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Centenas de iraquianos bloquearam neste domingo, pelo segundo dia consecutivo, o acesso a um campo de petróleo no sul do país, onde várias cidades permanecem paralisadas por um movimento de protesto iniciado há três meses.

O campo de Nasiriya, a 300 km ao sul de Bagdá, que produz 82.000 barris por dia, foi fechado por um protetos de manifestantes que exigem empregos, disseram autoridades do setor de petróleo.

Esta é a primeira suspensão da produção de um campo de petróleo no Iraque, o segundo produtor da OPEP, desde que as manifestações contra as autoridades, acusadas de corrupção e incompetência e seu parceiro iraniano, começaram em 1º de outubro.

No sul do país, a maioria das administrações e escolas está fechada há quase dois meses quase continuamente.

Neste domingo, em Diwaniya, os manifestantes declararam novamente uma "greve geral" para pressionar as autoridades.

Também houve várias manifestações e piquetes de greve nas cidades de Kut, Hilla, Amara e Najaf, confirmaram os correspondentes da AFP.

Após o movimento, o primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi renunciou no final de novembro, mas desde então as principais instituições não chegaram a um consenso sobre quem deveria substituí-lo.

Os atos violentos que marcaram o protesto deixaram quase 460 mortos e 25.000 feridos, a maioria manifestantes.

Novos disparos de foguetes no Iraque deixaram um morto nas fileiras americanas pela primeira vez, aumentando o medo de escalada da violência em um país mergulhado em sua pior crise política e social em décadas.

Os Estados Unidos prometeram recentemente "uma resposta firme" à proliferação de ataques visando seus interesses no Iraque - não reivindicados, mas que para Washington são realizados por facções pró-Irã.

Na sexta-feira à noite, 30 foguetes atingiram a base K1 em Kirkuk, uma região petrolífera ao norte de Bagdá, segundo informou uma autoridade americana à AFP.

"Um funcionário terceirizado americano foi morto e vários soldados americanos e pessoal iraquiano ficaram feridos", relatou o comando da coalizão antijihadista no Iraque e na Síria.

Os tiros de foguetes e morteiros contra bases iraquianas que abrigam soldados americanos ou representações diplomáticas dos Estados Unidos se intensificaram nos últimos dois meses.

Desde 28 de outubro, dez ataques fizeram feridos e uma vítima fatal nas fileiras iraquianas e causaram danos materiais inclusive na embaixada americana, localizada na Zona Verde de Bagdá.

O ataque de sexta-feira, no entanto, difere em sua intensidade. Jamais uma quantidade tão grande de foguetes foi lançada contra uma única base.

"Os tiros foram muito precisos. O ataque teve como alvo precisamente a área onde os americanos estão, perto da sala de reuniões", disse à AFP uma autoridade dos serviços de segurança da província de Kirkuk. O ataque também poderia ter sido muito mais mortal.

Comandantes da polícia iraquiana e da coalizão internacional deveriam se reunir na sexta-feira no K1, de onde liderariam uma vasta operação nas áreas montanhosas onde ainda estão escondidas células do grupo Estado Islâmico (EI).

Mas, devido às condições climáticas desfavoráveis, a operação - e, portanto, a reunião - foi adiada.

Embora nenhum dos recentes ataques antiamericanos tenha sido reivindicado, Washington aponta para as facções armadas pró-Irã, cuja influência está crescendo e que agora fazem parte das forças de segurança iraquianas.

Para os americanos no Iraque, essas facções agora são mais ameaçadoras do que o EI, segundo uma fonte da segurança ocidental.

Sinal dessa preocupação, "um comboio de 15 veículos americanos transportando blindados e armas" chegou recentemente em sua embaixada em Bagdá, segundo um oficial da segurança iraquiano.

Em seu comunicado anunciando o ataque à base K1, a coalizão disse que as forças iraquianas conduziam a investigação e que seriam elas que responderiam.

O Iraque vem dizendo há meses que não quer servir de campo de batalha para os dois grandes inimigos que são seus dois aliados.

Hoje, porém, a situação mudou. O Irã fortaleceu sua influência sobre seu vizinho às custas de Washington.

Desde a renúncia do governo, quase um mês atrás, a República Islâmica e seus aliados no Iraque têm pressionado para colocar um de seus homens como primeiro-ministro.

Diante da intransigência iraniana, o presidente Barham Saleh também ameaça renunciar.

A instabilidade política foi desencadeada pela pior crise social vivida pelo segundo produtor de petróleo da Opep.

Os manifestantes, pela primeira vez em décadas, saíram às ruas espontaneamente a partir de 1º de outubro para exigir a saída de toda a classe política.

Um movimento que não vacila, apesar de quase 460 mortos e 25.000 feridos.

Os manifestantes prometem continuar até obterem a revisão do sistema de distribuição de cargos políticos de acordo com grupos étnicos e religiões e a renovação de uma classe política inalterada por 16 anos.

A reforma eleitoral recentemente votada no Parlamento altera o sistema de votação, de um sistema de listas para o sistema uninominal.

Mas, para especialistas, isso poderia favorecer notáveis locais, que os partidos no poder sempre conseguiram cooptar graças ao clientelismo.

Manifestações, estradas bloqueadas pela queima de pneus e greves: no Iraque, a revolta popular se inflamou nesta segunda-feira contra um governo paralisado e sob pressão de seu padrinho iraniano.

Enquanto o poder afunda na paralisia entre os pró-Irã, que querem impor seu candidato, e o presidente da República, que resiste, os manifestantes voltaram às ruas após várias semanas de calma.

As cidades do sul voltaram a ser envolvidas por espessa nuvem de fumaça negra: pneus queimados bloqueiam o tráfego, sinal do descontentamento dos manifestantes que querem derrubar todo o sistema e seus políticos.

São milhares de pessoas bloqueando estradas, pontes e o acesso a prédios públicos "por ordem do povo", apesar de uma grande campanha de intimidação travada, segundo a ONU, por "milícias", com assassinatos e sequestros de militantes.

A desobediência civil foi novamente decretada em Diwaniya, Nassiriya, al-Hilla, Kut e Amara, todas as cidades do sul do país, onde as portas das escolas e administrações públicas permanecem fechadas.

