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Vinte e seis dos 47 internos fugiram da unidade Novo Horizonte da Fundação Casa, em Guaianases, na zona leste de São Paulo, na noite da terça-feira (11). O grupo teria escapado após fazer um buraco em um dos muros, segundo a Fundação Casa.

A Polícia Militar faz buscas na região para recapturar os fugitivos. Até o momento, cinco jovens foram encontrados.

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Em casos como este, a Corregedoria-Geral da Fundação Casa instaura uma sindicância para apurar os fatos e, posteriormente, aplica medidas disciplinares aos jovens.

Em menos de quinze dias foram duas fugas em massa nos sistemas prisionais de Pernambuco. A primeira delas, na penitenciaria Barreto Campelo, em Itamaracá e, dias depois, no complexo prisional do Curado, no Recife. Os dois episódios tiveram semelhanças: explosão do muro próximo as guaritas. Para alguns, uma afronta ao Governo Estadual, para outros, a comprovação da crise vivida pelo sistema prisional pernambucano.

O estado apresenta uma das maiores taxas de superlotação carcerária do país e foi denunciado internacionalmente pelas condições do Complexo de Curado. A primeira denúncia internacional envolvendo o Complexo ocorreu na Comissão Interamericana de Direitos Humanos ainda em 2011. Na época, o órgão emitiu diversas medidas cautelares para que o Estado garantisse a integridade física e mental dos encarcerados. Infelizmente, as mudanças não aconteceram e, em 2015, foi declarado estado de emergência no sistema prisional de Pernambuco.

O problema vai muito além de Pernambuco. Dados de 2015 ressaltam que há um déficit de 244 mil vagas no sistema penitenciário brasileiro. No total, o Brasil conta com 615.933 presos e destes, 39%, ou cerca de 238 mil pessoas, estão em situação provisória, aguardando julgamento. No Piauí, por exemplo, o índice chega a 66%. Há superlotação em todas as unidades da federação. Em média, os presídios estão com 66% de detentos a mais que a capacidade. Em Pernambuco, no entanto, essa taxa chega a 184%.

O pensamento mais rápido para solucionar a crise carcerária seria a construção de novos presídios. Entretanto, não há mais condições de expandir o número de vagas, muito menos na proporção que a demanda sempre crescente requer. Construir novas prisões não é mais uma opção viável, nem economicamente e nem socialmente.

A realidade é que temos uma cultura da prisão enfatizada e exacerbada. A sociedade, em geral, tende a enxergar a prisão como única resposta à delinquência. Porém, a tendência a longo prazo será mostrar que a liberdade deverá ser preservada, desde que os casos sejam avaliados e ponderados. O que, infelizmente, a lentidão do nosso sistema judiciário não tem permitido.

As cadeias apresentam condições subumanas e não podemos dizer que possuem sistema capaz de proporcionar a regeneração dos internos. As deficiências não são apenas estruturais – não há, inclusive, assistência judicial suficiente para acompanhamento dos processos. Faltam recursos humanos e condições de trabalho nos presídios – em São Paulo, por exemplo, a média é de um agente prisional para 400 detentos. 

Um exemplo que pode ser levado em consideração é o sistema prisional do Espirito Santo, que há pouco mais de dez anos também viveram uma situação de caos, com um cenário de superlotação, escassez de agentes penitenciários e falta de um modelo de gestão. O governo do Estado decidiu por investir mais de R$ 450 milhões em um processo de criação das atuais 26 unidades prisionais capixabas, seguindo um modelo arquitetônico padronizado criado nos Estados Unidos em que os detentos não se comunicam e com salas específicas onde os internos participam de oficinas profissionalizantes e recebem atendimento médico. O resultado foi a diminuição da quantidade de fugas, tumultos internos e ainda a dificuldade de organização das facções criminosas dentro das cadeias.

Em outros estados como Alagoas, Goiás e Mato Grosso do Sul, a aposta está em unidades prisionais que investem na ressocialização dos presos. Neste caso, a experiência se baseia em um modelo espanhol. Por lá, os detentos não podem usar entorpecentes e todos trabalham na manutenção da unidade e em empresas conveniadas ao sistema. Ao cumprirem suas penas, os presos são encaminhados para convênios do governo com empresas, para a colocação no mercado de trabalho. O resultado foi a redução de reincidência para 5%.

Claro que esses são modelos pontuais e que também não respondem pela totalidade dos estados em que estão aplicados. Mas, são apostas que tem dado retorno e que, se bem estudadas, podem ajudar a transformar todo o sistema prisional brasileiro. Boas ideias precisam ser disseminadas e apoiadas. Além disso, não podemos esquecer que é preciso um trabalho junto à população com a melhoria da desigualdade social através da educação, saúde, infraestrutura. Essas ações possibilitarão a diminuição da criminalidade e, consequentemente, da população carcerária.

Nutrindo uma postura de oposição ao PSB, a vereadora Marília Arraes questionou, nesta segunda-feira (25), a falta de atitude e de coragem do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), diante das explosões e fugas que aconteceram na semana passada na Penitenciária Berreto Campelo, em Itamaracá, e no Complexo Penitenciário do Curado, no Recife. 

Em publicação nas redes sociais, a parlamentar frisou que “estava acostumada a ver políticos pernambucanos (de direita, ou de esquerda) tomarem atitudes de coragem, em tempos de crises”, no entanto, segundo ela, não é o que tem acontecido atualmente. 

