Tópicos | Favela da Maré

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, esteve na última segunda-feira (19) na favela da Maré, no Rio de Janeiro, participando de uma conversa com os moradores sobre direitos humanos. Durante sua visita, ela gravou um vídeo na garupa de uma moto, e publicou em suas redes sociais falando sobre sua história de vida. Ela e a condutora do veículo não usavam capacete. 

Nascida e criada na Maré, a ministra compartilhou o momento de ter chegado aonde chegou tendo vindo da periferia. “Dia histórico pra mim como a única ministra favelada da nova gestão do Governo Lula. E como ministra favelada que sou, aquele corre rapidinho de uma rua pra outra de moto”, comentou na publicação em seu perfil no Instagram. 

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O item é obrigatório, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), e a infração é considerada gravíssima, com multa, além de sete pontos na carteira de habilitação. Internautas criticaram a cena, e alguns chegaram a relembrar do hábito do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de participar de motociatas sem o uso do capacete. 

Em resposta às críticas, o Ministério da Igualdade Racial, por meio de nota, esclareceu que o trajeto durou 3 minutos. O órgão explicou que a escolha pela moto se deu por ser “o modo mais útil e rápido de circular diante de uma agenda apertada”. 

“A ministra defende o cumprimento de regras de trânsito, em especial as ligadas à segurança e proteção das pessoas. Ao mesmo tempo, entende a importância de se reconhecer culturalmente o símbolo que este transporte tem na favela, facilitando o direito de ir e vir dos moradores e moradoras”, complementa a nota do Ministério. 

Um pré-vestibular comunitário fundado em agosto do ano passado por três jovens moradores do Complexo de Favelas da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, levou à aprovação de todos os estudantes em universidades públicas.

Nascido de improviso na laje da casa de um dos alunos, o UniFavela surgiu do desejo de Laerte Breno, 24 anos, que cursa letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Daniele Figueiredo, 24, graduanda de história na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e Letícia Maia, que também estuda história na UERJ, de ajudar outros jovens da favela a chegar à universidade. 

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Os jovens já ajudavam vestibulandos como monitores em uma biblioteca da comunidade e iniciaram o projeto quando Cristian Gomes, de 21 anos, que hoje cursa administração na UFRJ, cedeu a laje de sua casa para as aulas. A iniciativa era despretensiosa a princípio, mas logo o projeto cresceu e o grupo passou a precisar de mais professores e uma estrutura melhor. 

“Não foi uma ação planejada. Por coincidência, eu estava nessa biblioteca e uma amiga me pediu ajuda com linguagem para a prova da Uerj. Depois, ela apareceu com mais amigos e eu pensei que também poderia conseguir mais professores”, disse Laerte, um dos fundadores do UniFavela, ao Portal G1. 

Além das aulas, o grupo também organizava outras atividades, como saraus, oficinas de arte e arrecadações de doações para pessoas em situação de vulnerabilidade social na comunidade. O objetivo, segundo os professores do projeto, era humanizar a formação dos vestibulandos. “Nunca o nosso propósito era só a aprovação. Óbvio que tinha essa motivação, que essas pessoas estivessem na faculdade, mas o objetivo primeiro era a formação humana, de pessoas que gostem de aprender, conhecer, que tenham esse apreço pelo conhecimento e cidadania”, afirma Letícia Maia.

A estrutura improvisada, no entanto, não era o maior problema enfrentado pelos jovens na busca por educação e acesso ao ensino superior público e gratuito: a violência se mostrava um empecilho muito mais grave. A frequência de tiroteios durante a realização de operações policiais em confronto contra traficantes de drogas era um risco frequente para a segurança e integridade física dos jovens. 

“Por mais que a gente estivesse em uma laje, em um ambiente não muito confortável, muito quente, muito frio, o pior era o tiroteio. Era muito perigoso estar em uma laje na favela, né?”, recordou o estudante Cristian Gomes. A professora Daniele Figueiredo também reclamou da violência e como ela atrapalhava o andamento das aulas e o ensino do conteúdo durante o ano. 

“Eu tive várias aulas interrompidas em operação policial, precisava ligar correndo para os alunos que estavam quase saindo de casa e pedir ‘Não sai, não sai, vou ter que cancelar a aula, não sai’. Então, é uma questão muito mais preocupante a questão das operações”, disse a professora. 

Para resolver o problema, o grupo criou uma vaquinha online em busca de recursos que viabilizassem a saída da laje para um novo local. Depois que a publicação com o pedido de ajuda viralizou nas redes sociais, chegaram doações e hoje o UniFavela funciona em uma sala estruturada na sede de um projeto social na Maré. 

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A vereadora Marielle Franco, executada a tiros no Rio de Janeiro, foi homenageada por italianos com uma história em quadrinhos.

A HQ tem início com frases que, de acordo com os autores, Assia Petricelli e Sergio Riccardi, definem Marielle: "Eu sou cria da Maré. Sou mulher negra. Sou anticapitalista. Sou militante política. Sou mãe".

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"Nos apaixonamos por sua história e nos comovemos com sua morte, sentimos uma grande energia e uma profunda esperança com a multidão que foi para as ruas do Brasil para pedir verdade e justiça. Com nossos meios, palavras e desenhos, queríamos nos colocar a serviço dessa história", diz o editorial publicado pelos autores.

Os artistas também encontraram na parlamentar "o exemplo que procuravam", pois Marielle colocou em pauta assuntos como estereótipos de feminilidade, tema que Petricelli queria ilustrar em um romance gráfico.

"O poder a castigou, mas sua figura não se reduz à de uma vítima. A voz de Marielle, seu corpo e seu sorriso não se extinguem, continuam a viver através de todos nós que ocupamos um espaço público em seu nome e continuamos suas batalhas. Marielle vive porque nós vivemos", declararam.

A tirinha foi publicada no jornal "Il Manifesto". O gibi foi vendido junto com o diário nas bancas da Itália. Há também uma versão digital disponível por dois euros (aproximadamente R$ 8). 

Da Ansa

Uma passeata contra a violência está prevista para esta quarta-feira na favela da Maré, Rio de Janeiro, onde 18 mortes violentas foram registradas desde o início do ano, uma a mais do que em todo o ano de 2016.

Segundo o Fórum "Chega de Violência, uma outra Maré é possível", que organiza a manifestação, a favela sofreu 14 incursões policiais de janeiro a março de 2017, quase metade do total alcançado no ano passado (33).

"Os números mostram que a situação só piora. É uma escalada gigantesca da violência", revolta-se Vitor Santiago, um dos membros do Fórum, que teve uma perna amputada em 2015 após ter sido ferido por uma bala durante uma operação das forças de ordem.

A passeata está prevista para as 13h, com a participação das crianças das escolas do bairro. Além dos moradores da favela, muitas pessoas de outros bairros são esperadas, graças a um sistema de vãs partindo do centro da cidade.

Várias personalidades publicaram nos últimos dias mensagens de apoio nas redes sociais.

"É uma marcha contra a violência, o racismo e o modo absurdo como os moradores desses bairros que se parecem a zonas de guerra são tratadas pelas autoridades", afirmou no Facebook o ator Wagner Moura.

"A estratégia de combate às drogas tem sido muito violenta. As políticas de segurança púbica não têm tido um efeito positivo. Pelo contrário, os resultados têm sido muito negativos, com privação de direitos como saúde, educação ou direito de ir e vir", ressalta Shyrlei Rosendo membro do Fórum e militante da ONG Redes da Maré.

De acordo com a Anistia Internacional, o número de mortos em operações policiais no Rio de Janeiro subiu de 416 em 2013 para 920 em 2016.

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