"Estamos endurecendo a mobilização porque recusamos o candidato da classe política que está nos roubando desde 2003", disse à AFP Ali al-Diwani, um jovem manifestante.

Para os iraquianos nas ruas desde 1º de outubro, o sistema político estabelecido pelos americanos após a queda de Saddam Hussein em 2003 e agora tomado pelos iranianos está sem fôlego.

Em 16 anos, o renascimento econômico prometido nunca aconteceu, enquanto mais da metade das receitas do petróleo foram desviadas por políticos e empresários corruptos.

"Queremos uma coisa muito simples: um primeiro-ministro competente e independente, que nunca esteve envolvido com partidos desde 2003", disse à AFP Mohammed Rahmane, engenheiro de Diwaniya.

Mas as facções pró-Irã, com grande influência no Iraque, pressionam por um homem: o ministro do Ensino Superior, Qussaï al-Suheil.

O presidente Barham Saleh, que deve assinar a nomeação do primeiro-ministro, opõe um veto categórico a um candidato rejeitado pelas ruas, assegurou à AFP uma fonte dentro da presidência.

E ele não é o único: o turbulento líder xiita Moqtada Sadr, que lidera o primeiro bloco no Parlamento, recusa pessoalmente Qussaï, um ex-tenor de seu movimento que depois passou para o lado do seu inimigo jurado, o ex-primeiro-ministro Nuri al-Maliki, pró-Irã.

Para obter a renovação da classe política que reivindicam, os manifestantes exigem uma revisão da lei eleitoral.

O governo e o Parlamento iniciaram minuciosamente a reforma do sistema, que mistura proporcionalidade e listas, favorecendo os grandes partidos e seus líderes de lista.

Os manifestantes querem uma eleição uninominal "para garantir a entrada na política de uma nova geração capaz de limpar tudo o que os partidos no poder corromperam", continua Mohammed Rahmane.

O Parlamento se reunirá no final da tarde para discutir a lei eleitoral e talvez discutir o cargo de primeiro-ministro, que deveria ter sido designado há quase uma semana, mas cuja nomeação foi adiada.

Esses arranjos com a Constituição acentuam a ameaça de um retorno da violência que já causou 460 mortos e 25.000 feridos, a grande maioria manifestantes.

"Os líderes não estão trabalhando seriamente para romper o impasse, então continuaremos a nos mobilizar", advertiu Saad Nasser, um funcionário público de 30 anos.

Os partidos políticos iraquianos continuam com suas negociações nesta segunda-feira (16) para encontrar um candidato ao cargo de primeiro-ministro, em meio à pressão do Irã e de manifestantes, que exigem há semanas um novo governo.

Na noite de domingo (15), o presidente iraquiano Barham Saleh disse que recebeu um comunicado do chefe do Parlamento aceitando a renúncia do primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi em 4 de dezembro e, de acordo com a Constituição, o prazo final para nomear um novo primeiro-ministro expirará na quinta-feira, dia 19.

As negociações políticas são seguidas de perto pelos milhares de manifestantes que se mobilizam contra o governo há dois meses e meio e que enfatizam que rejeitarão qualquer político do "sistema corrupto" que liderou o Iraque desde a queda de Saddam Hussein em 2003.

O futuro primeiro-ministro também deve contar com o apoio do poderoso vizinho iraniano, cada vez mais influente no Iraque, a ponto de as negociações serem supervisionadas pelo general Qasem Soleiman, da Guarda Revolucionária (força de elite e apoio ideológico de Teerã).

O movimento de protesto iraquiano foi severamente reprimido e 460 mortos e 25.000 feridos foram contabilizados, mas conseguiu forçar a renúncia do primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi em 1º de dezembro, que permanece encarregado de assuntos urgentes até a nomeação de seu sucessor.

O Irã está se aproveitando do caos político do Iraque para montar no país vizinho um arsenal oculto de mísseis balísticos de curto alcance. O objetivo seria afirmar o poder iraniano no Oriente Médio, de acordo com relatórios secretos de oficiais de inteligência americanos. Conforme os documentos, os iranianos estão se aproveitando dos protestos violentos que têm ocorrido nas últimas semanas no Iraque para montar o estoque de mísseis.

Segundo os relatórios, o arsenal representa uma ameaça aos aliados e parceiros americanos na região, incluindo Israel e Arábia Saudita. A bateria de mísseis começa a ser montada no momento em que os EUA tentam reconstruir sua presença militar na região e responder aos ataques a navios-tanque e instalações que os oficiais de inteligência atribuíram ao Irã. Desde maio, o governo Trump enviou cerca de 14 mil soldados para a região.

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Irã e Iraque foram atingidos nas últimas semanas por violentos protestos da população. No Iraque, há, até mesmo, atos contra o que qualificam de ingerência iraniana. De acordo com os documentos da inteligência dos EUA, Teerã estaria fazendo ataques na região, mas disfarçando a origem para reduzir o risco de uma resposta. Os mísseis de curto alcance chegam a uma distância de até 970 km, o que significa que um disparo dos arredores de Bagdá pode atingir Jerusalém.

Europa. Reino Unido, França e Alemanha acusaram ontem o Irã de desenvolver mísseis balísticos com capacidade nuclear, de acordo com uma carta enviada ao secretário-geral da ONU, António Guterres. "Esta carta é uma mentira desesperada", reagiu, no Twitter, Mohammad Javad Zarif, ministro iraniano das Relações Exteriores. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Iraque é cenário, há dois meses, de um movimento de protesto contra o governo e o vizinho Irã, que já deixou mais de 420 mortos e milhares de feridos em Bagdá e no sul xiita do país. Seguem abaixo as principais fases do movimento:

- Redes sociais -

Em 1º de outubro, mais de mil manifestantes se reuniram em Bagdá e em várias cidades do Sul para protestar contra a corrupção, o desemprego e a decadência dos serviços públicos.

As manifestações foram convocadas a partir das redes sociais e dispersadas com jatos d'água, gás lacrimogêneo e balas de borracha. Mais tarde, foram ouvidos tiros na capital.

No dia seguinte, as autoridades fecharam a Zona Verde de Bagdá, onde se encontram as principais instituições do país e a embaixada dos Estados Unidos. Foi decretado toque de recolher na capital e em diversas cidades do Sul.

