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Os nove vetos que a presidente Dilma Rousseff impôs ao texto do Código Florestal aprovado no final do mês passado pelo Congresso Nacional, que constam da lei publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial da União (DOU), anulam as principais conquistas obtidas pela bancada ruralista durante as discussões do tema na comissão mista especial do Congresso Nacional que analisou a matéria.

Os benefícios aos médios produtores rurais na recuperação das matas nas margens dos rios, o plantio de árvores frutíferas na recomposição das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e a possibilidade de regularização da situação relativa às autuações antes de junho de 2008, a partir da adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), foram eliminados na nova legislação.

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A presidente Dilma anulou um dos pontos mais comemorados pelos ruralistas, que foi a redução para 15 metros da obrigatoriedade de recomposição florestal em propriedades com áreas entre 4 a 15 módulos nos rios com até 10 metros de largura. O governo retomou a proposta original, que prevê a faixa de recuperação das matas de acordo com o tamanho das propriedades, observando o mínimo de 20 metros e máximo de 100 metros contados da borda da calha do leito regular dos rios.

A presidente Dilma Rousseff também vetou a exclusão da obrigatoriedade de reflorestamento nas margens dos reservatórios artificiais de água que não decorram de barramento ou represamento de cursos d'água e impediu que o cômputo das Áreas de Preservação Permanente no cálculo do porcentual da Reserva Legal do imóvel ficasse restrito a 50% da área do imóvel nas regiões fora da Amazônia, onde o limite permitido é de 80%.

Outra proposta vetada é a que garantia o uso das áreas consolidadas, pois limitava a exigência de recomposição a 25% da área total do imóvel no caso dos proprietários que até junho de 2008 detinham até 10 módulos fiscais fora da Amazônia Legal.

A presidente Dilma Rousseff vetou nesta quarta-feira a principal mudança feita no Código Florestal pelo Congresso, a que alterava a chamada escadinha e diminuía a área de recuperação de florestas nas margens dos rios. Um decreto presidencial, usado para regulamentar o Cadastro Ambiental Rural (CRA) e o Programa de Recuperação Ambiental (PRA), vai recuperar o texto original da Medida Provisória alterada pelos parlamentares, o que promete abrir uma nova frente de batalha com a bancada ruralista da Câmara dos Deputados.

"Todos os vetos foram fundamentados na recuperação dos princípios da Medida Provisória de não anistiar, não estimular o desmatamento ilegal e estimular a justiça social no campo", afirmou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. "Foi vetado tudo aquilo que leva ao desequilíbrio social e ambiental". Os vetos incluem, ainda, a proibição de usar árvores frutíferas para recuperação de áreas degradadas dentro das Áreas de Preservação Permanente e um artigo que definia uma área de cinco metros na recuperação nas margens de rios intermitentes de até dois metros de largura em propriedades de qualquer tamanho.

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A maior questão para os ruralistas, no entanto, é mesmo o tamanho das áreas de preservação em margens de rios. A versão final que saiu do Congresso, em uma enorme derrota para o governo, diminuiu a obrigação da recomposição para médias e grandes propriedades.

Nas médias propriedades, de 4 a 10 módulos fiscais, o governo quer a recuperação de 20 metros em cada margem em rios com até 10 metros de largura. Em propriedades com até 10 módulos fiscais, se o rio for maior que 10 metros, e em áreas maiores do que essas, com rios de qualquer tamanho, a recuperação terá que ser equivalente à metade da largura do rio, com um mínimo de 30 metros e máximo de 100 metros. A mesma regra vale para as grandes propriedades. Essa é a versão que será recuperada com o decreto presidencial publicado amanhã no diário oficial.

Na versão do Congresso, a área a ser recuperada nas médias propriedades seria de 15 metros em qualquer caso e, nas grandes propriedades, a faixa mínima passaria a ser de 20 metros e o tamanho máximo passaria a ser regulado pelos Estados. Na avaliação do governo federal, as alterações tinham potencial de reduzir significativamente o tamanho das matas ciliares.

A edição de um decreto presidencial para substituir o que estavam em uma lei promete criar um enorme atrito com a bancada ruralista, que já ameaça entrar na Justiça alegando a inconstitucionalidade da lei. O Advogado Geral da União, Luiz Inácio Adams, alega que as mudanças feitas pelos parlamentares permitiram a edição do decreto quando passaram a regulamentação do Cadastro Ambiental Rural e o Programa de Recuperação Ambiental para as disposições transitórias da lei. "Essa previsão não existia na versão anterior, por isso não foi feita", explicou.

O chamado CAR é um cadastro em que todos os produtores precisarão se inscrever para regularizarem sua situação ambiental. Depois de inscritos, o governo federal avaliará as propriedades para ver quais precisarão estar no PRA e definir o que precisa ser feito de recuperação. É nesse ponto que a AGU viu a brecha para tratar a escadinha como parte da regulamentação do CAR e do PRA.

O outro ponto vetado foi a inclusão, na Câmara, da possibilidade da recuperação das áreas ser feita com árvores frutíferas não nativas. De acordo com a ministra do Meio Ambiente, a possibilidade do uso de frutíferas nativas intermitentes com outras árvores das regiões está prevista. O que o governo não quer é ver as APPs transformadas em pomares.

