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Um especialista americano em energia atômica criticou nesta sexta-feira a companhia elétrica Tepco por sua política de comunicação na gestão das consequências do acidente nuclear de Fukushima, afirmando que "este tipo de comunicação é muito ruim" e que "isto mostra que não sabem o que fazem".

Dale Klein, ex-presidente da Comissão de Regulação Nuclear dos Estados Unidos, criticou severamente as autoridades da Tokyo Electric Power (Tepco) por terem esperado semanas antes de reconhecer que ocorria o vazamento de água altamente radioativa para o oceano Pacífico que cerca a central de Fukushima Daiichi, arrasada pelo tsunami de 11 de março de 2011.

"Esta maneira de agir (relativa à gestão da água contaminada) demonstra as lacunas na tomada de decisões", criticou este especialista que preside o comitê para a "reforma da atividade nuclear", colocado em andamento pela Tepco para ajudar a resolver a crise.

Na última segunda-feira, a companhia admitiu que água subterrânea contaminada com trítio, estrôncio, césio e outros elementos radioativos não permanecia parada sob a terra, como havia defendido durante semanas, mas que chegava ao oceano.

Já o presidente da Tepco, Naomi Hirose, reconheceu que houve "ao menos quatro momentos antes" nos quais se suspeitou que água contaminada chegava ao mar, mas que a decisão de anunciar essa possibilidade só foi tomada depois que muitos dados foram reunidos e analisados.

Os outros membros do comitê também questionaram o modo de agir da Tepco.

"No futuro, a Tepco deve prestar atenção a sua maneira de deixar a população informada, já que pode prever que ocorrerão outros problemas técnicos porque o desmantelamento é uma tarefa complexa que levará tempo", declarou Barbara Judge, presidente emérita da autoridade nuclear britânica.

Para Masafumi Sakurai, membro japonês do comitê, a tática da Tepco sempre foi a mesma: "Enquanto não tiver sido completamente verificado, não pode ser anunciado".

Brasília receberá, do dia 27 a 29 deste mês, o “Encontro Nacional da Educação Empreendedora”, promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A ideia do evento é debater os novos rumos da educação empreendedora nas escolas do Brasil, reunindo educadores, especialistas internacionais e reitores de universidades.

De acordo com o Sebrae, ao estudarem a disciplina, os estudantes têm a oportunidade de se prepararem para o mercado de trabalho, tanto por meio da uma carreira a ser seguida numa empresa, quanto pela abertura do próprio negócio. Além disso, o aluno passa a raciocinar e a buscar aprender de forma sólida conceitos, conhecimentos e técnicas que o ajudam a resolver problemas do cotidiano do universo empresarial.

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O ministro da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos, é um dos participantes do primeiro dia do encontro. Segundo a Agência Câmara de Notícias, a programação será dedicada à questão do desenvolvimento das características do comportamento empreendedor nas pessoas. Uma das atividades do evento é o seminário Empretec, metodologia da Organização das Nações Unidas (ONU) aplicada no Brasil há 20 anos pelo Sebrae. No total, 34 países promovem essa capacitação no mundo todo.

No segundo dia do encontro, está prevista a participação do ministro da educação, Aloizio Mercadante, que abordará as ações da pasta para o ensino de empreendedorismo nas escolas brasileiras. “A sociedade contemporânea exige pessoas empreendedoras, autônomas, com competências múltiplas, que saibam trabalhar em equipe, tenham capacidade de aprender com situações novas e complexas, que enfrentam novos desafios e promovem transformações", comenta o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, conforme informações da Agência Sebrae de Notícias.

Já no dia terceiro dia do encontro, as discussões serão encima da educação empreendedora no ensino formal e sua importância para os futuros profissionais não somente no mundo do trabalho, como autônomos que precisam gerir seu próprio negócio, mas também como alavanca de uma carreira profissional. Outras informações sobre o encontro podem ser conseguidas por meio do site do Sebrae.

A nova situação empregatícia das empregadas domésticas está gerando muita discussão na sociedade. Para quem quer se informar sobre a lei, a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) sediará, na próxima quarta-feira (17), o “Ciclo de Debates sobre o Novo Emprego Doméstico”. A ação reunirá especialistas da área e autoridades, e terá como tema central o “Novo Emprego Doméstico numa Perspectiva Prática”.

