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O célebre ator americano Brad Pitt desembarca nesta quinta-feira (29) no Festival de Cinema de Veneza com o filme "Ad Astra", de James Gray, uma odisseia íntima no espaço em busca de um pai perdido.

"Foi o maior desafio de toda minha carreira", disse o ator em Veneza, na coletiva de imprensa de apresentação do filme, do qual é também coprodutor.

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De camiseta e boné de beisebol, com uma linguagem clara e sofisticada, Pitt contou que se trata de um filme delicado, que fala da "masculinidade", mas também da "dor" e da "vergonha", barreiras que os homens costumam negar.

A estrela de Hollywood, de 55 anos, interpreta um homem maduro, quase com autismo, um personagem enigmático, cujas olheiras e rugas ficam em evidência graças aos abundantes planos fechados.

- Oscar para Brad Pitt? -

A aventura de Pitt no espaço, em competição com 20 filmes em Veneza, pode levá-lo a receber seu primeiro Oscar como ator. Perguntado sobre essa possibilidade, Pitt se limitou a sorrir.

Mais do que um filme de ficção científica, ou de uma nova versão de "2001 - Uma Odisseia no Espaço" por seus efeitos especiais, o filme de Gray, autor reconhecido por obras como "Z: A Cidade Perdida" (2016), é um filme sobre os sentimentos.

"Foi um trabalho duro. Desde o início, você questiona por que estamos no mundo, sobre a vida e a morte", explicou Pitt, que interpreta o astronauta Roy McBride.

Sua viagem pelo espaço em busca de seu pai que desapareceu durante uma missão a Netuno 20 anos atrás é, antes de tudo, um encontro com ele mesmo, com seus fantasmas.

"Foi um esforço de equilíbrio para manter o estilo sutil e delicado", resumiu o ator, que elogiou o trabalho do diretor.

O imenso espaço resulta, de qualquer modo, em um lugar hostil e sombrio e também um pretexto para uma travessia interior, uma busca do pai.

"Quis contar uma pequena história no meio do imenso cosmos", reconheceu o diretor, que se inspirou em "O Coração das Trevas", de Joseph Conrad, e "Moby Dick", de Herman Melville.

- Divórcio de Scarlett Johansson -

Outra estrela de Hollywood, a atriz Scarlett Johansson, também desfilou nesta quinta-feira pelo lendário Lido veneziano com o filme "História de um Casamento", do nova-iorquino Noah Baumbach, com Adam Driver.

Trata-se da crônica de um turbulento divórcio entre Nova York e Los Angeles.

Comparado a filmes lendários sobre esse tema, como o emblemático "Kramer versus Kramer" de 40 anos atrás, o filme narra como um amor pode se transformar em um pesadelo, como as tensões e as diferenças pesam em um divórcio.

"Quando o diretor me chamou para me propor o filme, comecei a lhe contar o que estava acontecendo comigo", disse Johansson, que tinha acabado de se divorciar de seu segundo marido, o francês Romain Dauriac.

"Pensei, é o destino. Este filme tem muito de todos nós", contou a atriz, cujo filme foi produzido pela Netflix, a plataforma audiovisual que não é vetada pela Mostra, ao contrário do que acontece com Cannes, na França.

Para Bambauch, é um projeto que se baseia diretamente em seu próprio divórcio.

Uma coisa que o ajudou foi "falar com tantos amigos que passaram por uma experiência tão dolorosa" como essa, contou o cineasta, que busca transmitir a complexidade da crise um casal e, ao mesmo tempo, mostrar o papel devastador que os advogados podem desempenhar.

A presidente do júri da seção oficial do Festival de Cinema de Veneza, a cineasta argentina Lucrecia Martel, reconheceu nesta quarta-feira (28) que está incomodada com a participação do cineasta Roman Polanski, acusado de estupro nos Estados Unidos.

"A presença de Polanski com notícias do passado me incomoda muito", disse a diretora argentina em coletiva de imprensa.

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"Não assistirei à gala Polanski, porque represento muitas mulheres que lutam na Argentina por questões como essa. Não quero me levantar e aplaudir", afirmou Lucrecia, autora de quatro longas-metragens, incluindo "La Ciénaga" (2001) e "Zama" (2017), e considerada uma das melhores cineastas ativas do mundo.

O convite ao lendário Lido veneziano feito ao franco-polonês Roman Polanski gerou controvérsias sobre a condenação do diretor por estupro nos Estados Unidos na década de 1970.

Ele está na competição do festival, com "J'accuse", que trata do caso Dreyfus, o escândalo antissemita na França entre 1894 e 1906.

A assessoria de imprensa de Polanski confirmou à AFP que o cineasta não vai comparecer à estreia de seu filme em Veneza e tampouco dará coletiva de imprensa por telefone.

"Eu vi que a vítima considera o caso encerrado, não nega os fatos, mas acredita que Polanski já cumpriu o que ela e sua família pediram", explicou Martel.

"Se a vítima se sente compensada, o que vamos fazer? Executá-lo, negá-lo estar no festival, colocá-lo fora de competição para proteger o festival? Estas são conversas pendentes do nosso tempo. Tirar, ou incluir, Polanski nos obriga a conversar. Não é algo simples de resolver", reconheceu, quando abriu um debate sobre uma das questões que afetam o mundo do cinema.

Vários movimentos feministas protestaram contra a participação de Polanski e a baixa seleção de filmes dirigidos por mulheres, com apenas duas obras em competição.

"Eu não separo a obra do homem, mas acho que sua obra merece uma oportunidade por causa das reflexões que levanta", reconheceu a cineasta.

Já o diretor do festival, Alberto Barbera, defendeu a inclusão do último trabalho do cineasta como uma "obra-prima", uma reconstrução "extraordinária" de um evento histórico.

"Eu não sou um juiz que deve se expressar com base em critérios e princípios da justiça, se ele deve ir, ou não, para a prisão. Sou um crítico de cinema que deve decidir se um filme merece, ou não, participar de uma competição. Foi isso que eu fiz. Meu trabalho termina aí", afirmou.

O chileno Pablo Larráin e o colombiano Ciro Guerra, juntamente com diretores renomados, como Roman Polanski e Steven Soderberg, irão competir no Festival de Veneza pelo Leão de Ouro, anunciaram os organizadores nesta quinta-feira.

Para a 76ª edição do prestigiado festival, que acontecerá de 28 de agosto a 7 de setembro, 21 filmes foram escolhidos para a seção oficial, entre eles numerosos autores consagrados e alguns estreantes.

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Larraín vai competir com "Ema", estrelado por Gael García Bernal, no qual aborda a delicada questão das adoções infantis.

"Um filme incendiário, com personagens feministas extremistas, bem como sua narração cinematográfica, também extremista", comentou o diretor da Mostra, Alberto Barbera, durante a coletiva de imprensa para apresentação do concurso.

