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O Palácio do Planalto recebeu, quase simultaneamente, duas notícias na tarde desta quarta-feira, 17: uma boa e uma ruim. De um lado a recondução de Leonardo Picciani para a liderança do PMDB da Câmara e de outro o rebaixamento do rating do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poors. Interlocutores da presidente, entretanto, tentaram minimizar "a surpresa negativa" e exaltar o que consideraram "importante vitória do governo" sobre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), que apoiava o deputado Hugo Motta (PMDB-PB).

A avaliação é que a recondução de Picciani é um importante passo para conseguir reverter as dificuldades da situação econômica e política, ressaltados pela S&P. "É importante mostrar que o governo continua trabalhando pelo ajuste e agora com a manutenção de Picciani vai conseguir se manter focado na busca da retomada do crescimento", afirmou uma fonte do Palácio. "Com a situação política mais calma, a economia vai melhorar", completou.

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Uma das queixas ouvidas foi que o rebaixamento veio apenas cinco meses após a mesma agência ter tirado o grau de investimento do Brasil, decisão que acabou sendo seguida por outras agências. Além disso, assessores palacianos lembram que, de lá pra cá, o governo não teve tempo hábil de colocar em prática as medidas econômicas desejadas, principalmente porque o Congresso esteve em recesso por 40 dias e não houve votações de medidas importantes da área econômica.

Após derrotar Hugo Motta (PB), candidato apoiado por Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por 37 votos a 30, o líder reeleito do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), disse que buscará diálogo com o presidente da Câmara.

Picciani minimizou a derrota sofrida por Cunha na tarde desta quarta-feira, 17. O presidente da Câmara havia se engajado profundamente na campanha de Motta e, ao contrário do ano passado, foi ao plenário votar. "Aqui não tem derrotados, nem vencidos nem vencedores. Aqui, a vitória é de toda bancada do PMDB que vai, respeitando as suas divergências, caminhar junta no ano de 2016", afirmou Picciani.

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Questionado sobre a quem, ele ou Cunha, cabe buscar o tal diálogo, ele tomou para si a responsabilidade. "(Cabe) a todos os membros da bancada. O líder tem o papel de ser o catalizador disso e cumprirei com este papel", disse Picciani.

O líder reeleito com apoio do Palácio do Planalto disse que o resultado estava dentro do esperado, muito embora, na véspera, contabilizava um mínimo de 42 votos. Dois deputados não votaram hoje. "Tivemos uma maioria significativa. Agora é construir. Já falei com o deputado Hugo Motta. Vamos trabalhar a unidade da bancada", afirmou. Ele nega que tenha sido auxiliado pelo governo federal.

Caberá a Picciani, contrário ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, indicar os representantes do PMDB que comporão a comissão que analisará o impedimento da petista. Ele disse que fará uma composição equilibrada. "Indicaremos na comissão do impeachment todas as correntes de pensamento do partido. No momento em que for chamado, faremos. Não há nenhuma dúvida de que todos estarão representados na comissão", afirmou Picciani.

Após a vitória, Leonardo Picciani recebeu telefonemas de felicitações. Uma das ligações foi do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), seu aliado. Mas aliados de Cunha também fizeram questão de felicitar o novo líder. Foi o caso de Manoel Júnior (PB), que acompanhou a entrevista coletiva atrás do líder e o abraçou em seguida.

Candidato à recondução ao cargo de líder do PMDB na Câmara, o deputado Leonardo Picciani (RJ) chegou na manhã desta quarta-feira, 17, esbanjando confiança na votação marcada para as 15h. Nos cálculos do fluminense, mais de 40 deputados devem votar nele. "Tenho convicção e muita confiança de que vamos conseguir ter uma boa vitória - e expressiva - na votação de mais tarde", declarou.

Com a presença do ministro da Saúde, Marcelo Castro (PI), que deixou o cargo hoje para assumir o mandato e garantir voto a Picciani, a bancada do PMDB deve chegar a 71 deputados.

