges Bernanos. Mas o prêmio foi mal recebido pelos presentes no Festival, que lançam assobios. No palco do Palácio dos Festivais, o irascível cineasta alfineta: "Vocês não gostam de mim, pois saibam que também não gosto de vocês", com o punho cerrado.

- Lars von Trier, persona non grata -

Em 2011, Lars Von Trier, que participava com "Melancholia" ("Melancolia"), provoca polêmica com comentários ambíguos sobre Hitler e o nazismo. Na coletiva de imprensa, expressa sua "simpatia" por Hitler e declara que "Israel é um pé no saco".

Apesar de seu pedido de desculpas, a direção do festival declara o diretor dinamarquês "persona non grata", uma sanção sem precedentes.

"Melancolia" segue, no entanto, em competição e a atriz americana Kirsten Dunst recebe o prêmio de melhor interpretação feminina por seu papel no filme.

O diretor dinamarquês, premiado em 2000 com a Palma de Ouro por "Dancer in the dark" ("Dançando no escuro"), não foi convidado ao Festival desde então.

A crise dos refugiados, as mudanças climáticas e o ativismo entraram na programação do Festival de Cannes, dando um colorido político à edição da maior mostra de cinema do mundo.

"Espero que a Coreia do Norte ou a Síria não ofusquem esta edição, que queremos que seja estável, que seja festiva", declarou o presidente do festival, Pierre Lescure, ao apresentar a seleção deste ano.

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"Esperamos que este festival seja uma folga que permitirá não falar só de cinema, mas do cinema como reflexo do mundo (...), falamos de política e de grandes temas", postulou.

O destino dos refugiados é um tema abordado em vários filmes programados este ano, alguns deles inclusive na mostra oficial.

Em "Happy end", o diretor austríaco Michael Haneke, que já tem duas Palmas de Ouro, volta a trabalhar com Isabelle Huppert e Jean-Louis Trintigant para contar a história de uma família burguesa do norte da França, que vive perto de um acampamento de imigrantes.

O húngaro Kornél Mandruczo (prêmio Um Certo Olhar em 2014 por "White God") apresenta "Jupiter's Moon", um filme de gênero fantástico sobre a acolhida dos refugiados.

O mexicano Alejandro González Iñárritu volta à Croisette, desta vez com um projeto de realidade virtual sobre a experiência de ser um migrante. "Carne y arena", apresentado fora da competição, acompanha um grupo de refugiados "vivendo intensamente parte de seu périplo", segundo declarações do cineasta mexicano, citado em um comunicado.

Por outro lado, a atriz e ativista britânica Vanessa Redgrave apresentará "Sea Sorrow", um documentário com esta mesma temática.

Na seção paralela Um Certo Olhar, o eslovaco Gyorgy Kristof descreve em "Out" o mundo dos trabalhadores migrantes na Europa.

Nesta mesma seção, o thriller político "La cordillera", do argentino Santiago Mitre, é protagonizado por Ricardo Darín, que inteprteta um presidente argentino reunido com vários colegas latino-americanos no topo da Cordilheira dos Andes, no Chile.

Outro filme com temática política, "Napalm", de Claude Lanzmann, será exibido em sessão especial. O diretor de "Shoah" se concentra aqui na Coreia do Norte, aonde viajou quatro vezes desde 1958.

O filme pode suscitar polêmica, o que não desagradaria o cineasta. "A Coreia do Norte não é o eixo do mal, segundo George W. Bush", disse em entrevista recente à AFP.

No plano ambiental, será exibida a segunda parte do documentário sobre as mudanças climáticas do ex-vice-presidente americano Al Gore, "Uma verdade inconveniente", 11 anos depois da estreia do primeiro filme. Em "An Inconvenient Sequel: Truth to Power" (Uma Sequência Inconveniente), Gore prossegue com sua luta por todo mundo para formar um exército de defensores do clima.

O francês Robin Campillo ("Eastern boys") escolheu como tema de seu novo filme, "120 battements par minute", a luta da associação Act Up para fornecer tratamento a doentes de Aids nos anos 1990. Este filme disputa a Palma de Ouro.

