Tópicos | PEC das Domésticas

Nesta segunda-feira (27), é comemorado o Dia Nacional da Empregada Doméstica. A data é uma homenagem à Santa Zita, que trabalhou na função por muitos anos na Itália e ficou conhecida pela generosidade e ajuda aos mais pobres.

Após a morte, Zita foi canonizada e, anos depois, declarada padroeira das trabalhadoras domésticas pelo Papa Pio XII. Para além do viés religioso, a comemoração também é uma oportunidade para viabilizar a causa dos trabalhadores domésticos, que, por muito tempo, exerceram a profissão, majoritariamente ocupada por mulheres, sem direitos trabalhistas assegurados por lei.

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Esse cenário se modificou através de muita luta e exigências da categoria. “Foram muitas lutas para que pudéssemos conquistar os direitos aos quais se usufruem hoje. Uma luta que começou há 47 anos com a reivindicação da assinatura da carteira de trabalho, que era a realidade de várias categorias. Houve muito desgaste político, muitas idas e vindas, pessoas foram presas para que vários direitos para a categoria fossem conquistados”, ressalta Luiza Batista, presidenta da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD).

Com a aprovação da Emenda Constitucional nº 72/2013, mais conhecida como PEC das Domésticas, assinada pela ex-presidenta Dilma Rousseff, essas profissionais passaram a ter direito ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), pagamento de hora-extra, jornada de trabalho fixa de 8 horas diárias e 44 horas semanais, recebimento de multa rescisória em caso de demissão sem justa causa, entre outros direitos trabalhistas.

A Lei indica um avanço para a categoria e àquelas que, por muito tempo, exerceram a profissão sem regulamentação e na informalidade.

Informalidade impulsionada pela crise

Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), entre os anos de 2013 e 2018, o número de trabalhadores domésticos formais caiu. No fim de 2013, cerca de 30% das domésticas tinham carteira assinada. A formalização foi diminuindo nos anos seguintes e, em 2018, representava pouco mais do que 20%.

De acordo com Mario Avelino, presidente do Instituto Doméstica Legal, a crise econômica, iniciada em 2015 e que se estendeu nos anos seguintes, é a justificativa para esses números. “A crise econômica fez o empregador perder renda e isso refletiu na demissão do trabalhador doméstico. Sendo assim, aumentou o número de diaristas, que são consideradas autônomas por não possuir vínculo empregatício”, explica.

Para Avelino, a regulamentação, independente da crise, é benéfica, representa uma quebra da cultura escravocrata e marca a mudança de mentalidade do profissional da área. “Após a PEC entrar em vigor, muitas domésticas não queriam ter a carteira assinada para não perder o benefício do Bolsa Família. Este pensamento foi mudando e o número de trabalhadoras formais aumentou no final de 2017”, pontua.

A presidenta da FENATRAD observa que essa resistência foi reflexo da ausência de informação. “As domésticas não foram orientadas neste quesito. Ou seja, muitas não sabiam em quais situações perderiam o auxílio [Bolsa Família]. Além disso, como se trata de uma categoria em que há bastante rotatividade, muitas não queriam trocar o certo [auxílio] pelo duvidoso [ficar sem renda diante de uma possível demissão]”, acrescenta.

Outro ponto apontado por Luiza é a instabilidade política vivida pelo país há sete anos. “Desde 2013, o país passava por uma instabilidade também política, agravada pelo impeachment da ex-presidenta Dilma. Após isso, enfrentamos a Reforma Trabalhista, que não apresenta nenhum ponto positivo para o trabalhador, sendo benéfica apenas para os empregadores, e Reforma da Previdência. O que podemos perceber é que o atual governo está apenas alinhado aos interesses do capital”, reverbera Batista.

Trabalho doméstico em tempos de pandemia

As medidas de isolamento social e paralisação de serviços não essenciais, adotadas por municípios e Estados, obrigaram a população a vivenciar uma nova realidade. A pandemia do novo coronavírus provoca um cenário de incertezas e instabilidade também para as domésticas.

Os desafios enfrentados pela categoria vão desde o risco de contaminação, por não serem liberadas das atividades, até a perda da renda. Questionada sobre o quantitativo de trabalhadoras que perderam o emprego nesta epidemia, Luiza Batista esclarece que não se pode mensurar os impactos no momento.

"Os sindicatos estão fechados, pois, não são considerados serviços essenciais. Logo, não temos esses números. No entanto, a FENATRAD vem promovendo uma campanha para que o empregador libere a doméstica e continue a pagar o salário”, ressalta.

Recentemente, o Governo Federal aprovou a Medida Provisória 936, que é apontada como alternativa para manutenção de empregos. Entre as ações asseguradas pela MP estão a redução da jornada de trabalho, diminuição salarial e suspensão de contratos por até 90 dias. As medidas também são aplicadas para as trabalhadoras domésticas. Entretanto, não há uma fiscalização que garanta o cumprimento dessas ações para a categoria.

Interpelada sobre isso, a presidenta da FENATRAD frisa que, caso essas medidas não forem consideradas, a doméstica pode recorrer à Delegacia Regional do Trabalho. “Feito isso, o empregador receberá uma correspondência para comparecer a Delegacia Regional do Trabalho para prestar esclarecimentos”, conclui.