No total, a presidente vetou nove de 84 itens da MP aprovada em setembro pelo Congresso. Tanto o texto quando o novo decreto serão publicados nesta quinta-feira (18) no Diário Oficial.

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, informou nesta quarta que a presidente Dilma Rousseff sancionará a lei que cria o novo Código Florestal com nove vetos. O ato de sanção presidencial será publicado nesta quinta (18) no Diário Oficial da União.

Em conversa com jornalistas, no Palácio do Planalto, Izabella destacou que foram vetados os pontos que provocariam "desequilíbrio entre o social e o ambiental". "Esses vetos compreendem todo e qualquer texto que leve a desequilíbrio entre social e ambiental", disse.

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A ministra informou que será publicado um decreto que resgatará a "escadinha", regra que estabelece faixas de recuperação das áreas desmatadas ilegalmente às margens dos rios proporcionalmente ao tamanho do imóvel rural. A lógica é que propriedades maiores têm de recuperar áreas maiores.

O texto aprovado no Congresso reduziu o número de faixas e, com isso, os médios e os grandes proprietários teriam de recuperar áreas menores de vegetação do que o previsto na proposta original enviada pela presidente. Segundo ela, este será o primeiro decreto de um conjunto de normas que deverão ser regulamentadas.

Izabella ainda informou que "foi vetada qualquer situação em relação a monocultura de frutíferas em Áreas de Preservação Permanente (APP)".

Se a presidente Dilma Rousseff vetar pontos da medida provisória do Código Florestal que foram alterados pela Câmara dos Deputados, isso não necessariamente causará os temidos vácuos jurídicos sobre a questão. A opinião é de especialistas em direito ambiental. Para o jurista Paulo Affonso Leme Machado, um dos criadores do direito ambiental no Brasil e autor do livro Novo Código Florestal, que traz comentários à Lei 12.651, aprovada em maio deste ano com vetos de Dilma, a solução para o principal ponto de discórdia - a recomposição de mata ciliar desmatada ilegalmente - está na Constituição Federal.

"Na questão da recomposição, não se pode negociar. O governo não é proprietário do ambiente para definir isso", diz. Ele se refere ao Artigo 225, que define que "todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado" e que é dever público defendê-lo e preservá-lo.

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O terceiro parágrafo desse artigo também aponta que condutas lesivas ao meio ambiente são sujeitas a infrações, "independentemente da obrigação de reparar os danos causados". Ou seja, diz ele, "ninguém tem o direito de não recompor" e não faria sentido discutir o tamanho que tem de ter essa restauração. "É uma discussão que, a meu ver, é inadequada. Todos têm obrigação de recompor. Ponto final."

Para o jurista, o grande problema é fazer uma correspondência da obrigação com o tamanho da propriedade, em vez de levar em conta as necessidades hídricas e geológicas da região, que é o que delimitam a capacidade das áreas de preservação permanente (APPs) de proteger solo e água - sua principal função. "O que deveria estar sendo analisado é quais proprietários rurais que têm problemas econômico-financeiros para manter ou recuperar sua APP e o governo deveria dar um montante para recuperar APP. Do contrário, estamos produzindo seca."

Escadinha

A MP editada por Dilma tinha como principal destaque a chamada "escadinha", que definia critérios diferentes de obrigação de restauração das chamadas áreas consolidadas desmatadas até 2008 conforme o tamanho da propriedade. Assim, pequenos proprietários teriam de recompor menos, os médios um pouco mais e os grandes, mais ainda. Na Câmara, foi reduzida a obrigação para médios (de 20 para 15 metros) e grandes (de 30 para 20 metros).

O governo manifestou em várias ocasiões que considerava a proposta o melhor equilíbrio entre as questões sociais e ambientais e que não aceitaria uma flexibilização maior que essa. Portanto, é de se esperar que Dilma vete as mudanças. O que gera dúvidas é se isso poderia deixar um vazio sobre a obrigação dos médios e grandes produtores.

Para André Lima, consultor jurídico do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e SOS Mata Atlântica, uma saída seria vetar inteiramente o Artigo 61-A, que define a questão. "Se vetasse inteiro, poderia resolver, em alguma medida, as anistias e poderia repor o interesse social e público relacionado aos pequenos produtores com um ou mais decretos que definissem algumas atividades de interesse social ou baixo impacto para fins de consolidação de uso de áreas desmatadas. Resolveria 80% dos problemas sem necessariamente expandir a anistia para médios ou grandes proprietários", afirma. Para os demais, ficaria valendo o Artigo 4.º, que delimita o que é APP.

Essa possibilidade é proposta desde que começaram as discussões para reformular a lei. Os ruralistas sempre alegaram que pequenas propriedades ficariam inviabilizadas se tivessem de cumprir a lei, assim como algumas culturas, como café, uva e arroz, que se desenvolvem melhor justamente em APPs como topo de morro e margens de rio. "Isso colocaria algum equilíbrio na lei, mantendo a regra, mas explorando as exceções." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

O Senado Federal aprovou hoje (25), sem alterações, o projeto de lei de conversão referente à Medida Provisória do Código Florestal. O texto original enviado pelo Poder Executivo recebeu quase 700 emendas na comissão especial mista que analisou a matéria. Nela, após muita polêmica, um acordo entre congressistas ruralistas e ambientalistas resultou no texto aprovado pela Câmara dos Deputados e, hoje, pelo Senado.

