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O papa Francisco preside nesta Sexta-Feira Santa sua primeira Via Sacra, realizada no Coliseu romano, como líder da Igreja católica, instituição que deseja aproximar dos mais necessitados.

Francisco também participa da recitação da Paixão de Cristo - as últimas horas da vida de Jesus - na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Não se descarta que o primeiro Papa latino-americano carregue a cruz em alguma das 14 estações da Via Sacra que coroará as atividades desta Sexta-Feira Santa no Coliseu romano.

Este talvez seja um dos poucos atos da Semana Santa deste ano que leva a marca de seu antecessor, Bento XVI, que havia encarregado as meditações ao patriarca da Igreja maronita libanesa, Bechara Rai, e este encomendou a dois jovens a sua redação.

Trata-se de uma forma de destacar o drama vivido no Oriente Médio, com a guerra da Síria, mas também a difícil coexistência entre muçulmanos e cristãos, o crescimento do islã e a fuga de muitos cristãos da região diante da perseguição que sofrem, em particular no Egito.

A mensagem destas meditações encarregadas pelo agora Papa Emérito podem se centrar na defesa da vida, ameaçada por guerras, intolerância, opressão e também, segundo a Igreja, pelas leis (aborto, eutanásia) que não defendem suficientemente os direitos dos mais pobres.

Conceitos que Francisco, que constantemente se declara a favor da "proteção", assume plenamente.

Espera-se que estas celebrações, o clímax da Semana Santa, contem neste ano com uma presença de fiéis maior que o habitual pela curiosidade e pelo magnetismo despertados pelo novo Papa.

Francisco, o primeiro jesuíta que chega ao trono de Pedro, deixou claro em pouco mais de duas semanas de pontificado que deseja uma mudança desta milenar instituição, cuja imagem foi manchada nos últimos anos por lutas internas de poder, abusos sexuais de menores por sacerdotes ou pela atividade econômica nebulosa do banco do Vaticano.

No entanto, os analistas preveem que não será fácil alcançar seus objetivos, devido à resistência dos que preferem manter o status quo.

Talvez, a mensagem mais contundente tenha sido dada pelo Papa na Quinta-Feira Santa. Demonstrando a importância da proximidade com os mais necessitados, Francisco se dirigiu ao centro de detenção de menores de Roma, "Casal del Marmo", onde celebrou uma missa diante de quase cinquenta jovens - 35 meninos e 11 meninas de 14 a 21 anos - e lavou os pés de 12 deles em uma cerimônia que lembra a última ceia de Jesus com os doze apóstolos.

Ajoelhado no chão frio sobre um simples pano branco, Francisco lavou, secou e beijou os pés de dez meninos e duas meninas de diferentes nacionalidades detidos neste centro, dois deles muçulmanos, retirando esta cerimônia simbólica de seu ambiente habitual, a suntuosa basílica de São João de Latrão, na capital italiana, e de seus protagonistas habituais, os sacerdotes.

"Quem está no ponto mais alto deve servir aos outros", "ajudar os demais", disse o Papa, levando para o coração da Igreja de Roma um costume que, como cardeal, Jorge Mario Bergoglio costumava realizar na Argentina, sua terra natal.

O papa argentino Francisco reconheceu a crise de identidade que afeta os padres em todo o mundo e os pediu para evitar a tristeza e a servir com paixão "aos pobres" e "aos oprimidos", na primeira cerimônia da jornada desta Quinta-feira Santa que será concluída com uma visita a uma prisão para menores de Roma.

Diante de 1.600 religiosos, entre eles vários cardeais e bispos, reunidos na Basílica de São Pedro, o novo Papa deu sua visão da Igreja e exortou o clero a "sair de si mesmo", um princípio que repetiu em várias ocasiões desde que foi eleito pontífice no dia 13 de março.

Francisco criticou na homilia da missa crismal os sacerdotes "tristes", que acabam se tornando "intermediários" ou "gestores" e que não atuam com o coração. "Todos nós conhecemos a diferença: o intermediário e o gestor 'já têm seu pagamento', e já que não colocam em jogo a própria pele nem o coração, também não recebem um agradecimento afetuoso que nasce no coração", advertiu.

"Daí surge exatamente a insatisfação de alguns, que acabam ficando tristes e se tornam uma espécie de colecionadores de antiguidades ou até de novidades, em vez de serem pastores com 'cheiro de ovelha', pastores em meio ao seu rebanho, e pescadores de homens", explicou Francisco, com um estilo direto e claro.

Em sua homilia, o Papa latino-americano pediu aos sacerdotes que cheguem às "periferias, onde o povo fiel está mais exposto à invasão daqueles que querem saquear sua fé", afirmou.

As palavras e os gestos simbólicos do primeiro Papa latino-americano e jesuíta da história parecem ter mudado o Vaticano em quinze dias. Ele pediu que os prelados romanos se vistam "com a humilde casula". "Pode nos fazer bem sentir sobre os ombros e no coração o peso e a face de nosso povo fiel, de nossos santos e de nossos mártires", disse.

Pronunciadas da Basílica de São Pedro, suas palavras estremecem a hierarquia da Igreja e preocupam aqueles que temem as reformas. "É um Papa incômodo. Por enquanto, no Vaticano ele é visto com apreço, mas se continuar se comportando como um 'bispo pobre', vai começar a irritar os prelados mais conservadores", ressalta o vaticanista Marco Politi.

O desejo de transparência faz parte de um novo estilo, distante do comportamento tradicional dos papas, também manifestado por sua decisão de não morar "no momento" no luxuoso apartamento dos Papas dentro do palácio apostólico do Vaticano. "É sóbrio e não é exibido", afirma Politi.

Em sua homilia aos prelados o Papa jesuíta reiterou os princípios ilustrados por ele mesmo, quando era o simples cardeal argentino Jorge Bergoglio. "Quando a Igreja não sai de si mesma para evangelizar se torna autorreferencial e, então, fica doente" , advertiu o novo chefe da Igreja Católica.

Depois da homilia, o Papa abençoou os Santos Óleos usados para os sacramentos, como os batismos e para os enfermos. Durante a tarde o Papa celebrará uma missa na prisão para menores romana de Casal del Marmo, durante a qual lavará os pés de alguns jovens detentos, seguindo uma tradição se quando era arcebispo de Buenos Aires.

Segundo a "expressa vontade" de Francisco, a cerimônia será simples e a missa não será transmitida ao vivo pela televisão, respeitando seu estilo sóbrio.