Além disso, a 70ª edição do festival prestará homenagem ao grande cineasta polonês Andrzej Wajda, falecido em outubro de 2016 e ganhador da Palma de Ouro em 1981 por "O homem de ferro", sobre as origens do sindicato Solidariedade. O líder histórico do Solidariedade, Lech Walesa, deverá assistir o ato.

As atrizes são as rainhas indiscutíveis de Cannes: sua beleza já provocou brigas entre os fotógrafos e seus caprichos e rivalidades estão na boca de todos.

- "A guerra dos bustos" -

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No fim dos anos 1950, duas italianas sensuais disputavam os olhares dos cinéfilos: Gina Lollobrigida e Sophia Loren.

Na "guerra dos bustos", Cannes era, a cada ano, um campo de batalha. "La" Loren ganhou muitos pontos em 1961, quando venceu o prêmio de melhor atriz por seu papel de viúva em "Duas Mulheres", de Vittorio de Sica.

Outras estrelas italianas da época, Claudia Cardinale, Monica Vitti e Silvana Mangano, também fizeram sucesso na Croisette.

- Brigitte Bardot e a histeria coletiva -

Brigitte Bardot era uma completa desconhecida quando participou pela primeira vez no Festival em 1953, mas já causou grande sensação. De biquíni na praia, ela encontra o ator Kirk Douglas, que faz uma trança em seu cabelo.

Ela retornou 14 anos depois, já transformada em "sex symbol" planetário. Ao entrar no Palácio dos Festivais para o encerramento do evento, muitos jornalistas e fotógrafos brigavam para tentar observar a atriz. Os policiais tentavam abrir passagem, enquanto o marido da atriz, o alemão Gunther Sachs, gritava "Não a esmaguem".

- "Na cama com Madonna" -

Em 1991, no auge da carreira, a cantora americana apresentou no festival o documentário "Na cama com Madonna". Para sua corrida diária de 15 km, ao lado de 15 seguranças, ela paralisava o trânsito nas pequenas ruas sinuosas de Cap d'Antibes, perto de Cannes.

Na noite da exibição do filme, quase 10.000 fãs se reuniram diante do Palácio dos Festivais: sua limusine mal conseguia avançar entre a maré humana. Ao redor de Madonna, que usava o famoso sutiã cônico criado por Jean Paul Gaultier, reinava a confusão. Uma repórter de televisão caiu no chão durante uma entrada ao vivo, assim como outros jornalistas.

- Sharon Stone no paraíso -

Em 1992, o festival começou com a exibição do "thriller" erótico "Instinto Selvagem", de Paul Verhoeven. Sua protagonista - uma escritora bissexual suspeita de matar os amantes com um furador de gelo - era a americana Sharon Stone.

Até então uma atriz de papéis coadjuvantes, Stone provocou uma pequena confusão entre cinegrafistas e fotógrafos ao chegar à escadaria do Palácio dos Festivais. Naquele momento, virou uma estrela mundial.

- O seio de Sophie Marceau -

Em 2005, quando subia os degraus do palácio, o vestido pregou uma peça em Sophie Marceau: um alça caiu e deixou um seio descoberto. A atriz francesa tentou correr, mas a imagem foi capturada pelos fotógrafos e rodou o mundo.

- Os pés descalços de Julia Roberts -

Julia Roberts subiu pela primeira vez a escadaria de Cannes no ano passado. A "namoradinha da América" usava um vestido preto com grande decote. Mas chamou a atenção mesmo por subir os 24 degraus descalça, um hábito da atriz, mas um fato inédito em Cannes, que aconteceu um ano depois de uma edição na qual circularam boatos de que algumas mulheres teriam sido proibidas de entrar no Palácio dos Festivais por não usarem saltos altos.

O Festival de Cannes percorreu um longo caminho desde sua origem, há 70 anos, mas "seu DNA continua sendo o cinema", afirma seu delegado-geral, Thierry Frémaux.

PERGUNTA: Como vê a evolução do Festival, marcado por escândalos e controvérsias?

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RESPOSTA: Por um lado, estamos muito longe do festival original, por sua envergadura, seu formato. Mas, no fundo, estamos exatamente no mesmo lugar, ou seja, 12 dias para celebrar a Sétima Arte. Nos anos 1950, houve um novo Palácio de Festivais, outro, no início dos 1980. O Festival se ampliou, se desenvolveu, criou-se o Mercado do Cinema (...) Mas o tema de conversa principal de Cannes, não importa quem você seja, é o cinema.