Entre as alterações inseridas no projeto pela comissão especial, as principais são referentes às áreas de preservação permanentes (APPs) em margens de rios e de nascentes. Os parlamentares da comissão modificaram a chamada “escadinha” proposta pelo governo federal, que estabelecia quanto das margens de rios desmatadas deveriam ser replantadas de acordo com o tamanho da propriedade.

Por serem maioria, os parlamentares da bancada ruralista conseguiram estabelecer no projeto que, nas propriedades de 4 a 10 módulos fiscais deverão ser recompostos 15 metros de mata nas margens dos rios com até 10 metros de largura. Quem tiver propriedades maiores que isso, independente do tamanho do curso d’água, deverá recompor de 20 metros a 100 metros, a ser definido pelas autoridades estaduais.

Já os parlamentares ambientalistas se deram por satisfeitos ao conseguirem impor no texto que as nascentes e olhos d’água deverão ter APPs ao seu redor de, no mínimo, 15 metros, a serem recompostos em caso de desmatamento pelos donos das propriedades. Além disso, o projeto também prevê a manutenção de 50 metros de APPS no entorno das veredas e áreas encharcadas.

Para que a recomposição seja feita, será criado um Programa de Regularização Ambiental (PRA) que regulamentará a permissão para que os produtores possam converter as multas ambientais em investimentos no reflorestamento de suas reservas legais e APPs.

A Medida Provisória do Código Florestal foi editada pela presidenta Dilma Rousseff para suprir as lacunas deixadas pelos vetos feitos por ela à lei que reformou o código. Durante as negociações sobre a MP na comissão especial, o governo chegou a divulgar nota na qual declarou não ter participado do acordo que resultou no texto aprovado hoje e que, portanto, não tinha qualquer compromisso com ele. A declaração gerou tensão entre os parlamentares ruralistas, que ficaram com receio de que a presidenta faça novos vetos ao projeto aprovado pelo Congresso.

Apesar disso, o senador Jorge Viana (PT-AC), que tem atuado como porta-voz informal do governo nas questões ambientais, disse acreditar que a presidenta não deverá tomar esta medida novamente. Na opinião dele, a proposta aprovada é “a melhor para o meio ambiente” e esse deve ser o argumento usado para tentar convencer a presidenta a não promover novos vetos na matéria.

“O entendimento que foi construído aqui leva em conta a realidade das bacias hidrográficas. O texto que sai daqui resolve o passivo ambiental brasileiro”, declarou o senador que atuou como relator do projeto do código anteriormente e foi um dos negociadores do atual projeto.

O projeto de lei de conversão segue agora para sanção presidencial, uma vez que não sofreu alterações e não precisará retornar para nova análise da Câmara dos Deputados.

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A presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, disse que está satisfeita como cidadã com o resultado do Código Florestal que será votado nesta terça-feira em Brasília. "Como produtora, eu posso ter minhas ressalvas em relação ao código, mas como cidadã acredito que esse documento é um grande avanço para as discussões entre agricultura e meio ambiente no Brasil", afirmou.

Segundo ela, o presidente do Senado, José Sarney, leu o documento na noite de segunda-feira e confirmou a votação para hoje. De acordo com Kátia , o documento não deverá receber emendas porque o Congresso em geral está satisfeito com o resultado da longa discussão que houve em torno do código.

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Ela ressalta também que o fato de o Código Florestal estar sendo votado hoje não significa que será um documento imutável. "Novas pesquisas serão feitas, novos estudos serão realizados sobre agricultura e novas modificações terão que ser feitas para adaptar o Código Florestal à nova realidade agrícola do Brasil no futuro." A senadora disse ainda que não teme que a presidente Dilma vete o código. "Existe uma maioria expressiva a favor e não vejo no código nenhum motivo para o veto da presidente", afirma.

O próximo passo para a senadora é o início das discussões em torno do trabalho escravo. Segundo Kátia, existe na lei apresentada alguns itens que acabam gerando confusão no seu entendimento, como o termo "trabalho degradante", que seria subjetivo, tornando difícil o trabalho da Polícia Federal.

Em esforço concentrado nesta semana, os senadores têm a medida provisória do Código Florestal (MP 571/2012) como primeiro item da pauta do Plenário nesta terça-feira (25). A matéria foi a causa de o presidente da Casa, José Sarney, ter convocado o Senado nesta semana, já que a MP precisa ser votada até o dia 8 de outubro, quando perderá a validade. Anteriormente, os senadores só se reuniriam depois das eleições municipais.

A proposta, aprovada pela Câmara na semana passada, modifica o texto original do Código, conforme acordo firmado na comissão mista que analisou a matéria previamente. A expectativa é de que o texto aprovado pelos deputados seja acatado no Plenário do Senado, já que recebeu apoio unânime dos senadores que integram a comissão mista.

