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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que trata da tributação da renda obtida por meio dos fundos de investimentos exclusivos e aplicações em offshores. A nova lei, publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira, trouxe um veto relacionado a sistemas de negociação em bolsas de valores e mercados de balcão. O texto é fruto da aprovação de projeto de conversão de Medida Provisória (MP) no Congresso. A votação final da proposta ocorreu no Senado no fim de novembro, depois de passar pela Câmara e sofrer alterações de mérito em relação à MP original, enviada pelo governo federal.

Prioritária para o Ministério da Fazenda, a proposta faz parte do pacote de medidas desenhado pela pasta para aumentar a arrecadação nos próximos anos e ajudar a zerar o déficit primário da União em 2024. A estimativa inicial do governo era conseguir com essas mudanças um aumento de cerca de R$ 20 bilhões na arrecadação da União no ano que vem. No entanto, as modificações feitas na Câmara dos Deputados e mantidas pelo Senado devem reduzir a expectativa. A Fazenda ainda fará os novos cálculos.

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A lei estabelece uma alíquota de 15% para os fundos no exterior. Os fundos exclusivos de curto prazo terão uma alíquota de 20% e os de longo prazo, de 15%. Além disso, no caso dos fundos exclusivos, os parlamentares definiram uma alíquota de 8% para o contribuinte que optar por antecipar o pagamento do Imposto de Renda sobre os rendimentos acumulados dos fundos até 31 de dezembro de 2023. O governo havia proposto uma taxa de 10%.

Pela legislação atual, os fundos de alta renda, tanto no exterior quanto no Brasil, só são tributados quando os detentores retiram seus lucros, o chamado "resgate", o que pode levar anos ou nunca ocorrer. Com a lei, fundos exclusivos passarão a ser taxados semestralmente, no sistema "come-cotas", e os offshore, uma vez por ano. Alguns trechos da lei entram em vigor imediatamente. A maioria, no entanto, só produzirá efeitos a partir de 1º de janeiro de 2024.

O presidente Lula deixou de fora da regra um trecho que dispõe sobre sistemas centralizados multilaterais de negociação. De acordo com a justificativa encaminhada ao Congresso, o dispositivo que constava do projeto de lei "restringe excessivamente a definição de bolsas de valores e de mercados de balcão organizado para efeito dos investimentos mínimos dos Fundos de Investimento em Ações (FIA), visto que, pela proposição, foram contemplados, apenas, os sistemas centralizados multilaterais de negociação; medida que exclui, em contraste, os sistemas centralizados bilaterais de negociação. Assim, o dispositivo não só cria uma barreira à entrada de novos participantes nos mercados regulamentados de valores mobiliários, como contraria os parâmetros que foram objeto de regulamentação expedida pela Comissão de Valores Mobiliários, de modo que a sua manutenção provoca danos à livre concorrência e prejudica o desenvolvimento do mercado de capitais."

O Senado aprovou nesta quarta-feira, 29, em votação simbólica, o projeto de lei de taxação dos fundos offshore e fundos exclusivos. A proposta é prioritária para o Ministério da Fazenda, que vê no texto uma possibilidade de aumentar a arrecadação nos próximos anos e ajudar a zerar o déficit primário da União.

Como a votação foi simbólica, não houve registro individual do voto de cada senador. Apenas os senadores Carlos Portinho (PL-RJ), Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), Soraya Thronicke (Podemos-MS), Jorge Seif (PL-SC), Cleitinho (Republicanos-MG), Magno Malta (PL-ES), Eduardo Girão (Novo-CE) e Damares Alves (Republicanos-DF) se manifestaram contra a proposta.

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O texto foi aprovado sem alterações significativas em relação ao aprovado na Câmara dos Deputados. Por isso, o projeto segue agora à sanção presidencial.

A proposta estabelece uma alíquota de 15% para os fundos no exterior. Os fundos exclusivos de curto prazo terão uma alíquota de 20% e os de longo prazo, de 15%.