Ciro Guerra compete com uma adaptação de J.M. Coetzee, "Waiting fot the Barbarians" com Johnny Depp e Mark Rylance, uma história "alegórica", definiu Barbera, falando do romance que trata da questão da colonização e dos abusos nas guerras.

Pelo menos dez prêmios Oscars assistirão à Mostra Veneziana deste ano, disse Barbera, mencionando Meryl Streep, Brad Pitt, Joaquin Phoenix e Robert De Niro entre eles.

Os dois últimos são os protagonistas do blockbuster "Coringa", de Tood Phillips, um filme de super-heróis, mas "muito dark, muito mais negro", disse Barbera.

"É raro um filme de grandes produtores americanos querer competir em Veneza", disse o diretor do festival depois de elogiar a brilhante atuação de Phoenix e De Niro.

A edição deste ano traz uma lista de verdadeiros mestres do cinema, começando com Roman Polanski, em competição com "J'accuse", sobre o caso Dreyfus, o escândalo antissemita na França nos anos 60.

Outro nome, que garante a participação de muitas estrelas, é o de Soderberg, que concorre com "The Laundromat", um filme sobre o escândalo de vazamentos conhecido como "Panama Papers", com Meryl Streep e Antonio Banderas.

A seção oficial também contará com o americano James Gray, autor do épico espacial "Ad Astra", com Brad Pitt.

O festival será aberto com o filme "The Truth", do japonês Hirokazu Kore-eda, também em competição, com Catherine Deneuve, Juliette Binoche e Ethan Hawke.

A seguir, a lista dos filmes que disputarão o Leão de Ouro.

- The Truth, de Hirokazu Kore-eda

- The Perfect Candidate, de Haifaa Al Mansour

- About Endlessness, de Roy Andersson

- Wasp Network, de Olivier Assayas

- Marriage Story, de Noah Baumbach

- Guest Of Honor, de Atom Egoyan

- Ad Astra, de James Gray

- A Herdade, de Tiago Guedes

- Gloria Mundi, de Robert Guediguian

- Waiting For The Barbarians, de Ciro Guerra

- Ema, de Pablo Larrain

- Saturday Fiction, de Ye Lou

- Martin Eden, de Pietro Marcello

- La Mafia Non E Piu Quella Di Una Volta, de Franco Maresco

- The Painted Bird, de Vaclav Marhoul

- The Mayor Of Rione Sanita, de Mario Martone

- Babyteeth, de Shannon Murphy

- Coringa, de Todd Phillips

- J'Accuse, de Roman Polanski

- The Laundromat, de Steven Soderbergh

- No. 7 Cherry Lane, de Kong Yonfan

O roqueiro britânico Mick Jagger fechará em setembro o Festival de Cinema de Veneza como um dos protagonistas do filme "The Burnt Orange Heresy", dirigido pelo italiano Giuseppe Capotondi.

O filme, um thriller de drama ítalo-americano que se desenvolve no mundo da arte, fechará a 76ª edição do Festival de Cinema de Veneza, que será realizado de 28 agosto a 7 de setembro.

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O filme estreará fora do concurso em 7 de setembro, antes da cerimônia de entrega de prêmios, com a presença de boa parte dos atores.

Baseado no livro do mesmo nome de Charles Willeford, o filme tem como protagonistas o dinamarquês Claes Bang, a australiana Elizabeth Debicki e o canadense Donald Sutherland.

Capotondi, conhecido por "A Hora Dupla" (2009) e sobretudo pela série de televisão "Suburra: Sangue em Roma", realizou muitos vídeos musicais, e por isso envolveu Jagger.

O líder dos Rolling Stones, de 76 anos, que passou neste ano por uma cirurgia cardíaca, voltou em junho aos palcos após ter adiado uma turnê pelos Estados Unidos.

Em seu regresso ao cinema, Jagger interpreta um rico colecionador de arte (Joseph Cassidy), obcecado pelo pintor solitário Jerome Debney (Donald Sutherland), e por isso propõe a um casal de namorados que roubem uma obra-prima de seu ateliê.

Mick Jagger protagonizou uma dúzia de longa-metragens, entre eles o filme de ficção "Confissões de um Sedutor", de 2001 e "Shine a Light" em 2008, dirigido por Martin Scorsese.

O cineasta mexicano Alfonso Cuarón causou sensação no Festival de Veneza com um filme muito pessoal, ambientado no México dos anos 1970 e inspirado em sua família, nos amores e desamores de criados e patrões, em uma homenagem à força das mulheres.

"É um filme sobre a minha própria memória", declarou o cineasta durante encontro com jornalistas após receber os aplausos na projeção à imprensa de seu novo filme na mostra competitiva de Veneza.

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Filmado em preto e branco, produzido pela Netflix, o cineasta mexicano volta a filmar em espanhol depois de muitos anos para abordar uma América Latina que ele conhece, na qual convive com os contrastes sociais, mas também com um universo cheio de sentimentos, reflexões, diferenças culturais que se cruzam e se alimentam.

Depois do hollywoodiano "Gravidade", ganhador de sete Oscars, o cineasta consegue capturar o espectador com a história de sua infância e das duas mulheres que o marcaram: Cleo, a empregada doméstica de origem indígena que fica grávida após suas primeiras experiências sexuais, interpretada por Yalitza Aparicio, e a da dona da casa, a mãe, interpretada pela atriz Marina de Tavira, a quem o marido está prestes a trocar por outro amor.

Ambientado na Cidade do México, precisamente no bairro de classe média alta Roma, que dá nome ao filme, as imagens do cotidiano, do preparo do café da manhã, das conversas, das brincadeiras, dos ruídos, dos animais, as passadas pelo pátio, a lavagem de roupa, os momentos em frente à TV desfilam lentamente quase como na vida real.

- Recriar os anos 1970 -

Para narrar um mundo íntimo e confortável que está prestes a se transformar, mudando para sempre a vida destas duas mulheres em meio a um país sacudido por terremotos, protestos estudantis e repressão, Cuarón reconstruiu fielmente, com riqueza de detalhes, a casa onde morou na infância.

"Recuperei móveis, quadros (...) Recriei a vida real, momentos vividos há 50 anos. Fazia parte do processo", confessa.

O cineasta conseguiu recriar, inclusive, o massacre de Corpus Christi, uma matança de estudantes em uma quinta-feira de junho de 1971, uma tragédia que abala Cleo, que a assiste, horrorizada, da vitrine de uma loja de móveis.

"Uso o preto e o branco digital, contemporâneo", explicou. O formato permite a Cuarón "falar do passado", sustenta.

"É que é um filme sobre a memória", insistiu Cuarón no encontro com a imprensa, no qual falou em espanhol e agradeceu à Netflix pelo apoio dado.