O encontro será realizado nos horário das 9h às 12h, e à noite, das 19h às 21h30, no auditório G1. A Unicap fica na Rua do Príncipe, 526, no bairro da Boa Vista, área central do Recife. Os participantes devem levar um quilo de alimento não perecível. As doações serão entregues a pessoas vítimas da seca.

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Quem participar do evento terá certificado com seis horas de atividade complementar. Outros detalhes informativos sobre sobre o ciclo de debates podem ser obtidos pelo telefone (81) 2119-4177.

Equipes que atuaram no suporte psiquiátrico de familiares das vítimas do ataque às Torres Gêmeas, nos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001, prestarão apoio na tragédia de Santa Maria (RS). O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, declarou na manha desta terça-feira, durante evento com prefeitos em Brasília, que a assistência faz parte de uma força-tarefa para atender os familiares de pacientes internados em hospitais gaúchos.

"Contamos com a participação de um grupo da PUC do Rio Grande do Sul que atuou nos ataques. O mesmo protocolo usado (no caso) das torres, de dar suporte psicológico às famílias num trauma como esse, está sendo aplicado", disse o ministro. Há também cerca de 50 profissionais da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) mobilizados. "Eles estão acostumados a enfrentar tragédias como essas. Atuaram no terremoto do Haiti, nas enchentes da região serrana do Rio", afirmou Padilha, que destacou ainda a participação de voluntários e médicos de outras cidades.

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Uma das preocupações do ministério é com sobreviventes que não apresentaram sintomas imediatos. "É comum em incêndios como esse que as pessoas que não tiveram nenhum sinal ou sintoma nas primeiras horas virem a desenvolver até quatro dias depois um quadro de pneumonia química." Os sintomas são tosse, falta de ar, sensação de cansaço e náuseas. "O quadro pode evoluir para uma importante insuficiência respiratória e precisa de ventilação mecânica", acrescentou o ministro.

Padilha pediu que todos os sobreviventes que, por ventura, sintam qualquer dos sintomas, procurem um posto de saúde e informem que estiveram na boate. "Tem um protocolo específico desenvolvido pelo Ministério da Saúde, pela Força Nacional do SUS para conduzir esses pacientes."

Além dos 53 pacientes graves internados em Porto Alegre, há outras 65 pessoas em leitos de Santa Maria - 27 delas respirando com ventilação mecânica. A cidade ainda tem capacidade para receber outros 30 pacientes que possam necessitar de atendimento.

São Paulo - Acordar mais tarde, mudar o horário das refeições, comer em lanchonetes fast food no shopping, exagerar nas guloseimas. Essas são só algumas das atividades adotadas nas férias que alteram a rotina alimentar da família da professora Pilar Maldonado. "A gente acaba ficando sem horário. O café, que acontecia às 7 horas, fica para as 9h ou 10h. O almoço, às vezes, é no shopping às 14h e, no jantar, a gente pede pizza. Fica tudo meio atrapalhado, desregrado", relata a professora que é mãe de Mateus, 11 anos, Clara, 14 anos, e Natália, 16 anos.

Assim como ela, muitos pais relaxam na orientação alimentar dos filhos neste período, o que pode provocar um desequilíbrio nutricional de crianças e adolescentes. Especialistas do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo, que desenvolvem o projeto Meu Pratinho Saudável, alertam para os riscos da obesidade infantil, além de outras doenças, como o diabetes, colesterol alto e a hipertensão.

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"Neste período os horários ficam irregulares, mas nem por isso os pais devem descuidar da alimentação. Essas outras enfermidades não atingem mais só adultos, a gente observa muito em crianças", destaca a nutricionista do projeto, Míriam Furtado. Ela reforça que drásticas alterações na rotina alimentar durante as férias podem dificultar o retorno a uma alimentação mais regular e saudável no período de aulas. "Se sai muito [da rotina], para voltar depois é mais difícil, principalmente para as crianças pela questão da adaptação às regras", explica.

Apesar de abrir algumas concessões ao que os filhos comem no recesso escolar, Pilar tem que estar sempre alerta. Há seis anos, os três filhos apresentaram níveis elevados de colesterol. "O do Mateus ainda está um pouquinho acima do normal. Então não pode ser tudo tão à vontade. Se tem fast food hoje, no resto da semana não vai ter mais esse tipo de comida. Mesmo estando mais livre, tem a preocupação controlar a gordura, os açúcares", pondera.