Além disso, no caso dos fundos exclusivos, os parlamentares definiram uma alíquota de 8% para o contribuinte que optar por antecipar o pagamento do Imposto de Renda sobre os rendimentos acumulados dos fundos até 31 de dezembro de 2023. O governo havia proposto uma taxa de 10%.

A estimativa inicial do governo era de aumento de cerca de R$ 20 bilhões na arrecadação da União no ano que vem. As mudanças feitas na Câmara dos Deputados e aprovadas pelo Senado, porém, devem reduzir essa expectativa.

A proposta foi aprovada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado na semana passada em votação simbólica. Apenas senadores da oposição se manifestaram contra a votação.

Na votação na CAE, o relator, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), acatou emendas de redação de parlamentares da oposição para viabilizar a aprovação da proposta. As emendas esclarecem o que são considerados como "bolsas de valores e mercados de balcão organizado no País".

Vieira não esteve presente na sessão desta quarta, já que viajou para participar da COP-28, em Dubai.

Pela legislação atual, os fundos de alta renda, tanto no exterior quanto no Brasil, só são tributados quando os detentores retiram seus lucros, o chamado "resgate", o que pode levar anos ou nunca acontecer. Com o projeto, esses fundos exclusivos passarão a ser taxados semestralmente, no sistema chamado de "come-cotas", e os offshore, uma vez por ano, o que levará a um aumento da arrecadação federal.

Os fundos exclusivos recebem esse nome por serem fechados e terem apenas um cotista, diferentemente dos fundos tradicionais do mercado, abertos a diversos cotistas. Essa modalidade, que prevê um portfólio muito mais personalizado, é direcionada a investidores com patrimônio elevado.

Segundo estimativas do governo federal, há cerca de 2,5 mil brasileiros com recursos aplicados nos fundos exclusivos, que acumulam R$ 756,8 bilhões e respondem por 12,3% dos fundos no País. Estima-se que os investidores desse tipo de fundo devam ter patrimônio mínimo de R$ 10 milhões, já que os custos de manutenção podem somar R$ 150 mil por ano. Por isso, esses investimentos são conhecidos como fundos dos super-ricos.

O senador Alessandro Vieira (MDB-SE) divulgou nesta segunda-feira, 20, o relatório do projeto de lei das offshores. O texto não conta com nenhuma alteração de mérito, o que significa que, se for aprovado pelo plenário do Senado, seguirá diretamente à sanção presidencial.

A elaboração do texto foi alinhada com o Ministério da Fazenda, que preferia que não houvesse nenhuma modificação substancial que pudesse levar o projeto novamente à Câmara dos Deputados.

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A proposta estabelece uma alíquota de 15% para os fundos no exterior. Os fundos exclusivos de curto prazo terão uma alíquota de 20% e os de longo prazo, de 15%.

Além disso, no caso dos fundos exclusivos, os deputados definiram uma alíquota de 8% para o contribuinte que optarem por antecipar o pagamento do Imposto de Renda sobre os rendimentos acumulados dos fundos até 31 de dezembro de 2023. O governo havia proposta uma taxa de 10%. O relator, deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), reduziu para 6%, mas deputados decidiram por um meio termo: 8%.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tem dito que o texto conta com apoio majoritário na Casa e não deve ter dificuldades para ser aprovado.

Em seu texto, Vieira ressaltou que a aprovação do projeto de lei das offshores e dos fundos exclusivos "faz parte de um movimento mais amplo de reforma do sistema tributário nacional".

"A ele se junta a aprovação da PEC 45/2019, a Reforma Tributária do Consumo, que estabelecerá um novo paradigma de tributação para as transações com bens e serviços no Brasil, acabando com a guerra fiscal entre os entes federados, modernizando e simplificando todo o sistema. Ela ainda impõe que seja enviado ao Congresso Nacional, em 90 dias, medidas que continuem o processo de reforma, com alterações na tributação do Imposto de Renda e da folha de salários", afirmou.