"Assim o filme não vai se perder no tempo", disse, ao considerar que permanecer na plataforma evita que termine como outras obras importantes autores que trabalharam em preto e branco e que não chegaram a ser distribuídas nas salas de cinema.

Depois de estrear em 2001, com o filme "E sua mãe também" e após ter dirigido o campeão de bilheteria Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban (2004), Cuarón passou a fazer parte da limitada lista de grandes autores latino-americanos maleáveis, capazes de dirigir tanto grandes produções americanas como a história muito latino-americana em disputa em Veneza.

"Não é um filme nostálgico", advertiu o diretor, que nunca revelou o roteiro aos atores, os quais se basearam apenas em indicações do cineasta, fruto de longas conversas com a equipe técnica.

"Quando o processo da memória começou a se desenvolver (...) descobri Cleo, a mulher que pertence à classe baixa, indígena, sua complexidade, um ponto de vista que não tinha", assegura.

As atrizes verão, ainda, pela primeira vez nesta quinta-feira o filme inteiro em sua exibição oficial no Palácio do Cinema veneziano.

"Para nós representa uma oportunidade de que se valorize nossa linguagem, nossa identidade, nossa cultura", afirmou Aparicio, que fala em alguns momentos em mixteco.

Este ano o México é um dos grandes protagonistas do festival veneziano, com outro filme na mostra competitiva de 4 de setembro, "Nuestro tiempo", do diretor Carlos Reygadas, autor de "Luz depois das trevas", filme que lhe rendeu o prêmio de melhor direção no Festival de Cannes de 2012.

O Festival de Veneza começa nesta quarta-feira (29) com uma viagem íntima e repleta de desafios no filme "First Man", do diretor americano Damien Chazelle, com Ryan Gosling no papel do astronauta Neil Armstrong, primeiro homem a pisar na Lua.

Com as poucas imagens existentes do evento histórico de julho de 1969, dominada pela respiração e os silêncios de quem sabe que cumpre uma missão única, o filme combina todos os elementos para se tornar um sucesso de bilheteria: desafios, dor, competição, sonhos, poder e até os protestos que aconteceram naquele período.

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"É incrível hoje em dia que se tenha tão poucas imagens deste fato: uma ao vivo pela televisão, em preto e branco, de baixa definição", brincou o diretor de apenas 33 anos, já consagrado com os filmes "Whiplash" e "La La Land".

O filme, que abre a mostra competitiva de Veneza, reconstitui os sentimentos de um piloto reflexivo e reservado, o comandante da Apolo 11.

"Queria que o espectador se sentisse na Lua, em uma realidade virtual, o que entrasse nas botas de Armstrong, dando os passos em primeira pessoa", explica o cineasta.

E são justamente as botas, sobre uma superfície desconhecida para a humanidade, que emocionam, provocam estranheza e temor, em um momento acompanhado por centenas de milhões de pessoas ao vivo em todo o mundo.

Baseado no livro de Hames Hansen, o voo até a Lua é também um desafio físico, de preparação, uma experiência quase claustrofóbica.

"Foi uma viagem analógica, manual", declarou o cineasta.

Chazelle, que desfilará durante a noite pelo famoso tapete vermelho do Lido veneziano ao lado de Gosling, disputa ao lado de outros 20 filmes o Leão de Ouro.

O festival este ano conta com as presenças de diretores consagrados, como os irmãos americanos Ethan e Joel Coen, o mexicano Alfonso Cuarón e o inglês Paul Greengrass.

O tradicional desfile de estrelas durante os 10 dias da mostra está garantido com as participações da cantora Lady Gaga, assim como de Joaquin Phoenix e Emma Stone, entre outros.

Sob fortes medidas de segurança, o festival celebra sua 75ª edição com uma longa lista de convidados, graças a uma aliança que inclui Hollywood, Netflix e o cinema latino-americano.

Durante a cerimônia de abertura no Palácio do Cinema, a atriz britânica Vanessa Redgrave receberá o Leão Ouro em homenagem a sua carreira.

O mesmo prêmio será entregue durante o festival ao cineasta canadense David Cronenberg.

No ano passado, o grande vencedor de Veneza foi "A Forma da Água", do mexicano Guillermo Del Toro, que meses mais tarde também recebeu o Oscar de melhor filme.

O cineasta mexicano retorna a Veneza em 2018 como presidente do júri.

The Shape of Water, longa do diretor mexicano Guillermo del Toro, foi o grande vencedor do 74° festival de Veneza. A produção, que mistura tons de conto de fadas e de terror, levou o troféu Leão de Ouro neste sábado (9). O filme conta a história de uma faxineira muda que se apaixona por uma criatura aquática aprisionada em um laboratório experimental americano, na década de 1960.

O favorito da competição confirmou as expectativas e levou para casa o grande prêmio do festival. "Quero dedicar esse prêmio a todos os diretores americanos e latino-americanos que desejam fazer filmes que mexam com nossa imaginação. Eu acredito em vida, amor e cinema. E nesse momento da minha vida eu me sinto cheio de vida, amor e cinema", disse Guillermo del Toro ao receber o troféu.

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O júri da competição oficial, este ano, foi formado pela atriz americana Annette Bening, o siretor húngaro Ildikó Enyedi, o produtor mexicano Michel Franco, a atriz britânica Rebecca Hall, a atriz francesa Anna Mouglailis, o crítico de cinema australiano David Stratton, a atriz italiana Jasmine Trinca, o cienasta britânico Edgar Wright e o produtor Yonfan. 

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A neblina que envolve o cemitério, os mortos-vivos que saem das sepulturas, e o riso diabólico... "The Thriller", de Michael Jackson, foi ressuscitado no Festival de Cinema de Veneza por seu diretor John Landis, que veio apresentar uma versão 3D deste clipe cultuado.

"Michael e eu sempre tivemos a intenção de mostrar isso ao cinema", explicou John Landis à imprensa antes da projeção desta nova versão do clipe que produziu em 1983, a pedido do astro.

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Mais do que um clipe, trata-se de um curta-metragem de 14 minutos, cujo formato e estética marcaram um ponto de virada na história da música pop. O título "Thriller" deu nome a um álbum de sucesso planetário.

O diretor de 67 anos conseguiu, graças à tecnologia, remixar o som e tornar a antiga gravação compatível com o 3D.

"Quando você assiste (o clipe) no YouTube, você não vê como deveria aparecer. Agora, sim, você poder ver como Michael e eu queríamos que fosse visto", assegurou.

O filme, que retrata Michael Jackson, então no auge de sua carreira, transformando-se em um lobisomem, é acompanhado por um "making of" realizado em 1983, mas que nunca foi exibido no cinema.