O papa Francisco celebrou nesta quinta-feira uma cerimônia de Páscoa inédita em uma prisão de Roma, onde lavou os pés de detentos, incluindo jovens mulheres, indicou a Rádio Vaticano. Mantendo a cerimônia da época em que era arcebispo de Buenos Aires, o Papa argentino celebrou a última ceia de Cristo e seus discípulos com o tradicional lava-pés de pessoas humildes e em dificuldade, em uma cerimônia que não foi transmitida ao vivo pela televisão.

"Quem está no ponto mais alto deve servir aos outros", disse o Papa, que preside pela primeira vez como pontífice os tradicionais ritos da Semana Santa. "Isto é um símbolo e um gesto: lavar os pés quer dizer que estou a seu serviço", explicou o novo Papa a um grupo de cerca de 50 detentos de várias nacionalidades que participaram da missa.

"Pensem que com esta cerimônia de lava-pés você mostra que está disposto a ajudar os demais. Pensem que é como um carinho de Jesus, porque veio para isso, para nos ajudar", disse o pontífice, que lavou os pés de 12 jovens, entre eles duas meninas, uma católica e uma muçulmana.

A cerimônia foi acompanhada por cantos e música de violão e transmitida apenas pela emissora do Vaticano para proteger os detentos. Os demais ritos da Semana Santa serão realizados segundo a tradição.

O Papa participará também da Via Crucis em torno do Coliseu romano na sexta-feira à noite, que deve ser transmitida ao vivo por diversas redes de televisão de vários países.

Quaresma de 2013, cidade do Vaticano. Bento XVI renuncia, cardeais se reúnem e elegem Francisco. Em pouco mais de um mês, por coincidência ou providência divina, a depender de quem analisa os fatos, a Igreja Católica passou por mudanças que despertam a atenção porque, no calendário cristão, é justamente nesses quarenta dias que antecedem a Páscoa que os fiéis são convidados à conversão.

Eleição do Papa Francisco gera expectativa de mudanças na Igreja

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Segundo o catecismo da Igreja Católica, a conversão é um ato individual de reconciliação com Deus que deve "ressoar continuamente no coração dos batizados" e refletir na vida das comunidades. E é neste sentido que o arcebispo metropolitano de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, espera que a Igreja caminhe. "As mudanças devem começar prioritariamente em cada um de nossos corações. E assim esperamos um maior comprometimento com a fé, testemunhada na convivência comunitária e nas nossas ações pastorais", salientou o arcebispo.

As denúncias de padres envolvidos com pedofilia, brigas pelo poder dentro da Cúria Romana e problemas no banco do Vaticano foram alguns dos pontos levantados por críticos para apontar uma possível crise na Igreja. Mas, para a religiosa e teóloga Irmã Silde Coldebella, ao considerar os escritos da Bíblia e a história da instituição, é possível reconhecer que turbulências sempre existiram. "O grupo de Jesus passou por momentos difíceis. No tempo dele, os discípulos mandaram perguntar para Maria quem sentaria dos lados esquerdo e direito de seu filho. Essa disputa de poder, por exemplo, sempre aconteceu. Mas não podemos deixar de reconhecer que os problemas estão mais intensos. Inclusive, durante esses últimos dias, diversos cardeais deram entrevistas falando da necessidade de reformas", destacou.

O Concílio Vaticano II, que completa 50 anos em 2013, foi a última das grandes transformações realizadas ao longo da história da Igreja. Para a irmã Silde, ele significou uma das mais importantes "intuições do Espírito" que trouxe contribuições ainda não assimiladas por toda a Igreja. "Francisco deu uma grande demonstração de que devemos mudar. Nesses dias, ele chegou em uma capela privada do Vaticano e pediu que o altar ficasse voltado para o povo, uma das orientações desse documento, mas que não era praticada. O Papa tem demonstrado que devemos nos voltar para a nobre simplicidade, no caso da liturgia, por exemplo", considerou.

Para Saburido, a expectativa de mudança para a Igreja não é entendida como algo que acontece no tempo e vontade desejados pelo ser humano, mas segundo os desígnios de Deus. "Quem guia é o Espírito Santo. No caso da eleição do Santo Padre, todo mundo especulava quem seria. Já falavam vários nomes. Mas, de forma surpreendente, Deus nos apresentou Francisco", disse.

O Papa e o povo

Arcebispo acredita que catequese evite a evasão de fiéis

Segundo uma recente pesquisa do Instituto Pew Research Center sobre religiões, são quase 1,2 bilhão de fiéis católicos em todo o mundo e mais de 40% desses estão na América Latina. Mesmo sendo o território em que a Igreja Católica tem predominância, (um em cada quatro diz fazer parte da religião) houve um crescente aumento de seguidores dos movimentos pentecostais e neopentecostais, principalmente no Brasil, nas últimas décadas.

Para Dom Fernando, esse avanço se deu porque, durante um determinado período de tempo, as novidades chamaram a atenção de um grupo da população, mas, aos poucos, o abandono à instituição tem sido menor. "Percebemos que a formação, com uma catequese de qualidade, tem proporcionado uma maior convicção da fé em Cristo, por meio da Igreja. O Papa Bento XVI, por exemplo, lançou o Youcat, uma versão do catecismo para a juventude, faixa etária que precisa de subsídios para o seguimento sólido a Deus", reforçou.

Em 2007, durante a visita do Papa Bento XVI ao Brasil, bispos se reuniram na Conferência Episcopal Latino-Americana e elaboraram o Documento de Aparecida, em referência à cidade do interior de São Paulo onde foi produzido. Nele, a Igreja tenta reverter o quadro de perda de fiéis e traz orientações para uma nova ação evangelizadora, com destaque para as comunidades eclesiais de base que são uma forma diferenciada da estrutura atual da Igreja, formada por paróquias.

Nesse modelo, a Irmã Coldebella acredita que essa situação de conforto, em que os fiéis deixam apenas a condução da instituição nas mãos dos padres e bispos, possa acabar. "Precisamos deixar de ser clericais. É necessário que todos tenham consciência e assumam a responsabilidade pela vida da Igreja", afirmou.

Ela acredita ainda que o novo Papa venha impulsionar esse tipo de atitude. "Ao optar por Francisco, o Santo Padre assume um programa de vida, uma proposta para a conversão para os mais humildes. É uma oportunidade para lembrarmos que devemos 'rasgar' os corações e seguir o chamado de Jesus", considerou a freira.