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Picciani disse não acreditar em grandes traições porque a bancada é formada por políticos experientes. Ele disse considerar arriscado falar em traições, em "troca de camisas", porque recebeu apoios publicamente. "Não acredito que nenhum deputado do PMDB precise votar envergonhado, precise ter vergonha da sua posição. A bancada do PMDB tem mais afeição a Tiradentes do que a Joaquim Silvério dos Reis", respondeu.

Sobre a vinda de Castro, Picciani agradeceu o apoio e disse que o movimento não é de preocupação com a margem de votos. Para ele, como Castro é o único peemedebista do Piauí, é natural que ele queira participar da votação, que só acontece uma vez ao ano. "Não se trata de nenhum movimento de preocupação com o resultado numérico da votação", garantiu. Picciani concorre com Hugo Motta (PB), que tem o apoio do presidente da Casa, Eduardo Cunha (RJ).

A movimentação de carros que chegavam e partiam era intensa no final da noite de terça-feira (16), diante do prédio funcional em que mora o deputado Washington Reis (PMDB-RJ), em Brasília. Deputados chegavam para jantar, mas saíam correndo a cada anúncio de votação nominal no plenário da Câmara.

O presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), prolongou a sessão de votação da Medida Provisória que autoriza bancos públicos a comprar participações em outros bancos e empresas até o fim da noite, o que impediu a reunião simultânea de todos os que se dizem apoiadores da candidatura do atual líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), que tentará, na tarde desta quarta-feira (17), ser reconduzido ao cargo.

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Cunha, que apoia o adversário de Picciani, Hugo Motta (PB), foi o principal assunto da noite. "Ele é terrível", dizia um deputado. "Cada um luta com suas armas", dizia outro resistente em acreditar que o alongamento da sessão nada tinha a ver com impedir o jantar organizado para o ex-aliado do presidente da Câmara.

Com o vai e vem de parlamentares, conferir o número de circulantes na festa tornou-se missão impossível. A reportagem contou algo em torno de 20, mas o anfitrião garantiu que '42 votos', incluindo o do ministro da Saúde, Marcelo Castro, passaram por lá. A ficha do buffet contratado contava com 40 convidados. Picciani acredita que terá entre 42 e 45 votos, enquanto Motta aposta ter entre 36 e 41 votos.

Outro ministro peemedebista, Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) também passou por lá. Pansera queria voltar à Câmara temporariamente, como Castro, mas seu suplente, José Nalin (RJ), pediu para votar e garantiu apoio a Picciani. Pansera concordou.

Em meio a salgados de entrada, filé mignon ao molho madeira, camarão na abóbora, rondelli de queijo e presunto, sucos, refrigerantes, água, cerveja e vinho, deputados faziam contas e se diziam tranquilos, já cantando vitória e contando a adega. "Mandei mais de 20 garrafas", dizia um deputado que, na madrugada, sentado a uma mesa com a toalha branca manchada de bebida, reclamava que o vinho tinto havia acabado.

Enquanto comiam pudim de leite condensado, pudim de clara e mousse de chocolate, deputados distraiam-se com canções de Wando no Youtube - "Gostosa" e "Safada" eram os clássicos executados no celular. Quando os vídeos acabaram, a artilharia voltou-se para Eduardo Cunha mais uma vez.

"O problema do Eduardo é que ele não tem limite", dizia um deputado. "Depois, vamos ajudar ele, tadinho", completava outro. "Ele está precisando que estendam a mão para ele", afirmou um parlamentar descrente de que, se derrotado, Cunha terá forças para retaliar aqueles que ficaram com Picciani.

Durante essas manifestações, Picciani não estava na sala. Já passava de 1h desta quarta-feira, e ele estava recolhido fazendo ligações. Os que se reuniram com o deputado fluminense antes que ele pegasse o telefone faziam contas, mas se atrapalhavam, depois de alguns drinques, com os números. "Com Marcelo (Castro) a bancada fica com 70 (deputados)", afirmou um deputado. "Setenta e um", dizia outro. "Setenta e um só se Eduardo votar", ironizava outro fazendo trocadilho com o número 171, artigo do Código Penal referente a estelionato.