*Conteúdo originalmente postado no site institucional da UNINASSAU

A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) afirmou, neste sábado (16), que a preservação e ampliação dos direitos dos trabalhadores compõem “o caminho certo” para o desenvolvimento Brasil. Lembrando a PEC das Domésticas, regulamentada em lei sancionada no dia 2 de junho de 2015, a petista destacou, em publicação no Twitter, os bons resultados da legislação que fez um ano no último mês. 

“Regulamentamos a PEC das Domésticas, ampliando direitos de milhões de trabalhadoras. O acesso ao FGTS é um dos direitos conquistados pelas domésticas, igualando-as aos demais trabalhadores. Deu muito certo: cresceu 622% o número de domésticas com direito ao FGTS, passando de 190 mil para 1,37 milhão, em apenas um ano”, detalhou.

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Fazendo relação ao processo de impeachment que tramita contra ela e a tese de que o governo do presidente em exercício Michel Temer (PMDB) tem cerceado as conquistas trabalhistas, Dilma Rousseff utilizou a hashtag #NenhumDireitoAMenos. “Este é o caminho certo para o Brasil: preservar e ampliar direitos para os trabalhadores. Na luta pela democracia, renovamos nosso lema, que é e sempre será: #NenhumDireitoAMenos!”, argumentou. 

O governo se comprometeu a lançar o Simples Doméstico, que reunirá numa mesma guia todas as contribuições que devem ser pagas pelos patrões de empregados domésticos, antes do prazo máximo de 4 meses estipulado na lei sancionada na segunda-feira, 1, pela presidente Dilma Rousseff.

Os patrões, porém, continuarão com o mesmo tempo de 120 dias para cumprir as novas regras, mesmo que antes desse prazo seja possível imprimir, na página www.esocial.gov.br, a guia correspondente a 28% do salário do trabalhador doméstico, o que garantirá a ele direitos trabalhistas e previdenciários.

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Do total que deve ser pago todo mês, 20% são de responsabilidade do patrão. O valor corresponde a 8% para o INSS (nos próximos quatro meses, a alíquota continua de 12%); 8% para o FGTS; 3,2% para um fundo de indenização em caso de demissão e 0,8% para seguro contra acidente. O empregador terá de acrescentar mais 8%, da contribuição do trabalhador para o INSS, e descontar o valor do salário dele.

Todos os valores a serem recolhidos serão calculados automaticamente com base nas informações fornecidas pelo empregador no site do governo. Em seguida, será gerado o boleto para o pagamento na rede bancária. Na contribuição também será calculado o imposto de renda que deve ser retido na fonte. As contribuições não serão retroativas.

O ministro do Trabalho, Manoel Dias, informou nesta terça-feira, 3, que o conselho curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) vai tratar do assunto na próxima reunião, marcada para a semana que vem. A Caixa esclareceu que os patrões já podem fazer o recolhimento separado do FGTS para os empregados domésticos no site, embora não seja obrigatório. Segundo o banco estatal, responsável pela administração do fundo, o volume de arrecadação do FGTS quase dobrou depois da aprovação, pelo Congresso, em 2013, da Emenda à Constituição, conhecida como PEC das Domésticas, que consolidou os direitos da categoria. Atualmente, mais de 170 mil trabalhadores domésticos de todo o País têm depositado o valor correspondente ao FGTS.

A nova guia unificada, batizada de Simples Doméstico, deve ser definida em ato conjunto pelos ministérios do Trabalho e da Previdência Social. Os órgãos vão decidir a forma como será a apuração, o recolhimento e a distribuição dos recursos recolhidos pelos patrões.

A PEC das Domésticas também permitiu aos empregadores parcelarem os débitos com o INSS vencidos até 30 de abril de 2013, data da publicação da Emenda Constitucional nº 72. No entanto, não há exigência para que isso seja feito, mas tem desconto nos juros e multas para o empregador que quiser colocar a dívida em dia.

Os valores recolhidos por meio do desconto mensal de 3,2% do salário - que substitui a multa de 40% nos casos de demissão sem justa causa - serão direcionados para uma conta vinculada do FGTS diferente daquela nas quais são créditos os descontos do fundo (8%).

O saque desses recursos poderá ser feito pelo trabalhador nos casos de demissão sem justa causa. Na hipótese de dispensa por justa causa ou pedido, término do contrato de trabalho por prazo determinado, aposentadoria ou falecimento do trabalhador, os valores depositados nesse fundo voltarão para o patrão. Quando a culpa pela demissão é recíproca, o montante será dividido pelo empregador e trabalhador.

O Senado aprovou nessa quarta-feira (6) o projeto que regulamenta a emenda à Constituição que consolidou os direitos dos trabalhadores domésticos. A matéria segue agora para a sanção presidencial.

A chamada PEC das Domésticas foi promulgada em 2013 e garantiu vários direitos para a categoria, mas alguns benefícios ainda dependiam da normatização para entrar em vigor. “Agora sim nós acabamos de fechar a última senzala brasileira e abolir o ultimo resquício da escravatura”, frisou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no término da sessão.

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Entre os pontos aprovados que diferem do texto da Câmara é o que altera de 12% para 8% a alíquota de recolhimento do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A redução é para compensar a cobrança de 0,8% para um seguro contra acidente e 3,2% para a rescisão contratual. Esse último deve ser depositado em um fundo, em conta separada, para cobrir a multa de 40% no caso de demissão do empregado sem justa causa.