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No entanto, segue a dúvida sobre os possíveis vetos que poderão ser feitos pela presidente Dilma Rousseff, que não assumiu o compromisso de aceitar o que for aprovado no Congresso. Caso ela decida sancionar a MP como está, o processo de construção do novo Código Florestal será encerrado. Se houver vetos, as lacunas poderão ser cobertas por lei em vigor ou exigir regulamentação por decreto, por projeto de lei enviado pelo Executivo em regime de urgência ou mesmo pela edição de nova medida provisória.

O principal impasse é sobre as regras de recomposição de Área de Preservação Permanente (APP) e o tamanho da área de responsabilidade de cada produtor para o reflorestamento.

Com informações da Agência Senado.

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deve marcar um esforço concentrado para a próxima semana, a fim de garantir a votação da MP do Código Florestal. A expectativa é que a leitura seja feita na terça-feira (25) e votação aconteça na quarta (26). A convocação deve ser feita ainda nesta quarta-feira (20).

A MP foi aprovada na Câmara, na noite dessa terça-feira (18). José Sarney já havia sinalizado que convocaria os senadores caso a matéria fosse aprovada pelos deputados. O texto perde a validade no dia 8 de outubro e precisa ser votado no Senado para ir à sanção presidencial.

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O texto aprovado na Câmara alterou o texto original enviado pelo Executivo e pode ser vetado pela presidente, assim como ela fez com o projeto do Código Florestal aprovado anteriormente pelo Congresso. O impasse está relacionado à recuperação da vegetação às margens dos rios desmatadas ilegalmente por produtores rurais.

Outra matéria que está na pauta é a indicação do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Teori Zavascki para o lugar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cezar Peluso, que se aposentou compulsoriamente no início do mês, por completar 70 anos.

A Câmara aprovou, na noite desta terça-feira, a medida provisória do Código Florestal alterando o texto original enviado pela presidente Dilma Rousseff e beneficiando as médias e grandes propriedades rurais na exigência de recuperação da vegetação às margens dos rios desmatadas ilegalmente. Os deputados aprovaram a proposta que saiu da comissão especial do Congresso, contrariando a presidente. No mês passado, por meio de bilhete endereçado às ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Dilma desautorizou o acordo que permitiu a aprovação da MP na comissão e que alterou as faixas obrigatórias de recomposição, a regra chamada "escadinha".

Assim como fez com o projeto do Código Florestal aprovado anteriormente pelo Congresso, a presidente poderá vetar parte do que foi aprovado nesta terça. "O governo não tem compromisso com o mérito, na medida em que não patrocinou o acordo na comissão", afirmou o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), durante a votação. O Senado deverá votar a proposta na próxima semana. A MP perderá a validade no dia 8 de outubro, caso não seja votada até lá.

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Para votar a MP, nesta terça, o governo não insistiu em recuperar o artigo da MP original que tratava da "escadinha", como tentou o PV. "Se derrota houve, foi na comissão especial", disse Chinaglia, referindo-se à mudança do texto original. Os interlocutores do governo conseguiram isolar a parte mais radical da bancada ruralista que condicionava a votação da MP ao compromisso da presidente de sancionar integralmente o texto aprovado na comissão.

"Figuras expressivas da frente parlamentar perceberam que o preço a ser pago com o fim da MP seria maior. As multas (para quem desmatou ilegalmente) represadas seriam cobradas", avaliou Chinaglia. O presidente da Frente Parlamentar da Agricultura, deputado Homero Pereira (PSD-MT), anunciou o fim da obstrução no início da tarde. "Não dá para exigir isso (sanção integral do texto)", disse Pereira. "Vamos fazer a nossa parte e votar. Depois vamos tentar convencer a presidente a não vetar. Vamos explicar a ela que foi o acordo possível", afirmou.

O PSD, um dos focos de obstrução, cedeu ao governo após uma reunião entre a ministra Ideli e o líder do partido, Guilherme Campos (SP), na noite de segunda-feira. O DEM, comandado pelo deputado Ronaldo Caiado (GO), fez resistência na votação. Também integrante do grupo mais radical, o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC) contestou: "Dizem que, se não votarmos, será o fim do mundo. Queremos ver o fim do mundo. Vamos saber que bicho tem lá".

O governo não concorda, principalmente, com a mudança feita pela comissão na "escadinha". A regra fixada pelo governo estabelece faixas de recuperação das áreas desmatadas ilegalmente às margens dos rios proporcionalmente ao tamanho do imóvel rural. A lógica é que propriedades maiores têm de recuperar áreas maiores. A comissão especial reduziu o número de faixas e, com isso, os médios e os grandes proprietários terão de recuperar áreas menores de vegetação do que o previsto na MP da presidente.

A proposta da comissão permite, por exemplo, que imóveis de 15 módulos rurais recuperem áreas semelhantes a uma propriedade com 4 módulos rurais. Além disso, reduziu de 30 metros, no mínimo, para 20 metros, no mínimo, a área de recuperação às margens de rios para imóveis acima de 15 módulos. Os 30 metros de recuperação era a exigência mínima para imóveis acima de 10 módulos fiscais na MP original.