Escândalos e controvérsias fazem parte da história do festival. No começo, houve escândalos políticos, de caráter social. Hoje, tem menos disso. Eu tive de viver o escândalo estético de Gaspar Noé [com "Irreversível", no qual há uma cena explícita de estupro] e o de Lars Von Trier, com "Anticristo", escândalos extracinematográficos, como quando se acusou - mas talvez ele tenha cometido alguns erros de linguagem - Lars Von Trier, erradamente, de fazer apologia a Hitler.

P: Este ano, foram anunciados dois filmes da Netflix na competição, um em realidade virtual e duas séries. É uma revolução?

R: Uma seleção é sempre uma série de coincidências. Alejandro González Iñárritu, que veio duas vezes em competição, decidiu se lançar este ano, como autor e cineasta, na realidade virtual (...) E achamos muito bom acolhê-lo.

Não mostramos duas séries, damos notícias de dois grandes cineastas que fazem parte da história do Festival de Cannes, todos dois Palma de Ouro e presidentes do júri: Jane Campion e David Lynch. E acaba que os filmes que fizeram são séries para televisão. [...] Mas nós, nosso DNA fundamental e nossa razão de existir é o cinema.

O próprio cinema se vê modificado. A indústria do cinema vê chegar novos jogadores. Podem ser países como a China, ou novos produtores e novas plataformas, como Netflix e Amazon, que decidem ajudar na criação de filmes. No ano passado, foi a Amazon que veio a Cannes, com quatro, ou cinco filmes em competição [...] Este ano, pura coincidência, Netflix, a outra grande plataforma, veio nos propor filmes.

P: Ao completar 70 anos, quais são os desafios do Festival?

R: As questões para o futuro são várias. O festival mantém sua razão de existir: defender a arte cinematográfica sob todas suas formas, usar a arte e a cultura como um instrumento de diálogo entre os povos. E continuar a fazer de jeito que, durante 12 dias, e para o resto do ano, o cinema, hoje cercado de novas linguagens das imagens, possa ser o coração do mundo.

Veja alguns números da seleção oficial do Festival de Cannes 2017:

- 49 longas-metragens de 29 países foram selecionados de um total de 1.930 propostos para o maior festival de cinema do mundo, contando com os trabalhos apresentados fora de competição, em "sessões da meia-noite" ou "mostras especiais". O número de filmes inscritos foi de 1.869 em 2016.

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- Deste total, 18 longas estão em competição e 16 serão exibidos na mostra paralela "Un certain regard".

- Entre os diretores que disputam a Palma de Ouro, apenas o austríaco Michael Haneke já foi premiado, e em duas ocasiões, por "A fita branca" em 2009 e "Amour" en 2012.

- Dos 18 filmes que concorrem à Palma de Ouro, quatro são assinados por cineastas franceses, quatro por americanos, dois por coreanos, um por um húngaro, um por um britânico, um por um austríaco, um por um russo, um por um ucraniano, um por um grego, um por um alemão e um por um japonês.

- 3 mulheres cineastas estão disputando a Palma de Ouro, o mesmo número que no ano passado: a americana Sofia Coppola, a japonesa Naomi Kawase e a britânica Lynne Ramsay.

O Festival de Cannes, meca da sétima arte, em sua 70ª edição pegou o trem da modernidade com a realidade virtual, as séries e o Netflix, em uma edição de aniversário que terá estrelas como Pedro Almodóvar no júri e Monica Bellucci como anfitriã.

Almodóvar, como presidente do júri, é o primeiro espanhol a ter esta honra.

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Nenhum filme brasileiro figura entre os escolhidos para disputar a Palma de Ouro, pela qual competem 18 produções, entre as quais destacam-se "The Beguiled" ("O Enganado"), de Sofia Coppola, "Wonderstruck", de Todd Haynes, e "Happy End", de Michael Haneke.

