A Corte Arbitral do Esporte (CAS), instância máxima da justiça desportiva, anulou nesta quinta-feira uma polêmica regra do Comitê Olímpico Internacional (COI) que tinha sido criada em 2008. O tribunal considerou "inválida e inaplicável" a determinação imposta pela entidade de que atletas condenados a mais de seis meses de suspensão por doping não possam disputar a edição seguinte da Olimpíada.
A decisão da CAS afeta vários atletas, mas o caso mais famoso é do norte-americano LaShawn Merritt, justamente quem motivou o Comitê Olímpico dos Estados Unidos a entrar com a ação no tribunal. Atual campeão olímpico dos 400 metros, ele foi condenado a 21 meses de suspensão por doping e agora, como já cumpriu a pena e a regra do COI não vale mais, poderá defender seu título nos Jogos de Londres.
##RECOMENDA##
"Nós, obviamente, estamos felizes com isso. LaShawn cometeu um erro que até ele mesmo reconheceu ter sido um erro bobo. Estamos felizes que ele poderá competir", comemorou o presidente do Comitê Olímpico dos Estados Unidos, Scott Blackmun, lembrando que o campeão olímpico dos 400 metros admitiu ter consumido uma substância proibida num remédio para aumentar o tamanho do seu pênis.
Para justificar sua decisão de vetar a regra do COI, os três juízes do painel do CAS que analisaram o caso alegaram que a medida seria uma segunda punição ao condenado por doping, além da suspensão, e que não está prevista no código de conduta da Agência Mundial Antidoping. Além de LaShawn Merritt, a IAAF divulgou que a novidade deve beneficiar cerca de 50 atletas do atletismo para a Olimpíada de Londres.
O COI já se manifestou oficialmente sobre o caso e disse que irá "respeitar" a decisão da CAS. Mas a entidade lamentou o que considerou uma derrota na luta contra o doping, justamente na primeira Olimpíada em que a regra teria efeito, e prometeu trabalhar para que esse veto olímpico aos dopados seja incluído no regulamento da Agência Mundial Antidoping, o que evitaria novos questionamentos.
"O COI tem tolerância zero para o doping e já mostrou e vai continuar mostrando sua determinação para flagrar trapaceiros. Estamos desapontados porque essa medida foi adotada para manter os valores olímpicos e proteger a grande maioria de atletas que compete honestamente. Entendemos que a regra é uma forma eficiente de avançar na luta contra o doping", diz o comunicado divulgado pela entidade.