- Medidas especiais -

Em 3 de outubro, em Bagdá, os blindados das forças especiais entraram em ação para repelir a multidão. As forças de segurança atiraram para o chão, mas as balas atingiram os manifestantes.

A Internet foi cortada em grande parte do país.

As forças de segurança acusaram "franco-atiradores não identificados" de terem atirado nos manifestantes e em policiais em Bagdá.

O influente líder xiita Moqtada Sadr, que solicitou a seus apoiadores que organizassem "protestos pacíficos" (do inglês "sit-in"), pediu ao governo que renunciasse, assim como "eleições antecipadas sob a supervisão da ONU".

No dia 6, o governo anunciou medidas sociais, variando de assistência habitacional a subsídios para jovens desempregados.

- 'Queda do regime' -

No dia 24, as manifestações pedindo a "queda do regime" foram retomadas, na véspera do primeiro aniversário da posse do governo de Abel Abdel Mahdi.

Em 48 horas, pelo menos 63 pessoas morreram, a maioria no sul, onde manifestantes atacaram e até incendiaram as sedes de partidos, de grupos armados e gabinetes de funcionários de alto escalão, segundo a Comissão dos Direitos Humanos do governo.

No dia 26, a ONU acusou "entidades armadas" de quererem "sabotar manifestações pacíficas".

Os deputados de Moqtada Sadr anunciaram um protesto por tempo indeterminado no Parlamento, unindo-se à oposição.

No dia 28, milhares de estudantes invadiram as ruas de Bagdá e de várias cidades do Sul. Sindicatos de professores e advogados anunciaram greves.

Durante a noite, milhares de iraquianos desafiaram o toque de recolher imposto pelo Exército em Bagdá.

- 'Fora Irã!' -

Em 30 de outubro, o guia supremo do Irã, Ali Khamenei, chamou "aqueles que se sentem preocupados" para "responderem à insegurança".

Em 1º de novembro, a autoridade máxima xiita no Iraque, o grande aiatolá Ali Sistani, alertou contra qualquer interferência estrangeira.

Em 3 de novembro, a greve geral paralisou escolas e prédios públicos da capital e do Sul.

À noite, quatro manifestantes foram mortos, quando tentavam atear fogo à representação diplomática do Irã em Kerbala.

No dia 4, houve confrontos em Bagdá entre a polícia e os manifestantes. As forças de segurança dispararam contra a multidão que avançava em direção à sede da TV pública.

No dia 9, após reuniões patrocinadas pelo poderoso general iraniano Qasem Soleimani, os partidos no poder concordaram em manter o governo de Abdel Mahdi e acabar com os protestos, mesmo se fosse necessário recorrer à força.

Em 17 de novembro, milhares de iraquianos saíram às ruas de todo o país, em uma greve geral. Em Bagdá, os manifestantes prorrogaram seu protesto sentados.

No dia 24, a desobediência civil se propagou pelo sul do país. Em Nasiriya, escolas e repartições públicas permaneceram fechadas, assim como em Hilla, Diwaniya, Najaf, Kut, Amara e Basra.

No dia 27, manifestantes atearam fogo ao consulado do Irã em Najaf. Centenas de jovens gritaram "Fora Irã!" e "Vitória do Iraque" no interior do recinto.

- 'Cenas de guerra' -

Em 28 de novembro, a repressão aos protestos no sul do país ganhou força, com o envio de comandos militares desde Bagdá: 46 manifestantes morreram e cerca de mil ficaram feridos.

Em Nasiriya, combatentes tribais saíram para proteger os manifestantes, e, em Najaf, homens abriram fogo contra a multidão.

"O banho de sangue tem que acabar", pediu a Anistia Internacional, que falou em "cenas de guerra" em Nasiriya.

- Renúncia do premier -

Em 29 de novembro, Ali Sistani convocou o Parlamento a retirar seu voto de confiança no governo, a fim de evitar o caos. Horas depois, Mahdi anunciou que apresentaria sua renúncia.

No dia seguinte, iraquianos continuaram se manifestando em Bagdá e no sul, afirmando que as mobilizações continuarão até que "todos os corruptos se vão".

Em 1º de dezembro, as manifestações se transformaram em procissões funerárias, em sinal de luto pelas vítimas. Houve mobilizações inclusive em Mossul, grande cidade sunita do norte.

No mesmo dia, o Parlamento aceitou a renúncia do governo de Mahdi, e o chefe da assembleia indicou que pedirá ao presidente iraquiano que designe o novo premier.

O parlamento iraquiano aceitou formalmente, neste domingo, a renúncia do primeiro-ministro Adil Abdul-Mahdi, que anunciou sua saída na sexta-feira em meio a protestos violentos contra denúncia de corrupção e escassez de serviços públicos, falta de emprego entre outras demandas sociais.

Mas o caminho para substituir Abdul-Mahdi foi obscurecido por questões legais consideradas um "buraco negro na constituição", que não indica claramente qual o próximo passo. O Parlamento aprovou a renúncia sem votação. E os legisladores agiram com base na orientação do Supremo Tribunal Federal, porque as leis existentes não fornecem procedimentos claros.

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A constituição exige que o maior bloco do parlamento nomeie um candidato para a presidência dentro de 15 dias. Então o primeiro ministro designado tem 30 dias para formar um governo. Autoridades e especialistas alertaram para uma potencial crise política porque uma coalizão está longe de ser possível no país, já que não há maioria clara no parlamento.

Enquanto isso, manifestações contrárias ao governo seguem na capital do país. Ao menos um manifestante foi morto a tiros neste domingo e os acessos à Bagdá estão fechados, impedindo a circulação para um importante porto de escoamento de commodities ao sul do Iraque.

Fonte: Associated Press.

O Parlamento iraquiano aceitou, neste domingo (1º), a demissão do governo de Adel Abdel Mahdi, e o chefe da Assembleia anunciou que pedirá ao presidente da República que aponte um novo primeiro-ministro.

Esta votação acontece dois dias depois de Abdel Mahdi anunciar sua intenção de entregar o cargo. O anúncio veio logo depois de o grande aiatolá Ali Sistani, a maior autoridade xiita do país, exigir sua substituição após dois meses de manifestações. Os protestos prosseguiam neste domingo e já deixaram mais de 420 mortos.