Foram aprovadas ainda as mudanças no texto da Câmara em relação à compensação das horas extras dos empregados. O Senado retomou o texto do autor do projeto, senador Romero Jucá (PMDB-RR), que estabelece que o empregador será obrigado a pagar em dinheiro as primeiras 40 horas extras. As demais horas dadas além da jornada de trabalho poderão ser compensadas em regime de banco de horas que deverá ser usufruído pelo empregado no período máximo de um ano.

Ficaram mantidas no texto as modificações da Câmara que estabelecem que a jornada de vigilantes noturnos deverá ser de 12 horas de trabalho por 36 horas de folga e a que impõe ao empregado o pagamento do imposto sindical.

De acordo com o texto aprovado, empregado doméstico é aquele que presta serviços remunerados e sem finalidade lucrativa a pessoa ou família, no âmbito residencial, por mais de dois dias por semana. A jornada regular é de até 8 horas diárias e 44 semanais.

Com informações de agências.

Por 319 votos favoráveis e apenas dois contrários, a Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira, 12, o texto-base do projeto que regulamenta a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que consolidou direitos dos trabalhadores domésticos. A chamada PEC das Domésticas garantiu vários direitos para a categoria, mas alguns benefícios ainda dependem da normatização para entrar em vigor.

Como votaram apenas a proposta principal, os parlamentares se reúnem novamente na próxima semana para discutir emendas. Como sofreu alteração, o texto terá de retornar para avaliação dos senadores antes de ter sua tramitação concluída.

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A PEC das Domésticas aguarda regulamentação desde 2013. Ela deu à categoria direitos que já estão valendo, como a jornada de 44 horas semanais com pagamento de hora extra com adicional de 50%. Mas há uma série de temas que dependem da aprovação da lei em discussão, como o seguro-desemprego e o recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Em julho de 2013, um projeto do senador Romero Jucá (PMDB-RR) regulamentando a PEC chegou a ser aprovado pelo Senado, mas os deputados deram preferência hoje a uma emenda de Benedita da Silva (PT-RJ) que estende às domésticas boa parte dos benefícios da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Pelo texto votado hoje, os empregadores que dispensarem seus funcionários sem justa causa deverão arcar com a multa de 40% sobre o saldo do FGTS. Esse é um ponto que diverge do parecer de Jucá, que previa o recolhimento mensal de 3,2% sobre o salário, cujo saldo seria repassado ao empregado em caso de demissão imotivada. Além do mais, o texto aprovado determina que os patrões deverão recolher 8% do salário do trabalhador ao fundo, como em outras profissões.

A redação votada também suprime um dispositivo incluído pelo senador peemedebista que permitia um regime de trabalho em tempo parcial. Isto é, a celebração de contratos com menos de 25 horas semanais e com salário proporcional.

Sobre a jornada de trabalho, a regulamentação votada na Câmara permite que sejam cumpridas um máximo de duas horas extras, que terão acréscimo de 50%. Haverá a possibilidade de banco de horas mas, caso não haja compensação em três meses, o tempo de serviço adicional deverá ser pago. Jucá defendia um período de compensação maior, de um ano. "É a história de vida de centenas, de milhares de mulheres, que estão nas nossas casas, nos servindo e dando o melhor delas", declarou a petista durante a sessão.

As domésticas que dormirem nas casas de seus empregadores ou viajarem com a família à disposição para o serviço serão consideradas em sobreaviso, com remuneração na razão de um terço sobre a hora de trabalho normal. As emendas que ainda precisam ser votadas podem mudar a proposta. Há parlamentares que querem, por exemplo, retomar a possibilidade de contratação pelo regime parcial.

O Ministro do Trabalho, Manoel Dias, disse, ao chegar na festa do Dia do Trabalho da CUT, em São Paulo, que a regulamentação da PEC das domésticas deve ser aprovada "em tempo recorde". "O Congresso está com muita pressa e deve aprovar, em uma atitude recorde, as emendas para a aplicabilidade total da PEC 72, que é PEC das domésticas", afirmou.

Segundo o ministro, a PEC deve ser aplicada de maneira tranquila. "É um assunto que gerou interesse muito grande, pois afeta a vida de todos nós. Acredito que vai ser uma aplicação tranquila".

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Dias reforçou a disposição da presidente Dilma Rousseff de tratar da pauta trabalhista. "Ela vai se encontrar com as centrais no dia 14 de maio", confirmou.

O ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, disse que o governo federal deve definir nesta terça-feira, 30, a regulamentação da lei das domésticas. Mas ele frisou que é a presidente Dilma Rousseff quem vai decidir sobre o tema. Garibaldi conversou com jornalistas na entrada do Palácio da Alvorada, antes de reunião com a presidente. "Acredito que não (falta muito para definir o tema), (a regulamentação) é no sentido de fazer valer os direitos que foram acordados", afirmou o ministro.

Segundo Garibaldi, uma nova reunião com a presidente deve ocorrer à tarde - além dele, devem participar a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, e o ministro do Trabalho, Manoel Dias.

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O Senado ampliou os direitos dos empregados domésticos em 26 de março, mas o governo está atrasado na discussão. Vários itens ainda precisam de regulamentação, como as questões referentes ao adicional noturno e à hora extra.

Conforme informou na semana passada o jornal O Estado de S.Paulo, a presidente Dilma pediu um "compromisso com o curto prazo" para a preparação do texto e ressalvou que quer que toda a legislação seja feita "de maneira responsável", de forma a "assegurar todos os direitos" do trabalhador doméstico.

