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Dezessete dias depois de ter se recolhido ao silêncio diante das suspeitas cada vez mais graves de ligação com o empresário de jogos de azar Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o senador Demóstenes Torres (GO) fez sua primeira manifestação pública. E foi em seu blog particular (http://www.demostenestorres.com.br/), no qual postou no sábado, às 14h04, um artigo com críticas ao pacote de ajuda para a indústria anunciado pela presidente Dilma Rousseff no dia 3.

No blog, Demóstenes não faz nenhuma menção às suspeitas das ligações com Carlinhos Cachoeira nem sobre o seu incerto futuro. Já sem partido (desfiliou-se do DEM para fugir à expulsão no mesmo dia 3 do pacote de Dilma), ele responderá a processo de cassação no Conselho de Ética do Senado. Se o julgamento fosse hoje, não há dúvidas de que perderia o mandato. Mas ele tem deixado recados que são dados por seus advogados segundos os quais, em sua opinião, fará uma defesa que poderá convencer os pares de que não está envolvido com Carlinhos Cachoeira, preso num presídio de segurança máxima, em Mossoró, desde o dia 29 de fevereiro.

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No blog só é possível perceber algo da angústia do senador por causa dos últimos posts em seu Twitter, datados de 23 de março, quando começaram a aparecer as conversas gravadas pela Polícia Federal, que aumentaram ainda mais as suspeitas sobre a ligação dele com o empresário de jogos de azar. Sua derradeira manifestação no microblog diz: "O sofrimento provocado pelos seguidos ataques a (sic) minha honra é difícil de suportar, mas me amparo em Deus e na certeza de minha inocência ". Uma semana depois, diante da iminência da expulsão, o senador pediu o desligamento do DEM.

"Saco de bondades"

O artigo em que Demóstenes critica o plano de ajuda à indústria brasileira tem por título a locução "Um Brasil maior para os pequenos". Nas suas 38 linhas, o senador lembra que o governo apresentou no dia 3 "mais um saco de bondades", com o slogan de "não abandonar a indústria brasileira". Para Demóstenes, "o pacote é menos que o esperado, principalmente para quem sobrevive acossado pela concorrência nos próprios Brics."

Segundo o senador, o governo da presidente Dilma usa "a tática de tratar o essencial aos espasmos". Ele considera que isso pode dar certo em outras áreas, mas na planta das fábricas é necessário respeitar o calendário anual. "O empresário tem despesas a quitar em todos os 365 dias do ano e o funcionário depende do equilíbrio do mercado para garantir a carteira assinada."

E continua: "A engrenagem é praticamente a mesma desde a revolução fabril, com o agravante de o sistema não se resumir mais a um embate entre trabalho e capital."

Demóstenes diz, no artigo, que "a era dos slogans de cartilha ficou no passado pré-computador. Estamos no século do empreendedorismo, em que qualquer pessoa deve receber a oportunidade de investir em seu talento para crescer".

O senador considera, no artigo, que o governo se esqueceu dos pequenos: "Evidentemente, os gargalos são abissais para grandes e pequenos, porém o poder de pressão dos micros se resume ao grito diante dos juros em empréstimos, em geral com agiotas clandestinos. A esperança é que, mesmo aos sustos, a eles chegue a sacola de facilidades sacudidas pelo governo quando a quebradeira se avizinha."

Para Demóstenes, "a defesa dos empregos, parte do anúncio da presidente Dilma Rousseff, deve ser observada também a partir dos empreendimentos de fundo de quintal, das lojinhas sem registro, dos feirantes."

Quase ao final do artigo há até espaço para um elogio à política do governo: "A redução de juros, que deveria ser generalizada e permanente, é uma das boas novidades, assim como um alívio no peso dos encargos trabalhistas, que esperam ser revistos com urgência. Ao menos, seria desejável que os US 25 bilhões anunciados em reforço para o BNDES fossem direcionados para a turma do Simples."