Os convidados partiram, mas, mesmo já passando de 1h30, Picciani continuava ao telefone. Antes, relatara que não queria se demorar por causa dos compromissos desta manhã. A previsão era de que gravasse o programa de TV do PMDB logo cedo e, depois, disse que ainda tinha "um voto indeciso para conversar (converter)."

Mais cedo, na Câmara, aliados de Hugo Motta também se diziam confiantes na vitória e informaram que não haveria nenhum jantar de apoio a ele na noite de terça.

Na véspera da disputa pela liderança do PMDB na Câmara, o deputado Leonardo Picciani (RJ), ganhou três reforços externos em sua tentativa de ser reeleito para o comando da legenda na Casa.

Além de Marco Antônio Cabral e Pedro Paulo, exonerados de seus cargos de secretário estadual de Esportes e secretário de Coordenação de Governo do Rio de Janeiro, respectivamente, o atual líder ganhou o apoio de Átila Nunes (RJ), reconhecido na tarde desta terça-feira, 16, como sendo do PMDB.

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No final do ano passado, a posse de Nunes como deputado federal foi articulada por Picciani, com apoio do comando do PMDB fluminense, para que Átila apoiasse a reeleição do conterrâneo à liderança. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), contudo, se negou a dar posse, alegando que Átila não podia ser empossado deputado, pois exercia mandato de vereador no Rio.

A posse foi dada graças a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), mas como filiado ao PSL, legenda pela qual foi eleito. O parlamentar, no entanto, está filiado ao PMDB desde 1º de outubro do ano passado. A Câmara alegou que, para que fosse considerado quadro do PMDB, era preciso que o partido fizesse uma comunicação formal.

O comunicado da Executiva Nacional, comandada pelo vice-presidente Michel Temer, chegou à Câmara na segunda-feira, 15, e foi acatado por Cunha no início da tarde desta terça-feira.

Com isso, a bancada do PMDB passa de 67 para 69 deputados. Nesta quarta-feira, 17, dia da eleição, este número deve chegar a 70 com a volta do ministro da Saúde, Marcelo Castro. Seu pedido de afastamento deve ser apresentado à Casa Civil até o final do dia e sua exoneração deverá ser publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta.

Apoiador da candidatura de Hugo Motta (PB), Cunha criticou as trocas promovidas por Picciani e seus aliados. "Manobra está sendo feita na tentativa de liderança do PMDB, que está trazendo titular, mas não para sair suplente do PMDB e sim para nomear deputados provisoriamente de outros partidos para crescer a bancada. Isso aí é que é a manobra", afirmou o presidente da Câmara nesta manhã.

Na noite desta segunda-feira, ele já havia criticado o retorno de Castro. "Me preocupa muito a situação do ministro da Saúde, com a crise que temos, o ministro largar (o cargo) para participar do processo é muito ruim", afirmou.

Na eleição municipal de 1985, Jorge Picciani, morador da periferia carioca, formado em contabilidade e estatística e produtor rural em uma fazenda no interior do Estado, decidiu entrar para a política. Filiou-se ao PSB e foi às ruas fazer campanha para o ex-deputado Marcelo Cerqueira, que disputava a prefeitura, e para o jornalista João Saldanha (PCB), candidato a vice. Picciani tinha um filho de cinco anos, Leonardo, outro de três, Felipe, e Rafael estava a caminho. Cerqueira não foi eleito, mas o novato militante gostou da experiência.

Passados 30 anos, Jorge, de 60, foi eleito seis vezes deputado estadual, é presidente do PMDB-RJ e da Assembleia Legislativa. Leonardo, aos 36, cumpre o quarto mandato de deputado federal. Rafael, de 29, é deputado estadual como o pai, licenciado para ocupar a secretaria de Transportes da capital fluminense. Felipe, de 34, cuida dos negócios da família. Em 2011, nasceu o caçula Arthur.