O tempo não apagou a importância de profissionais que atuam em muitos lares brasileiros. Não é de hoje que as empregadas domésticas são figuras importantes que mantém organizadas as casas ou empresas da sociedade. Neste sábado (27), é comemorado o Dia da Empregada Doméstica, e, em 2013, há um motivo especial para festejar, uma vez que neste ano foi aprovada a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das domésticas.

De acordo com a cartilha “Trabalho Doméstico”, divulgada recentemente Ministério do Trabalho e Emprego, considera-se empregado doméstico o trabalhador maior de 18 anos que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas.

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Segundo o documento, o que diferencia o emprego doméstico é o caráter não econômico da atividade desempenhada no âmbito residencial do empregador. Fazem parte da categoria empregados, cozinheiros, governantas, babás, lavadeiras, faxineiros, vigias, motoristas particulares, jardineiros, acompanhantes de idosos, entre outras. Ainda de acordo com a cartilha, o caseiro é considerado trabalhador doméstico quando o sítio ou local onde exerce a sua atividade não possui finalidade lucrativa.





A nova situação empregatícia das empregadas domésticas está gerando muita discussão na sociedade. Para quem quer se informar sobre a lei, a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) sediará, na próxima quarta-feira (17), o “Ciclo de Debates sobre o Novo Emprego Doméstico”. A ação reunirá especialistas da área e autoridades, e terá como tema central o “Novo Emprego Doméstico numa Perspectiva Prática”.

O encontro será realizado nos horário das 9h às 12h, e à noite, das 19h às 21h30, no auditório G1. A Unicap fica na Rua do Príncipe, 526, no bairro da Boa Vista, área central do Recife. Os participantes devem levar um quilo de alimento não perecível. As doações serão entregues a pessoas vítimas da seca.

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Quem participar do evento terá certificado com seis horas de atividade complementar. Outros detalhes informativos sobre sobre o ciclo de debates podem ser obtidos pelo telefone (81) 2119-4177.

Brasília – Os deputados e senadores que compõem a comissão mista formada para discutir a normatização dos direitos aos empregados domésticos previstos na Emenda Constitucional n° 72 debateram hoje (11) a possibilidade de introduzir 'banco de horas' para os trabalhadores, e trataram da dificuldade em definir demissão sem justa causa para a categoria.
Sobre as contribuições ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), não houve ainda nenhuma proposta nova ou decisão definitiva. Sobre a multa de 40% sobre o montante do FGTS do trabalhador, em caso de demissão sem justa causa, os parlamentares consideram a ideia de reduzir o percentual para 10%, em vez de extinguí-lo.

De acordo com o senador Romero Jucá (PMDB-RR), um dos parlamentares que lidera a comissão, a meta do Congresso é ter propostas concretas para apresentar até o dia 1˚ de maio, Dia do Trabalho. "A ideia é que possamos apresentar a proposta na comissão a partir do dia 23 [de abril] e votá-la até 1˚ de maio. Esse é o nosso horizonte. A partir daí, o texto vai para o Congresso em regime simplificado e esperamos que, da mesma forma que houve rapidez para votar a PEC (Proposta de Emenda Constitucional), tenhamos rapidez nos plenários para votar essa matéria, que está criando insegurança jurídica e intranquilidade tanto aos empregados quanto aos empregadores", disse Jucá.

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No caso do banco de horas, a proposta discutida é a de que o acúmulo do tempo trabalhado permita mais flexibilidade a ambas as partes, por exemplo, caso empregados prefiram almoçar em meia-hora, em vez de em uma hora e terminar o expediente mais cedo.

Em relação à demissão sem justa causa, os parlamentares questionaram o que seria, de fato, um motivo justificado para demissão, uma vez que a relação entre empregados e empregadores domésticos é, na maioria dos casos, subjetiva. "A demissão em relação casual, entre patrão e empregado em uma residência, muitas vezes sem testemunha, é difícil de caracterizar. Por isso, não podemos ter uma multa exacerbadamente alta por demissão imotivada, isso pode gerar um passivo para as famílias difícil de resolver. A ideia da emenda é criar condições, preservar empregos e garantir a prestação do serviço às famílias", explicou o senador, sobre a redução do pagamento da multa de 40% para 10%, sobre o montante do FGTS. Segundo ele, esse percentual não seria inviável às famílias e também não prejudicaria o trabalhador.

Quando surgiu a ideia de desonerar o empregador por meio da redução do FGTS, a Agência Brasil questionou o professor de direito constitucional da Universidade de Brasília (UnB) Paulo Henrique Blair de Oliveira sobre a constitucionalidade dessa medida. Em sua interpretação, a proposta de redução é inconstitucional. A interpretação do Congresso, no entanto, não tem sido a mesma.

A proposta da presidência da comissão – formada por Romero Jucá e pelo deputado Cândido Vacarezza (PT-SP), sobre o FGTS e o INSS foi pela criação de um Supersimples, com pagamento de 17% sobre o salário do trabalhador, em boleto único. Nesse caso, seriam pagos 8% de FGTS, 8% para o INSS e 1% para acidentes de trabalho. Essa foi a primeira vez que se mencionou a contribuição para o gozo do benefício acidentário.

O ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, deve ser convocado para comparecer às próximas reuniões dos parlamentares e informar à comissão sobre o trabalho que está sendo desenvolvido pela pasta, que também instalou um grupo de trabalho para debater o assunto.