Nas últimas duas linhas, Demóstenes volta à crítica e cita os problemas na infraestrutura brasileira: "Enquanto isso, rodovias, portos, aeroportos, ferrovias e a burocracia seguem seu curso, tragando sonhos de todas as extensões."

Embora as relações do ex-companheiro de partido Demóstenes Torres com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, sejam um prato cheio para os adversários nas eleições municipais, pré-candidatos do DEM a prefeito procuram neutralizar o desgaste com três argumentos principais.

Primeiro, sustentam a mesma tese do escândalo que envolveu o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda de que o partido não hesita em "cortar na própria carne".

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Também insistem que o episódio ficou restrito a Demóstenes e ao Estado de Goiás. Por fim, acrescentam que Carlinhos Cachoeira tem ligações com pessoas dos mais diferentes partidos, da situação e da oposição.

O pré-candidato à Prefeitura de Salvador e líder do DEM na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto, foi um dos que mais trabalharam por uma resposta rápida do partido. "Nosso discurso de campanha é: não passamos a mão na cabeça de ninguém, mesmo que seja um senador como o Demóstenes", diz o deputado federal baiano.

"É um problema individual do Demóstenes e não é o primeiro que acontece no DEM nem na política brasileira. Não cabe trazer o problema de Goiás para o Rio ou para Salvador. Além disso, a estrutura do Carlos Cachoeira era pluripartidária e pluri-empresarial", reforça o pré-candidato à prefeitura do Rio, Rodrigo Maia.

Comparação

Para o deputado Mendonça Filho, que disputará a sucessão do prefeito petista João da Costa no Recife, o DEM precisa demarcar a posição de "único partido que afastou um governador e um senador de seus quadros" e não fugir da comparação com escândalos que envolveram partidos aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua sucessora Dilma Rousseff.

"Os envolvidos no mensalão continuam em posição de mando e com grande prestígio no PT. Nem por isso se atribuem os desvios a todos os petistas. O DEM, ao contrário dos outros partidos, não tapa o sol com a peneira nem faz cara de paisagem", diz Mendonça. "Estou absolutamente tranquilo. É desconfortável, mas não é o fim do mundo", conclui o deputado.

Pronto para enfrentar a disputa pela prefeitura de Manaus (AM), o deputado Pauderney Avelino reconhece o prejuízo causado pelo senador Demóstenes Torres, mas diz que vai além dos limites do partido. "O senador Demóstenes fez mal não só ao partido, mas à política do País como um todo. Mas o DEM toma providências, não só com o Demóstenes. Quando descobrimos, nos livramos sumariamente", conclui o pré-candidato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Grampos da Polícia Federal indicam que o prédio funcional em que mora o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) em Brasília servia de ponto de encontro para reuniões da cúpula da máfia dos caça-níqueis em Goiás e no Distrito Federal. Em conversas interceptadas durante a Operação Monte Carlo, o sargento Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, apontado como um dos operadores de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, relata uma reunião de integrantes do esquema no local.

No telefonema de 17 minutos, gravado no dia 21 de dezembro de 2010, Dadá diz a Lenine Araújo de Souza - segundo homem na hierarquia da organização, responsável pela administração contábil do grupo, conforme a PF - que está no Bloco C da Quadra 309, na Asa Sul, em Brasília. Trata-se do chamado bloco dos senadores, onde Demóstenes e outros parlamentares ocupam apartamentos funcionais cedidos pelo Senado.

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"Está aonde", pergunta Lenine? "Aqui na 309, Bloco C, no estacionamento, na Sul, na Asa Sul", responde o sargento. Segundo as transcrições do diálogo, às quais o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso, também foram ao bloco Cachoeira, ao qual Dadá e outros integrantes do grupo se referem como "o homem"; Cláudio Dias de Abreu, citado no inquérito da operação como sócio do empresário em negócios ilegais; e Wladimir Garcez Henrique, que seria seu braço-direito, encarregado de obter facilidades nas polícias Militar e Civil de Goiás. O bloco C e o Bloco G, onde mora Demóstenes, são conjugados, unidos, e possuem um estacionamento comum.