O presidente da Frente Parlamentar da Agricultura, deputado Homero Pereira (PSD-MT), anunciou a votação da medida provisória do Código Florestal na Câmara para esta terça-feira, pondo fim à obstrução da bancada da agricultura verificada na primeira semana de setembro, quando a MP entrou na pauta do plenário. Mas, embora a disposição da maioria da bancada ruralista seja por votar o tema, uma minoria dos ruralistas, o DEM e o PSDB anunciaram obstrução. A posição dos partidos foi anunciada em reunião de líderes com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS).

A resistência do PSD contra a MP foi derrubada na noite de segunda-feira em reunião da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, com o líder da bancada na Câmara, deputado Guilherme Campos (SP), um dos que condicionavam a votação ao compromisso da presidente Dilma Rousseff de sancionar o texto como foi aprovado na comissão especial, beneficiando os médios e grandes produtores que desmataram ilegalmente.

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O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que vai esperar até o início da noite para ver se haverá número suficiente de deputados na Casa para votar a MP. "O quórum está baixo, o que facilita a obstrução", disse Chinaglia. "Veremos, mais tarde, se vamos conseguir votar ou não".

Com a posição anunciada pela bancada ruralista, o presidente da Câmara afirmou que houve uma mudança no perfil da disputa em torno da medida provisória. "Antes era a bancada da agricultura com o governo. Agora é a oposição com o governo", avaliou Maia. Ele considerou que a decisão da maioria da bancada ruralista em votar a MP facilita a condução da sessão de hoje.

Os ruralistas mais radicais, no entanto, insistem em ter garantia de que a presidente sancionará o texto como foi aprovado na comissão especial. "Não dá para exigir isso (sanção integral do texto)", disse Pereira, após almoço que reuniu a bancada ruralista. "Vamos fazer a nossa parte e votar", continuou. O deputado Homero Pereira afirmou que a maioria dos deputados da frente decidiu votar o texto aprovado na comissão especial e, depois, tentar sensibilizar a presidente Dilma a sancionar a proposta sem vetos. "Vamos votar o texto da comissão. Seria desrespeito não acatar o que foi aprovado por unanimidade na comissão", disse Pereira. "Depois vamos tentar convencer a presidente a sancionar. Vamos explicar a ela que foi o acordo possível", afirmou.

O governo não concorda com o projeto da comissão e insiste em votar o texto original da MP. As ministras de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, têm declarado que o governo não aceita as mudanças feitas pela comissão especial na chamada "escadinha". Essa regra estabeleceu faixas de recuperação das áreas desmatadas ilegalmente às margens dos rios proporcionalmente ao tamanho do imóvel rural. A lógica é que propriedades maiores têm de recuperar áreas maiores.

A busca de um novo consenso com o governo para votação da Medida Provisória 571/12, que trata da alterações do Código Florestal, é o tema principal da almoço semanal dos membros Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que será realizado nesta terça (18). O deputado federal Homero Pereira (PSD-MT), presidente da FPA, diz que o interesse da bancada é aprovar a medida provisória antes que perca a validade dia 8 de outubro. "Não está faltando boa vontade de nossa parte, pois todos nós queremos acabar com essa insegurança jurídica no campo", diz ele.

Na opinião do deputado, está havendo uma interpretação distorcida quanto à regra escalonada de recuperação das Áreas de Preservação Permanente (APPs) nas margens dos rios. Na visão do parlamentar "trata-se de uma tentativa de desvirtuar o sentido da consolidação; alguns por desconhecimento do assunto, outros para tumultuar as negociações".

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Pereira argumenta que o objetivo da bancada é garantir "o respeito ao ato jurídico perfeito ante os produtores regulares e legais que mantiveram os limites da APP em suas propriedades, segundo a lei da sua época e que hoje, em benefício de toda a coletividade, arcam sozinhos com o ônus de perder boa parte da sua terra produtiva sem receber qualquer tipo de indenização ou incentivo".

Ele explica que a consolidação das APPs até 22 de julho de 2008 não se refere à anistia de supressão ilegal ou irregular nessas áreas, mas o respeito às áreas produtivas que atenderam à legislação florestal vigente. A supressão, diz ele, em muitos casos foi incentivada e financiada pelo próprio governo. "Além disso, a regra escalonada de recomposição não visa a beneficiar as propriedades maiores, como insinuam, mas adequar a regra para as médias propriedades", afirmou.

Em esforço concentrado nesta semana, a Câmara tentará votar a Medida Provisória 571/12, que faz mudanças no novo Código Florestal (Lei 12.651/12). Esse é o único item das sessões ordinárias do Plenário. Nesta terça (18) e quarta (19), os deputados terão que entrar em acordo sobre questões polêmicas no texto para garantir a votação.

Um dos impasses para a votação é a área de recuperação para as maiores propriedades rurais. O governo diz que não participou dos acordos na comissão mista. Já os ruralistas querem votar o texto, mas não querem que a presidente Dilma Rousseff vete as alterações.