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“Após as sangrentas rebeliões do início da gestão Paulo Câmara e agora com duas fugas em massa, visivelmente orquestradas, na maior crise do sistema carcerário de Pernambuco, o governador não dá as caras, não toma atitude, some”, cravou. “Essa é a nova política?? Olha, vocês precisam interpretar Maquiavel mais inteligentemente, não segui-lo ao pé da letra!”, acrescentou ironizando.

Exemplificando, Marília citou a atitude do ex-governador Joaquim Francisco (PSDB) que diante de uma epidemia de cólera foi nadar no mar de Boa Viagem para tranquilizar a população e o posicionamento do ex-governador Eduardo Campos diante dos boatos do rompimento de Tapacurá. “Eduardo Campos apareceu em diversos veículos de comunicação para dizer que seu próprio filho estava na escola no bairro da Várzea (bastante propício a enchentes) e que não havia razão pra pânico”, lembrou.

O deputado estadual Edilson Silva (PSOL) afirmou, nesta segunda-feira (25), que os secretários de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico (PSB), e de Defesa Social, Alessandro Carvalho, serão convidados para uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), na próxima terça-feira (2). O convite acontece após duas explosões e fugas, em menos de uma semana, na Penitenciária Berreto Campelo, em Itamaracá, e no Complexo Penitenciário do Curado, no Recife

No total, fugiram 93 detentos das duas unidades e de acordo com um balanço divulgado pelo governo, 38 deles ainda estão sendo procurados pela polícia. O fato foi encarado pelo deputado como “gravíssimo”. “Estas fugas são a prova de que nada foi feito desde o ano passado”, cravou o parlamentar, lembrando que em janeiro de 2015 a gestão decretou um Estado de Emergência no sistema. 

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“O convite é para que eles possam prestar os esclarecimentos necessários para a sociedade. Espero que para essa convocação eles respeitem e compareçam”, disse o parlamentar, em um vídeo publicado nas redes sociais. No mesmo esquete, Edilson critica a ausência dos dois secretários em outras três audiência públicas, convocadas no ano passado. 

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“O Estado está de joelhos para comando criminoso dentro do sistema prisional. Quem está mandando na cadeia é o preso, o Estado está brincando de fazer segurança, e hoje não há garantia de que não possa ocorrer outra rebelião ou uma fuga em massa”.

O testemunho é do presidente do Sindicato dos Agentes, Servidores, Empregados e Contratados no Sistema Penitenciário de Pernambuco (Sindasp), Nivaldo de Oliveira Júnior. Em conversa exclusiva com o LeiaJá, o representante dos agentes afirma que ação do Governo foi apenas midiática e a desordem continua nas principais unidades prisionais do Estado.

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LeiaJá: Depois de cinco dias do “fim” da rebelião no Complexo Prisional do Curado, podemos dizer que a situação está sob controle?

Nivaldo Oliveira: Estive ontem (domingo, 25) o dia inteiro no Complexo e fui na Barreto Campelo também. Como era dia de visita, teve reforço da Polícia, mas só para este momento. Sem nenhum medo de errar, podemos dizer que os diretores das unidades continuam negociando com os presidiários para a “cadeia não virar”. Os agentes penitenciários estão encurralados. 

LJ: Mas a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, além do juiz Luiz Rocha, garantiu que a relativa tranquilidade havia voltado às unidades, após a negociação. 

NO: O que o Estado fez foi pedir pelo amor de Deus para os presos ficarem em paz, calmos. O que vai acontecer é outra chacina. Não duvido nada que tenhamos outro Carandiru aqui. Pernambuco é o estado com o pior sistema penitenciário do País. O Estado está de joelhos para o comando criminoso dentro do sistema prisional. 

LJ: Desde o suposto fim da rebelião no Complexo do Curado, foi feita alguma revista para o recolhimento de armas? 

NO: Não foi feita nenhuma revista nas unidades. Tive informações dos agentes de que encontraram armas na Barreto Campelo, armas também no presídio de Igarassu. No PFDB (Presídio Frei Damião Bozzano), uns agentes foram entrar nas “gaiolas” e foram recebidos à bala. O Estado está ausente e a situação só depende da vontade do preso. 

LJ: Em coletiva, o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, apresentou uma lista de ações que seriam feitas na tentativa de ajustar falhas. Demandas dos presos e também dos próprios agentes penitenciários. Até o momento, algo foi feito?

NO: O discurso do secretário seria interessante para uma campanha política e nós não estamos precisando disso agora. Não se muda o sistema prisional sem oferecer dignidade aos funcionários. Não mudou coisa nenhuma. Ele só passou por lá (no Complexo do Curado) no domingo, mas quem enfrenta o fogo somos nós.

LJ: O Sindicato pretende realizar alguma ação para cobrar as melhorias ao Governo?

NO: Dia 29 (próxima quinta-feira) faremos uma assembleia, às 16h, e eu não duvido que os agentes deliberem algum tipo de manifestação. Encaminhamos um documento ao secretário Pedro Eurico, no qual pedimos medidas urgentes. Ainda estamos aguardando o posicionamento da Secretaria. A situação está caótica e acho que não vai aguentar por muito tempo, não. 

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Especial - Anatomia do Sistema Prisional

A Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) informou que os três jovens que fugiram nesta quarta-feira permanecem foragidos. Aa justiça foi avisada do ocorrido e emitiu mandados de prisão para a delegacia de Arcoverde para que eles capturem os internos.

Os menores serraram uma grade que dava acesso à quadra e de lá, subiram no alambrado e escaparam. Agentes da Funase estão fazendo buscas pelas proximidades, mas até o momento nenhum reeducando foi localizado. De acordo com a assessoria de imprensa, medidas para melhorar a segurança do local estão sendo realizadas para evitar novas fugas.

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