Michael Jackson morreu aos 50 anos de idade em 2009, uma "tragédia para seus filhos, seus amigos, para o mundo inteiro", recorda John Landis, que, no entanto, havia entrado com um processo contra o cantor pouco antes de sua morte. Um acordo foi alcançado em 2012 com os herdeiros de Michael Jackson.

O cantor, morto em razão de uma overdose de medicamentos, contactou John Landis após ter assistido seu filme "Um Lobisomem Americano em Londres", explicando a ele que também gostaria de viver esta transformação de um homem em um animal de quatro patas.

- Monstro em duas patas -

"Nós percebemos que não funcionaria - como Michael tinha que dançar, era obviamente muito mais fácil ter um 'monstro' em duas patas ao invés de quatro", explica o diretor.

E, de fato, o lobisomem de "Thriller" parece muito mais com o do filme "O Lobisomem Adolescente", filmado por Gene Fowler Jr em 1957.

"Na verdade, Michael não tinha visto muitos filmes de terror, ele os achava muito assustadores", diz o cineasta, autor de outro filme cultuado, "Os Irmãos Cara de Pau".

"Tratava-se de fazer um videoclipe muito autocentrado, com a transformação de Michael em 'monstro', mas tudo funcionou muito bem, fiquei extremamente surpreso", acrescentou.

Michael Jackson vivia um período feliz, alguns anos depois de ter rompido com sua família.

"Ele vinha em minha casa e assistíamos desenhos animados até as quatro da manhã", conta. As coisas mudaram oito anos depois, quando John Landis fez o clipe para o álbum "Black and White".

"Para 'Thriller', ele estava feliz em me deixar trabalhar, para 'Black and White' eu estava trabalhando para Michael, ele estava muito mais reservado", explica.

Na época, Michael Jackson podia reivindicar o título do homem mais famoso do planeta, mas John Landis assegurou não invejar o lado bastante "estranho" da celebridade.

"Havia algo infantil em Michael, mas ele não era pueril. Ele nunca teve uma infância, então por isso queria tanto viver uma, ainda que adulto", explica o diretor.

Foram anunciados nesta quarta-feira (27) os concorrentes ao Leão de Ouro do 74º Festival Internacional de Cinema de Veneza e quatro italianos estão entre os selecionados para a disputa.

"The Leisure Seeker", de Paolo Virzì, "Ammore e Malavita", do Manetti Bros, e duas obras dramáticas "Hannah", de Andrea Pallaoro, e "Una famiglia", de Sebastiano Riso, estão concorrendo ao Leão.

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Também estão na lista de concorrentes o filme dirigido por George Clooney, "Suburbicon", e pelo artista e ativista chinês Ai Weiwei, "Human Flow". Outros destaques da lista são alguns postulantes ao Oscar, como "Mother", de Darren Aronofsky, e "The Shape of Water", de Guillermo del Toro.

Anteriormente, os organizadores do evento haviam anunciado que a atriz norte-americana Annette Bening seria a presidente do júri que dará o Leão de Ouro. Já o longa "Downsizing", do diretor Alexander Payne, foi o escolhido para abrir o tradicional festival italiano e também foi anunciado na disputa do principal prêmio.

O Festival ocorre entre os dias 30 de agosto e 9 de setembro deste ano na cidade italiana

Confira todos os indicados:

- "Human Flow", de Ai Weiwei;

- "Mother", de Darren Aronofsky;

- "Suburbicon", de George Clooney;

- "The Shape of Water", de Guillermo del Toro;

- "L'Insulte", de Ziad Doueiri;

- "La Villa", de Robert Guèdiguian;

- "Lean on Pete", de Andrew Haigh;

- "Mektoub, my love: Canto Uno", de Abdellatif Kechiche;

- "Sandome no Satsujin (The Third Murder)", de Koreeda Hirokazu;

- "Jusqu'à la Garde", de Xavier LeGrand;

- "Ammore e Malavita", de Manetti Bros;

- "Foxtrot", de Samuel Maoz;

- "Three Billboards Outside Ebbing, Missouri", de Martin McDonagh;

- "Hannah", de Andrea Pallaoro; - "Downsizing", de Alexander Payne;

- "Jia Nian Hua (Angels Wear White", de Vivian Qu;

- "Una Famiglia", de Sebastiano Riso;

- "First Reformed", de Paul Schrader; - "Sweet Country", de Warwick Thornton;

- "The Leisure Seeker", Paolo Virzì;

- "Ex Libris - The New York Public Library", de Frederick Wiseman. 

A atriz americana Annette Bening presidirá o júri da 74ª edição do Festival de Veneza, que acontecerá de 30 de agosto a 9 de setembro, anunciou a organização nesta quarta-feira.

Bening, indicada ao Oscar em quatro oportunidades, é a primeira mulher a presidir o júri da mostra italiana desde a francesa Catherine Deneuve em 2006.

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"Depois de uma longa série de presidentes masculinos chegou o momento de o júri do Festival ser presidido por uma mulher de grande talento, inteligência e inspiração", comentou o diretor da Mostra, Alberto Barbera, em um comunicado.

"Estou particularmente satisfeito com o fato de Annette Bening ter aceitado", completou Barbera, que considera a americana "uma atriz que se destaca pela seleção interessante e corajosa de seus papéis".

A atriz, casada desde 1992 com o ator e diretor Warren Beatty, afirmou nos Estados Unidos que será "uma honra" presidir o júri que concederá o Leão de Ouro do Festival de Veneza.

A Mostra italiana se tornou nos últimos anos uma grande vitrine internacional para o Oscar. Filmes premiados pela Academia como "La La Land", "Birdman" e "Spotlight" estrearam em Veneza.

Confira abaixo a lista das estatuetas do 73º Festival de Veneza, entregues na cerimônia de premiação na noite deste sábado (10), no Lido:

Leão de Ouro de melhor filme: "The Woman Who Left", do filipino Lav Diaz

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Leão de Prata Grande Prêmio do Júri: "Nocturnal Animals", do americano Tom Ford

Leão de Prata para melhor direção: ao mexicano Amat Escalante, por "La Región salvaje", e ao russo Andrei Konchalovski, por "Paradise"

Prêmio de melhor roteiro: Noah Oppenheim, por "Jackie", do chileno Pablo Larraín

Prêmio especial do júri: "The Bad Batch", da americana Ana Lily Amirpour

Copa Volpi para melhor atriz: Emma Stone, em "La La Land - Cantando estações", do americano Damien Chazelle

Copa Volpi para melhor ator: Óscar Martínez, em "El Ciudadano Ilustre", dos argentinos Mariano Cohn e Gastón Duprat

Prêmio Marcello Mastroianni de melhor revelação: Paula Beer, por "Frantz", do francês François Ozon

Prêmio de melhor filme da seção "Orizzonti": "Liberami", de Federica De Giacomo

Prêmio de melhor diretor da seção "Orizzonti": Fien Troch, por "Home"

Cineastas consagrados, como Terrence Malick, Win Wenders, Emir Kusturica e François Ozon, exibirão seus filmes mais recentes a partir de quarta-feira (31) no Festival de Veneza, na mostra oficial pelo Leão de Ouro. A 73ª edição do prestigioso festival, que terminará em 10 de setembro, é considerada uma das mais interessantes dos últimos anos.