O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que liderou a proposta do partido apresentada no último encontro dos líderes do Congresso, sugeriu que o acesso à creche seja priorizado e assegurado aos filhos de empregados domésticos - considerando que cerca de 90% desses trabalhadores são mulheres. O deputado ainda alertou os parlamentares para o sobreaviso – direito previsto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que prevê pagamento de 1/3 sobre a hora trabalhada, nos casos em que o empregado, por exemplo, durma na casa do patrão e tenha os serviços solicitados fora do horário de trabalho. Para o deputado, o assunto pode gerar controvérsias.

O especialista em direito do trabalho, Marcos Alencar, ministrará palestra, no próximo sábado (13), sobre a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) das domésticas. A iniciativa será realizada no auditório da Livraria Cultura, no Paço Alfândega, e os interessados poderão fazer inscrições pelos telefones (81) 3072-0247/3025-3104. O investimento é de R$ 130.

No encontro, será discutida a forma de gerir o novo contrato do empregado doméstico e, na prática, os participantes poderão entender como calcular horas extras, o repouso semanal remunerado, dentre outras peculiaridades. 

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Entram em vigor nesta quarta-feira (3) as novas regras para os empregados domésticos previstas na Emenda Constitucional nº 72, publicada na edição desta quarta do Diário Oficial da União. O texto estende os direitos gozados por todos os trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) aos empregados domésticos. Nessa terça (2), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 66/2102, a PEC das Domésticas, foi promulgada pelo presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).

Até hoje, os trabalhadores domésticos tinham direito a salário mínimo, à irredutibilidade da remuneração, a décimo terceiro salário, repouso semanal remunerado, férias, à licença-maternidade e licença-paternidade, a aviso prévio, à aposentadoria e à Previdência Social.

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Com os novos direitos incluídos no Artigo 7º da Constituição, esses trabalhadores terão garantia de jornada semanal de 44 horas, hora extra, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e de seguro-desemprego. Também deverão ser criadas normas específicas para a redução dos riscos de trabalho e reconhecimento de convenções e acordos coletivos.

Passam a ser proibidos, em relação aos empregados domésticos, a diferença de salários por motivos de sexo, idade, cor ou estado civil; a discriminação salarial ou de critérios de admissão de pessoas com deficiência; o trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 anos e qualquer tipo de trabalho doméstico a menores de 16 anos, exceto em condição de aprendiz.

Algumas dessas normas passam a valer imediatamente, outras ainda dependem de normatização. De acordo com o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, uma comissão do governo federal para regulamentar os pontos pendentes será criada até o final da semana.

A validade da emenda para os contratos já firmados entre empregados e empregadores é questionável, informou à Agência Brasil o constitucionalista e presidente da Comissão Nacional de Estudos Constitucionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Valmir Pontes Filho. Ainda há incertezas sobre as mudanças tanto entre os trabalhadores quanto entre os patrões.

Nessa terça, foi cogitada a possibilidade de o Congresso discutir a criação de um Supersimples para domésticas. A ideia é criar um instrumento que possa facilitar a vida de empregadores e empregados, unificando os tributos da categoria.

Advogados trabalhistas orientam que ambos os lados tenham boa-fé e que elaborem documentos de suas relações profissionais, como contratos.

O Congresso Nacional irá promulgar, nesta terça-feira (2), a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 66/2012, que garante aos empregados domésticos uma série de direitos já assegurados aos demais trabalhadores. A sessão está marcada para as 18h.

Apesar de ser chamada de PEC das Domésticas, em referência às empregadas domésticas ou secretárias do lar, a norma atende a outros profissionais, como motoristas, jardineiros e babás.

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A PEC foi aprovada na semana passada pelos 66 senadores presentes na sessão da Casa. Algumas novas regras já passam a valer com a promulgação, outras precisarão ser regulamentadas para valer.

Atualmente, o trabalhador doméstico já tem alguns direitos garantidos, como salário mínimo, 13º salário, repouso semanal remunerado, férias, licença-maternidade e licença-paternidade, aviso-prévio e aposentadoria. Com a promulgação passa a valer a jornada definida (de até oito horas por dia e 44 semanais) e o pagamento de horas extras (com remuneração mínima 50% maior que a normal).

Ainda precisarão ser regulamentados o trabalho noturno (que requer uma remuneração superior ao diurno), auxílio creche (com assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até os 5 anos de idade em creches e pré-escolas), salário-família, FGTS, seguro-desemprego e seguro conta acidentes.

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Limpar, cozinhar, arrumar a casa, lavar roupas, esfregar chão... Essas são apenas algumas das atividades desempenhadas por trabalhadoras que há bastante tempo cumprem a importante missão de deixar organizadas as casas dos brasileiros. As empregadas domésticas, mesmo prestando esse importante serviço, não tinham todos os seus direitos trabalhistas totalmente assegurados. Porém, na última terça-feira (26), o Senado Federal aprovou, por unanimidade, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que garante aos empregados domésticos direitos já assegurados aos outros trabalhadores.

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Com 67 anos de idade e 15 como doméstica, Marinalva Cassiano dos Santos sempre teve seus direitos assegurados como profissional do lar. “Eu acho que é um trabalho como outro qualquer e merece ter as mesmas condições”, opina. “Sempre tive direito a tudo e não tenho o que reclamar do meu trabalho”, completa.