Os protestos continuam nesta quarta-feira (27) no sul do Iraque, com bloqueios de estradas e o fechamento de escolas e inúmeras instituições, no dia seguinte a uma jornada violenta que resultou em pelo menos um morto e vários feridos.

O Iraque, um dos países mais ricos em petróleo do mundo, está mergulhado na pior crise social de sua história recente. Os manifestantes exigem a reforma do sistema político e a renovação total de sua classe dominante, que consideram corrupta e incompetente.

Esse movimento, o primeiro espontâneo em décadas, tem sido marcado pela violência, que deixou mais de 350 mortos desde 1º de outubro.

Depois dos disparos com munição letal que ocorreram pela primeira vez em plena luz do dia em Kerbala e que, segundo os médicos, causaram uma morte, as autoridades que administram os santuários da cidade sagrada xiita anunciaram o fechamento excepcional dos jardins de infância e escolas religiosas.

O fechamento de dois dias também se aplica às mesmas escolas em Najaf, a outra cidade sagrada xiita ao sul de Bagdá, e Al-Hilla, na província da Babilônia (sul).

Esta manhã, grandes colunas de fumaça preta foram observadas acima de Kerbala, visitadas todo os anos por milhões de xiitas de todo o mundo.

Os manifestantes cortaram várias estradas, incluindo a que leva à Babilônia, no sul, constatou um correspondente da AFP.

Em Diwaniya, mais ao sul, onde escolas e administrações também fecharam, os manifestantes montaram piquetes para impedir que as autoridades tentassem reabrir seus escritórios, de acordo com um correspondente da AFP no local.

Em Kut e Najaf, o setor público também permaneceu paralisado. Em Nasiriyah e Basra, regiões petrolíferas do extremo sul, uma manifestação bloqueou a filial local da companhia estatal de petróleo de Nasiriyah, mas sem afetar a produção nessas duas províncias.

Pelo menos um morto e dezenas de feridos foram registrados nesta terça-feira em Bagdá, enquanto várias cidades no sul do Iraque estão paralisadas por manifestantes que bloqueiam administrações e estradas com o objetivo de derrubar o poder, confirmaram correspondentes da AFP.

Um manifestante foi morto por balas de borracha da polícia, segundo médicos da capital, onde os manifestantes enfrentam a polícia escondida atrás de muros de concreto.

Outros 20 manifestantes ficaram feridos no mesmo lugar, nos arredores da ponte Al Ahrar, presos em uma nuvem de gás lacrimogêneo, perto da Praça Tahrir, epicentro do primeiro movimento de protesto espontâneo do Iraque após Saddam Hussein, que já causou cerca de 350 Morto em dois meses.

Nesta terça-feira, a violência se espalhou pelas cidades que, até agora, não haviam sido afetadas pelo movimento de protesto.

Em Kerbala, onde a violência é particularmente intensa, manifestantes e policiais jogaram coquetéis molotov após mais uma noite de combates, informou outro correspondente da AFP.

Até agora, os confrontos ocorreram apenas à noite na cidade sagrada xiita, mas nesta terça continuaram ao longo do dia.

Em Kut, Najaf, Amara e Basra, a desobediência civil continua a paralisar escolas e administrações, até agora nenhuma violência foi relatada, relataram correspondentes da AFP.

O Iraque, o segundo produtor da OPEP, foi vítima de sua primeira mobilização espontânea desde que uma invasão americana derrubou Hussein em 2003.

Os manifestantes exigem a reforma do sistema e de sua classe dominante, que consideram corruptos e incompetentes.

Quatro manifestantes morreram em Bagdá, em uma nova sexta-feira (22) de protestos no Iraque, onde a mais alta autoridade xiita pediu para que se modifique a lei eleitoral, a única reforma proposta pelo governo até agora e rejeitada pelas ruas.

Em quase dois meses de mobilização, mais de 340 pessoas perderam a vida, quase todos os manifestantes, em confrontos que agora estão concentrados no centro de Bagdá. Na capital, as ruas comerciais foram transformadas em um campo de batalha urbano.

Diante da pior crise social no Iraque pós-Saddam Hussein, o poder propôs uma série de auxílios sociais e uma reforma da lei eleitoral, que não toma forma no Parlamento.

E isso também não convence a multidão que sai às ruas e exige um novo sistema político, um expurgo dos "corruptos" e uma classe dominante completamente renovada.

Nesta sexta, na rua Rachid e em torno de três pontes que ligam a Praça Tahrir, o epicentro da mobilização e onde ficam as principais instituições do país, quatro manifestantes morreram, dois por tiros e duas por granadas, segundo fontes médicas.

Também houve registro de 30 feridos. Essas granadas são criticadas por serem de uso militar e dez vezes mais letais do que as usadas em manifestantes em outras partes do mundo.

- "Não vão mudar nada" -

Desde o início, em 1º de outubro, do primeiro movimento de protesto espontâneo no Iraque, mais de 15.000 pessoas ficaram feridas em Bagdá e no sul do país.

Em seu sermão semanal, o grande aiatolá Ali Sistani, que recentemente expressou seu forte apoio às reivindicações dos manifestantes sem perder a confiança dos líderes, retomou a questão da reforma da lei eleitoral.

Ele considerou que votar em uma reforma desse tipo era uma prioridade para sair dessa "grande crise".

O sistema eleitoral iraquiano, um dos mais complexos do mundo, é acusado de favorecer os grandes partidos, e seus líderes são criticados por impedir o acesso a novos políticos.

O projeto de lei apresentado pelo governo de Adel Abdel Mahdi ao Parlamento não parece responder às demandas de renovação dos manifestantes, nem da ONU, que pede melhorias neste texto.

O projeto ainda não foi submetido à primeira leitura no Parlamento.

"As novas eleições não mudarão nada: veremos os mesmos rostos e o mesmo governo", reclama Ahmed Mohammed, um manifestante na Praça Tahrir.

Nesta praça, leis e emendas constitucionais estão longe de agradar aos iraquianos, que exigem uma mudança radical.

- "Mentindo para nós" -

"Os líderes perderam toda sua legitimidade, suas propostas não nos representam. Queremos que o governo renuncie", diz Abu Ali, um manifestante de 32 anos.