As novas gerações da Igreja

Ainda não é possível traçar os caminhos que o novo Papa vai trilhar. Mas os primeiros sinais já despertam a atenção dos fiéis, entre eles, o estudante do terceiro ano de filosofia e seminarista José Vila Nova. Ele considera que não haverá mudanças drásticas, mas que Francisco deixará seu legado. "Na vida da Igreja, cada papa imprimiu a sua marca. E nós acreditamos que um vem arar para o outro plantar, ou um vem plantar para o outro colher, dando bases para uma progressão. E a prova de que não há ruptura e sim continuidade foi a atitude de Francisco. Ele, logo no início do pontificado, pediu orações ao seu predecessor", destacou o seminarista.

Dentro de alguns anos, Vila Nova será ordenado padre

Vila Nova, que dentro de alguns anos será ordenado padre, espera que as novas gerações sejam mais fiéis aos ensinamentos de Cristo. "Em alguns momentos, ficamos muito ligados aos aspectos institucionais, mas precisamos nos converter, dar testemunhos de coerência com o Evangelho, sendo homens proféticos, fazendo o que Deus nos pede", acrescentou.

Atualmente, Vila Nova faz parte de um grupo de 70 rapazes que se preparam no Seminário de Olinda para a vida dedicada ao serviço religioso. Para Dom Fernando, esse número, junto com o atual clero, não vai suprir a necessidade de pastores para conduzir a população do território da Arquidiocese, que engloba 20 municípios da região metropolitana. "Não podemos reclamar. Deus nos tem oferecido vocações e isso desmente alguns críticos que dizem que não há mais interesse dos jovens pelo sacerdócio ou pela vida consagrada, no caso das mulheres", disse.

Questionado sobre a possibilidade de ordenação feminina, Saburido não se mostrou contrário, mas afirmou que isso depende de reflexão. "Esse tema, assim como outros, sempre volta à tona. E com diálogo, no momento adequado, isso pode acontecer", explicou o arcebispo, destacando que, atualmente, homens casados já recebem ordenação diaconal e dão apoio às paróquias, realizando celebrações de alguns sacramentos.

O papa Francisco viajará à Argentina, seu país natal, em dezembro, informou nesta quarta-feira o jornal Clarín, citando fontes do Vaticano. "A anunciada visita do papa Francisco à sua terra, a Argentina, já tem data: a primeira quinzena de dezembro", indicou o jornal numa matéria enviada por seu enviado especial à Santa Sé.

Contudo, uma fonte do episcopado argentino, consultada pela AFP, disse que a informação "não pode ser desmentida nem confirmada, e não há nenhuma notícia oficial vinda do porta-voz do Vaticano". "As fontes também admitem uma visita do pontífice ao Chile e uma escala em Montevidéu", completou o diário Clarín.

A única viagem do Papa confirmada oficialmente será em julho ao Brasil, onde comandará a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), realizada de 23 a 28 de julho no Rio de Janeiro. "Se ele vier à Argentina, é possível que o faça em 8 de dezembro (dia de Nossa Senhora da Conceição)", disse à AFP outra fonte episcopal de Buenos Aires.

A viagem do Sumo Pontífice ao Brasil foi confirmada no último domingo durante a homilia do Domingo de Ramos, em Roma.

Em sua primeira Semana Santa como Papa, Francisco terá uma nova oportunidade de mostrar sua proximidade dos fiéis, participando do lava-pés em uma prisão romana à benção "Urbi et Orbi".

A multidão, tradicionalmente numerosa no Vaticano nesta que é uma das mais importantes celebrações da vida cristã, deverá ser ainda maior este ano, atraída pelo novo Papa que já conquistou seus fiéis com gestos espontâneos e estilo simples que marcaram as primeiras semanas de seu pontificado.

Francisco surpreenderá já na quinta-feira: o tradicional "lava-pés" em ocasião da Quinta-feira Santa não será celebrado na Basílica se São João de Latrão, mas em um centro de detenção para menores em Casal del Marmo, na periferia de Roma.

Sinal da importância que o Papa jesuíta dá à proximidade com os mais marginalizados, Francisco celebrará a missa, lavará os pés e se reunirá com uma dezena de jovens detidos. Com este gesto, o Papa lembra o de Jesus, que lavou os pés de seus discípulos em sinal de humildade.

O ex-arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio já tinha o hábito de celebrar este momento em uma prisão, hospital ou hospício para os pobres e marginalizados.

Em uma coletiva de imprensa, o porta-voz da Santa Sé, o padre Lombardi, não especificou se o Papa lavará os pés de jovens mulheres. Lavar os pés de mulheres, o que já foi feito pelo cardeal Bergoglio em Buenos Aires, pode ser mal interpretado pelos tradicionalistas.

Segundo a "vontade expressa" de Francisco, a cerimônia será "extremamente simples" e a missa não será exibida ao vivo.

Na mesma manhã, na Basílica de São Pedro, celebrará a missa crismal para centenas de padres. Será uma oportunidade para firmar os objetivos de seu pontificado. No ano passado, Bento XVI fez declarações sobre as divisões internas na Igreja durante esta mesma missa.

Outro momento significativo da Semana pascal, na sexta-feira, Francisco, após recitar no início da tarde a Paixão de Cristo na basílica do Vaticano, presidirá à noite a "Via Crucis" no Coliseu.

Enquanto que, no ano passado, Bento XVI, muito cansado e sentando no anfiteatro, ouvia as meditações de um casal italiano sobre os problemas da família contemporânea, Jorge Bergoglio deve participar da procissão.

Ele poderá carregar a cruz de madeira por pelo menos uma das 14 estações do percurso que representa o Calvário em Jerusalém, da condenação à morte de Jesus.

Antes mesmo de sua renúncia, as meditações foram encomendadas por Bento XVI ao Patriarca Maronita libanês Bechara Rai, que pediu a dois jovens libaneses para escrevê-las.

Essa é uma forma de ressaltar o drama do Oriente Médio, com a guerra na Síria, a difícil coexistência entre muçulmanos e cristãos, a ascensão do Islamismo e a fuga de muitos cristãos para o Ocidente.

Essas meditações devem se concentrar na defesa da vida, ameaçada por intolerância, guerras, opressão, mas também, de acordo com a Igreja, pelas leis (aborto e eutanásia) que não defendem de forma suficiente os direitos dos mais fracos. Essas concepções são defendidas por Francisco.