Eram cerca de 16h40 e, na conversa, Dadá dizia estar em frente ao prédio desde a hora do almoço. "O homem está aqui, Cláudio está aqui, não posso sair", explicou a Lenine, que o questionava sobre sua ausência em outro compromisso.

Demóstenes estava em Brasília no mesmo dia da reunião, conforme os registros do Senado, tendo discursado em plenário no fim da tarde. Procurado nesta terça o advogado do senador, Antonio Carlos Almeida Castro, o Kakay, não se pronunciou sobre esse trecho das gravações.

Segundo o inquérito, após o encontro no prédio dos senadores, o grupo seguiu para reunião com um advogado. Não fica claro quem é o profissional. "Encontramos com o homem aqui na 309. A gente está indo lá pro Gustavo, advogado no Lago Sul", afirma o sargento.

ANAC

O inquérito da Monte Carlo comprova a extensa teia de relações do grupo, que se valia de contatos nos mais diversos órgãos para emplacar seus interesses. Numa das conversas, Gleyb Ferreira da Cruz - elo de Cachoeira com o delegado da PF Deuselino Valadares, também preso na Monte Carlo - comenta com um interlocutor sobre a possibilidade de "entrar com um interesse" na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para resolver um negócio de R$ 300 mil.

Em outra, Dadá telefona para um policial federal pedindo que obtenha, em tempo recorde, passaporte especial ou diplomático para um desembargador. O agente responde que tentará resolver o assunto no Itamaraty.

Segundo o inquérito, Cachoeira controlava o jogo não só em Goiás, mas no Distrito Federal. O dinheiro obtido como comissão de operadores das casas de jogos era "lavado" em diversas empresas, boa parte em nome de laranjas. Dadá identificava e coordenava o fechamento de casas concorrentes, algumas em áreas nobres da capital federal, como o Lago Sul e Plano Piloto.

Ele também era o elo entre Cachoeira e funcionários da Receita e da Infraero para obter facilidades na entrada de integrantes do grupo com mercadorias pelo Aeroporto de Brasília. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O advogado do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), Antonio Carlos de Almeida Castro, afirmou nesta terça à Agência Estado que pretende entrar na segunda-feira, dia 9, com um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a anulação de todas as investigações feitas contra seu cliente. Para Kakay, como o advogado é conhecido, houve uma "burla" ao foro privilegiado quando a Justiça Federal de primeira instância não encaminhou ao Supremo os supostos indícios de envolvimento de Demóstenes com o empresário do ramo de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

"Estou muito impressionado. Nunca vi nada evidente. É uma coisa escandalosa. Havia uma investigação clara e precisa contra o senador e deputados numa tentativa escancarada de se burlar o foro por prerrogativa de função", afirmou.

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O advogado disse que deve entrar com uma reclamação, recurso jurídico quando há usurpação de competência de um tribunal, para invalidar as investigações feitas durante três anos contra Demóstenes. Ele vai preparar o recurso no feriado para tentar apresentá-lo, se possível, na segunda-feira que vem.

Kakay afirmou que, assim que foi deflagrada a Operação Monte Carlo, que prendeu Cachoeira, começou um vazamento "calculado" e "doloso" de informações contra seu cliente de forma a, segundo ele, pressionar o Poder Judiciário. Na opinião dele, a intenção dos investigadores seria impedir que o Supremo anulasse futuramente as apurações contra o parlamentar, diante dos supostos indícios colhidos nas escutas telefônicas liberadas pela Justiça de primeiro grau.

"Assim fica mais difícil do Supremo conceder a nulidade. Mas a nulidade é total", afirmou o advogado, que chamou de "piada" a alegação de que teria havido apenas "encontro fortuito" com um detentor de foro privilegiado ao longo das investigações.