Míriam Furtado aponta, por outro lado, que as férias podem ser uma oportunidade para inserir novos alimentos na dieta. "Neste período, muitos pais também têm mais tempo, então é aproveitar para fazer receitas em famílias e aproximá-los do mundo dos alimentos. Se for ao supermercado, levar as crianças e mostrar frutas, verduras. Assim eles começam a aprender a importância de uma dieta equilibrada e a incluir isso na alimentação."

A nutricionista ressalta ainda a atenção que deve ser dada à hidratação das crianças. "Elas desidratam muito fácil. Especialmente nas férias, que muitas brincadeiras são ao ar livre, sob o sol. Então é [preciso] oferecer bastante água e complementar com suco de fruta, água de coco ou até mesmo frutas que tenham bastante água na composição, como melancia e melão."

É preciso também evitar o sedentarismo, de acordo com ela. "Esse também é o momento para incentivar a prática de atividades físicas. Isso ajuda o metabolismo, a digestão e traz muitos outros benefícios."

Mais informações sobre o projeto Meu Pratinho Saudável estão disponíveis no site www.meupratinhosaudavel.com.br.

O procurador de Justiça Mário Papaterra Limongi avalia que o julgamento do mensalão deixará importantes consequências nas instâncias inferiores da Justiça. Ele aponta diversos aspectos. "A prova produzida na fase inquisitorial, ainda que não seja, por si só, suficiente para a condenação, recuperou sua força, não podendo ser desprezada", assinala.

"Os indícios são elementos de prova importantes, como, aliás, é expresso no Código de Processo Penal", observa Papaterra. "Os réus de colarinho branco, por força da teoria do domínio do fato, terão que apresentar justificativas mais consistentes quando apresentarem patrimônio incompatível, não bastando a negativa genérica".

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Para o procurador, "com a não necessidade de prática de ato de ofício, para a caracterização da corrupção ativa basta o recebimento da vantagem indevida em razão do cargo". Papaterra considera que o julgamento do mensalão terá outro reflexo. "Será possível a condenação por lavagem de dinheiro e quadrilha, ainda que não se tenha claro o conceito de crime organizado."

O mais importante, na opinião de Papaterra: "O Supremo sinalizou, claramente, a intolerância do Judiciário com a corrupção". Sobre o capítulo de ontem, ele anota. "O julgamento sobre quadrilha ou bando terá enorme influência para julgamentos de casos similares em primeira instância e facilitará condenações. A distinção entre coautoria e quadrilha ou bando ficou bem definida no voto do ministro Luiz Fux. Não há coautoria que dure dois anos. E não há, como disse o ministro Joaquim Barbosa, necessidade de serem ‘crimes de sangue’, sendo possível a formação de quadrilha para a prática de crimes sofisticados."

Para o promotor de Justiça Arthur Pinto de Lemos Junior, especialista no combate e repressão ao crime organizado e cartéis, "o crime de formação de quadrilha consuma-se pela simples associação estável de seus integrantes, com o fim de praticar delitos de forma sistemática e reiterada". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Nesta quinta-feira (14), a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) realiza o Fórum do Meio Ambiente. O evento vai contar com especialistas em sustentabilidade e acontece no auditório da Celpe, localizada na Avenida João de Barros, 111, no Bairro da Boa Vista, às 13h45. Durante o encontro serão realizadas palestras sobre práticas e alternativas para preservação do ambiente.

Na programação do Fórum estão palestras como: “Nova Política de Resíduos Sólidos”, apresentada pela Consultora do Instituto de Assessoria para o Desenvolvimento Humano (IADH), Mariana Melo e “O Consumo Sustentável”, ministrado pelo especialista Júlio Ledo. 

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Os interessados em participar do evento devem enviar um e-mail para meio.ambiente@celpe.com.br com nome completo, empresa, cargo, telefone e e-mail. As vagas são limitadas e os inscritos devem estar no local às 13h.

Entre os dias 14 e 15, na sede da Celpe, às 9h, será montado um stand para efetuar outra ação em prol do meio ambiente. A população vai poder trocar lâmpadas fluorescentes compactas queimadas por novas. Para participar da troca, o interessado deve apresentar duas lâmpadas, última conta de energia paga e não ter débitos com a Celpe.