Os manifestantes ocupam a praça emblemática dia e noite e montaram acampamentos em três pontes - Al-Jumhuriya, Senek e Al-Ahrar - que levam à Zona Verde, onde ficam o Parlamento, o gabinete do primeiro-ministro e embaixadas dos Estados Unidos e do Irã.

O grande vizinho iraniano é vaiado o tempo todo, e sua bandeira, queimada na praça pública por iraquianos que veem no Irã o arquiteto do sistema político corrupto do país.

Ao sul de Bagdá, importantes manifestações também ocorreram nas cidades de Hilla, Nasiriyah, Diwaniya, Najaf e Kerbala.

"Estamos determinados a continuar a mobilização até a renúncia do governo e a dissolução do Parlamento", diz Nasir al-Qassab, um chefe tribal que protesta em Kut.

"Rejeitamos essas propostas do governo, que mente para nós", conclui.

As forças de segurança do Iraque dispararam nessa quinta-feira (21) munição letal e cilindros de gás lacrimogêneo contra manifestantes em Bagdá, matando 4 pessoas e ferindo outras 48, disseram fontes médicas.

Mais de 300 pessoas foram mortas desde o início dos protestos contra o governo em Bagdá e no sul do Iraque, em outubro, os maiores desde a queda de Saddam Hussein, em 2003. O Iraque é um dos países mais corruptos do mundo, onde os cargos são distribuídos segundo as religiões e as etnias. (Com agências internacionais)

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Pelo menos 11 pessoas morreram e outras 12 ficaram feridas durante a repressão a dois protestos no Iraque entre domingo e esta segunda-feira, 4. No primeiro deles, na noite deste domingo, 3, quatro manifestantes foram mortos pela polícia em Kerbala, no sul do país, quando tentavam incendiar o Consulado do Irã, país apoiador do governo iraquiano.

No protesto desta segunda-feira, os manifestantes estavam a caminho da TV estatal Al-Iraqiya, na Praça Hafiz al Qadi, quando foram abordados pela polícia. No confronto, 7 deles foram mortos.

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Os protestos no Iraque foram retomados há 11 dias e essa foi a primeira vez que as forças iraquianas dispararam munições contra os manifestantes. Segundo dados oficiais, na primeira leva de protestos, que começou no dia 1° de outubro, 257 pessoas foram mortas. Manifestantes protestam contra a corrupção e a falta de serviços públicos no país.

No protesto em Kerbala, os participantes exibiram bandeiras iraquianas na parede do consulado e escreveram a frase "Kerbala livre, fora Irã".

"Eles querem nos matar, não nos dispersam, não disparam para o ar", disse um manifestante. "(As forças de segurança) protegem o consulado de um país estrangeiro enquanto pedimos apenas que nosso país seja livre."

Devido aos protestos, a maioria das escolas está fechada em Bagdá e no sul do país.

Manifestações no país

Em outras partes do Iraque, os atos também se multiplicam e vários sindicatos declararam uma greve geral. A estrada que leva ao Porto de Um Qasr foi bloqueada com blocos de cimento. No local, manifestantes escreveram a seguinte frase: "fechado por ordem do povo".

No porto, dezenas de navios saíram novamente sem poder deixar suas cargas. Em Amara, no sul, os manifestantes bloqueiam dois campos de petróleo administrados por empresas chinesas, a de Halfaya, a maior do país, e de Buzurgan.

A produção de petróleo não foi interrompida, mas vários funcionários não conseguem acessar as instalações. Em Samawa, as principais estradas e pontes foram cortadas e em Al Hilla e Nassiriya, no sul, quase todas as instituições públicas foram fechadas.

Nesta segunda, a ONG Human Rights Watch (HRW) denunciou que três iraquianos foram detidos por postar mensagens de solidariedade aos manifestantes de Bagdá e do sul do país no Facebook. Os presos moram em Anbar, que é uma grande região sunita perto da capital e na fronteira com a Síria. Até agora, a província está fora do protesto.

As autoridades decretaram o toque de recolher noturno em Bagdá, mas a ordem contribuiu para o aumento de manifestantes na Praça Tahrir./ COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um mês após o início das manifestações no Iraque para pedir "a queda do regime", novos bloqueios de estradas foram registrados neste domingo, enquanto as escolas e administrações públicas permaneciam fechadas para manter a pressão sobre o governo.

O movimento de protesto começou em 1º de outubro e foi marcado por confrontos entre policiais e manifestantes que deixaram oficialmente 257 mortos.

No entanto, desde 24 de outubro, as manifestações cada vez mais numerosas têm sido mais tranquilas, organizadas por estudantes e sindicatos.

Os manifestantes voltaram a pedir por um movimento de desobediência civil, enquanto os sindicatos de professores, engenheiros, médicos e advogados declararam uma greve geral que paralisa Bagdá e o sul do país.

As promessas do governo de reformar o sistema de contratação e previdenciário não enfraqueceram os protestos.

"Iniciamos uma campanha de desobediência civil porque estamos fartos das mentiras do governo e das supostas reformas", disse Mohamed Al Asadi, que se manifestava em Nasiriyah (sul), onde as principais estradas e pontes foram cortadas.

Em Bagdá, grupos de jovens manifestantes estacionaram seus carros cortando as estradas e houve protestos de estudantes e crianças saindo de escolas vazias em direção à Praça Tahrir, o epicentro da contestação, constataram jornalistas da AFP.

Em Diwaniya (sul), uma faixa na sede do conselho provincial dizia: "Fechado por ordem do povo".

Em Kut, ao sul de Bagdá, Tahsin Naser, um manifestante de 25 anos, disse à AFP que cortar estradas serve para enviar "uma mensagem ao governo". "Ficaremos nas ruas até a queda do regime e a partida dos corruptos e dos ladrões", acrescentou.

Em Al Hilla, na província da Babilônia, no sul de Bagdá, a maioria dos funcionários públicos está em greve, segundo um jornalista da AFP. Os manifestantes pedem que a greve seja mantida "até a queda do regime".

Em Basra, no sul do país, as escolas públicas não abriram pela primeira vez desde o início do movimento. E nas cidades xiitas sagradas de Kerbala e Najaf, mais e mais estudantes religiosos participam das manifestações.

Além disso, os manifestantes continuam bloqueando a estrada que leva ao porto de Um Qasr (sul), o que pode atrapalhar as importações, principalmente de alimentos.