Sábado, Francisco continuará sua maratona desgastante com a Vigília Pascal, que celebra na noite de Páscoa a Ressurreição de Jesus. Um momento solene, pontuado por ritos milenares como as bênçãos da água e do fogo. Também é tradição que o Papa batize muitos adultos.

Domingo, dia das grandes multidões na Praça São Pedro, Francisco celebrará a missa de Páscoa antes de realizar da varanda central da basílica a bênção "Urbi et Orbi" ("à cidade e ao mundo").

No ano passado, o Papa Bento XVI desejou boa Páscoa em 65 línguas, do aramaico, língua falada por Jesus, ao kirundi, língua do Burundi.

O Papa Francisco decidiu ficar, até nova ordem, na residência de Santa Marta, no Vaticano, já que, segundo ele, precisa "estar junto a outros membros do clero", em vez de se mudar para o amplo apartamento pontifício, anunciou o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi.

"O apartamento pontifício está pronto (depois de sofrer pequenas reformas), mas o Papa permanecerá até nova ordem em Santa Marta", afirmou o porta-voz, que não especificou se o pontífice pensa instalar-se finalmente no apartamento oficial.

Por outra parte, a cidade de Roma, da qual o papa Francisco também é bispo, fez imprimir um milhão de bilhetes de ônibus com a imagem do pontífice, anunciou a sociedade de transportes da municipalidade Atac.

A imagem do novo papa, saudando de pé a multidão logo após sua eleição, está nestes bilhetes que serão vendidos por um tempo limitado nos ônibus e metrôs de Roma. Um milhão destes bilhetes será colocado à venda a partir de quarta-feira.

O objetivo da companhia é homenagear o papa, que é conhecido por usar os transportes públicos ao invés do carro oficial.

O Gourmet em Casa dessa semana é especial para a páscoa. Fomos até a cozinha do restaurante Patuá Delícias do Mar, em Olinda, comandado pelo Chef Alcindo Queiroz. Sempre muito simpático, Alcindo recebeu toda a equipe do programa e contou um pouco da sua formação em gastronomia, que ocorreu em Long Island (EUA).  O restaurante é conhecido por misturar cultura e gastronomia em um só lugar. "Quero um local onde a pessoa se sinta em casa quando chegar", comentou o chef.

Alcindo preparou um prato especial e "abençoado", como ele mesmo disse. O Peixe Franciscano é uma receita inédita e ganhou este nome em homenagem ao novo Papa, Francisco. É um prato fácil e rápido de fazer. Todos os ingredientes são facilmente encontrados e é uma ótima pedida para o almoço do domingo de Páscoa. Vamos à receita?

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Ingredientes do Peixe:

Filé de pescada amarela
Pimentões (verde, amarelo, vermelho)
Repolho Roxo
Maxixe
Tomate
Azeite
Azeitona Preta
Cebola (cortada em julienne - tirinhas)
Palmito
Sal e Pimenta para temperar

Modo de preparo:

Esquente o azeite em uma panela funda, de maneira que o peixe fique coberto pelo azeite. Depois de aquecido, coloque o peixe para dourar. Enquanto isso, coloque azeite na panela e refogue a cebola, os pimentões, o tomate, o repolho roxo, o maxixe, a azeitona preta e, para finalizar, o palmito. É importante que seja nessa ordem, porque, dessa maneira, todos os ingredientes ficam no ponto ideal.

Ingredientes para o Arroz Cremoso:

Arroz branco
Castanha
Leite Fresco
Cebola (cortada em brunoise - picadinha)
Creme de cebola
Manteiga

Modo de preparo:

Em uma panela funda, refogue a cebola na manteiga. Quando ela estiver dourada, colocar o creme de cebola. Misture e inclua o leite fresco e mexa. Acrescente o arroz branco simples e, por último, a castanha. Atenção, a castanha tem que ser o último passo para que não perca a crocância.

DICA: O Alecrim é uma ótima forma de decorar e dar sabor ao prato. Ao servir, coloque um galho da erva em cima do prato.

O Papa Francisco e seu predecessor, o Papa Emérito Bento XVI, mantiveram neste sábado, no palácio apostólico de Castel Gandolfo, uma conversa particular de 45 minutos, em um encontro inédito na história do catolicismo entre dois Papas. Bento XVI recebeu pessoalmente o novo Papa no heliporto da residência de veraneio papal e depois se reuniu com ele na biblioteca do palácio apostólico, segundo o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.

"O abraço no heliporto entre o Papa e o Papa emérito foi muito bonito", comentou Lombardi, confirmando que os dois usavam a batina papal branca.

Durante o encontro, o Papa emérito reiterou ao papa Francisco "sua reverência e obediência", e novo pontífice, por sua vez, manifestou seu "agradecimento próprio e de toda a Igreja pelo ministério desenvolvido por Bento XVI durante seu pontificado", informou o porta-voz.

No histórico encontro, os dois líderes religiosos rezaram na capela do palácio apostólico. "Papa Francisco quis que se sentassem juntos, no mesmo banco, para rezar. Ele disse: 'somos irmãos'", contou Lombardi, depois de explicar que o Papa emérito havia oferecido o posto de honra.

Na conversa privada na biblioteca, Francisco presenteou seu antecessor com uma imagem da "Virgem da humildade". "Francisco disse que escolheu esta virgem porque pensou nele e em todos os exemplos de humildade que deu durante seu pontificado", explicou Lombardi.

Inúmeras pessoas congregadas na pequena praça central do balneário aplaudiram quando o helicóptero trazendo o novo Pontífice sobrevoou a localidade. O objetivo era fazer com que os dois homens de branco - Ratzinger, Papa emérito desde 28 de fevereiro, continua a vestir uma batina branca - ficassem protegidos dos olhos da imprensa na tranquilidade da residência pontifícia de veraneio, mas algumas imagens foram divulgadas.

Os assuntos provavelmente discutidos são muitos em uma igreja de 1,2 bilhão de fiéis: a "nova evangelização", as perseguições contra os cristãos, a reforma da Cúria, as divisões internas, os escândalos envolvendo dinheiro e sexo, incluindo os terríveis casos de pedofilia.

Os dois sacerdotes devem falar do "Vatileaks", o caso dos vazamentos de documentos confidenciais, sobre o qual cardeais aposentados investigaram de forma paralela e prepararam um relatório que foi apresentado ao novo Papa.