No período junino aumentam os números de pacientes, nos hospitais do País, vítimas de queimaduras. O motivo dos casos, em sua maioria, são os fogos de artifício. Para esclarecer sobre prevenção e tratamento dessas lesões, a especialista em Enfermagem e professora da Faculdade dos Guararapes, Carmela Alencar, vai ministrar uma palestra neste sábado (09), às 10h10, na Livraria Saraiva, do Shopping Center Recife. A palestra é aberta ao público.

Carmela Alencar também vai orientar aos participantes sobre algumas práticas que não devem ser adotadas quando o assunto é queimadura. Entre os exemplos estão que não se colocar pasta, manteiga ou outro produto no local afetado. Também vão ser abordados a epidemiologia das queimaduras, os tipos, os principais agentes, o tratamento hospitalar e domiciliar e os primeiros socorros.

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Carmela é também enfermeira do Hospital do Exército, plantonista do Centro Integrado Amauri de Medeiros (CISAM-UPE) e já atuou mais de 10 anos na unidade de queimados, do Hospital da Restauração.

Serviço
O quê: Palestra “Atendimento ao paciente vítima de queimaduras”
Quando: Sábado (09), às 10h10
Onde: Livraria Saraiva, do Shopping Center Recife
Entrada gratuita

Especialistas em Direito Constitucional veem com preocupação os constantes comentários públicos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o julgamento do mensalão e o imbróglio envolvendo a suposta interferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva junto ao ministro Gilmar Mendes para adiar o julgamento do caso. Advogados ouvidos pela Agência Estado avaliam como negativa a superexposição dos ministros, uma vez que, tradicionalmente, um magistrado só se pronunciaria nos autos processuais. Os especialistas afirmam que, ao se manifestarem publicamente, os ministros dão indicações de como devem votar, abrindo assim espaço para interferências externas.

"Acho que (o julgamento do mensalão) já está contaminado. As pessoas já conhecem os votos pelas manifestações e entrevistas que dão e não deveria ser assim", avaliou Dirceo Torrecillas Ramos, presidente da Comissão de Direito Constitucional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O professor de Direito Constitucional da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Oscar Vilhena afirma que o modelo onde os ministros se preservam de comentários públicos, como acontece na Corte dos Estados Unidos, é mais positivo. "O ritual do nosso Supremo está esgarçado. É inadequado que as pessoas falem tanto assim", observou. Vilhena lembra que nos bastidores, os magistrados conversam entre si sobre os processos o que, em sua opinião, seria saudável. "Nas boas Cortes os juízes se ouvem, reservadamente conversam. Hoje a gente ouve essas conversas em público", comentou.

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O advogado Tércio Sampaio Ferraz explica que a "regra social" do Direito recomenda que as partes envolvidas nos processos (juízes, promotores e advogados) só falem através do autos, mas ressaltou que o comportamento nos tribunais mudou nos últimos anos. "Falar fora do processo vem se tornando quase usual para todos os agentes. Isso se tornou mais agravado desde a transmissão online direta das sessões do STF, criando uma exposição de todos os julgadores e participantes do julgamento", contou.

Para Ramos, ao seguir a "regra social" do Direito, o magistrado dá sinais de comprometimento com um julgamento isento e não influencia os colegas de Corte. "Eles não deveriam fazer comentários, deveriam falar só nos autos e cumprir assim sua função com independência. Na medida em que comentam, eles tomam uma decisão política", acrescentou Ramos.

Os advogados dos 38 réus acusados de envolvimento no mensalão poderão argumentar que, ao fazer declarações públicas, os ministros do STF fizeram antecipação de juízo, o que poderia impedi-los de julgar. "Os advogados podem criar obstáculos, mas não acho que isso poderia ser acolhido (pelo STF)", disse Ferraz. Os especialistas não acreditam que a suposta tentativa de interferência do ex-presidente Lula junto ao ministro de Gilmar Mendes deixe-o de fora do julgamento por estar envolvido na polêmica. "Isso dificilmente vai ocorrer", previu Ramos.

De acordo com a avaliação de professores e coordenadores de movimentos ligados à educação, a destinação de 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação não será suficiente para que os padrões mínimos de qualidade no ensino previstos no Plano Nacional de Educação (PNE) seja alcançado. Os profissionais se reuniram nessa terça-feira (20), com o intuito de discutir o plano.