O advogado deve reforçar a argumentação do recurso com o fato de, em 2009, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, não ter encontrado indícios para pedir a abertura de inquérito contra Demóstenes. Ele só foi ao Supremo depois que apareceram os grampos. "Se não tinha indício antes, por que teria agora?", questionou Kakay.

O presidente do Democratas, senador José Agripino (RN), afirmou nesta terça que o partido não vai recorrer à Justiça para reaver o mandato do ex-líder da bancada Demóstenes Torres (GO). O parlamentar enviou-lhe uma carta na qual pede seu desligamento do DEM.

"O partido não tem argumento para a demanda", afirmou Agripino, para quem caberá ao Conselho de Ética do Senado decidir sobre a perda do mandato do senador goiano. Demóstenes é acusado de ter se tornado sócio do empresário do ramo de jogos ilegais, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso na Operação Monte Carlo da Polícia Federal.

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Na carta de duas páginas que enviou ao presidente do DEM, Demóstenes alegou que sua saída ocorreu por "justa causa" e o partido argumenta que o senador teria se desviado de forma reiterada do programa do partido. Dessa forma, a legenda não poderia pedir o mandato de Demóstenes de volta.

Um assessor jurídico do partido afirmou à Agência Estado, sob a condição do anonimato, que é difícil pedir o mandato de Demóstenes porque não ocorreu, no caso, infidelidade partidária. Do ponto de vista político, o DEM não tem dado mostras de que quer comprar briga na Justiça Eleitoral contra ele.

Para o líder da bancada da Câmara dos Deputados, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA) o caso Demóstenes é "assunto superado" dentro do partido. "A gente não passa a mão na cabeça de quem erra. Se ele não tivesse pedido para se desfiliar, certamente seria expulso. Não temos nenhum problema em cortar na própria carne".

O senador Demóstenes Torres (GO), que pediu hoje a desfiliação do DEM, afirmou em carta enviada ao presidente do partido, senador José Agripino (RN), que o DEM fez um prejulgamento público dele. O Democratas iria abrir processo de expulsão contra o senador, que no entanto se antecipou nesta manhã enviando uma carta de desfiliação da legenda.

Na correspondência de duas páginas, o senador disse que discorda "frontalmente" da afirmação de que tenha se desviado do programa de seu partido ao ser flagrado em negociações com o contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

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O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) enviou na manhã desta terça-feira ao presidente do Democratas, senador José Agripino (RN), pedido de desfiliação da legenda. Com a iniciativa, Demóstenes escapa de responder a um processo disciplinar que provavelmente o levaria à expulsão.

O partido abriria processo contra Demóstenes até o início da tarde de hoje. Só esperava o pedido do presidente do DEM Jovem, Henrique Sartori, para dar início ao processo de expulsão. Em entrevista, José Agripino disse que não havia o que fazer em caso de saída de Demóstenes por conta própria. "Se ele se desfiliar, que é um ato voluntário e unilateral dele, não nos compete avaliar e comentar esse assunto, porque perde sentido a instauração de processo disciplinar", disse o presidente do DEM.

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O DEM decidiu, nesta segunda, abrir o processo de expulsão do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) por "reiterados desvios éticos". O partido entende que Demóstenes já teve prazo suficiente para se manifestar e não o fez. Por isso, a partir de amanhã ele terá o período de uma semana para se defender perante a legenda e, depois de cumprido esse prazo, será dado o veredicto.