A presença de filmes na seleção oficial da gigante do 'streaming' Netflix, - "The Meyerovitz Stories", de Noah Baumbach, e "Okja", de Bong Joon-Ho -, desatou os protestos das salas de cinema francesas, que não poderá exibi-los por causa da legislação, a não ser que a plataforma aceitasse adiar seu lançamento na internet em 36 meses.

Uma semana antes do início, o Festival lamentou ter solicitado em vão à Netflix - que tem 100 milhões de assinantes no mundo - que cedesse nessa questão e decidiu que, a partir de 2018, todas os filmes em competição deverão "se comprometer previamente a serem distribuídos nas salas francesas".

Os organizadores negaram, por sua vez, os rumores que falavam, inclusive, da retirada dos dois filmes da Netflix.

- Realidade virtual -

O mexicano Alejandro González Iñárritu apresentará um curta-metragem em realidade virtual, "Carne e areia", outra novidade tecnológica para o antigo festival.

Duas séries de TV também fazem parte do programa. Uma delas é a nova temporada de "Twin Peaks", de David Lynch, sucesso dos anos 1990 e que terá dois episódios exibidos em Cannes.

O esperado filme de Sofia Coppola - protagonizado por Colin Farrell, Nicole Kidman, Elle Fanning e Kirsten Dunst - mostra a chegada de um soldado confederado ferido que altera a vida em uma escola feminina nos Estados Unidos no século XIX.

Trata-se de um adaptação do romance de Thomas Cullinan, que já foi retratado nas telonas em uma adaptação de Don Siegel em 1971, que contava com a participação de Clint Eastwood.

Já Michael Haneke explora a vida de uma família burguesa do norte da França durante a crise dos refugiados, em um filme com Isabelle Huppert como protagonista.

"A questão dos refugiados é fundamental e está presente na escolha", disse o delegado-geral do festival, Thierry Frémaux.

Este ano a premiação contará com a presença no tapete vermelho de atores como Joaquin Phoenix ("You were never really here"), Dustin Hoffman ("The Meyerowitz Stories") e o francês Vincent Lindon, que apresentará um filme sobre o escultor Rodin.

Entre os títulos da seleção oficial também se destacam "Le Redoutable", de Michel Hazanavicius (diretor de "O Artista", também vencedor de vários prêmios Oscar), sobre a produção de um filme de Jean-Luc Godard nos anos 1960, e "Nelyubov", do russo Andrei Zvyagintsev, conhecido por "Leviatã", indicado ao Oscar.

A seleção oficial também terá a presença do cinema asiático com "Okja", do sul-coreano Bong Joon-Ho, com os atores Tilda Swinton e Jake Gyllenhaal, um filme produzido pela Netflix.

Seu compatriota Hong Sangsoo lutará pelo principal prêmio do festival com "Geu-Hu", enquanto a japonesa Naomi Kawase, uma das três mulheres da competição, apresenta "Hikari".

O presidente do festival, Pierre Lescure, destacou que o evento será "um respiro para falar somente sobre cinema", em um período marcado na França pelas eleições presidenciais, e assegurou que as medidas de segurança continuarão sendo importantes em um país que ainda aplica o estado de emergência pelos recentes atentados.

Dezoito filmes disputam o prêmio Palma de Ouro que será entregue no 70º festival de cinema de Cannes em 28 de maio.

Veja a lista de filmes em competição:

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- "Loveless", de Andrey Zvyagintsev

- "Good Time", de Benny Safdie e Josh Safdie

- "You were never really Here", de Lynne Ramsay

- "L'Amant double", de François Ozon

- "Jupiter's Moon", de Kornél Mandruczo

- "A gentle creature", de Sergei Loznitsa

- "The Killing of a sacred deer", de Yorgos Lanthimos

- "Radiance", de Naomi Kawase

- "Le jour d'après", de Hong Sangsoo

- "Le Redoutable", de Michel Hazanavicius

- "Wonderstruck", de Todd Haynes

- "Happy end", de Michael Haneke

- "Rodin", de Jacques Doillon

- "O estranho que nós amamos", da americana Sofia Coppola

- "120 battements par minute", de Robin Campillo

- "Okja", de Bong Joon-Ho

- "In the Fade", de Fatih Akin

- "The Meyerowitz stories", de Noah Baumbach

Nessa última quarta-feira (10), o festival de Cannes anunciou uma nova regra, que exige que os filmes inscritos sejam exibidos nos cinemas franceses. O que acaba prejudicando produções de serviço de streaming, como a Netflix.