O momento é histórico no Iraque porque, pela primeira vez desde a queda de Saddam Hussein, em 2003, um movimento de protesto é espontâneo e liderado pelos sindicatos.

Na época de Saddam, apenas manifestações de apoio ao presidente ou ao seu partido Baas eram autorizadas.

Após a invasão dos Estados Unidos que causou sua queda, as manifestações tornaram-se demonstrações de força dos diferentes partidos do país.

Mas como observa Harith Hasan, pesquisador do Carnegie Center, "a sociedade civil, após anos de autoritarismo do Baas e confessionalismo, recupera a vida".

No entanto, os manifestantes são ameaçados por campanhas de intimidação e violência, denunciadas pela comunidade internacional.

Houve ataques à mídia e blogueiros, além de sequestros de ativistas políticos. Neste domingo, a comissão governamental de direitos humanos anunciou o sequestro de Saba Mahdaui, um médico que distribuía remédios entre os manifestantes.

Na Praça Tahrir, os confrontos noturnos deixaram um morto e dezenas de feridos, segundo fontes médicas.

A polícia utiliza bombas de gás lacrimogêneo dez vezes mais potentes do que no resto do mundo, capazes de fraturar o crânio e os ossos, segundo a Anistia Internacional (AI).

Depois de uma semana de violentos protestos no Iraque, o presidente Barham Saleh defendeu nesta quinta-feira (31) a realização de eleições antecipadas e assegurou que o primeiro-ministro, Adel Abdelmahdi, está disposto a renunciar se houver um acordo entre as forças políticas para evitar um vazio de poder.

"Afirmo meu apoio a eleições antecipadas, com uma comissão eleitoral nova e independente, pois a legitimidade vem do povo", declarou Saleh em discurso à nação. Ele prometeu ainda que seu governo criará uma nova lei eleitoral e uma comissão com observadores independentes, incluindo da ONU, para impedir fraudes.

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Saleh assegurou que o premiê está disposto a apresentar sua demissão desde que as forças políticas cheguem a "um entendimento sobre um substituto, no marco da Constituição". O presidente disse que mantém reuniões com os movimentos populares e forças políticas para levar adiante "as reformas necessárias dentro do marco legal para proteger a estabilidade do Iraque".

Saleh se referia às reformas econômicas, políticas e sociais que os iraquianos vêm pedindo nas ruas desde o início de outubro, quando começou a primeira onda de protestos. Eles também protestam contra a corrupção e a falta de serviços públicos básicos. Mais de 250 pessoas morreram e milhares ficaram feridas desde o início dos protestos, que foram duramente reprimidos.

"A situação atual não pode continuar, necessitamos de reformas sérias e grandes mudanças", admitiu Saleh, após ter manifestado apoio às demandas da população. Não ficou claro, no entanto, quando as mudanças prometidas serão implementadas. O presidente também se manifestou sobre a violência registrada nas ruas entre manifestantes e as forças de segurança, que em uma semana deixou mais de 150 mortos e 5 mil feridos.

"Não é aceitável a repressão nem o uso da força e da violência", disse. Ele lembrou que é importante que as armas estejam exclusivamente nas mãos do Estado, referindo-se à existência de milícias que teriam se infiltrado nos protestos, em algumas ocasiões, para provocar a violência.

A ONG Anistia Internacional denunciou nesta quinta que cinco manifestantes morreram em Bagdá ao serem atingidos por bombas de gás lacrimogêneo "rompe-crânios" disparadas pelas forças de segurança e pediu ao governo iraquiano que deixe de usar esse tipo de arma. Segundo a ONG, esse tipo de granada, de origem búlgara ou sérvia, nunca tinha sido usada no Iraque e seu objetivo era "matar, não dispersar" os manifestantes. As bombas de gás lacrimogêneo, normalmente usadas pelas polícias do mundo todo têm entre 25 e 50 gramas, mas as que mataram os manifestantes pesam entre 220 e 250 gramas e seu impacto é dez vezes maior, segundo a Anistia. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O destino do primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdel Mahdi, estava nesta quarta-feira (30) nas mãos do Parlamento, que negocia sua renúncia, enquanto manifestantes reivindicam a queda do regime após protestos que deixaram pelo menos cem mortos na última semana.

Concentrados na Praça Tahrir, em Bagdá, e em várias cidades do sul, os manifestantes desafiaram o toque de recolher nas últimas duas noites e monitoram as manobras políticas, alertando que só aceitarão a saída total do governo.

O chefe dos paramilitares do Hachd al Shaabi no Parlamento, Hadi al Ameri, que até então apoiava Abdel Mahdi, declarou que concorda em trabalhar com o influente líder xiita Moqtada Sadr, que reivindica desde o início de outubro a renúncia do governo, que ele ajudou a formar há um ano.

Nesta quarta-feira, Al-Sadr pediu que Al Ameri tome uma decisão sob pena de "transformar o Iraque na Síria ou no Iêmen", onde protestos contra o governo desencadearam uma guerra civil.

Pelo menos cem pessoas morreram e 5.500 ficaram feridas na última semana de distúrbios e violência no Iraque, informou nesta quarta-feira a governamental Comissão de Direitos Humanos.

Esta cifra elevaria o balanço total desde o início das manifestações, em 1º de outubro, para 257 mortos e mais de dez mil feridos, a imensa maioria civis, segundo a Comissão.

- "O poder do povo" -

A situação de Abdel Mahdi, um político independente de 78 anos e sem base partidária ou popular, deve ser decidida no parlamento, em sessão aberta até nova ordem.

O Parlamento pediu na terça-feira seu comparecimento imediato, no que poderia se tornar uma sessão de perguntas e depois em voto de desconfiança, segundo vários deputados. Mas Abdel Mahdi não reagiu a essa recomendação até o momento.

O presidente Barham Saleh manteve diálogos com o presidente do Parlamento, Mohammed al-Hasbussi, e Ameri, segundo uma fonte declarou à AFP.

"Normalmente, quem detém o poder é o povo! Ele é que levou todos ao poder!", afirma Athir Malek, que chegou de Diwaniya, 200 km ao sul de Bagdá, para se juntar à multidão na praça Tahrir.

