A dúvida pode ser agora o padrão para a escolha dos CEOs pela Hewlett-Packard. Após a demissão de Leo Apotheker, e antes, na nomeação de Mark Hurd e Carly Fiorina, a administração da HP parece frágil quando se trata da nomeação dos seus executivos de topo. Portanto, não foi nenhuma surpresa quando analistas financeiros apertaram a administração da HP, em uma teleconferência, na quinta-feira (22), para saber por que Meg Whitman, ex-CEO do eBay, foi escolhida como nova líder da empresa. Eles queriam detalhes sobre o processo de selecção e os objetivos que motivaram a decisão de substituir Apotheker, que, em um ano de adminstração, tomou algumas decisões bastante "atrapalhadas", segundo analistas.
Ray Lane, presidente do conselho adminstrativo da HP, esteve na defensiva sobre a tomada de decisão e, e um dado momento, demonstrou a sua frustração. “Você estão se portando como se estivessem na abertura da temporada de caça para escrever sobre esta administração”, disse Lane. A sua defesa sobre a tomada de decisão para a escolha da nova CEO foi a de que o conselho de administração atual não é o mesmo que dispensou Hurd, com oito novos membros desde então.
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Enquanto Lane lutava através das perguntas, foi Whitman que tentou levar os analistas financeiros aos pormenores. “A única coisa que irá reconstruir a confiança nesta empresa é obter resultados, e é isso que eu pretendo fazer”, disse Whitman, com força e clareza.
Whitman foi responsável por transformar a eBay de uma pequena empresa de leilões online para uma marca mundial, e depois prosseguiu em busca de uma maior ambição para se tornar governadora da Califórnia. Em 2010, ganhou a nomeação republicana, mas perdeu a eleição.
Claramente, Whitman tem credenciais como líder, mas o que será examinado nos próximos meses é se ela pode passar de um negócio de consumo, como o eBay, para a um negócio focado nas empresas.
“Penso que todas as pessoas [na HP] estão interessadas em alguém que pode ser positivo”, considera Charles House, veterano de 30 anos na HP, ex-director de engenharia empresarial e atual reitor do Cogswell Polytechnical College. Mas House criticou a estratégia para a saída de Apotheker. “Eis alguém que define uma estratégia que é incrível na minha perspectiva e fica eviscerado. Um retrato da América hoje”, diz House. Na opinião dele, Whitman “encaixa-se na ‘persona’ pública do tipo de CEO de Wall Street”.
N. Venkat Venkatraman, professor de administração na Universidade de Boston, questiona a escolha de Whitman. “Ela aporta sua experiência como líder, sem dúvida”, refere Venkatraman. “Mas a sua experiência com empresas é mínima”. Venkatraman está entre os que acham que a experiência de Whitman está focada no consumidor. “Embora possa ser uma líder competente, não há nada no seu passado que a torne particularmente preparada para o mundo B2B em que a HP se reposicionou agora”, disse.
Mas Gary Kern, CIO do MutualBank em Muncie, Indiana, considera que “a HP precisa de algo para renovar a maneira como olha para os seus mercados e, talvez, alguém de uma empresa dos ‘novas mídias’ possa ajudar nesse pensamento.”
Whitman enfrentará alguns grandes desafios nos próximos meses, especialmente se a HP deve prosseguir com os seus planos de cisão da sua unidade de PCs — decisão de Apotheker —, bem como adequar-se às expectativas dos investidores e dos clientes. “Não estou realmente certo do que isto significa para a HP”, diz Joe AbiDaoud, CIO da HudBay Minerals, em Toronto (Canadá). A “estratégia da HP é um pouco sem nexo”, refere. “Acho que ela tem de descobrir em que negócios a HP pode ser competitiva e definir uma estratégia”.