O projeto de lei é o primeiro item da pauta da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) nesta terça-feira, 21. A reunião está marcada para as 10h.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), designou o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) como relator do projeto de lei que prevê a tributação de fundos de alta renda. O Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) adiantou na semana passada que o parlamentar era um dos cotados para o posto. A proposta faz parte do pacote do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para aumentar a arrecadação do governo e, dessa forma, zerar o déficit das contas públicas no ano que vem. Após um acordo entre Lira e Haddad, a expectativa é que a votação no plenário ocorra nesta terça-feira (3).

Pedro Paulo foi o primeiro nome a circular nos bastidores da Câmara para relatar o projeto que tributa fundos offshores, recursos que brasileiros mantêm em paraísos fiscais, e exclusivos, chamados também de fundos dos "super-ricos".

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Ex-secretário de Fazenda e Planejamento do Rio de Janeiro, o deputado costuma se envolver em discussões econômicas. Em março, ele chegou a apresentar uma proposta de regra fiscal alternativa, antes de Haddad enviar ao Congresso os parâmetros do novo arcabouço. Também foi considerado para a relatoria do PL que tributa fundos de alta renda o deputado Mauro Benevides (PDT-CE).

A votação do projeto foi acertada em reunião de líderes da Câmara na última quarta-feira, 27, após uma paralisação temporária dos trabalhos da Casa. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) havia se unido ao PL, ao Novo e a outras bancadas do Congresso para obstruir a pauta em protesto contra ações do Supremo Tribunal Federal (STF) que, na visão desses grupos políticos, invadem a competência do Legislativo. O estopim foi a decisão da Corte de derrubar a tese do marco temporal para a demarcação de terras indígenas.

A demora do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em anunciar a entrega da presidência e das vice-presidências da Caixa Econômica Federal ao PP e a outros partidos do Centrão também incomodou Lira, o que contribuiu para que as votações ficassem travadas. Na quinta-feira, 28, contudo, Lira recebeu Haddad para uma reunião sobre a pauta econômica. Foi o primeiro encontro presencial entre os dois desde que o ministro causou irritação na Câmara ao criticar o poder "muito grande" adquirido pela Casa nos últimos anos.

O PL das offshores estabelece a tributação do rendimento de pessoas físicas residentes no Brasil com aplicações financeiras, entidades controladas e trusts (estruturas criadas para gestão de patrimônio) no exterior. O governo prevê arrecadar R$ 7 bilhões com a medida, conforme o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2024.

De acordo com o texto, os rendimentos ficarão sujeitos à incidência do IRPF, no ajuste anual, pelas seguintes alíquotas: 0% sobre a parcela anual dos rendimentos que não ultrapassar R$ 6 mil; 15% quando exceder R$ 6 mil e não ultrapassar R$ 50 mil; e 22,5% quando extrapolar os R$ 50 mil.

O texto também prevê a possibilidade de atualização de bens e direitos no exterior, ao valor de mercado, em 31 de dezembro de 2023, com alíquota de 10% sobre o ganho de capital - no lugar dos 15% previstos na legislação vigente, desde que haja o pagamento do imposto até 31 de maio de 2024. A cúpula da Câmara dos Deputados, porém, já negocia uma redução para 6%.

Um acordo entre Câmara e governo prevê também que a medida provisória (MP) com a taxação de fundos exclusivos será incorporada ao projeto de lei. Com essa segunda medida, o governo prevê arrecadar R$ 13,3 bilhões, conforme o PLOA de 2024.

A proposta prevê a aplicação de alíquotas de 15% a 20% de Imposto de Renda sobre os rendimentos dos fundos exclusivos, conhecidos como fundos fechados ou dos "super-ricos". Pelo texto, os 15% serão aplicados para fundos de investimento de longo prazo e 20% para os de curto prazo. A cobrança será realizada duas vezes por ano, no último dia útil dos meses de maio e novembro, no sistema chamado "come-cotas" (mecanismo já aplicado aos fundos abertos).

Haverá também recolhimento do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF) no momento da amortização, resgate ou alienação de cotas, ou de distribuição de rendimentos, se ocorrerem antes da data de incidência da tributação periódica. Neste caso, uma alíquota complementar é aplicada até atingir as taxas já estabelecidas na legislação para investimentos financeiros, que variam de 22,5% a 15%, dependendo do prazo da aplicação financeira.