Essa mudança já poderia ter acontecido na edição deste ano mas, como a Netflix tem dois longas concorrendo em Cannes, os organizadores do festival optaram por adiar a nova regra para 2018.

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A organização do evento tentou negociar com a empresa de streaming a exibição de suas produções em algumas salas de cinema, mas a Netflix recusou a proposta.  

O CIO da Netflix, Reed Hastings, comentou a decisão por meio de seu Facebook: “O establishment está se juntando contra nós. Assista Okja na Netflix em 28 de junho. Um ótimo filme que as salas de cinema não querem ver entrando na competição de Cannes”.  

Essa é a primeira vez em que filmes da Netflix concorrem em Cannes, o que revoltou os exibidores de cinema, que têm muito peso no festival. A pressão feita pela comunidade de exibidores pode ter contribuído para nova regra.

Um dos longas da Netflix que estão concorrendo no festival é "Okja", que narra a história de uma menina que luta contra uma multinacional que pretende capturar o seu animal selvagem gigante. O filme é dirigido por Bong Joon-Ho, e conta com Tilda Swinton, Jake Gyllenhaal, Giancarlo Esposito, Lily Collins e Paul Dano no elenco.

O outro longa, "The Meyerowitz Stories", ainda não teve sinopse oficial divulgada, mas será uma comédia dramática envolvendo um reencontro familiar. O filme, que ainda não tem data de lançamento, é dirigido por Noah Baumbach e traz Dustin Hoffman, Ben Stiller, Adam Sandler e Emma Thompson no elenco. 

A 70ª edição do Festival de Cannes acontece de 17 a 28 de maio e terá Pedro Almodóvar como presidente do júri. 

Os atores americanos Jessica Chastain e Will Smith, o cineasta italiano Paolo Sorrentino e a alemã Maren Aden farão parte do júri do 70º Festival de Cannes, anunciaram os organizadores nesta terça-feira.

As atrizes francesa Agnès Jaoui e chinesa Fan Bingbing, o diretor sul-coreano Park Chan-wook e o compositor francês Gabriel Yared completarão o júri presidido pelo cineasta espanhol Pedro Almodovar.

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Os nove jurados serão responsáveis por escolher o filme vencedor da Palma de Ouro desta competição que acontece entre 17 e 28 de maio.

Ator, produtor e músico, o americano Will Smith, de 48 anos, vencedor de dois prêmios Grammy, indicado duas vezes ao Oscar, participou de filmes como "Independence Day", a trilogia "Homens de Preto" e "Eu sou a lenda".

Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2014 por "La grande bellezza" (A Grande Beleza), o italiano Paolo Sorrentino, de 46 ​​anos, é conhecido de Cannes, onde apresentou sete de seus oito filmes, incluindo "Il Divo", que ganhou o Prêmio do Júri em 2008.

Já a atriz americana Jessica Chastain, de 40 anos, fez filmes como "A Árvore da Vida", de Terrence Malick - que conquistou a Palma de Ouro em Cannes em 2011 -, "A Hora Mais Escura", de Kathryn Bigelow, e "Interestelar", de Christopher Nolan.

Veja alguns números da seleção oficial do Festival de Cannes 2017, que acontecerá de 17 a 28 de maio:

- 49 longas-metragens de 29 países foram selecionados de um total de 1.930 propostos para o maior festival de cinema do mundo, contando com os trabalhos apresentados fora de competição, em "sessões da meia-noite" ou "mostras especiais". O número de filmes inscritos foi de 1.869 em 2016.

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- Deste total, 18 longas estão em competição e 16 serão exibidos na mostra paralela "Un certain regard".

- Entre os diretores que disputam a Palma de Ouro, apenas o austríaco Michael Haneke já foi premiado, e em duas ocasiões, por "A fita branca" em 2009 e "Amour" en 2012.

- Dos 18 filmes que concorrem à Palma de Ouro, quatro são assinados por cineastas franceses, quatro por americanos, dois por coreanos, um por um húngaro, um por um britânico, um por um austríaco, um por um russo, um por um ucraniano, um por um grego, um por um alemão e um por um japonês.