A mostra oficial terá 20 cineastas, com quatro longas-metragens de diretores latino-americanos, mas nenhum deles do Brasil. No ano passado, o vencedor do Leão de Ouro foi "Desde Allá", do venezuelano Lorenzo Vigas.

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O grande destaque latino é o chileno Pablo Larraín, que exibirá em Veneza o filme "Jackie", que mostra os quatro dias dramáticos vividos por Jacqueline Kennedy (interpretada por Natalie Portman) após o assassinato de seu marido John Fitzgerald Kennedy, então presidente dos Estados Unidos.

Nomes consagrados

Outro filme muito aguardado por Veneza é "On The Milky Road", do sérvio Emir Kusturica, que tem como protagonista a italiana Monica Bellucci. Vencedor do Leão de Ouro em 1981 por "Você se Lembra de Dolly Bell?" e dono de duas Palmas de Ouro do Festival de Cannes, o diretor rodou o novo filme em uma localidade reconstruída perto da fronteira entre Sérvia e Croácia.

A Mostra também conta com outros filmes que representam o grande cinema realizado atualmente em todo o mundo. Veneza recebe produções de autores refinados, como o segundo filme do estilista Tom Ford sobre uma galerista de arte (Nocturnal animals), até o ambicioso documentário sobre a origem do universo de Terrence Malick, "Voyage of Time", que resume sua reflexão poética e sobretudo visual sobre a vida iniciada com "A Árvore da Vida" (2011).

O alemão Wim Wenders retorna ao Festival de Veneza após vários anos com o documentário "The Beautiful Days of Aranjuez", realizado em 3D, baseado em uma peça de Peter Handke. A influência de Hollywood estará amplamente representada com "Brimstone", do holandês Martin Koolhoven, apresentado como um "western europeu".

Na lista também aparecem os filmes franceses "Frantz", de François Ozon, e "Une Vie", de Stéphane Brizé, inspirado na obra de Guy de Maupassant. Três produções italianas também estão na disputa.

Presidido pelo diretor britânico Sam Mendes, o júri inclui a atriz italo-francesa Chiara Mastroianni, o italiano Giancarlo de Cataldo, juiz e escritor, e o venezuelano Lorenzo Vigas, vencedor do Leão de Ouro em 2015. O Festival entregará o Leão de Ouro pela carreira ao veterano ator francês Jean Paul Belmondo e ao cineasta polonês Jerzy Skolimowski.

"La La Land", novo filme do americano Damien Chazelle ("Whiplash"), com Ryan Gosling e Emma Stone, abrirá a 73ª edição do Festival de Veneza (10 de agosto a 31 de setembro), anunciaram nesta sexta-feira os organizadores.

O filme fará parte da seleção oficial do Festival de Veneza, cuja totalidade ainda não foi anunciado. Ele será exibido em premier mundial, disseram os organizadores do festival, que se realiza todos os anos no Lido.

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"La La Land é uma incrível tributo à idade de ouro dos musicais americanos, de 'Um americano em Paris' de Vicente Minnelli a 'New York New York' de Martin Scorsese", explica o diretor artístico do Festival, Alberto Barbera.

Damien Chazelle, de 31 anos, ganhou três Oscars com "Whiplash" (2014), incluindo o de Melhor Ator Coadjuvante por J. K. Simmons, que é encontrado nos créditos de "La La Land".

O filme, uma versão moderna de uma história de amor como só Hollywood sabe como contar, inclui muitas cenas de dança e música, realizadas pelos dois principais atores, que já haviam contracenado juntos em "Crazy, Stupid, Love" (2011).

Aspirante a atriz Mia (Emma Stone) serve cappuccinos aos astros de cinema entre duas apresentações. Sebastian (Ryan Gosling), um músico apaixonado pelo jazz, toca piano em bares decadentes.

O filme, que conta a história de amor do casal, complicado pelo sucesso que afeta os dois, será lançado em 16 de dezembro nos Estados Unidos.

O cineasta chinês Zhao Liang viajou com a câmera a tiracolo através das vastas pradarias da Mongólia para denunciar, apenas com imagens, a devastação causada pelo desenvolvimento do planeta, no documentário Behemoth, uma poética aventura dantesca que estremeceu nesta sexta-feira o Festival de cinema de Veneza.

"E Deus criou a besta Behemonth no quinto dia. Era o maior monstro na terra", adverte fora de cena o autor, que se inspirou na Divina Comédia de Dante para descrever o Purgatório, o Inferno e o Paraíso, que simbolizam os estados em que a Terra se encontra devido ao seu desenvolvimento insano.

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A transformação de belos planaltos e campos em terras áridas cobertas de poeira e cinzas resultantes da exploração das minas de carvão, o barulho infernal das mineradoras, o calor abrasador das usinas, o silêncio das cidades-fantasma, resultam em um manifesto ecológico e poético.

"Como Dante conseguiu criar uma obra que combina inferno e paraíso, alcançando um conjunto e um contraste, o mesmo foi o que eu quis fazer. Fui inspirado por uma obra de 800 anos para explicar o que eu queria transmitir", declarou Liang, de 44 anos, em entrevista à AFP.

Autor de inúmeros documentários sobre a face obscura da China, da burocracia kafkiana até a discriminação injusta contra os pacientes com AIDS, Liang oferece desta vez, com imagens reais, um trabalho artístico, com uma fotografia espetacular, que resulta também numa denúncia esmagadora da destruição do planeta pelo homem e sua ideia de desenvolvimento econômico.

Na obra, dividida em três partes, como a Divina Comédia, Liang emprega o vermelho para entrar no inferno das usinas, com operários que trabalham em altas temperaturas sem qualquer proteção, o cinzento das minas de carvão cobrindo as grandes planícies e provocando doenças pulmonares e o céu azul para o paraíso de Ordos, uma gigantesca cidade completamente desabitada.

"Eu me inspirei em Dante porque a visão asiática do inferno é muito diferente daquela do poeta italiano", confessou.

Todo filmado na Mongólia, com uma equipe de apenas quatro pessoas, coproduzido pela ARTE France, Liang trabalhou em condições muito difíceis, e sem autorização.

"A maior dificuldade que tive foi filmar no interior das minas, porque os proprietários não queriam nos deixar entrar. Nós filmamos escondidos", revelou.

"Em algumas ocasiões queríamos gravar tomadas muito precisas. Tive que escalar montanhas sem ser visto para conseguir o que queria, com a câmera quase escondida. Por vezes, precisei trabalhar muito rapidamente", reconheceu.