Para ela, a aprovação da PEC representa uma garantia às empregadas, uma vez que, muitas, após anos de trabalho, perdem seus empregos e ficam sem benefícios. “Quando a gente parar de trabalhar, teremos uma tranquilidade maior para vivermos bem. Somos reconhecidas como profissionais de verdade”, diz Marinalva.

O patrão da doméstica, o aposentado Vlademir Barbosa, 66, destaca como é importante a aprovação da PEC e o trabalho das empregadas. “É de uma importância monstruosa. Sem Marinalva, nossa casa não estaria tão organizada. As domésticas agora estão sendo valorizadas”, comenta.

Barbosa reconhece que algumas pessoas não terão condições de arcar com os custos para manter legalmente as domésticas no trabalho, mas, quem tem recursos financeiros, deve sim cumprir a lei. “Do ponto de vista financeiro, alguns patrões irão reclamar ou não terão condições de pagar. Mas, a lei deve ser cumprida e vou sempre fazer isso”, explica.

De acordo com a diretora geral do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas da Cidade do Recife, Luiza Batista, é possível que ocorram demissões de muitas domésticas. “Sabemos que vão acontecer demissões, mas, ainda não temos a noção de quantas empregadas perderão seus trabalhos”, projeta.

A diretora explica que a princípio, a sociedade passará por uma fase de adaptação. “Quando os patrões sentirem a necessidade dos serviços das domésticas, terão, de qualquer forma, que contratá-las e cumprir as regras”, fala Luiza.

Segundo dados do Sindicato, o Recife e Região Metropolitana têm hoje 152 mil empregadas domésticas. Em relação ao estado de Pernambuco como um todo, ainda não existe, por parte do Sindicato, uma pesquisa que aponte o número de trabalhadoras.

Conheça a lei

Na próxima terça-feira (2), a proposta deverá ser promulgada. De acordo com o Senado, as novas regras entram em vigor na data de publicação, que também acontecerá na próxima semana. Jornada definida, com limite de 8 horas diárias e 44 por semana, além das horas extras, são alguns dos direitos imediatos. Já para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a proposta aponta a necessidade de regulamentação.

Segundo informações do Senado, atualmente, o profissional doméstico possui somente parte dos direitos garantidos pela Constituição aos trabalhadores em geral. Salário mínimo, décimo terceiro salário, repouso semanal remunerado, férias, licença-gestante e licença-paternidade, aviso-prévio e aposentadoria já são dos direitos garantidos.

Com a aprovação da PEC, um dos novos direitos mais importantes é o controle da jornada de trabalho. Agora, os trabalhadores passarão a receber horas extras, de forma remunerada, com quantia pelo menos 50% acima do normal.

O FGTS também ganha destaque com a PEC, e, mensalmente, o valor a ser recolhido é de 8% do salário do empregado. Clique AQUI e confira outras informações sobre a PEC das domésticas.







 

O Senado aprovou nesta terça-feira, por 66 votos favoráveis e nenhum contrário, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que garante aos trabalhadores domésticos 17 novos direitos, igualando sua realidade com a dos demais trabalhadores urbanos e rurais. O presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), adiantou que vai levar a proposta à promulgação na próxima terça-feira, dia 2 de abril.

A proposta, que já havia passado pelo primeiro turno de votação semana passada, estabelece novas regras, como jornada diária de trabalho de oito horas e 44 horas semanais, além de pagamento de hora extra de, no mínimo, 50% da hora normal. Os direitos vão se somar àqueles já existentes, como 13º salário, descanso semanal, férias anuais e licença gestante.

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Mesmo sendo uma matéria de consenso na Casa, tendo tramitado sem grandes discussões nas comissões pelas quais passou, sete dos 17 itens ainda precisam ser regulamentados antes de entrar em vigor. Carecem de regulamentação o direito ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), hoje facultativo, o seguro contra acidentes de trabalho, o seguro-desemprego, a obrigação de creches e pré-escolas para filhos e dependentes até seis anos de idade, o salário família e a demissão sem justa causa.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem cerca de 9 milhões de trabalhadores domésticos. No Estado de São Paulo são 3 milhões e, na Grande São Paulo, 800 mil.

Momento histórico

Assim como na votação anterior, vários senadores se revezaram ao microfone para louvar a aprovação da proposta. "É inadmissível que nós tenhamos até hoje duas categorias de trabalhadores", afirmou o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF). "Trata-se de um grande momento, de um momento histórico para as mulheres brasileiras", afirmou a senadora Lídice da Mata (PSB-BA), relatora da PEC na Comissão de Constituição e Justiça.

A votação foi acompanhada pelo deputado federal e ex-senador Carlos Bezerra (PMDB-MT), primeiro subscritor da PEC, pelas ministras Eleonora Menicucci (Política para Mulheres) e Luiza Bairros (Igualdade Racial), por Delaíde Miranda, ex-empregada e atual ministra do Tribunal Superior do Trabalho, e pela deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), ex-empregada doméstica e que relatou a matéria na Câmara dos Deputados. Ela foi elogiada por sua atuação em favor da proposta. O senador Magno Malta (PR-ES) chegou a defender que se batize a norma de "Lei Benedita da Silva".

Aplaudida em plenário e sentada na Mesa Diretora, a presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas, Creuza Maria Oliveira, defendeu a PEC. "Nos primeiros meses, quando o salário aumenta, o patrão demite, mas depois contrata novamente, porque quem trabalha fora precisa de alguém para trabalhar, mas as pessoas acham que pagar para empregada doméstica é absurdo. Haverá uma acomodação no mercado", afirmou.