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A MP perde validade em 8 de outubro e ainda precisa ser votada no Senado, que pelo calendário atual só se reunirá após as eleições municipais. Se a medida for aprovada na Câmara, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), poderá marcar sessões de votação ainda no final deste mês, para que a medida seja analisada.

Sem acordo entre governo, oposição e bancada ruralista, a votação da Medida Provisória 571/12, que altera o novo Código Florestal (Lei 12.651/12), foi adiada na Câmara. A data marcada é no dia 18 de setembro, período do próximo esforço concentrado dos deputados.

Com a mudança, é possível que o a MP perca a validade no dia 8 de setembro. Isso porque o Senado se reunirá em esforço concentrado na próxima semana e depois disso só depois das eleições municipais. O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), disse que conversará com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para tentar convencê-lo a convocar sessões de votação ainda no final de setembro, dando tempo para que a medida seja analisada.

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“Acho que esta medida provisória corre o risco de perder a validade exatamente pela complexidade do tema. Temos prazo até os dias 18 e 19 para tentar negociar um entendimento, e isso pode levar a uma mudança de calendário no Senado”, disse. “Vou comunicar o presidente Sarney da situação vivida na Câmara para que ele possa pensar em uma alternativa. De qualquer forma, ele terá que esperar a decisão que será tomada na Câmara nos dias 18 e 19”, completou.

A MP foi editada para preencher lacunas deixadas pelos vetos de Dilma Rousseff ao projeto anteriormente aprovado pelo Congresso Nacional. Se a medida perder a validade, as partes vetadas da nova lei ficarão sem previsão jurídica. A legislação permite que a presidente envie uma nova MP sobre o assunto somente no próximo ano. Caberia ao Congresso aprovar uma lei que supra o vazio.

Acordo
O líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), negou que o Executivo tenha participado do acordo na comissão mista, como sustentam os integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária e a oposição.

O vice-líder do DEM na Câmara, deputado Ronaldo Caiado (GO), acredita na possibilidade de votação caso o Planalto garanta que não haverá vetos.“[Se não houver vetos] é possível votar a qualquer momento. Se analisar bem o texto, a modificação que foi feita é insignificante. É muito mais uma queda de braço do que alguma mudança substantiva do texto”, ressaltou Caiado.

Com informações das agências Brasil e Câmara de Notícias.

Brasília - Mesmo sem acordo, o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), disse que vai colocar em votação hoje (5) a Medida Provisória 571 do Código Florestal. O petista se isentou de responsabilidade na negociação para um possível acordo e disse que essa é uma tarefa do governo.

“Sou apenas presidente da Câmara. A minha tarefa é a de colocar as pautas de votação”, resumiu Marco Maia. “Não tenho nenhuma responsabilidade com negociações que deverão acontecer durante o dia de hoje para a viabilização da votação da Medida Provisória 571. Isso é tarefa do governo. Conversar com os líderes e exercer o seu tamanho dentro da Casa”, disse o presidente da Câmara.

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Maia, no entanto, se dispôs a colaborar para o entendimento. “O que eu puder fazer no sentido de contribuir ou de ajudar para que haja um entendimento, eu farei", afirmou.

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, deixou claro em reunião com os líderes da base, nesta terça-feira (4), que o governo não concorda com alterações na Medida Provisória do Código Florestal aprovada em comissão especial que modifica a chamada "escadinha". Esse mecanismo estabeleceu que os imóveis rurais maiores devem recuperar áreas maiores às margens dos rios, considerando o que foi devastado ilegalmente.

Na semana passada, a comissão mista da MP alterou o texto e beneficiou médias e grandes propriedades, ao diminuir as faixas exigidas de recuperação. Ideli afirmou que durante a votação na comissão especial, ela e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, deixaram explícita a posição do governo de desacordo com a alteração. A ministra argumentou que a "escadinha" mantém o equilíbrio socioambiental e que todos são obrigados a recuperar a área desmatada, mas respeitada a proporção do tamanho das propriedades. Ela diz que esse equilíbrio é benéfico e justo.

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Na reunião desta terça, Ideli afirmou que é necessária a votação da MP ainda esta semana na Câmara, para evitar que a Medida Provisória perca a validade. Destacou que a orientação do governo é votar a MP e, se necessário, continuar negociando nas próximas duas semanas, quando o texto ainda será votado pelos senadores e, em caso de modificações, pelos deputados, novamente.

O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) afirmou que seguirá a linha de recuperar a proposta original do governo, manifestada pela presidente Dilma, quando ela vetou parte do projeto aprovado no Congresso e editou uma Medida Provisória sobre o tema. "O que não podemos é deixar de votar. Vai haver tensionamento e deixaremos claro o que o governo não concorda nesse texto da comissão mista", disse Chinaglia.

Além da MP do Código Florestal, a Câmara terá de votar esta semana a Medida Provisória com o programa "Brasil Carinhoso". Esse MP embute a possibilidade de obras de creche e escolas serem realizadas pelo Regime Diferenciado de Contratações (RDC), o mesmo aplicado para os estádios da Copa.