"Os proprietários das minas estão conscientes de que estão destruindo o país e, portanto, não nos dão a permissão para entrar", disse o diretor, cujo documentário deve ser sujeito do chamado "controle" ou censura das autoridades chinesas.

"Eu não acredito que vão me impedir de voltar, a China não é o Irã. Não chega a estes nível, trata-se de uma obra de arte", ressaltou o diretor.

"O que eu queria era denunciar uma situação global, porque o mesmo ocorre nos Estados Unidos, ou no Canadá. A Mongólia é apenas um exemplo entre tantos. Porque o problema é da Humanidade, estamos destruindo nosso meio ambiente", afirma o cineasta, autor, entre outros, do premiado "Crime and Punishment" no Festival dos Três Continentes (2007) e "Petition", exibido no Festival de Cannes (França) em 2009.

"Claro que eu gostaria de ganhar um prêmio, mas há muitas obras belas e o nível é muito elevado. Não tenho expectativas particulares", confessou o cineasta.

O primeiro filme produzido pelo Netflix, "Beasts of No Nation", sobre crianças soldados na África, quer levar este ano o Leão de Ouro do Festival de Veneza.

O filme, de Cary Fukunaga, que mostra a dura realidade destas crianças através do olhar de um adolescente africano, poderá ser assistido a partir da estreia, em outubro.

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O fato de a plataforma americana de TV e cinema pela internet ter conseguido levar seu primeiro filme para o festival mais antigo do mundo representa um giro para uma indústria sacudida por novos modelos econômicos.

Alberto Barbera, diretor da mostra, afirma que não exitou em incluir o filme entre os 21 da competição oficial, alegando que os serviços de difusão pela internet estão se tornando uma fonte de financiamento que não pode ser ignorada.

Os grandes distribuidores americanos se mostraram menos abertos do que Barbera e se negaram a exibir o filme, por considerarem que sua divulgação simultânea na internet ameaça o futuro das salas de cinema.

As imagens fortes do filme teriam limitado, de qualquer forma, sua exibição aos cinemas independentes, mas o problema pode ser maior para os distribuidores clássicos, à medida que aumentarem as produções das plataformas pela internet.

O Netflix assinou um contrato de quatro filmes com Adam Sandler, e produziu uma sequência de "O Tigre e o Dragão", filme de Ang Lee que teve grande sucesso em 2000.

Já o Amazon Prime, serviço de streaming da gigante do comércio eletrônico, encarregou Spike Lee de dirigir "Chiraq", uma comédia musical sobre a criminalidade em Chicago.

- Chegar ao maior número de pessoas -

Para Fukunaga, que trabalhava há 10 anos em um projeto de filme sobre as crianças soldados, "o Netflix chegou como um padrinho, com uma oferta irrecusável".

"Claro que eu gostaria de que o filme fosse visto no cinema, mas gostaria, principalmente, de que este filme chegasse ao maior número possível de pessoas", disse à AFP. Neste aspecto, os 65 milhões de assinantes do Netflix oferecem mais garantias do que uma estreia nos cinemas.

"Beasts of No Nations", filmado em Gana, conta a história de Abu, um jovem cuja existência alegre no seio de uma família carinhosa muda completamente com a chegada a seu povoado das tropas do governo, que lutam contra rebeldes, em um país africano não especificado.

A mãe e a irmã de Abu são enviadas para uma cidade próxima, e o pai e o irmão dele morrem diante de seus olhos. Abu consegue escapar por pouco, antes de ser capturado pelo grupo de rebeldes do "Comandante", um homem carismático interpretado por Idris Elba, que o acolhe.

A inocência de Abu é perdida rapidamente em meio à violência cotidiana, e numa iniciação que termina quando o adolescente obedece a ordens de seus superiores e executa um estudante com um sabre.

Apesar da violência de algumas cenas, o filme agradou à crítica. "Ele está longe de ser tão violento quanto a realidade", diz Fukunaga.

A 72ª edição da Mostra de Cinema de Veneza, o festival mais antigo do mundo, será inaugurada nesta quarta-feira com "Everest", de Baltasar Kormarkur, em uma edição também marcada pelo retorno ao Lido do cinema latino-americano, com o Brasil presente em seções paralelas.

A trágica história real de um grupo de montanhistas que desafiou em 1996 o pico mais alto do mundo abrirá o desfile de estrelas pelo Lido de Veneza com Jake Gyllenhaal, Keira Knightley, Josh Brolin, protagonistas da superprodução americana.

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A quarta edição dirigida pelo crítico de cinema Alberto Barbera contará com a presença na mostra oficial, pela primeira vez em vários anos, de dois filmes da América Latina, uma cinematografia que está atravessando um de seus melhores momentos.

Muitas expectativas são geradas pelo novo filme do cineasta argentino Pablo Trapero, "El Clan", seu nono longa-metragem, que chega a Veneza precedido pelo êxito surpreendente obtido em seu país.

"Tenho a expectativa de que 'El Clan' irá bem em Veneza e será recebido pelo público com o mesmo entusiasmo e a mesma emoção que sentimos aqui na Argentina", confessou Trapero, de 43 anos, em uma entrevista à AFP.

A história da família Puccio, que cometia assassinatos e extorsões na década de 80, em plenos anos da ditadura, forma parte do leque de filmes sobre violência baseados em fatos reais que neste ano serão apresentados em Veneza.

Também disputa o cobiçado Leão de Ouro o estreante venezuelano Lorenzo Vigas, com "Desde allá", obra-prima sobre um homem de 50 anos que busca jovens em Caracas para passar a noite, protagonizado pelo chileno Alfredo Castro.

Violentos e impiedosos, muitos dos filmes selecionados se concentram em histórias de ontem e de hoje, em crônicas de vingança, relatos de mafiosos e corruptos, que "superam a imaginação de qualquer roteirista", disse Barbera.

No total, 21 filmes foram selecionados para o concurso oficial, entre eles quatro produções de Estados Unidos.

Violência presente

Durante dez dias, até 12 de setembro, Veneza projetará muitas histórias de violência, sobre a guerra, os nazistas, os gangsteres.

Entre elas a biografia do famoso gângster psicopático americano, conhecido como Whitey, interpretado por Johnny Deep, que desfilará na sexta-feira pelo tapete vermelho para apresentar "Black mass", fora de concurso.

O assassinato em 1995 por parte de um extremista judeu do ex-primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin, recriado pelo cineasta veterano Amos Gitai em "Rabin, o último dia", também aborda um tema atual.

O nazismo e sua relação com a arte inspiraram o mestre russo Alexander Sokurov, já vencedor de um Leão de Ouro com sua versão de "Fausto", que explora com "Francofonia", rodado completamente no Louvre, a vida sob a ocupação do famoso museu parisiense.