Um dos participantes da reunião, o deputado Angelo Vanhoni (PT-PR) inseriu entre os indicadores para mensuração da qualidade de ensino uma referência, cujo nome é Custo Aluno-Qualidade inicial (CAQi). Entretanto, para que o padrão de qualidade da educação seja atendido, foi confirmado que o investimento do PIB deveria atingir os 10%, como quer a grande parte dos profissionais de educação.

CAQi
O CAQi é classificado com um indicador de quanto deveria ser investido por aluno. Nesse sentido, é tido como base o custo de insumos e materiais didáticos, que são considerados essenciais  para o aprendizado, respeitando a quantidade de estudantes por turma e a remuneração de professores, entre outras ações.

O indicador diz que o custo total a ser gasto por aluno na creche é de cerca de R$ 7,5 mil. No que diz respeito aos valores para alunos da pré-escola ao ensino médio, eles variam de R$ 2,9 mil a R$ 2,7 mil.

Com informações da Agência Câmara de Notícias

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A greve dos policiais militares da Bahia, que já dura 10 dias, tem alimentado debates sobre a legalidade do movimento e revela, para alguns, as falhas na estrutura da política de segurança nacional, e para outros, a necessidade de uma equiparação salarial mais justa. 

O polêmico assunto ganhou espaço entre estudiosos e políticos que voltaram a discutir a regulamentação do direito a greve no serviço público e o pedido de anistia para os 12 PMs.

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De acordo com o consultor das forças de paz da ONU, André Vianna, o movimento deflagrado às vésperas de um dos maiores carnavais do mundo, tem um impacto forte para a economia do Estado e toca em assuntos que vão desde a PEC 300 (Emenda Constitucional que sugere a criação de um piso mínimo para todas as polícias) quanto ao da própria política de segurança pública nacional e os prejuízos institucionais que uma greve desta categoria pode causar.

Para Vianna, a paralisação dos PMs é um assunto delicado, que precisa ser analisado profundamente pois envolve uma série de interesses por trás dela, inclusive pessoais. “Quando a situação chega a esta proporção afronta o próprio sistema”, declarou o consultor.

A greve na Bahia começou no último dia 31 de janeiro, quando cerca de 300 policiais invadiram a Assembleia Legislativa, em Salvador. Eles reivindicam aumento salarial e a incorporação de gratificações aos salários, além da anulação de mandados de prisão contra 12 grevistas.

Para o cientista político do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau, Adriano Oliveira, a crise instalada na Bahia não é devido a falência da estrutura nacional de segurança pública, mas sim ao reajuste da gratificação salarial e uma “repartição de salário de modo justo”.

Adriano considera que outros fatores como, por exemplo, cortes de investimentos em segurança pública, tenham de certa forma contribuído para a explosão da greve, mas não considera esse o fator principal. Ele também não vê no movimento grevista uma forte capacidade de articulação.

Já o jurista Wálter Maierovitch, em entrevista a BBC Brasil, avaliou a paralisação, como um problema de política de segurança pública do País e citou como exemplo a demora para se aprovar a PEC 300. "Ninguém toma providências (quanto à atuação dessas associações) porque evidentemente todos sabem que o salário dos policiais é ridículo e, no mundo inteiro, a segurança pública é uma das maiores preocupações dos eleitores", diz.

O presidente da Câmera, Marco Maia (PT-RS), falou sobre a PEC no decorrer da semana e assegurou que a Câmara “não tem como regular os salários pagos a servidores estaduais”. Ele acrescentou ainda que “o tema deve ser tratado pelos estados e não pelo Congresso Nacional”.

Maia, porém, defendeu o aprofundamento do debate sobre a regulamentação do direito de greve dos servidores públicos, mas se disse contra a concessão de anistia a policiais punidos por participar do movimento e praticar conduta inadequada. “Não pode virar moda fazer greve, não ter atitude adequada e, ao mesmo tempo, correr à Brasília em busca de anistia. Estamos numa democracia. Não cabe comportamento inadequado”, declarou.

De acordo com a Constituição, no artigo 142, inciso IV, o militar está proibido de se sindicalizar e fazer greves. Ainda de acordo com a legislação, o servidor público tem assegurado o direito de fazer greve, mas não especifica determinadas regras que devem ser cumpridas pelos grevistas - essa regulamentação precisa ser votada pelo Congresso Nacional.

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