Ao comentar a tramitação do Código Florestal no Congresso Nacional, a presidente Dilma Rousseff disse nesta quinta-feira, em discurso durante reunião a 39a. Reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que o governo não "assume responsabilidade" por negociações feitas sem a presença dele. A comissão especial do Congresso aprovou na quarta-feira a medida provisória do Código Florestal, com alterações que beneficiam as médias e grandes propriedades rurais.

"O governo considera importante alguns itens dessa medida provisória, entre eles, o que nós chamamos de escadinha e também não vê motivos, não há motivos econômicos para que nós não mantenhamos as áreas de proteção ambiental ao longo do leito dos rios, sejam eles perenes ou não", discursou Dilma.

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"O governo está aberto a negociações, mas não assume responsabilidade por negociações que não foram feitas com a presença dele. A gente, inclusive, gostaria de discutir, mas não assumimos responsabilidade por aquilo que não é discutido conosco", ressaltou.

Para a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, a medida provisória enviada pelo governo fazia um "equilíbrio entre o social e o ambiental". "Ontem o que nós vimos foi uma decisão, que foi um retrocesso do ponto de vista de recuperação ambiental, porque iguala os grandes proprietários aos pequenos proprietários, diminuindo possivelmente - ainda não temos os números, vamos ver o impacto no meio ambiente - daquilo que é obrigatório de recuperação", criticou Izabella.

Brasília - Depois de quase seis horas de reunião e negociação, os parlamentares da comissão especial do Congresso, que analisa a Medida Provisória do Código Florestal, chegaram a um acordo para aprovar o texto do relator, senador Luiz Henrique (PMDB-SC). Como resultado da negociação, os médios proprietários rurais foram beneficiados com redução da margem de rio desmatado que terá de ser recuperada.

Pelo acordo, quando a largura do curso d'água for de dez metros em propriedade de tamanho de quatro a 15 módulos fiscais, a recuperação será de 15 metros e não mais de 20 metros, como estava definido. Nos demais casos, em qualquer largura de curso d'água, quando a propriedade for acima de 15 módulos fiscais, a recuperação terá de ser de no mínimo 20 metros e máxima de cem metros, a ser definida pelo plano de recomposição ambiental.

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Acima de quatro módulos fiscais, se o curso d'água for acima de dez metros de largura, a recomposição será de 20 metros a cem metros. Após o acordo, os parlamentares aprovaram a proposta do relator. A MP 571 será votada pelo plenário da Câmara na próxima semana para depois ser votada no plenário do Senado, na semana seguinte.

O acordo permitiu ao governo recuperar a derrota sofrida na última votação da comissão que analisa a MP, referente aos rios intermitentes. Eles voltarão a ser protegidos.

Na retomada da votação da medida provisória do Código Florestal, nesta terça-feira, na comissão especial no Congresso Nacional, governo e ruralistas vão se basear em estudos técnicos para justificar as suas posições antagônicas. Os cálculos divulgados pelo deputado Valdir Colatto (PMDB-SC) apontam um custo ao longo do tempo de R$ 1 trilhão para a implantação do Código Florestal nos termos da proposta enviada pelo governo ao Congresso.

O trabalho, segundo o deputado, integrante da bancada ruralista, leva em conta os impactos econômicos, sociais e tributários na implantação do Código Florestal. Esse estudo foi elaborado pelo procurador da Fazenda Nacional Luiz Moraes, que assessorou a elaboração do Código Florestal na Câmara dos Deputados, e pelo economista especializado em gestão do agronegócio André Meloni Nassar.

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Por outro lado, a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República tem em mãos um estudo, publicado ontem, segunda-feira, pelo jornal O Estado de S.Paulo, concluindo que o texto final do Código Florestal reduziu em cerca de 12 milhões de hectares as áreas desmatadas ilegalmente que precisam ser recuperadas.

Depois de compensação de áreas com existência de mata dentro dos mesmos Estados e biomas, o tamanho da área a ser recuperada cai para cerca de 18 milhões de hectares. A queda do passivo ambiental brasileiro é um argumento do governo para contestar os ruralistas, que afirmam que essa exigência da lei vai inviabilizar a agricultura em todo o País.

Dor no bolso

Os ruralistas usam os dados do custo na tentativa de combater o texto do governo. Segundo o estudo divulgado por Colatto, serão retirados 53 milhões de hectares utilizados, atualmente, na agricultura e na pecuária para as Áreas de Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal.

Haverá também, de acordo com esse argumento, uma redução de 3,4% no Produto Interno Bruto (PIB) e de 8,61% na arrecadação e questões tributárias. "Essa recomposição custará R$ 215 bilhões, a perda de arrecadação chegará a R$ 801 bilhões e o custo da implantação do Código Florestal dentro da porteira, ou seja, na propriedade rural, será de mais de R$ 1 trilhão", afirmou o deputado da bancada ruralista.

O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), também integrante da bancada da agropecuária, insiste na derrubada do texto do governo pelos parlamentares e na retomada do projeto aprovado pelo Congresso e vetado parcialmente pela presidente Dilma Rousseff com o envio da medida provisória em análise pelos parlamentares.

Assim como Colatto, Caiado afirmou que o governo não apresentou dados sobre o impacto que o Código Florestal provocará na diminuição da área plantada, no custo para os produtores, na diminuição da arrecadação nem no aumento do custo dos alimentos que compõem a cesta básica.