"Vão substituir Abdel Amhdi para levar alguém de outro partido que será parecido", disse este iraquiano de 39 anos.

"Queremos recuperar o país que roubaram de nós", acrescentou outro manifestante, Hussein Nuri, de 55 anos.

"Por causa deles faltam escolas e hospitais, por isso é necessário que todos renunciem e que se forme um governo de salvação nacional", disse Alaa Khdeir, de 63 anos.

Desde o início do movimento, em 1º de outubro, os manifestantes iraquianos não pararam de repetir que rejeitam qualquer manobra política.

Para eles, a queda do governo não é suficiente. É necessário renovar toda a classe política que chegou ao poder após a queda do ditador Saddam Hussein em 2003 e que não mudou desde então.

Eles dizem que querem acabar com o complicado sistema de distribuição de posições por confissão ou grupo étnico consumido pelo clientelismo e garantir que uma nova Constituição seja necessária.

Além disso, querem os "peixes grandes peixes da corrupção" devolvam o dobro do PIB do Iraque - segundo produtor da Opep - que, segundo eles, evaporou desde 2003 em um país considerado um dos mais corruptos do mundo.

- Pausa? -

Na Praça Tahrir, os manifestantes defendem a continuidade desse primeiro movimento social espontâneo pós-Saddam, mostrando sua determinação, apesar da violência.

Na quinta-feira passada, o protesto recomeçou com manifestações maciças, menos mortais e mais efetivas, e a paralisação de universidades, escolas e outras instituições. À noite, goram registrados atos de violência contra os quartéis-generais de partidos e milícias.

A renúncia ou demissão de Abdel Mahdi foi "vista como um ponto de virada pelos manifestantes", disse à AFP Maria Fantappie, do think tank do Crisis Group (ICG).

"Mas isso pode marcar uma pausa invés do fim do movimento", alertou.

Fantappie ressalta que "uma futura eleição com a mesma lei eleitoral traria as mesmas faces ao Parlamento e as mesmas negociações para encontrar um primeiro-ministro", em uma assembleia fraturada, cujos membros se acusam mutuamente de lealdade ao Irã, Estados Unidos, Arábia Saudita e Turquia.

O Guia supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, assegurou nesta quarta que os libaneses - cujos protestos resultaram na renúncia do primeiro-ministro - e os iraquianos têm reivindicações "justas", mas devem formulá-las "dentro da lei".

Um homem mascarado abriu fogo nesta terça-feira (29) contra manifestantes iraquianos na cidade sagrada xiita de Karbala, matando 18 pessoas e ferindo centenas, segundo as autoridades, em um dos ataques mais mortíferos do tipo desde o início dos protestos.

Os disparos começaram quando os iraquianos tomaram as ruas pelo quinto dia seguido de manifestações. Eles protestam contra a corrupção nos órgãos públicos iraquianos e a falta de serviços públicos, entre outras queixas.

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Ainda não se sabe quem está por trás do ataque. Os manifestantes afirmaram que não sabem se o homem mascarado era da polícia de choque, das forças especiais ou membro de milícias ligadas ao Irã.

O líder da província, Nassif al-Khutabi, negou que qualquer manifestante tenha sido morto, acrescentando que três membros das forças de segurança ficaram feridos.

Movimento ganha força

O movimento, que exige a "queda do regime", ganhou força na segunda-feira, 28, com a adesão de milhares de estudantes universitários e do ensino médio, que tomaram as ruas de Bagdá e de várias cidades do sul do país.

As autoridades anunciaram um toque de recolher de 0h às 6h, o qual os manifestantes desafiaram com buzinas e músicas reproduzidas em alto-falantes espalhados por toda a capital.

Desde segunda-feira, sindicatos de professores, advogados e dentistas anunciaram paralisações e greves por tempo indeterminado. Além disso, as administrações de várias províncias do sul estavam bloqueadas por grevistas.

Desde o início dos protestos, no dia 1.º de outubro, 240 pessoas morreram e mais de 8 mil ficaram feridas, de acordo com um balanço oficial. Em Bagdá, milhares de manifestantes caminhavam em direção a Praça Tahrir nesta terça-feira, um espaço ocupado desde quinta-feira passada. (Com agências internacionais).

As autoridades iraquianas não conseguiram impor um toque de recolher noturno em Bagdá, onde os manifestantes permaneciam nas ruas nesta terça-feira (29), enquanto a cidade sagrada xiita de Kerbala tentava se recuperar de uma noite de violência.

Ao menos um manifestante morreu durante a noite em Kerbala, anunciou a Comissão Governamental de Direitos Humanos. Tiros foram ouvidos nas imediações da sede do Conselho Provincial da cidade, que fica 100 km ao sul de Bagdá.

Desde o início dos protestos, em 1 de outubro, 240 pessoas morreram e mais de 8.000 ficaram feridas, de acordo com um balanço oficial.

Em Bagdá, milhares de manifestantes caminhavam em direção a praça Tahrir nesta terça-feira, um espaço ocupado desde quinta-feira (24).

O movimento, que exige a "queda do regime", ganhou força na segunda-feira com a adesão de milhares de estudantes universitários e do ensino médio, que tomaram as ruas de Bagdá e de várias cidades do sul do país. Muitos deles seguiram para a praça Tahrir.

As autoridades anunciaram um toque de recolher de meia-noite às 6H00, que os manifestantes desafiaram com buzinas e músicas reproduzidas em alto-falantes espalhados por toda a capital.

Desde segunda-feira, sindicatos de professores, de advogados e dentistas anunciaram paralisações e greves por tempo indeterminado. Além disso, as administrações de várias províncias do sul estavam bloqueadas por grevistas.

As manifestações contra o governo foram retomadas no Iraque com uma violência que deixou mais de 40 mortos nesta sexta-feira em Bagdá e no sul do país, onde a população protestou contra as instituições públicas, os partidos políticos e as facções armadas.

No começo de outubro, mais de 150 pessoas morreram em uma semana, quase todas manifestantes que pediam a "queda do regime". O movimento foi interrompido, mas na noite de quinta-feira renasceu na emblemática praça Tahrir de Bagdá.

Nesta sexta-feira, os manifestantes atacaram duas sedes de governo do sul do país, incendiando-as, e dezenas de sedes de partidos políticos e de facções armadas.