Antes de renunciar, Bento XVI assegurou sua "obediência incondicional" ao futuro Papa e disse que iria se retirar do mundo. Anunciou que estaria ao lado do novo pontífice em oração e, segundo o Vaticano, estaria pronto para dar conselhos.

Os dois homens têm temperamentos completamente diferentes: enquanto Joseph Ratzinger se mostrava tímido diante da multidão, mesmo sendo caloroso em privado, Jorge Bergoglio é espontâneo, vai até as pessoas e as abraça.

O novo pontífice se distingue por um estilo informal e se mostra mais próximo dos pobres e da simplicidade. Ainda sim, é inflexível em sua doutrina. Sobre as questões da sociedade, Joseph Ratazinger e Jorge Bergoglio compartilham posições conservadoras, seja quanto ao casamento homossexual, o aborto ou a eutanásia.

Quanto aos sinais de simplicidade (anel de prata, etc) do novo Papa, sua importância não deve ser exagerada, segundo os vaticanistas. Bento XVI quis manter as tradições, mas viveu de forma simples.

Nos arredores do Vaticano, os cartazes e cartões postais com o retrato de Bento XVI tendem a perder espaço para os do sorridente Jorge Bergoglio e do midiático João Paulo II. Karol Wojtyla, beatificado em 2012, sete anos após sua morte, e que pode ser canonizado em breve, continua a ser o "gigante de Deus" aos olhos dos católicos.

A popularidade adquirida por Francisco em apenas uma semana e a insistência sobre seus gestos simbólicos de ruptura com as tradições podem ser vistas com maus olhos por uma parte do Vaticano, onde consideram injusto o aparente esquecimento do Papa alemão, indicam fontes informais, apesar de Francisco não perder a oportunidade de expressar seu "afeto" por seu predecessor.

"Este pontificado será enraizado nos ensinamentos de Bento XVI, que foi a principal força intelectual da Igreja nos últimos 25 anos. Sua herança continuará a influenciar este pontificado", considera Samuel Gregg, do instituto de pesquisa americano Aston.

Semelhanças podem ser traçadas entre os discursos dos dois papas, por exemplo sobre a necessidade de privilegiar aspectos positivos da doutrina ao invés das condenações.

De acordo com o jornalista alemão Peter Seewald, maior especialista de Joseph Ratzinger, "está claro desde o início que o novo Papa se inscreve nos passos de seu predecessor".

Ao jornal Corriere della Sera, Seewald afirmou que "Bento preparou o caminho (...) Ele é um grande admirador de São Francisco de Assis. Depois de São Bento (fundador do monaquismo ocidental), é Francisco de Assis que está em segundo lugar para ele: dois reformadores da Igreja, cada um em seu território, em seu caminho próprio".

"João Paulo II estabilizou o barco da Igreja na tempestade, Bento a purificou, deu instruções à tripulação e a recolocou no caminho certo. Agora Francisco irá ligar o motor para fazer a Igreja se mover", afirma Peter Seewald.

Quando se estabelecer em maio em um antigo monastério na colina do Vaticano, o Papa emérito estará a poucos passos do gabinete de Francisco. Uma coabitação inédita terá início, e os encontros serão possíveis nos jardins

O papa Francisco chegou hoje à residência papal no sul de Roma para um encontro extraordinário com o seu antecessor, o papa emérito Bento XVI, que o recebeu no heliporto e o conduziu até a sua biblioteca para uma conversa em particular e um almoço.

Do lado de fora, a praça principal de Castel Gandolfo estava repleta de pessoas que ansiavam por um vislumbre da história: dois papas partindo juntos o pão e supostamente discutindo o futuro da Igreja Católica. Elas gritavam "Francisco! Francisco!".

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Bento XVI está vivendo na casa de veraneio papal desde 28 de fevereiro, quando se tornou o primeiro papa a renunciar ao pontificado em 600 anos. Ele afirmou que planejava viver os seus últimos anos em oração e ficar "escondido do mundo." A dramática partida de Bento XVI naquele dia - deixando o heliporto nos jardins do Vaticano com o seu secretário chorando ao seu lado e circulando a Praça de São Pedro em um último adeus - é uma das imagens mais marcantes desta notável transição papal.

De modo a respeitar o desejo de Bento XVI, não há cobertura ao vivo do encontro pela televisão do Vaticano, apenas algumas fotos oficiais e talvez um vídeo seja divulgado depois da reunião. O porta-voz do Vaticano prometeu um comentário geral sobre o encontro, mas não um comunicado detalhado.

Tudo isso gerou especulações sobre o que os dois poderiam dizer um ao outro, depois de fazerem história juntos: a renúncia de Bento XVI abriu caminho para a eleição do primeiro papa latino-americano, o primeiro Jesuíta e o primeiro a escolher o nome Francisco, depois do frade do século 13 que se dedicou aos pobres, à natureza e à paz.

Depois de alguns meses em Castel Gandolfo, Bento XVI deve retornar ao Vaticano para viver em um monastério nos jardins do Vaticano, a uma curta distância da Basílica de São Pedro e ao santuário dedicado à Nossa Senhora, onde o papa Francisco rezou em um de seus primeiros passeios como papa. As informações são da Associated Press.

O Papa Francisco chegou neste sábado (23) a bordo de um helicóptero a Castelgandolfo, periferia de Roma, para visitar o Papa emérito Bento XVI, um encontro histórico e inédito na história do catolicismo entre dois Papas, um reinante e outro emérito. Os dois homens de branco - Ratzinger, Papa emérito desde 28 de fevereiro, continua a vestir uma batina branca - estarão protegidos dos olhos da imprensa na tranquilidade da residência pontifícia de Castel Gandolfo, perto de Roma.

Os assuntos a serem discutidos são muitos em uma igreja de 1,2 bilhão de fiéis: a "nova evangelização", as perseguições contra os cristãos, a reforma da Cúria, as divisões internas, os escândalos envolvendo dinheiro e sexo, incluindo os terríveis casos de pedofilia. os dois sacerdotes devem falar do "Vatileaks", o caso dos vazamentos de documentos confidenciais, sobre o qual cardeais aposentados investigaram de forma paralela e prepararam um relatório que foi apresentado ao novo Papa.

Antes de renunciar, Bento XVI assegurou sua "obediência incondicional" ao futuro Papa e disse que iria se retirar do mundo. Anunciou que estaria ao lado do novo pontífice em oração e, segundo o Vaticano, estaria pronto para dar conselhos.