Chegam os latino-americanos

Além dos escolhidos para a mostra oficial, a seção Horizontes, tradicionalmente a mais inovadora, apresentará "Un monstruo de mil cabezas", do mexicano Rodrigo Plá, "Bol Neon", do brasileiro Gabriel Mascaro, e "Mate-me por favor", da também brasileira Anita Rocha da Silveira.

Um mestre do cinema latino-americano, o mexicano nacionalizado espanhol Arturo Ripstein, será homenageado por seus 50 anos de carreira, enquanto o Leão de Ouro pela Carreira será recebido por outro veterano, o francês Bertrand Tavernier.

Outro latino-americano, mais jovem, mas com muito prestígio internacional, presidirá o júri, o mexicano Alfonso Cuarón, autor do premiado "Gravidade", que estará acompanhado, entre outros, pelo escritor e roteirista Emmanuel Carrere.

O diretor de cinema Bertrand Tavernier, um dos mestres do cinema francês, receberá o Leão de Ouro pelo conjunto da obra na 72ª edição do Festival de Veneza.

O evento, que acontecerá de 2 a 12 de setembro, decidiu premiar o versátil cineasta, escritor, ator e produtor por "ser um autor completo e por sua coragem eclética", afirma o comunicado da organização.

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Para o diretor da mostra, Alberto Barbera, o cinema de Tavernier dá particular importância ao "modo artesanal" e se alimenta de dois fatores, "o amor pelo cinema clássico americano e a paixão inata pelos temas políticos e sociais".

"O conjunto de seus filmes forma um 'corpus' anômalo no panorama do cinema francês dos últimos 40 anos", destacou.

Tavernier, de 73 anos, que na década de 1980 emocionou o público com 'Um Sonho de Domingo', (1984) sobre um pintor e seus filhos, com o qual venceu o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes, também prestou uma homenagem ao jazz com 'Por Volta da Meia-Noite' (1986), que rendeu o Oscar de melhor trilha sonora para Herbie Hancock.

Após incursões no cinema de aventura com 'A Filha de D'Artagnan' (1994), um de seus maiores sucessos de público, e policial com teor social com 'Lei 627' (1992), sobre os problemas que as drogas provocam entre os jovens, Bertrand Tavernier recebeu o Urso de Ouro no Festival de Berlim com o drama 'A Isca' (1995), baseado em um caso real.

A reação ao Leão de Ouro concedido ao filme sueco A Pigeon Sat on a Branch Reflecting on Existence foi tépida. Os grandes jornais, como Corriere della Sera e La Repubblica, deram a notícia de forma objetiva, da mesma forma que o local Gazzettino di Venezia. Nenhuma contestação, mas nenhuma euforia. Apenas um registro curioso - foi a primeira vez que um sueco levou o Leão de Ouro, o prêmio cobiçado do mais antigo festival de cinema do mundo. Nem Bergman tinha esse troféu. Todos também registraram a fala de agradecimento do diretor Roy Andersson, afirmando que, se não fossem Vittorio de Sica e seu clássico Ladrões de Bicicleta, ele não teria se tornado cineasta. "É minha fonte permanente de inspiração", disse Andersson, em afirmação surpreendente, dada a diferença radical entre o seu filme e esse clássico do neorrealismo realizado em 1948, no duro pós-guerra europeu.

Bem, há que pesar declarações. Se as linguagens cinematográficas parecem muito diversas, a matriz humanista talvez de fato seja semelhante. De Sica preocupava-se com o desemprego e a crise econômica em um país devastado pela guerra. Mostrava, através do humilde trabalhador vivido por Vittorio Maggiorano, como o simples furto de seu instrumento de trabalho - a tal bicicleta do título - podia se transformar em questão de vida ou morte. A ponto de o desespero levá-lo a tentar cometer o mesmo delito de que fora vítima.

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Quase 70 anos se passaram desde que o neorrealismo surgiu na Itália como movimento renovador do cinema mundial (entre outros, o Cinema Novo brasileiro nasce sob sua influência). Outro é o cinema, outra é a Europa, que, no entanto, ainda sente a crise econômica de 2008. Essa sensibilidade ao que podemos chamar da desumanização do homem, une, no entanto, dois filmes tão distintos e tão separados no tempo. Em De Sica as imagens são calorosas, intensas em seu preto e branco. Em Andersson, o colorido é pálido, os 39 planos sequências parecem formar quadros estáticos, mas, neles, muita coisa acontece.

Assim como Maggiorano e seu filho (vivido pelo menino Enzo Staiola) se deslocam por uma Roma tornada progressivamente irreal em busca da bicicleta perdida, os dois protagonistas de Andersson, Sam e Jonathan, põem o pé na estrada para vender produtos "destinados a alegrar as pessoas". Nada é mais comovente que um palhaço triste e é desse modo que podemos ver esses personagens. Anunciam produtos patéticos como um saco de risadas ("O nosso clássico", diz um deles), dentes de vampiro e uma máscara "do homem com um dente só". Fazem a propaganda dos produtos sem esboçarem um mínimo sorriso.

Nessa trajetória, acontecem coisas como o marido que sofre um enfarte ao abrir uma garrafa de vinho enquanto a esposa cozinha ao lado; a moribunda que se agarra a uma bolsa de joias, enquanto o filho tenta convencê-la de que no céus ela encontrará outro tipo de joia; o homem que morre numa lanchonete depois de haver pedido e pago uma cerveja e o sanduíche, com a garçonete perguntando aos outros clientes se desejam aproveitar esse lanche grátis. Humor negro. Ironia e distanciamento crítico - eis as chaves desse "Pombo Sueco", como o batizou a imprensa italiana para resumir o título longo demais.

Gratuita é a morte, a esperança, e sem sentido parecem os relacionamentos, numa estética que lembra, visualmente, Hopper e Brueghel, e, conceitualmente, o universo de Ionesco. Mas Sam e Jonathan se parecem também a Dom Quixote e Sancho Pança, os personagens de Cervantes que percorrem um mundo em desajuste. Enfim, é um belo filme e há que se pensar sobre ele. Talvez não desperte entusiasmo ou catarse, porque é inscrito em tom menor. Mas seu rigor de concepção, a inteligência da escrita e da direção tornam justo este Leão de Ouro.

Que, diga-se, poderia ter ido para outras mãos sem qualquer problema. O Leão de Prata (melhor direção) para Andrei Konchalovski consagra seu belo trabalho com The Postman’s White Nights (As Noites em Claro do Carteiro), uma imersão na Rússia rural, interpretado por seus próprios habitantes. Documentário? Ficção? Em certos casos, essa distinção já não se coloca. Este sim é um filme que poderia ter despertado entusiasmo maior caso tivesse vencido o festival.