Mais da metade dos 42 manifestantes mortos foram vítimas de incêndios ou tiros em ataques contra grupos da poderosa coalizão de paramilitares Forças de Mobilização Popular, principal aliado do governo do primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi.

- Incêndios e ataques -

Durante o dia, o grande aiatolá Ali Sistani, a maior autoridade religiosa xiita do Iraque, pediu às forças de segurança e aos manifestantes "moderação" para evitar o "caos".

Na noite dessa sexta-feira, foram registrados incêndios e ataques em várias províncias do sul do país, onde se decretaram toques de recolher.

Em Bagdá, as forças de segurança lançaram bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral contra os manifestantes da praça Tahrir que tentaram entrar na Zona Verde, onde fica a sede o governo iraquiano e a embaixada dos Estados Unidos. Centenas de pessoas ficaram feridas.

Ao final do dia, milhares de manifestantes se concentravam na praça Tahrir. Na ponte Al Jumhuriya, perto da praça e que leva à Zona Verde, aconteceram alguns confrontos.

Três manifestantes morreram na cidade petrolífera de Basra, no extremo sul do país.

O Parlamento anunciou que se reunirá neste sábado para se ocupar das demandas dos manifestantes e avaliar as reformas sociais reivindicadas por Abdel Mahdi.

Os manifestantes pedem mudanças radicais: uma nova Constituição e uma classe política renovada no 12º país mais corrupto do mundo.

O grande aiatolá Sistani pediu, mais uma vez, reformas e que se enfrente a corrupção, uma das principais reivindicações dos manifestantes. No entanto, não criticou - como fez no caso de outros primeiros-ministros - o premier Adel Abdel Mahdi.

Sistani parece manter sua confiança em Abdel Mahdi, há um ano na frente do governo.

Um jovem manifestante com uma bandeira iraquiana declarou indignado que "são todos ladrões, mentem e prometem empregos e quando nos manifestamos, nos jogam gás lacrimogêneo".

Este movimento espontâneo é o primeiro desse tipo no Iraque, um país rico em petróleo que sofre de escassez crônica de eletricidade e água potável, onde 20% da população vive abaixo da linha da pobreza.

- "Minha parte de petróleo" -

"Quero minha parte de petróleo", disse um manifestante na praça Tahrir, enquanto 20% da população vive abaixo da pobreza, no país de maioria xiita.

As manifestações anteriores, geradas espontaneamente em 1 de outubro e que duraram até 6 de outubro, foram marcadas pela morte de 157 pessoas, em sua grande maioria manifestantes de Bagdá, segundo o balanço oficial.

A ONU denunciou "violações substanciais" dos Direitos Humanos por parte das forças de segurança.

O turbulento líder xiita Moqtada Sadr ameaçou enviar seus combatentes para "proteger" os manifestantes, o que despertou temores de uma eventual escalada da violência.

Como no começo de outubro, as convocações de protestos afetam a maioria das províncias do sul, xiitas e tribais, e não ao norte e no oeste, de maioria sunita e que há dois anos expulsou o grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

O Curdistão autônomo (norte) também se mantém à margem.

Dois manifestantes foram mortos nesta sexta-feira (25) em Bagdá, onde o movimento de contestação foi retomado após dias de luto pela morte no início do mês de mais de 150 pessoas, informou a Comissão para os Direitos Humanos do governo.

"Segundo relatórios preliminares, eles foram atingidos no rosto por uma granada de gás lacrimogêneo", afirmou à AFP Ali al-Bayati, membro da Comissão, acrescentando que quase cem manifestantes e membros das forças de ordem ficaram feridos.

Os agentes dispararam gás lacrimogêneo para dispersar milhares de manifestantes que se reuniram nos acessos à Zona Verde, onde estão os principais órgãos do governo e a embaixada dos Estados Unidos.

A onda de protestos deflagrada no início do mês foi marcada pela violência e deixou, entre 1º e 6 de outubro, 157 mortos, a maioria manifestantes, segundo números oficiais.

Na quinta-feira não houve registro de incidentes na capital iraquiana ou no sul do país.

O ministro do Interior, Yasin Al Yaseri, foi na noite de quinta à Praça Tahrir para garantir que as forças de segurança estavam presentes para "proteger" os manifestantes.

O governo de Adel Abdel Mahdi, no poder há um ano, decretou a mobilização geral das forças de segurança a partir da noite de quinta-feira.

Os protestos denunciam a corrupção e exigem empregos e serviços públicos de qualidade em um país rico em petróleo, mas onde falta eletricidade e água potável.

Moqtada Sadr, antigo líder de milícia e agora convertido em arauto dos protestos, convocou seus seguidores a ocupar as ruas e afirmou que seus combatentes estão preparados para "proteger os manifestantes".

Vencedor das eleições legislativas e integrante da coalizão de governo, Moqtada Sadr exige a demissão do gabinete e a antecipação das eleições.

Em uma recente demostração de força, combatentes das "Brigadas da Paz" de Sadr apareceram armados durante desfiles em seu bastião de Bagdá, conhecido como Sadr City.

"Quero minha parte do petróleo", disse à AFP uma manifestante na Praça Tahrir. Cerca de 20% da população iraquiana vive abaixo da linha da pobreza.

"Os supostos representantes do povo monopolizaram todos os recursos", gritou outro manifestante.

Manifestações também ocorreram durante a noite em várias cidades do sul do país, como no início de outubro.

Nesse contexto de tensão, o país aguarda com expectativa esta tarde um sermão proferido em nome do grande aiatolá Ali Sistani, a mais alta autoridade religiosa xiita do Iraque.

Há duas semanas, Ali Sistani deu ao governo até esta sexta-feira para esclarecer a violência e responder às demandas dos manifestantes.

Em resposta aos protestos, o primeiro-ministro Abdel Mahdi anunciou uma série de medidas, tornou públicas as listas de centenas de cargos públicos atribuídos a jovens graduados e prometeu pensões para as famílias dos manifestantes mortos como "mártires".

A população quer uma nova Constituição e a renovação total da classe política.

O governo ainda tem o apoio do poderoso Hashd al Shaabi, uma coalizão paramilitar dominada por milícias xiitas pró-iranianas. É o segundo bloco parlamentar e membro da coalizão governamental.

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