- 3 mulheres cineastas estão disputando a Palma de Ouro, o mesmo número que no ano passado: a americana Sofia Coppola, a japonesa Naomi Kawase e a britânica Lynne Ramsay.

Dezoito filmes disputam o prêmio Palma de Ouro que será entregue no 70º festival de cinema de Cannes em 28 de maio.

Veja a lista de filmes em competição:

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- "Loveless", de Andrey Zvyagintsev

- "Good Time", de Benny Safdie e Josh Safdie

- "You were never really Here", de Lynne Ramsay

- "L'Amant double", de François Ozon

- "Jupiter's Moon", de Kornél Mandruczo

- "A gentle creature", de Sergei Loznitsa

- "The Killing of a sacred deer", de Yorgos Lanthimos

- "Radiance", de Naomi Kawase

- "Le jour d'après", de Hong Sangsoo

- "Le Redoutable", de Michel Hazanavicius

- "Wonderstruck", de Todd Haynes

- "Happy end", de Michael Haneke

- "Rodin", de Jacques Doillon

- "O estranho que nós amamos", da americana Sofia Coppola

- "120 battements par minute", de Robin Campillo

- "Okja", de Bong Joon-Ho

- "In the Fade", de Fatih Akin

- "The Meyerowitz stories", de Noah Baumbach

O cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho, diretor do filme ‘Aquarius’ (2016), foi convidado para presidir o júri da Semana Crítica - mostra que é realizada simultaneamente à disputa pela Palma de Ouro no Festival de Cannes. O diretor substituirá a britânica Andrea Arnold. Além de Mendonça também estão confirmados a produtora colombiana Diana Bustamante Escobar e do ator francês Niels Schneider.

Em sua página pessoa do Facebook, Kleber enalteceu o convite, publicando que seria uma honra poder fazer parte do Júri. A 70ª edição do Festival de Cannes acontecerá entre 17 e 28 de maio, na França. O espanhol Pedro Almodóvar irá presidir o júri principal.

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A decisão do prefeito de Cannes de proibir o uso de burquini - traje de banho islâmico - nas praias da cidade gerou uma onda de críticas na França, nesta sexta-feira (12), onde as associações acusam-no de distorcer o princípio da laicidade e alimentar a tensão.

Embora na França o uso do véu integral seja proibido nos espaços públicos, a legislação não diz nada sobre o uso de símbolos, ou de indumentária religiosa, como seria o caso do burquini. O traje cobre todo o corpo da mulher, salvo o rosto, os pés e as mãos.

No final de julho, porém, o prefeito republicano (direita) David Lisnard decidiu que "o acesso às praias e ao banho está proibido a qualquer pessoa que não tenha uma indumentária correta, respeitosa dos bons hábitos e da laicidade".

De acordo com o texto aprovado por Lisnard, "uma roupa de praia manifestando de maneira ostentatória um pertencimento religioso, no momento em que a França e os locais de culto religiosos são, atualmente, alvo de ataques terroristas, é de natureza a criar riscos de perturbações da ordem pública (multidões, conflitos, etc.), o que é necessário prevenir".

Essa proibição "distorce o laicismo que tem por vocação", denunciou hoje a Liga de Direitos Humanos (LDH), que quer recorrer à Justiça para anular a legislação.

Já o Coletivo contra a Islamofobia na França (CCIF) manifestou sua "profunda preocupação" com o que chamou de "um novo atentado contra os princípios mais elementares do Direito".

Uma decisão desse tipo é fruto de uma "estratégia da tensão", acusou a associação SOS Racismo.

"O fundamentalismo deve ser combatido com argumentos jurídicos impecáveis, para não oferecer [aos fundamentalistas] vitórias nos tribunais", declarou o partido socialista local.

Desde 2015, a França vem sendo atingida por vários atentados extremistas e, desde então, os atos antimuçulmanos se multiplicam.

Há poucos dias, uma outra polêmica já havia sido registrada. Uma associação muçulmana da região de Marselha tentou reservar um parque aquático privado, por um dia, para organizar uma saída reservada para mulheres que usam o traje de banho islâmico. Diante da enxurrada de críticas, o parque acabou rejeitando o pedido.