"Essa brincadeira vai doer no bolso do cidadão. A recuperação da área tem custo alto e ninguém tem como arcar com essa despesa", afirmou Caiado. Para o parlamentar, o governo tem de identificar recursos no Orçamento para bancar a recuperação das áreas previstas no projeto.

De acordo com os dados apresentados por Caiado, o cercamento das APPs e das reservas legais custará entre R$ 6 mil a R$ 7 mil por quilômetro e a recuperação, de R$ 7 mil a R$ 8 mil cada hectare. "A proposta do governo não tem razoabilidade nem possibilidade de ser aplicada", argumentou Caiado. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

A comissão especial do Congresso que analisa a medida provisória do Código Florestal aprovou ontem uma emenda que poderá comprometer para sempre todas as bacias hidrográficas brasileiras. Por 15 votos a 12, a comissão decidiu que só serão resguardados por Área de Proteção Permanente (APP) os rios perenes. Os intermitentes poderão virar pasto, roça e estrada.

Entre os rios que poderão perder a proteção está até o Jaguaribe, em cujos leitos se encontram os Açudes do Castanhão e de Orós, no Ceará. Há épocas do ano em que o Jaguaribe seca. Pelas contas do senador Jorge Viana (PT-AC), 50% dos rios brasileiros serão atingidos. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, 80% dos rios do Piauí são intermitentes e no Distrito Federal, 70%. "Os rios intermitentes é que mandam a água para os perenes. Sem eles, todas as bacias hidrológicas ficarão comprometidas", afirmou Viana.

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"Um rio que seca parte do ano, se não estiver protegido, com o tempo pode não voltar mais. Uma decisão dessas está no fundo sacrificando rios e, em última instância, sacrificando o fornecimento de água", disse Ana Cristina Barros, da ONG TNC, que trabalha com projetos de plantio em margens de rios para garantir a produção de água.

A emenda que tirou a proteção dos rios intermitentes foi apresentada pelo deputado Abelardo Lupion (DEM-PR). Segundo ele, o objetivo foi dar "maior clareza à lei e buscar um tratamento isonômico com os olhos d’água perenes". Para Viana, não sobrarão nem os igarapés da Amazônia, que em determinadas épocas do ano são gigantescos braços de água e em outros secam.

Independentemente do mérito, a proposta acabou gerando indignação da base aliada ao governo na comissão, por ir contra um entendimento que havia de não se apresentar nenhuma coisa nova ao texto já acordado.

O relator da MP na comissão especial, senador Luiz Henrique (PMDB-SC) já havia estabelecido que não se apreciaram assuntos já decididos anteriormente na Câmara e no Senado. Por conta disso, decidiu-se suspender a discussão. A comissão mista só volta a se reunir agora no dia 28.

Áreas úmidas

Na sessão de ontem, os ambientalistas perderam nessa questão, mas ganharam a votação que manteve a proteção às áreas úmidas. Uma emenda dos ruralistas pretendia tirar da lei a definição do que é área úmida, sob o argumento de que, com o resguardo a elas, não seria mais possível plantar arroz em ilhas gigantes da Amazônia, no Vale do Araguaia e charqueados gaúchos. Feita a votação, houve empate de 13 a 13. O presidente da comissão, deputado Bohn Gass (PT-RS), desempatou a favor das áreas úmidas.

Em outro acordo entre as partes, ficou estabelecido que o prazo máximo para a suspensão de plantio em áreas que necessitam de repouso (o chamado pousio) será de cinco anos. O consenso foi possível porque o relator tirou do texto o limite de 25% para o repouso. Os ruralistas argumentaram que ficaria fácil para os órgãos fiscalizadores dizer que determinada área não era produtiva, tornando a área passível de desapropriação para a reforma agrária. Os ruralistas, no entanto, conseguiram tirar a parte que autorizava o governo a desapropriar propriedades com áreas extensas abandonadas, não usadas para a produção.

A MP foi editada em maio pela presidente Dilma Rousseff, depois de ela vetar pontos da lei que reformou o Código. O texto-base foi aprovado em julho, mas faltaram ser votadas 343 propostas de mudanças no documento. Um acordo ontem já retirou cerca de 300 emendas. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Um acordo de liderança permitiu que a comissão mista que analisa a Medida Provisória 571/12, que complementa o novo Código Florestal, rejeitasse, em reunião realizada na manhã desta quarta-feira, 304 destaques dos 343 que foram apresentados pelos parlamentares ao texto do relator, senador Luis Henrique (PMDB-SC). A reunião foi suspensa e será retomada às 14h para análises de votos dos 39 destaques que foram mantidos.

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Homero Pereira (PSD-MT), disse à Agência Estado que foram mantidos apenas os destaques dos ambientalistas e da bancada rural, o que irá facilitar os entendimento em relação aos pontos mais polêmicos. Dos destaques que foram mantidos, 24 são de interesse dos ruralistas e outros 15, dos ambientalistas. Homero explicou que os parlamentares ainda não discutiram o mérito dos destaques, o que será realizado hoje à tarde.

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