O governo publicou em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira, 28, a Medida Provisória 1.184, que dispõe sobre a tributação de aplicações em fundos de investimento no País. A medida foi assinada mais cedo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e deve garantir uma arrecadação de R$ 13,28 bilhões em 2024. Essa é uma das medidas que devem ajudar a equipe econômica na tarefa de zerar o déficit do resultado primário no próximo ano.

Para este ano, a expectativa de arrecadação é de R$ 3,21 bilhões, o que deve compensar o aumento da faixa de isenção do imposto de renda.

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Com a MP, os fundos de investimento fechados ficam submetidos à tributação periódica, com alíquota de 15%. "Os rendimentos das aplicações em fundos de investimento ficarão sujeitos à retenção na fonte do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF nas seguintes datas: no último dia útil dos meses de maio e novembro; ou na data da distribuição de rendimentos, amortização, resgate ou alienação de cotas, caso ocorra antes", diz o texto da MP. A tributação terá alíquota de 20% no caso dos fundos de curto prazo.

Offshore

O presidente Lula também encaminhou ao Congresso Nacional o texto do projeto de lei que dispõe sobre a tributação da renda auferida por pessoas físicas residentes no País em aplicações financeiras, entidades controladas e trusts no exterior. A mensagem de envio do PL ao Legislativo foi publicada na edição extra do DOU.

O PL também já tinha sido anunciado pelo governo nesta segunda e trata da tributação das offshore. Segundo o Ministério da Fazenda divulgou mais cedo, o projeto define que a pessoa física com renda no exterior de até R$ 6 mil por ano estará sujeita à alíquota de 0%. "Essa pode ser a situação das pessoas que têm utilizado contas bancárias estrangeiras remuneradas para arcar com pequenas despesas pessoais no exterior, por exemplo, em viagens internacionais." Já a renda entre R$ 6 mil e R$ 50 mil por ano, de acordo com o texto, ficará sujeita à tributação pela alíquota de 15%, enquanto a renda superior a R$ 50 mil ficará sob uma alíquota de 22,5%. "Sendo essa a alíquota máxima já aplicada para aplicações financeiras de curto prazo no Brasil", apontou a pasta.

O DOU não traz a íntegra do texto do PL, apenas a mensagem confirmando o envio do texto ao Congresso.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, justificou que a tributação de fundos fechados e offshores no Brasil é norteada pela busca por "justiça social" e práticas internacionais. De acordo com o ministro, as mudanças de impostos sobre esses rendimentos "não são coisas de 'Robin Hood' nem revanche".

As declarações ocorreram durante evento de sanção do novo valor do salário mínimo, da criação de uma nova política de valorização e da correção da tabela do imposto de renda, no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira, 28. "Acho que a importância das medidas que estão sendo adotadas é trazer um pouco de justiça social", declarou.

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De acordo com o Ministério da Fazenda, o governo encaminhou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei (PL) da tributação de offshore. Conforme informou há pouco o Palácio do Planalto, o PL para tributar o rendimento de offshores e trusts prevê tributação anual de rendimentos de capital aplicado no exterior com alíquotas progressivas de 0% a 22,5%.

Na fala, Haddad enalteceu a reforma tributária, aprovada pela Câmara e em tramitação no Senado. Ele citou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pela liderança do projeto e disse que a reforma irá "corrigir a distorção do sistema tributário". O alagoano estava presente no evento. Haddad afirmou que o que o governo está fazendo é "aproximar nosso sistema tributário do que tem de mais avançado no mundo".

Na avaliação do ministro, o reajuste do salário mínimo, sancionado há pouco pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "pode parecer pouco, e de fato, é". "O que foi feito hoje não deixa de ser uma sinalização clara que o trabalhador volta a ser o centro das atenções", comentou. Fora do costume, o chefe do Executivo não fez nenhum pronunciamento no evento.

O Congresso aprovou, na última quinta-feira, 24, a medida provisória (MP) que reajusta o salário mínimo para R$ 1.320. O texto também definiu uma política de valorização permanente do salário mínimo e a atualização da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).