A abertura do processo de expulsão do partido foi decidida depois de reunião realizada nesta segunda na casa do presidente do DEM, senador Agripino (RN). Estavam presentes os deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (BA) e Ronaldo Caiado (GO), além do vice-governador de Goiás, José Eliton. Demóstenes flagrado em grampos telefônicos defendendo interesses do empresário do ramo dos jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

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Os senadores Alvaro Dias (PSDB-PR) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) afirmaram nesta segunda-feira que vão cobrar do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que antecipe a reunião do Conselho de Ética para avaliar a representação do PSOL que pede a abertura de processo por quebra de decoro contra o ex-líder do Democratas Demóstenes Torres (GO). O parlamentar foi flagrado em grampos telefônicos defendendo interesses do empresário do ramo dos jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Na semana passada, o conselho marcou uma reunião para a próxima terça-feira, dia 10, para eleger seu novo presidente. O cargo está vago desde setembro do ano passado, mês em que o senador João Alberto (PMDB-MA) deixou a Casa para ocupar um cargo no governo de Roseana Sarney. O presidente interino Jayme Campos (MT), que é do mesmo partido de Demóstenes, já se declarou impedido para conduzir o processo que envolve seu colega do DEM.

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Pelo critério da proporcionalidade das bancadas no Senado, a indicação do presidente do colegiado cabe ao PMDB. Dias e Randolfe consideram que, diante da gravidade das acusações que pesam contra Demóstenes, o melhor seria que o caso fosse analisado logo. Eles querem evitar a pecha de corporativistas ao demorar na análise da representação.

"Este julgamento é inevitável. A instituição é mais importante do que as pessoas. Nós somos transitórios, passageiros", afirmou Alvaro Dias. O líder tucano disse que vai procurar José Sarney para tentar agilizar a eleição no conselho. Ele sugere que, após a escolha do novo presidente, o colegiado acolha a representação do PSOL, nomeie logo um relator e abra prazo para Demóstenes se explicar.

Preocupados com o impacto eleitoral do escândalo envolvendo o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), parlamentares democratas já articulam a expulsão do ex-líder do partido. As denúncias que envolvem Demóstenes, sob ameaça de responder a processo de quebra de decoro parlamentar, acenderam a luz amarela no projeto político do partido para as eleições municipais. Reservadamente, caciques estão receosos de que as acusações que pesam contra o senador respinguem nas disputas a prefeito das principais capitais em outubro.

Em conversas, a cúpula do partido deu-lhe um ultimato: ou explica de forma convincente até terça-feira seu real envolvimento com o empresário do ramo de jogos de azar Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, ou responderá a um processo de expulsão. A cobrança foi feita pelo presidente do partido, senador José Agripino (RN), o líder da bancada na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), e o deputado Ronaldo Caiado (GO).

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ACM Neto admitiu ontem que a situação de Demóstenes se "agravou" nos dois últimos dias, após a divulgação de novos grampos telefônicos feitos pela Polícia Federal que revelam uma relação próxima do parlamentar com Cachoeira.

O DEM lançou pré-candidaturas do líder da bancada na Câmara, o deputado ACM Neto, em Salvador (BA), e do deputado federal e ex-presidente da sigla, Rodrigo Maia, no Rio de Janeiro. O partido quer ainda ter direito a escolher, na disputa à Prefeitura paulistana, o vice da chapa comandada pelo tucano José Serra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

 

O advogado do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), Antonio Carlos de Almeida Castro, disse nesta sexta que o senador não fala em renunciar ao mandato parlamentar. Castro, conhecido como Kakay, acabou de retirar, no Supremo Tribunal Federal (STF), o inquérito sobre o envolvimento de Demóstenes com o empresário do ramo dos jogos de azar Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Kakay disse que conversou cinco vezes hoje com Demóstenes, por telefone, e que em nenhum momento Demóstenes falou em renunciar.

"Ele não comentou nada comigo", disse o advogado, referindo-se às crescentes pressões da cúpula do partido para que Demóstenes deixe o DEM, sob o risco de ser expulso da legenda. O PSOL pediu a abertura de um processo que pode levar à cassação do mandato do senador. A situação política de Demóstenes piorou nos últimos dias com a divulgação de grampos telefônicos realizados pela Polícia Federal que mostram a relação entre Demóstenes e Cachoeira.