A regulamentação do direito das empregadas domésticas ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) poderia significar uma arrecadação extra de R$ 5,5 bilhões por ano para o fundo. A conta é do economista William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Considerando um universo de 7,2 milhões de trabalhadores domésticos no País - segundo estimativa da Organização Internacional do Trabalho (OIT)- e o salário médio de R$ 726,8 calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o recolhimento de 8% de FGTS levaria a uma arrecadação adicional de R$ 418 milhões por mês.

No ano passado a arrecadação bruta do FGTS atingiu o recorde de R$ 83,0 bilhões, com crescimento de 15% em comparação a 2011. Além do aumento da participação da população ocupada com carteira de trabalho assinada, o crescimento real do salário também contribuiu para a expansão do bolo do FGTS.

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Se todos os patrões passassem a pagar os novos direitos trabalhistas para as domésticas, o crescimento adicional da arrecadação de FGTS seria de 1,5% sobre os valores atuais. Mas o economista da FGV adverte que a realidade do mercado é bem diferente. "Não basta apenas mudar a lei para garantir a transformação de uma cultura arraigada", diz ele. "Boa parte das domésticas vai continuar na informalidade, pois a relação não é puramente empregatícia mas também afetuosa".

Outra parte do mercado pode ser prejudicada pelo medo dos patrões de ter de arcar com custos extras, diz Willian Eid. Nos casos das domésticas que dormem no serviço, por exemplo, ele acredita que a mudança na legislação pode provocar dúvidas sobre como remunerar as horas extras. "Muitas famílias poderão preferir dispensar a doméstica e contratar diaristas ou mesmo passar a viver sem empregada".

A tendência, segundo o professor da FGV, é de que o País evolua para uma nova realidade mais próxima dos países desenvolvidos, com menos trabalhadores empregados em serviços domésticos. Isso se o mercado de trabalho continuar favorável ao trabalhador, como nos últimos anos. "Se vier uma crise e o desemprego aumentar, a oferta de trabalhadores desqualificados cresce e muitos profissionais vão voltar a aceitar emprego doméstico, mesmo na informalidade e com salários mais baixos", analisa.

Brasília – Nos próximos dias, o plenário do Senado vai votar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 66/2012) que garante às empregadas domésticas os mesmos direitos já assegurados aos demais trabalhadores urbanos e rurais. Essa será a última etapa de uma discussão que se arrasta há anos no parlamento e em 2012 foi aprovada pelos deputados.

Na prática, se a chamada PEC das Domésticas for aprovada, a categoria terá 16 novos direitos trabalhistas: nove automáticos e mais sete que dependerão de regulamentação, como adicional noturno e seguro contra acidentes de trabalho.

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Ainda na lista de incisos que devem ser incluídos no Artigo 7º da Constituição Federal também estão o direito ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e à jornada semanal de 44 horas, com oito horas diárias de trabalho, assim como o pagamento de indenização nos casos de demissão sem justa causa e de hora extra em valor, no mínimo, 50% acima da hora normal.

Os efeitos que a nova lei pode gerar no mercado de trabalho dividem opiniões. Na avaliação da organização não governamental Instituto Doméstica Legal, a norma precisa vir acompanhada de uma medida provisória que desonere os empregadores. Se isso ocorrer, a estimativa é que 1,3 milhão de trabalhadores domésticos sejam formalizados.

“A PEC é justa, necessária e merecida, mas ela sozinha vai provocar um genocídio trabalhista dos pobres e excluídos”, diz o diretor da ONG Marcos Avelino, apostando em um grande número de demissões.

A proposta que está em discussão no Senado não prevê redução de impostos para estimular a formalização desses profissionais, mas essa possibilidade, como o abatimento no imposto de renda, está em análise em outras propostas no Congresso Nacional.

De acordo com pesquisa realizada entre novembro e janeiro deste ano pelo Instituto Doméstica Legal, com a participação de 2.855 empregadores domésticos, se a proposta for aprovada sem redução dos custos do empregador, cerca de 800 mil empregados domésticos poderão ser demitidos.

“Pelos dados do Ministério do Trabalho nós temos 7 milhões de empregadas domésticas sem nenhum desses direitos que nós estamos tratando aqui [na PEC] e temos apenas 1 milhão de empregadas com carteira formalizada. Não é isso que vai determinar a informalidade. A informalidade já é a realidade de hoje. O que nós temos visto é um movimento, mesmo ampliando os direitos, de mais formalização”, minimizou a relatora da proposta no Senado, Lídice da Mata (PSB-BA).

Para o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), possíveis demissões com a aprovação da lei não devem ser vistas como um problema. “O Brasil avança com um novo modelo e vai haver uma acomodação de mercado, como aconteceu na Europa e em países desenvolvidos da América. O número de diaristas vem crescendo e com uma nova lei que garanta a esses trabalhadores novos direitos claros, que não poderiam ser postergados, nós vamos apenas acomodar o mercado. Não imagino que haverá uma dificuldade maior”, explicou.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2011, há no Brasil 6,653 milhões de empregados domésticos e diaristas. Nesse grupo, 92,6% são mulheres e 7,4%, homens.