O novo salário mínimo vigora desde o dia 1º de maio, quando a MP foi editada por Lula. O petista também havia publicado um PL - que acabou sendo acoplado à MP aprovada hoje - estabelecendo a política de valorização do salário mínimo, composta pela correção anual pelo Índice Nacional de Preço dos Consumidores (INPC) mais o PIB consolidado de dois anos anteriores.

Em relação à tabela do Imposto de Renda, o texto aprovado isenta de cobrança quem recebe até R$ 2.112 por mês. A segunda faixa, sobre a qual incide a alíquota de 7,5%, também foi alterada, passando para o intervalo de R$ 2.112,01 a R$ 2.826,65. Neste caso, a parcela a deduzir do IR é de R$ 158,40.

O projeto diz ainda que, alternativamente às deduções, poderá ser utilizado, caso seja mais benéfico ao contribuinte, um "desconto simplificado mensal", que ficou em R$ 528, valor correspondente a 25% do valor máximo da faixa com alíquota zero da tabela progressiva mensal. Na prática, ficam isentos do IRPF os trabalhadores que recebem até R$ 2.640 por mês. Antes da MP, a faixa de isenção estava fixada em R$ 1.903,98 por mês, valor congelado desde 2015.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinará ainda nesta segunda-feira, 28, uma medida provisória (MP) para tributar os rendimentos de fundos exclusivos, informou o Palácio do Planalto. As alíquotas serão entre 15% e 20%. A cobrança será feita duas vezes por ano. O governo projeta arrecadar R$ 24 bilhões com a medida entre 2023 e 2026.

O petista também assinará, segundo o Planalto, um projeto de lei para tributar o rendimento de offshores e trusts, com alíquotas que poderão chegar a 22,5%. Diferentemente da medida provisória, o projeto precisa de aprovação do Congresso para começar a valer. MPs têm força de lei a partir da publicação por até 120 dias - precisam da aprovação do Legislativo para continuarem valendo.

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Ainda que o governo só deva apresentar no fim do ano o pacote principal da reforma do Imposto de Renda, a equipe econômica deve antecipar projetos "avulsos" para aumentar a taxação de contribuintes de maior renda. O Planalto avalia enviar ao Congresso no próximo mês proposta para tributar fundos offshore (de investimentos no exterior), além dos fundos exclusivos - que por vezes têm apenas um cotista "super-rico", como informou o Estadão nesta quinta-feira (20).

A equipe econômica tem pressa porque o Orçamento de 2024 precisa ser encaminhado ao Congresso até o dia 31 de agosto. As medidas são importantes para garantir receitas extras. A lei orçamentária que está sendo elaborada leva em conta o novo arcabouço fiscal, ainda pendente de aprovação na Câmara, que estabelece a meta de zerar o rombo nas contas públicas já no próximo ano.

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Políticos e o mercado financeiro, porém, avaliam que será difícil o governo atingir seu objetivo em razão de ter apostado suas fichas em um aumento de arrecadação. Neste ano, o Ministério da Fazenda prevê chegar a dezembro com um déficit (despesa maior do que a receita) em torno de R$ 100 bilhões.

A Fazenda avalia que o debate sobre os projetos envolvendo a tributação da renda dos mais ricos estaria em estágio mais avançado. Já a parte mais estrutural da reforma, que deve envolver a taxação de lucros e dividendos, por exemplo, está prevista para ocorrer depois da aprovação das novas regras para o consumo de bens e produtos - que passaram pela Câmara e estão agora em tramitação no Senado.

Um dos projetos da lista é a tributação de fundos no exterior, chamados de offshore. Esses investimentos, muitas vezes, são feitos em paraísos fiscais, livres de impostos. Em maio, o governo editou uma medida provisória taxando esses fundos. A justificativa era de que seria necessário gerar receita para compensar a renúncia fiscal com o aumento da faixa de isenção do IR para R$ 2.640 (dois salários mínimos).

No entanto, a MP, cuja a regra passaria a vigorar em 2024, tem validade até 27 de agosto e, até agora, a comissão mista - formada por deputados e senadores - para analisar a proposta não foi instalada, o que coloca em dúvida a sobrevida da medida.