Os dois homens têm temperamentos completamente diferentes: enquanto Joseph Ratzinger se mostrava tímido diante da multidão, mesmo sendo caloroso em privado, Jorge Bergoglio é espontâneo, vai até as pessoas e as abraça.

O novo pontífice se distingue por um estilo informal e se mostra mais próximo dos pobres e da simplicidade. Ainda sim, é inflexível em sua doutrina. Sobre as questões da sociedade, Joseph Ratazinger e Jorge Bergoglio compartilham posições conservadoras, seja quanto ao casamento homossexual, o aborto ou a eutanásia.

Quanto aos sinais de simplicidade (anel de prata, etc) do novo Papa, sua importância não deve ser exagerada, segundo os vaticanistas. Bento XVI quis manter as tradições, mas viveu de forma simples.

Nos arredores do Vaticano, os cartazes e cartões postais com o retrato de Bento XVI tendem a perder espaço para os do sorridente Jorge Bergoglio e do midiático João Paulo II. Karol Wojtyla, beatificado em 2012, sete anos após sua morte, e que pode ser canonizado em breve, continua a ser o "gigante de Deus" aos olhos dos católicos.

A popularidade adquirida por Francisco em apenas uma semana e a insistência sobre seus gestos simbólicos de ruptura com as tradições podem ser vistas com maus olhos por uma parte do Vaticano, onde consideram injusto o aparente esquecimento do Papa alemão, indicam fontes informais, apesar de Francisco não perder a oportunidade de expressar seu "afeto" por seu predecessor.

"Este pontificado será enraizado nos ensinamentos de Bento XVI, que foi a principal força intelectual da Igreja nos últimos 25 anos. Sua herança continuará a influenciar este pontificado", considera Samuel Gregg, do instituto de pesquisa americano Aston.

Semelhanças podem ser traçadas entre os discursos dos dois papas, por exemplo sobre a necessidade de privilegiar aspectos positivos da doutrina ao invés das condenações.

De acordo com o jornalista alemão Peter Seewald, maior especialista de Joseph Ratzinger, "está claro desde o início que o novo Papa se inscreve nos passos de seu predecessor".

Ao jornal Corriere della Sera, Seewald afirmou que "Bento preparou o caminho (...) Ele é um grande admirador de São Francisco de Assis. Depois de São Bento (fundador do monaquismo ocidental), é Francisco de Assis que está em segundo lugar para ele: dois reformadores da Igreja, cada um em seu território, em seu caminho próprio".

"João Paulo II estabilizou o barco da Igreja na tempestade, Bento a purificou, deu instruções à tripulação e a recolocou no caminho certo. Agora Francisco irá ligar o motor para fazer a Igreja se mover", afirma Peter Seewald.

Quando se estabelecer em maio em um antigo monastério na colina do Vaticano, o Papa emérito estará a poucos passos do gabinete de Francisco. Uma coabitação inédita terá início, e os encontros serão possíveis nos jardins

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse nesta sexta-feira que "há muita chance" de o papa Francisco acrescentar uma visita a Brasília no roteiro da viagem ao Rio de Janeiro que, extraoficialmente, já inclui Aparecida (SP).

O pontífice deverá passar seis dias no País, entre os dias 22 e 28 de julho, para participar da Jornada Mundial da Juventude e já há toda uma agenda para ele cumprir, que inclui visitas a uma favela, ao Cristo Redentor e à ala de um hospital reservada para dependentes químicos.

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Ligado aos movimentos sociais da Igreja Católica, Carvalho é um dos ministros mais próximos da presidente Dilma Rousseff e a acompanhou na viagem a Roma. Para o ministro, a "informalidade e simplicidade" do novo papa deverão atrair um número ainda maior de jovens ao Rio. A previsão da Arquidiocese do Rio é de que o encontro reúna 2 milhões de fiéis. Segundo Carvalho, há um plano para facilitar a passagem dos estrangeiros pelas fronteiras do País e o controle de imigração dos aeroportos.

O Papa Francisco, quando esteve a cargo da ordem jesuíta na Argentina em 1975, salvou a vida do padre espanhol José Caravias, radicado atualmente no Paraguai, e a de outros dois religiosos, ameaçados de morte em Buenos Aires pelo grupo paramilitar "Triple A", revelou o padre à AFP. "Quando o responsável pela ordem, que era Bergoglio, me disse: 'Tenho notícias de que a Triple A decretou sua morte e a de (o húngaro Francisco) Jalics. Eu considerei que não valia a pena você dar uma de herói", disse Caravias em uma entrevista concedida em sua residência, a paróquia Cristo Rei de Assunção.

"Eu já tinha sido expulso do Paraguai em 1972. Conhecia a ferocidade da ditadura. O Jalics se fez de valente e ficou em Buenos Aires, e quase perdeu a vida. Não quis ir e passou por maus momentos. Foi muito torturado. Bergoglio o salvou. Se empenhou em averiguar onde estava. Se não tivesse ido em busca dele, o teriam matado. Também salvou o argentino Orlando Yorio", continuou.

Yorio faleceu em 2000.

"Posso dar meu testemunho da advertência que fez a mim e a Jalics, mas não o de Yorio", esclareceu Caravias. "Nós dois trabalhávamos nas favelas" da capital argentina.

O religioso relatou que eles tinham sido informados da violência a que tinham sido submetidos outros padres. "Por isso, digo que Bergoglio salvou a minha vida, porque conseguiu me avisar a tempo", afirmou.

"Eles haviam matado vários sacerdotes nos meses anteriores, um deles, o padre Mauricio Silva. Eles o mataram com tortura. A coisa não era brincadeira", disse.

Ao se referir ao caso de Silva, Caravias afirmou: "Eles o levaram de carro. Não conseguimos saber para onde tinha sido levado", contou.

"Depois de vários meses o soltaram na porta de um hospital, moribundo, fraco. E lá morreu. Foi muito torturado", relatou o sacerdote.

Caravias lembrou que quando estava na casa de seus familiares em Málaga (Espanha) recebeu a tarefa de viajar para o Equador, para onde Bergoglio de Roma o enviou para trabalhar com indígenas. "Fiquei no Equador por 14 anos".

No Paraguai, Caravias trabalhava para organizar os camponeses em cooperativas. "Um dia me colocaram em uma caminhonete da polícia e me deixaram em Clorinda (Argentina). Não esqueço a data. Era dia 5 de maio de 1972", disse.