Outro dos favoritos, The Look of Silence, de Joshua Oppenheimer, foi o preferido dos críticos presentes em Veneza. Impactou a todos com sua descida aos infernos do genocídio na Indonésia durante a ditadura de Suharto.

Oppenheimer dirige, mas quem entrevista quem praticou os crimes é um indonésio que não se identifica por medo de represálias. Boa parte da equipe permanece no anonimato.

Enfim, houve em Veneza uma mostra diversificada em termos de linguagem cinematográfica e temática, embora tenham prevalecido filmes que falavam dos males do mundo. De uma forma ou de outra, o cinema autoral reflete o mal-estar das sociedades contemporâneas, mesmo das mais desenvolvidas. Mesmo fora de concurso, as obras empenhadas foram destaque. A aparentemente insolúvel questão italiana com a máfia apareceu no concorrente Almas Negras, mas também nos documentários Beluscone - Uma História Siciliana e A Tratativa. Filmes que expõem o relacionamento bastante promíscuo entre o Estado e o crime organizado. Repercutiram muito por aqui. Até mais do que alguns premiados.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O filme sueco "A Pigeon Sat on a Branch Reflecting on Existence" ("Um pombo sentado em um galho refletindo sobre a existência", em tradução livre), do diretor Roy Andersson, conquistou neste sábado o Leão de Ouro do Festival de Cinema de Veneza.

O principal prêmio da 71ª edição do festival recompensa um filme de esquetes humorísticos, que busca explorar a condição humana em toda sua diversidade.

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Com dois curtas e três longas em 20 anos de carreira, o cineasta, de 71 anos, conseguiu consolidar seu estilo original, muito pessoal, caracterizado por uma comédia do absurdo e por imagens poéticas.

"É o primeiro filme sueco que ganha o Leão de Ouro", destacou, acrescentando: "estou muito orgulhoso".

"É uma grande honra receber esse prêmio e, particularmente aqui, na Itália, país que deu tantas obras de arte ao cinema", declarou Roy Andersson, ao receber a estatueta no Palácio do Cinema.

O cineasta agradeceu ao grande mestre do neorrealismo, o italiano Vittorio De Sica, por seu legado ao cinema mundial, lembrando do clássico "Ladrões de bicicleta", de 1948.

"Essa cena, quando o marido desse casal que passa necessidade vai empenhar a bicicleta em 'Ladrões de bicicleta' e descobre tantos outros pobres como ele, que também deixam sua própria bicicleta... Essa única cena vale por todas. Uma cena cheia de humanidade, empatia", comentou.

O Leão de Prata, de melhor direção, ficou com o russo Andrei Konchalovski por "Belye Nochi Pochtalona Alekseya Tryapitsyna" ("The Postman White Nights", em inglês), ambientado em uma região remota da extinta União Soviética, um retrato poético da Rússia rural de hoje em dia pelo olhar de um carteiro.

"Estou feliz como um garoto na frente da árvore de Natal", declarou o diretor, bastante emocionado.

Já o Grande Prêmio do Júri ficou para o longa que mostra o horror do genocídio dos anos 1960 na Indonésia, narrado em um aterrorizante documentário do americano Joshua Oppenheimer. A obra coloca cara a cara assassinos e sobreviventes, vítimas e carrascos.

"Fiz esse filme, porque esperava que os assassinos admitissem sua culpa. É a única maneira de sair da armadilha do medo. Mas ninguém quis aceitar sua própria culpa", afirmou Oppenheimer, em uma declaração enviada por vídeo.

"Com o Prêmio de Veneza, o protagonista, - que entrevista os assassinos de seu irmão - começa a sanar sua dor", acrescentou.

O americano Adam Driver, da série da HBO "Girls", conquistou o prêmio de melhor ator por sua interpretação no filme do italiano Saverio Costanzo, "Hungry Hearts", rodado em Nova York. A atriz italiana Alba Rohrwacher levou a Copa Volpi por sua atuação no mesmo longa.

- Um veredicto que surpreende -

Um dos grandes favoritos de crítica e de público, "Birdman", do mexicano Alejandro González Iñárritu, não levou nenhuma estatueta.

O júri do festival mais antigo do mundo, presidido este ano pelo compositor francês de trilhas sonoras Alexandre Desplat, reconheceu a dificuldade de escolher entre 20 obras de alta qualidade.

Na entrevista coletiva, Desplat afirmou que as deliberações "permanecerão em segredo", motivo pelo qual dificilmente se saberá o que fez o filme de González Iñárritu ser preterido, após ser considerado uma "obra-prima" pelos críticos internacionais.

O mesmo aconteceu em 2013, com "Gravidade", do também mexicano Alfonso Cuarón, que não teve uma única estatueta em Veneza, mas ganhou sete Oscars, em Hollywood.

Para o jornal italiano "La Repubblica", o veredicto dividiu críticos e cinéfilos.

"Como já é tradição, as previsões não se confirmaram", publicou o jornal "Il Corriere della Sera".

Outra surpresa foi o bem cotado "Anime nere", de Francesco Nunzi, sobre a máfia calabresa, que também ficou de mãos vazias.

Já o prêmio especial do júri foi concedido ao filme turco "Sivas", de Kaan Mujdeci, que havia sido criticado pela imprensa especializada.

O prêmio de melhor roteiro foi para o iraniano "Ghesseha" ("Tales", em inglês), de Rakhshan Banietemad, uma série de histórias entrelaçadas em Teerã.

O Mastroianni ficou com o talentoso jovem francês Romain Paul, considerado o novo Gérard Depardieu, protagonista de "Le dernier coup de marteau", da também francesa Alix Delaporte.

Confira a relação dos principais prêmios concedidos na 71ª edição do Festival de Veneza, em cerimônia neste sábado, no Palácio do Cinema:

Leão de Ouro de Melhor Filme: "A Pigeon Sat on a Branch Reflecting on Existence", de Roy Andersson (Suécia)

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Leão de Prata de Melhor Diretor: Andrei Konchalovsky, por "The Postman's White Nights" (Rússia)

Grande Prêmio do Júri: "The Look of Silence", documentário de Joshua Oppenheimer (Dinamarca/Indonésia)

Prêmio Especial do Júri: "Sivas", de Kaan Mujdeci (Turquia)

Copa Volpi de Melhor Ator: Adam Driver, em "Hungry Hearts", de Saverio Costanzo

Copa Volpi de Melhor Atriz: Alba Rohrwacher, em "Hungry Hearts", de Saverio Costanzo

Prêmio de Melhor Roteiro: Rakhshan Bani-Etemad e Farid Mostafavi, por "Ghesseha" (Irã)

Prêmio Marcello Mastroianni (Jovem Ator): Romain Paul, em "Le dernier coup de marteau", de Alix Delaporte

Leão do Futuro de melhor obra-prima: "Court", de Chaitanya Tamhane (Índia)

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