O governo também pretende taxar as apostas esportivas online. Uma secretaria já foi criada para gerenciar a cobrança. Em princípio, o governo estimou arrecadar R$ 12 bilhões com a cobrança. Ontem, em evento no Rio, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o montante será bem menor, em torno de R$ 2 bilhões. Haddad também negou que projetos que alteram a tributação tenham o objetivo de arrecadar mais.

Potencial de arrecadar mais de R$ 10 bi em 2 anos

Segundo cálculos preliminares do Ministério da Fazenda, a medida provisória editada em maio passado para taxar os fundos offshore tem potencial para arrecadar R$ 3,59 bilhões, no próximo ano, e R$ 6,75 bilhões, em 2025. Esses valores consideram também o que seria ganho a partir da regularização voluntária de informações pelos contribuintes sobre ativos no exterior - o que também está previsto na MP, cuja tramitação está travada no Congresso.

O Ministério da Fazenda tem uma avaliação positiva sobre a taxação dos fundos offshore, pois considera que o tributo vai incidir sobre investidores de alta renda, além de estar de acordo com regras já adotadas pela maioria dos países desenvolvidos, como Alemanha, Canadá, Japão, França e Reino Unido.

A MP de maio previa que, a partir de 2024, os rendimentos em offshore entre R$ 6 mil e R$ 50 mil seriam tributados em 15% e, acima desse patamar, em 22,5%. Rendimentos até R$ 6 mil ficariam isentos.

Na mesma medida provisória de maio, há dispositivo que prevê a regularização de ativos. Conforme o texto, a pessoa física residente no País poderá optar por atualizar o valor de bens e direitos no exterior informados na declaração anual de ajuste do Imposto de Renda, pagando uma alíquota menor.

Fundos exclusivos

A mudança na tributação dos fundos exclusivos de investimentos, usados pelos "super-ricos", é outro item da lista de medidas "avulsas" para a reforma da taxação em estudo no governo. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o governo vai enviar um projeto de lei ao Congresso em agosto, junto com o Orçamento do próximo ano.

Hoje, os investimentos nos fundos exclusivos são taxados apenas no resgate, o que pode levar anos. A ideia do governo é instituir o sistema chamado de "come-cotas", como ocorre nos fundos tradicionais, que prevê a cobrança periódica sobre o rendimento.

Aprovar a proposta no Congresso, porém, não será tarefa fácil, uma vez que outros governos já tentaram e não conseguiram. Em 2017, no governo Michel Temer (MDB), a equipe econômica chegou a editar uma medida provisória, mas ela caducou sem o aval da Câmara. Na ocasião, o governo previu arrecadar quase R$ 10,7 bilhões com o projeto.

No entanto, pesou o lobby contrário de grandes investidores e de instituições financeiras, temerosos sobre a forma como seria taxado o estoque investido nesses fundos. O debate se concentrou sobre a constitucionalidade de se cobrar os valores investidos desde antes da vigência da lei. O "come-cotas" também foi alvo de debate entre advogados, que veem problemas na tributação periódica, mesmo quando não há saque do valor investido.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta terça-feira, 3, que ainda não há acordo para votar duas propostas do ajuste fiscal tocado pela área econômica: o projeto da reoneração da folha de pagamento e a medida provisória (MP) que altera a forma de tributação dos fundos exclusivos de investidores de alta renda.

Maia afirmou que a pauta do plenário desta semana deve se concentrar em dois pontos. Um deles é o projeto que cria o cadastro positivo, que o presidente da Câmara disse que tentará votar nesta quarta-feira, 4. O outro é projeto que cria o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), que o parlamentar fluminense quer colocar em votação ainda nesta terça-feira.

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Sem acordo, a MP dos fundos deve acabar caducando. Editada em 31 de outubro do ano passado, a proposta perde a validade no próximo dia 8 de abril. Em março, Maia já tinha anunciado que é contra a medida. Na avaliação dele, o governo dá uma sinalização equivocada de insegurança jurídica ao propor alteração das regras no meio do processo de investimentos.