A prefeitura de Cannes (sudeste da França), sede de um dos principais festivais de cinema do mundo - de acordo com uma lei municipal sancionada nesta quinta-feira (11), que proíbe o uso de burquini (maiô que cobre todo o corpo) em suas praias.

Sancionada em 28 de julho pelo prefeito de direita David Lisnard, a lei determina que "o acesso às praias (...) está proibido (...) a qualquer pessoa que não tenha uma indumentária correta, respeitosa dos bons hábitos e da laicidade, respeitando as regras de higiene e de segurança dos banhos adaptados ao domínio público marítimo".

Segundo o decreto, "uma roupa de praia manifestando de maneira ostentatória um pertencimento religioso, no momento em que a França e os locais de culto religiosos são, atualmente, alvo de ataques terroristas, é de natureza a criar riscos de perturbações da ordem pública (multidões, conflitos, etc.), o que é necessário prevenir".

"Não se trata de proibir o uso de símbolos religiosos na praia", explicou à AFP o diretor-geral de serviços da cidade de Cannes, Thierry Migoule, "mas as vestimentas ostentatórias que fazem referência a uma lealdade a movimentos terroristas que nos fazem guerra".

O burquini é usado por mulheres que querem se enquadrar nas prescrições de pudor impostas por uma rigorosa concepção do Islã.

A cidade francesa de Cannes, conhecida por sua orla e seu festival de cinema, anunciou nesta quarta-feira (27) a proibição de bolsas grandes em suas praias, para evitar o risco de atentados.

O prefeito David Lisnard indicou no comunicado que a proibição será aplicada em todo o litoral do município até 31 de outubro.

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A medida acontece duas semanas depois do ataque no Passeio dos Ingleses, na cidade vizinha de Nice, onde morreram 84 pessoas.

Ficam assim proibidas as mochilas, maletas e outros tipos de bagagem que possam ocultar materiais perigosos, armas ou artefatos explosivos.

O curta-metragem brasileiro "A moça que dançou com o diabo", de João Paulo Miranda Maia, que disputava a Palma de Ouro na categoria de melhor curta-metragem, obteve uma menção especial do júri do Festival de Cannes.

O curta, de 14 minutos, conta a história de uma menina que pertence a uma família muito religiosa e sai em busca de seu próprio paraíso.

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Ao receber a distinção, Miranda comemorou a presença em Cannes de outros filmes do país, ausente do festival nos últimos anos.

Assim como fizeram outros cineastas durante a mostra, o diretor do curta aproveitou o espaço para protestar contra o governo de Michel Temer e sua decisão de acabar com o ministério da Cultura - da qual o presidente interino voltou atrás.

"É muito perigoso para a liberdade de expressão e a liberdade artística", disse o diretor, em coletiva de imprensa após a premiação.

No sábado, "Cinema Novo", de Eryk Rocha, sobre este movimento cinematográfico brasileiro, levou o prêmio Olho de Ouro de melhor documentário.

Apesar de muito aplaudido, o longa-metragem "Aquarius", de Kleber Mendonça Filho, protagonizado por Sônia Braga, único filme da América Latina na disputa pela Palma de Ouro, deixou Cannes com as mãos vazias.

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"I, Daniel Blake', uma implacável narrativa sobre a injustiça social na Inglaterra, do diretor britânico Ken Loach, levou neste domingo (22) a Palma de Ouro, prêmio máximo do Festival de Cannes. "Outro mundo é possível e necessário!", disse o diretor de 79 anos, ao receber a recompensa, a segunda Palma de Ouro de sua longa carreira dedicada ao cinema social.

Em seu discurso de agradecimento ao festival e a toda a sua equipe, Loach aproveitou a oportunidade para fazer uma crítica enérgica aos riscos do neoliberalismo. "O mundo em que vivemos está em uma situação perigosa, à beira de um projeto de austeridade que chamamos de neoliberal, que corre o risco de nos levar à catástrofe", disse. "Deve-se dizer que outro mundo é possível e, até mesmo, necessário", prosseguiu, falando em francês e em inglês, após ter alertado contra o retorno da extrema direita.

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