"Lá fui trabalhar com operários da província do Chaco argentino. Formamos um sindicato de madeireiros, gente muito explorada, muito maltratada. De lá fui expulso com ameaças de morte e fui parar em Buenos Aires", declarou.

Ele disse que podia dar meu testemunho do que o então padre Bergoglio fez na época, considerando uma "calúnia terrível" a versão de que o antigo responsável pela ordem jesuíta argentina teria supostamente denunciado seus companheiros.

"Graças a Bergoglio estou vivo", disse Caravias com convicção.

O padre jesuíta, autor de cerca de 40 livros e ensaios ligados à área social, se disse socialista e atribuiu as "calúnias" contra o Papa ao "grande capitalismo internacional".

"Querem sujá-lo. É muito perigoso para eles que um Papa denuncie a pobreza mundial", enfatizou.

Caravias afirmou que o "capitalismo" considera uma afronta o fato de que o Sumo Pontífice tenha adotado o nome Francisco, em homenagem a São Francisco de Assis, "o rico que preferiu viver como pobre".

Franz Jalics, um dos missionários jesuítas sequestrados pela junta militar argentina nos anos 1970, garantiu que o Papa Francisco não o denunciou.

As declarações do jesuíta chegam depois que a atitude naquela época do soberano pontífice foi colocada em xeque.

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O missionário "Orlando Yorio e eu mesmo não fomos denunciados pelo padre Bergoglio", agora papa Francisco, afirmou Jalics em uma declaração publicada no site da ordem jesuíta alemã.

"É falso afirmar que nossa detenção foi provocada pelo padre Bergoglio", acrescentou Jalics.

O padre Franz Jalics, de origem húngara e que vive na Alemanha desde o fim dos anos 1970, também afirma que durante muito tempo pensou, de maneira injustificada, que havia sido denunciado.

"Antes, acreditava que havíamos sido vítimas de uma denúncia", continuou. "Mas, no fim dos anos 1990, após várias discussões, percebi que esta suspeita era injustificada", explicou Jalics.

O missionário jesuíta também contou que, após sua prisão, o oficial encarregado de interrogá-lo pensou que era um espião russo ao ver em seus documentos de identidade que havia nascido em Bucareste.

Os dois missionários jesuítas, sequestrados e presos no dia 23 de março de 1976, foram detidos e torturados na Escola Superior de Mecânica da Armada (ESMA), antes de serem liberados, cinco meses depois.

O Papa Francisco não foi cúmplice da ditadura argentina (1976-1983), assegurou nesta quinta-feira, em Roma, o argentino Adolfo Pérez Esquivel, prêmio Nobel da Paz e renomado militante dos direitos humanos. "O Papa não teve nada a ver com a ditadura. Não foi cúmplice da ditadura, não colaborou com ela. Preferiu uma diplomacia silenciosa, de pedir pelos desaparecidos, pelos presos", afirmou Pérez Esquivel em coletiva de imprensa realizada ao final de uma reunião com o pontífice argentino no Vaticano. "Dentro da hierarquia católica argentina houve, sim, alguns bispos cúmplices com a ditadura, mas não Bergoglio", acrescentou o ativista.

"Houve poucos bispos que foram companheiros de luta contra a ditadura", reconheceu Pérez Esquivel, que foi recebido pelo Papa em sua biblioteca particular no palácio apostólico. "Foi um reencontro muito emotivo, apesar de já nos conhecermos", contou, depois de assegurar que conversou com o pontífice argentino diferentes temas e, em particular, sobre a defesa dos direitos humanos. "O Papa disse com clareza que é preciso buscar a verdade, a justiça e a reparação", assegurou o Nobel da Paz 1980.

Conhecido pela sistemática denúncia dos horrores da ditadura, que lhe valeram o Prêmio Nobel da Paz em 1980, Pérez Esquivel reiterou que "de nenhum ponto de vista se pode ligar o papa Francisco à ditadura".

Durante o encontro, Francisco e Pérez Esquivel também falaram sobre pobreza e meio ambiente, informou o conhecido defensor dos direitos humanos, que espera que o novo pontífice conte com uma equipe de colaboradores que o ajudem a encarar as grandes dificuldades da Igreja em todo o mundo.

Ele sugeriu que Francisco se inspire em teólogos da libertação, como o falecido bispo brasileiro Helder Câmara. "Esperamos que seja uma renovação positiva para toda a Igreja e não apenas para a América Latina", assegurou Pérez Esquivel.

--- Missionário descarta cumplicidade ---

Da Alemanha, outra voz importante também descartou nesta quina-feira qualquer vínculo do Papa com a detenção de padres jesuítas pelo regime militar.

Franz Jalics, um dos missionários jesuítas sequestrados pela junta militar argentina nos anos 1970, garantiu que o papa Francisco não o denunciou.

"O missionário Orlando Yorio e eu mesmo não fomos denunciados pelo padre Bergoglio", agora papa Francisco, afirmou Jalics em uma declaração publicada no site da ordem jesuíta alemã.

"É falso afirmar que nossa detenção foi provocada pelo padre Bergoglio", acrescentou Jalics.

O padre Franz Jalics, de origem húngara e que vive na Alemanha desde o fim dos anos 1970, também afirmou que, durante muito tempo pensou, de maneira injustificada, que havia sido denunciado.

"Antes, acreditava que havíamos sido vítimas de uma denúncia", continuou. "Mas, no fim dos anos 1990, após várias discussões, percebi que esta suspeita era injustificada", explicou Jalics.

O missionário jesuíta também contou que, após sua prisão, o oficial encarregado de interrogá-lo pensou que era um espião russo ao ver em seus documentos de identidade que havia nascido em Bucareste.

Os dois missionários jesuítas, sequestrados e presos no dia 23 de março de 1976, foram detidos e torturados na Escola Superior de Mecânica da Armada (ESMA), antes de serem liberados, cinco meses depois.

O Vaticano já chamou de caluniosas e difamatórias as acusações de que o então jesuíta Jorge Bergoglio não teria feito o suficiente para proteger os padres sequestrados e torturados pela ditadura.

O Papa Francisco recebeu nesta quarta-feira, no Vaticano, representantes das igrejas cristãs e de outras religiões, e lhes prometeu respeito e amizade, alertando para os perigos de reduzir o homem "ao que ele produz e consome".

"A Igreja Católica tem consciência da importância da amizade e do respeito entre os homens e mulheres das diferentes tradições religiosas", declarou o Papa no encontro na sala Clementina do palácio apostólico aos líderes religiosos, entre eles o patriarca ortodoxo grego Bartolomeu I.