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O advogado disse que agora vai analisar o material entregue pelo STF para estabelecer o caminho jurídico e político de defesa do senador. Kakay disse que só teve acesso aos autos principal do inquérito contra seu cliente. Afirmou que somente no início da noite terá acesso aos 50 DVDs dos apensos da investigação, nos quais estão as escutas telefônicas que envolveriam Demóstenes.

O presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão (SP), defendeu nesta sexta-feira a cassação do mandato do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), acusado de suspeita de envolvimento com o empresário do ramo de jogos de azar Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

"Se a Comissão de Ética chegar à conclusão de falta de decoro e, no meu entendimento, está havendo, a medida para a punição é a cassação do mandato", frisou o petista, no seminário "Governança Metropolitana - Desafios, Tendências e Perspectivas", promovido em um hotel da capital paulista pelo Instituto Lula e pela Fundação Perseu Abramo.

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Falcão acredita que tudo indica, pelos depoimentos e gravações colhidos até agora, que existe "uma relação muito estreita" entre o senador e Cachoeira. "Se os fatos todos se comprovarem, é preciso que haja medidas legais cabíveis", acrescentou.

Dia da mentira

O dirigente do PT disse que é preciso respeitar o direito de manifestação dos jovens que têm utilizado o golpe de 64 para protestar contra os militares que se opõem à instalação da Comissão da Verdade. "A liberdade de expressão é um direito garantido pela Constituição, acho que as manifestações de jovens não deveriam ser reprimidas, deveriam ser asseguradas", afirmou.

Falcão disse que o PT nacional divulgará nota defendendo a criação da Comissão da Verdade e solidarizando-se com as manifestações daqueles "que querem ver o País passado a limpo". E ironizou: "Aniversário do golpe para nós é depois de amanhã (1º de abril), que é o dia da mentira."

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta quinta a quebra do sigilo bancário do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e de outros investigados por suspeita de envolvimento com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, por exploração de jogos ilegais em Goiás. Lewandowski abriu um inquérito no STF e autorizou uma série de diligências que tinham sido requeridas na terça-feira pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

Além da quebra de sigilo, Lewandowski determinou a expedição de um ofício ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para que remeta a relação de emendas ao orçamento da União apresentadas por Demóstenes Torres. Ele também requereu a alguns órgãos (cujos nomes não foram divulgados) que encaminhem cópias de contratos celebrados com empresas mencionadas em conversas gravadas pela Polícia Federal.

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A situação do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) se agravou nesta quarta, com a decisão do PSOL de entrar no Conselho de Ética do Senado com uma representação pedindo a cassação de seu mandato, pela quebra do decoro parlamentar. O partido alega que as denúncias veiculadas na imprensa contra o parlamentar, "além de constituírem indícios da prática de atividades ilícitas", desprestigiam o Senado e a seus integrantes, "em flagrante prejuízo da já péssima imagem do Poder Legislativo". Se renunciar depois de aberto o processo no Conselho, Demóstenes se enquadraria como ficha suja.

Vice-presidente do Conselho de Ética, o senador Jayme Campos (DEM-MT), disse que não se sentirá constrangido se tiver de presidir o processo contra o colega de partido. Ele lembrou que, pelo Regimento, na ausência do presidente, cabe aos demais membros escolher seus substituto. "Se eu vier a ser escolhido, me sentirei com autoridade para fazer o trabalho", informou. Responsável pela indicação de três titulares do conselho, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), não quis dizer se o partido reivindicará o direito de eleger o novo presidente.

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Visivelmente constrangido, Demóstenes não participou da reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde era um dos mais atuantes, e nem das votações no plenário. Nos bastidores, colegas de partido disseram ser graves as notícias sobre o envolvimento do parlamentar com o bicheiro Carlos Eduardo Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Oficialmente, no entanto, ao contrário dos integrantes do PSOL, os demais parlamentares preferem conhecer o teor do inquérito da Operação Monte Carlo, que investigou as atividades chefiadas por Cachoeira em Goiás, antes de apoiarem a iniciativa de denunciar o colega no conselho.