O Senado retoma os trabalhos legislativos em fevereiro com assuntos polêmicos para resolver como a Proposta de Emenda à Constituição das Domésticas (PEC 478/2010) e os novos critérios de partilha do Fundo de Participação dos Municípios (FPE). Ao mesmo tempo, poucos senadores admitem em público um problema que debatem em conversas privadas que é a falta de diálogo com o Executivo e entre si.

Em conversa com a Agência Brasil, o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), disse que a redistribuição dos recursos dos royalties do petróleo entre os estados foi um exemplo de descompasso entre o Executivo e o Congresso. “No caso dos royalties faltou muito a participação do Executivo na construção de um acordo.”

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Para o presidente do PMDB, toda essa falta de diálogo também entre as lideranças do Senado e da Câmara, só tende a comprometer ainda mais o andamento dos trabalhos legislativos. Raupp acredita que não há outra solução a não ser o real comprometimento do Congresso com a reforma política.

“[Com essa falta de diálogo] vai chegar em um ponto que nossa democracia ficará comprometida”, frisou o parlamentar. Para ele, é preciso pôr um fim na facilidade com que são criados partidos políticos no país. O peemedebista ressalta que chegará um momento no qual o próprio tema colocará a Casa em xeque sob pena de o Congresso tornar-se um Poder “diminuído” perante os demais.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), com a experiência de dois mandatos na Casa, é mais crítico que o presidente do PMDB. “Não há Parlamento. Estamos brincando de esconde-esconde com o Supremo Tribunal Federal”. O STF se manifestou nos últimos anos, por provocação principalmente dos partidos, a respeito da constitucionalidade de uma série de projetos aprovados pelo Congresso.

Segundo o pedetista, o grande problema é a ausência de acordos que sejam efetivamente cumpridos, bem como metas a serem alcançadas. Cristovam Buarque destacou que os parlamentares  praticamente trabalham apenas em dois dias da semana, terça-feira e quarta-feira, o que compromete ainda mais a situação.

A senadora Ana Rita (PT-ES) é outra que defende a maior interação entre as lideranças não só do Senado, mas também do Congresso. “É preciso que as lideranças dialoguem mais”, disse a parlamentar que também demonstrou preocupação com o andamento dos trabalhos.

Ela criticou a postura que os partidos têm adotado de deixar para votar a maioria das propostas legislativas de forma apressada no fim do ano. Ana Rita defende que nem todo projeto de lei, PEC ou medida provisória necessita de acordo de procedimentos da unanimidade dos líderes partidários. Segundo ela, existem matérias que, se não obtiver acordo, tem que ir para votação em plenário.

A Proposta de Ementa Constitucional 478/10, a PEC das Domésticas, será votada na Câmera dos Deputados na próxima terça (10). A PEC tem por objetivo ampliar os direitos trabalhistas da classe de empregados domésticos. A proposta foi encaminha pelo deputado Carlos Bezzera (PMDB-MT) e está sendo relatado pela deputada federal Benedita Silva (PT-RJ).

A primeira versão da proposta foi encaminhada em 2010 e pretendia a revogação do único parágrafo do artigo 7º da Constituição Federal, que diferencia os trabalhadores domésticos de outros trabalhadores assalariados. A nova redação da deputada federal quer que as diferenças entre esses tipos de trabalhos sejam discriminadas na própria proposta. Benedita afirmou que “apenas 38% dessa categoria tem sua carteira de trabalho assinada pelos empregadores. Eles precisam ser incluídos e reconhecidos como trabalhadores que fazem o mesmo serviço que alguém faz num restaurante, numa lavanderia ou em qualquer um outro lugar”.

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Com a nova redação estão previstos o seguro-desemprego, o recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), pagamento de hora-extra, jornada de trabalho semanal de 44 horas e mais dez itens envolvendo salário-família e proteção do trabalho. A Constituição já assegurava aos trabalhadores domésticos salário mínimo, 13º,  folga semanal remunerada, férias anuais, licença maternidade e paternidade, aviso prévio e aposentadoria, além de inclusão na previdência social.

No relatório, Benedita Silva fez notar que “em países em desenvolvimento, que historicamente têm escassas oportunidades de emprego formal, os trabalhadores domésticos constituem uma proporção significativa da força de trabalho nacional e permanecem entre os mais marginalizados".

Segundo o Portal Brasil, o perfil de trabalhadores domésticos no Brasil mudou nos últimos anos e atualmente são 6,5 milhões de mulheres prestando esse serviço contra apenas 500 mil homens. O salário aumentou, devido ao aumento do rendimento das famílias no Brasil, assim como o número de trabalhadoras. Apenas 26,3% das trabalhadoras possuem formalização e em grande escala as mulheres ainda recebem salários menores do que os dos homens.

Nas regiões metropolitanas, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga em seu site que se trata da grande maioria de mulheres (94,3%), pretos e pardos (64%) com menos de oito anos de estudo (64%).

A presidenta do Sindicato das Empregadas Domésticas da Bahia, Cleusa Santos, afirma que “no Brasil, são mais de sete milhões de trabalhadores domésticos. Aqui na Bahia, são cerca de 500 mil, dos quais 70% não têm sequer carteira assinada. Por isso, a PEC das Domésticas precisa ser votada”.

Marçal Filho (PMDB-MS) é o atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJC) que está cuidando da PEC 478/10. Para ser aprovada, a PEC ainda precisa passar pelo Plenário do Senado.

*Por Diogo de Oliveira

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