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Foi a primeira vez desde 1054 que o patriarca de Constantinopla assiste a entronização de um pontífice.

Francisco também saudou os representantes das Igrejas protestantes ocidentais, ressaltando "a unidade entre todas as pessoas que creem em Cristo" e a necessidade de uma "leal colaboração" entre todas as confissões cristãs.

Líderes das comunidades judaica, muçulmana, budista, jain e skin também estiveram presentes.

Em seu discurso, o Papa pediu "que não prevaleça uma visão humana que reduz o homem ao que produz e ao que consome".

"Este é um dos perigos de nosso tempo", reconheceu Francisco, que enquanto arcebispo de Buenos Aires fez várias críticas às consequências da globalização".

"Temos de estar próximos aos homens e às mulheres que, mesmo que não se reconheçam em nenhuma tradição religiosa, estão à procura da verdade, bondade e a beleza de Deus", declarou.

À delegação judaica, composta por 16 pessoas, o Papa ressaltou o "laço espiritual" que une os cristãos aos judeus.

"Aprecio vossa presença e a vontade de cooperar para o bem da humanidade", disse, ressaltando a importância de uma "coexistência pacífica entre as religiões".

Agradeço também a participação de todas as outras tradições religiosas e, sobretudo, os muçulmanos que invocam assim a misericórdia de Deus", afirmou o Papa.

Em sua visão, a mensagem que as diferentes religiões têm em comum é a de "manter viva a sede do absoluto".

Mais de 130 delegações de países, entre elas vários chefes de Estado e líderes religiosos, assistiram na terça-feira a missa de inauguração do prontificado do primeiro Papa jesuíta e latino-americano.

Entre os primeiros gestos do Papa Francisco em direção ao ecumenismo está a decisão de enviar uma carta ao rabino de Roma na qual deseja "poder contribuir ao progresso das relações entre judeus e católicos conhecidas a partir do Concílio Vaticano II, em um espírito de colaboração renovada".

A relação entre Francisco e os judeus já é conhecida. Junto ao rabino argentino Abraham Skorka, o então cardeal Jorge Bergoglio escreveu o livro "Sobre o céu e a terra" (2010), no qual os dois dialogam sobre o divino e o humano.

O Papa Francisco confirmou nesta quarta-feira que participará da Jornada Mundial da Juventude, em julho, no Brasil, informou a presidente Dilma Rousseff depois de se encontrar com o pontífice por meia hora no Vaticano.

O Papa "disse que espera uma presença grande dos jovens", explicou Dilma em declarações à imprensa brasileira após a reunião.

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A Jornada Mundial da Juventude será realizada no Rio de Janeiro de 23 a 28 de julho e pode ser o primeiro grande evento internacional de massas do pontífice.

Dilma informou que o Papa também pretende visitar a basílica de Aparecida, o maior santuário do Brasil, em São Paulo, onde já esteve em 2007 durante uma visita de seu antecessor Bento XVI em uma reunião de bispos latino-americanos.

"Disse que vai a Aparecida depois" da Jornada, explicou Dilma.

A presidente e o Papa conversaram sobre o combate à pobreza e às drogas e sobre o crack, esclareceu, citada pela Agência Brasil.

Dilma, que disse que ambos conseguiram se entender em "portunhol", elogiou o carisma e o compromisso com os pobres do novo pontífice e destacou que ele se declarou comovido com a morte de 241 jovens no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, no dia 27 de janeiro.

Interrogada por um jornalista argentino ao sair da reunião, a presidente chegou a brincar dizendo que "Deus é Brasileiro".

"Vocês argentinos têm muita sorte, têm um grande Papa. Nós sempre dizemos: o Papa é argentino, mas Deus é brasileiro", brincou Dilma.

Na terça-feira, Dilma havia falado sobre suas expectativas para a Jornada e para a presença do novo pontífice.

"Acredito que será o maior evento que o Papa assistirá, esperamos uma multidão de católicos. Nós os receberemos da melhor maneira, como sempre. Este será o tema central de nosso encontro", afirmou à imprensa.

"Este é um Papa que fala aos mais frágeis, aos jovens, aos idosos e aos que precisam de ajuda", completou.

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Durante celebração na Praça de São Pedro, no Vaticano, na última terça-feira (19), o Papa Francisco falou sobre bondade, ternura e esperança. O discurso do Santo Padre aconteceu na primeira homilia de seu pontificado, uma reflexão após as leituras do Antigo e do Novo Testamento.

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O Papa Francisco ainda pediu que os fiés lutassem pela paz e pela defesa do meio-ambiente. Assista a trechos da homilia do pontífice na reportagem da AFP.

O Papa Francisco conversou nesta quarta-feira por meia hora no Vaticano com a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, informou a secretaria de imprensa do Vaticano.

O encontro aconteceu na biblioteca privada do palácio apostólico. O Vaticano não informou os temas abordados.

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A presidente compareceu na terça-feira, na Praça de São Pedro, à missa de inauguração do pontificado do primeiro pontífice latino-americano.

Dilma Rousseff antecipou à imprensa que abordaria a visita prevista do novo pontífice ao Rio de Janeiro, de 23 a 28 de julho, para presidir a Jornada Mundial da Juventude.

"Acredito que será o maior evento que o Papa assistirá, esperamos uma multidão de católicos. Nós os receberemos da melhor maneira, como sempre. Este será o tema central de nosso encontro na quarta-feira", afirmou a presidente na terça-feira à imprensa.

"Este é um Papa que fala aos mais frágeis, aos jovens, aos idosos e aos que precisam de ajuda", completou.

O Papa deveria confirmar a Dilma Rousseff a viagem ao Brasil e não está descartado que aproveite a oportunidade para visitar também a Argentina, seu país natal.

O Brasil é o país com o maior número de católicos do mundo: 123 milhões.

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O Papa Francisco recebeu, na última terça-feira (19), em missa solene na Praça de São Pedro, no Vaticano, o anel do Pescador, símbolo da autoridade papal. A jóia, de prata dourada, está sendo usada pelo pontífice na mão direita.

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Durante a celebração, o Santo Padre também recebeu o pálio, uma estola de lã, com cruzes vermelhas, que pertenceu ao papa emérito Bento XVI. Confira mais detalhes sobre os símbolos do poder do Papa na reportagem da AFP.

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