Governadores

O presidente da Câmara está reunido nesta tarde de terça-feira com governadores. Segundo Maia, a pauta do encontro será o projeto que permite aos Estados venderem ao mercado financeiro créditos que têm a receber de contribuintes, a chamada securitização de dívidas. A proposta já foi aprovada no Senado e aguarda análise dos deputados.

Os milionários brasileiros estão buscando, cada vez mais, aplicações que podem proporcionar vantagens tributárias. Com isso, os fundos exclusivos ou restritos, que são aqueles fechados, feitos sob medida ao investidor, estão ganhando mais atenção por parte desse investidor. Somado a esse atrativo, segundo especialistas, o interesse aumenta em momentos de maior incerteza e volatilidade do mercado.

O gestor responsável pela Lerosa Investimentos, Fernando Ferreira, conta que, entre os benefícios, está a "compensação de ganhos e perdas". Isso significa que o imposto é calculado apenas sobre o proporcional do montante que se refere ao ganho de capital, o que gera uma economia. É possível, ainda, migrar os recursos de um ativo para outro sem que haja incidência de Imposto de Renda (IR).

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Esses fundos são viáveis para patrimônio acima de R$ 10 milhões, já que esse é o montante mínimo para que os custos com as taxas e a contratação de uma auditoria independente, por exemplo, não onerem por demasiado o investimento.

Nessa modalidade de fundos também chama a atenção dos investidores a ausência do come-cotas. O IR só é descontado na amortização e na liquidação do fundo. Isso permite que o montante que seria destinado ao pagamento do imposto continue a ser rentabilizado. Outra característica é que o produto é, necessariamente, um investimento de longo prazo. Além disso, tem apenas uma amortização por ano, enquanto que os restritos, por exemplo, podem ter até duas, dependendo do regulamento. O fundo também tem prazo para terminar, com uma duração de dez anos, prorrogável por outros dez.

"A demanda por fundos exclusivos é crescente. Conforme aumenta o conhecimento e a sofisticação dos investidores, aumenta o interesse por soluções customizadas, com uma gestão profissional, de acordo com o perfil, os objetivos e as necessidades de cada um. O atual cenário econômico, repleto de incertezas, acelera este processo", afirma Leonardo Deeke Boguszewski, diretor-presidente da JMalucelli Investimentos. Em 2014, segundo dados da Anbima, dentro os poucos fundos que fecharam o ano com captação líquida, os exclusivos tiveram entrada líquida de R$ 4,847 bilhões.

Além de contar com uma gestão profissional, que garante um processo de tomada de decisão ágil e com acesso constante a diferentes opções, os fundos exclusivos permitem o planejamento sucessório, lembra Boguszewski. Um fundo fechado restrito para uma família possibilita ao titular doar suas cotas em vida aos herdeiros, evitando, dessa forma, os longos processos de inventários.

Uma das desvantagens do fundo, apontam especialistas, é a impossibilidade dele se aproveitar de ativos isentos de IR para pessoa física, caso das Letras de Crédito Imobiliários (LCI) e das do Agronegócio (LCA). No ano passado, inclusive, muitos investidores migraram seus recursos para esses instrumentos, que se tornaram, na visão de gestores, "imbatíveis" por conta da isenção. No entanto, já está dado pelo governo de que essa tributação sofrerá alteração.

O patrimônio líquido dos fundos exclusivos (único cotista) e restritos (grupo de cotistas) vem engordando ao longo dos últimos anos, conforme mostra levantamento feito pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Em 2008 o patrimônio líquido era de R$ 709,5 bilhões, passando para R$ 1,59 trilhão no ano passado. O economista da Plena Investimentos, José Eduardo Toledo Abreu Filho, lembra que há ainda investidores que têm fundos exclusivos de ações, por exemplo, que não estão contabilizados pela entidade.

A consultora de investimentos da Órama Investimentos, Sandra Blanco, pondera, no entanto, que ainda existe pouco conhecimento sobre a estrutura do fundo, tanto em relação aos benefícios fiscais ou como uma alternativa para planejamento sucessório.

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