Da parte da oposição, há a expectativa de o inquérito mostrar o envolvimento no esquema de parlamentares da base aliada ao Palácio do Planalto. Já os governistas, mostram-se cautelosos diante dessa possibilidade.

A representação do PSOL relaciona as denúncias contra o senador do DEM divulgadas até agora pela imprensa. Entre elas a de que Demóstenes se comunicaria com Cachoeira por meio de aparelhos Nextel, habilitados nos Estados Unidos para evitar grampos, e a de que ele receberia 30% dos valores recebido pelo empresário na exploração do jogo ilegal e que teria pedido um Ipad para o bicheiro.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) justificou a iniciava de seu partido de denunciar o colega democrata, alegando que ouvido do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a informação de que há "dados consistente" para pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito contra Demóstenes. "Lamentavelmente, todas as informações já estão prestadas. O que nos resta agora é a formalidade do processo", alegou.

O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), fez um apelo nesta quarta-feira ao presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), para que cobre do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o envio de todos os autos da investigação que envolve o ex-líder do Democratas Demóstenes Torres (GO) com o empresário do ramo de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

O tucano disse que é preciso que o Parlamento tenha acesso ao inquérito e anexos para tomar as "providências rigorosas" que cabem ao Legislativo. "Vamos confrontar o que é oficial do que é vazamento", afirmou Dias. Ele disse que não há motivos para "tanta demora" da Procuradoria Geral da República.

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Pouco antes da fala de Dias, o PSOL apresentou um pedido de abertura de processo de quebra de decoro parlamentar contra Demóstenes. "É um dever nosso pedir essa investigação do Senado, que vai caminhar junto com a de natureza criminal", afirmou o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ).

Em resposta ao líder tucano, José Sarney disse que desde a segunda-feira (26) enviou ofício à Procuradoria-Geral da República pedindo acesso às informações. Até o momento não teve retorno. "Logo que ele (Roberto Gurgel) o faça, terei a oportunidade de encaminhar aos senadores", afirmou. Os tucanos esperam analisar os autos que envolvem Demóstenes para decidir se apoiam o pedido do Psol de abrir uma investigação parlamentar que pode cassar o senador do Democratas.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) afirmou nesta terça que seu partido vai pedir a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética do Senado contra o ex-líder do Democratas na Casa, Demóstenes Torres (GO). Randolfe, que esteve nesta terça com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que tomará esta decisão se o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), não encaminhar o caso envolvendo Demóstenes ao colegiado.

Demóstenes é suspeito de envolvimento em negociatas com o empresário do ramo de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Escutas telefônicas mostraram, por exemplo, o senador pedindo dinheiro a Cachoeira para bancar uma viagem de táxi aéreo.

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"Se o presidente Sarney não pedir, torna-se inevitável. O PSOL pedirá e vou convidar outros colegas a assinarem conosco", afirmou Randolfe. Ele disse que chegou à reunião com Gurgel "cético" e saiu "satisfeito". O procurador-geral da República anunciou no encontro com os parlamentares que pediria nas próximas horas a abertura de inquérito contra Demóstenes no Supremo Tribunal Federal (STF).

O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), disse que, se ficar comprovado o envolvimento de parlamentares em negócios ilícitos com o bicheiro, não haverá como o partido deixar de apoiar o pedido de abertura de processo no Conselho de Ética. "Nós não temos dois pesos e duas medidas", afirmou.

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) deixou a liderança do partido. Em mensagem encaminhada ao presidente do Democratas, José Agripino (RN), Torres afirma que está deixando a liderança para acompanhar a "evolução dos fatos", numa referência às denúncias de envolvimento com o empresário do ramo de jogos de azar, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Esta é a íntegra da mensagem: "A fim de que eu possa acompanhar a evolução dos fatos anunciados nos últimos dias, comunico à vossa senhoria que estou deixando a liderança do partido". O presidente do DEM já havia manifestado constrangimento com a permanência de Torres na liderança do partido, depois das denúncias.

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