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Paralelamente à trajetória política, Picciani construiu um patrimônio que, da pequena fazenda em Rio das Flores (RJ), transformou-se em um conglomerado pecuário, especializado em genética bovina. De 2011 em diante, os negócios foram ampliados para setor de mineração. Os três políticos da família somavam, em 2014, um patrimônio de R$ 27,431 milhões, a maior parte proveniente da holding Agrobilara, que tem como nome fantasia Grupo Monte Verde, do qual Jorge Picciani é presidente. As informações estão na declaração de bens enviada à Justiça Eleitoral.

Conhecida na política fluminense, sob a liderança do patriarca Jorge, a família Picciani ganhou destaque nacional em meados do ano passado, quando se aproximou da presidente Dilma Rousseff e reforçou o movimento contra o impeachment. Com o governador Luiz Fernando Pezão e o prefeito Eduardo Paes, Picciani pai fez do diretório estadual o principal esteio de Dilma no PMDB.

Líder do PMDB na Câmara, Leonardo foi destituído no início de dezembro e reconduzido uma semana depois, com a ajuda do governo e de Pezão e Paes, que liberaram secretários para assumir vagas na Câmara e reforçar o grupo pró-Picciani. Em fevereiro, o líder tentará a reeleição com uma bancada dividida entre governistas, aliados de Picciani, e oposicionistas, próximos do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e do vice-presidente Michel Temer.

A recondução de Leonardo será uma vitória do governo e manterá os Picciani em papel de destaque na articulação contra o impeachment. Caso contrário, Leonardo estará em minoria na bancada de 66 deputados e perderá influência na condução do processo. Jorge Picciani afirma que a liderança do PMDB não é questão de vida ou morte. "O fundamental é manter a coerência. Nossa posição contra o impeachment não vai mudar", disse.

A incerteza sobre o futuro da liderança não afasta a decisão de que, independentemente do resultado, o clã Picciani estará unido em defesa de Dilma, assim como esteve afinado, em 2014, na campanha do tucano Aécio Neves para presidente. E, no início do ano passado, trabalhou pela eleição de Cunha para o comando da Câmara.

Encerradas as eleições, Picciani criticou o PSDB pelo processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em que questionava a lisura do pleito e também reprovou o movimento de Aécio e dos tucanos em defesa do impeachment. "Quando a eleição acaba, o resultado tem que ser respeitado", sustenta. A aliança com o PSDB no plano nacional foi um ponto fora da curva das alianças da família, que apoiou Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e 2006 e Dilma em 2010, quando Jorge Picciani foi candidato ao Senado. Embora fizesse parte da chapa de Dilma, Picciani não teve apoio de grande parte dos petistas, que se dedicaram apenas à campanha de Lindbergh Farias (PT), que acabou eleito.

Aezão

Quatro anos depois, Picciani liderou a dissidência do PMDB e criou o movimento Aezão, que unia Aécio Neves e Pezão. O deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha, presidente do PSDB da capital, destacou que, embora a campanha de Aécio ganhasse com a aliança, o PMDB do Rio também foi favorecido na campanha de Pezão.

Depois disso, na visão do deputado federal Otávio Leite, presidente do PSDB fluminense, sob a liderança de Picciani, o PMDB do Rio, com exceção de Eduardo Cunha, assumiu uma "face petista". "Os principais líderes do PMDB do Rio são mais Dilma do que setores do próprio PT. É típico do PMDB estar à sombra do poder", afirmou.

A deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ) endossa a associação dos Picciani com o pragmatismo. Representante de outro clã da política fluminense, a parlamentar diz que o crescimento do PMDB do Rio deu-se com a filiação de seu pai, Anthony, e da mãe, Rosinha, após as eleições de 2002. O rompimento foi após a campanha que elegeu Sérgio Cabral governador em 2006. "A tática de rachar é típica do Picciani", disse.

Em relação a Cunha, o afastamento da família Picciani começou em julho passado, quando o presidente da Câmara anunciou o rompimento com o governo. A relação azedou de vez quando ele ajudou a derrubar Leonardo da liderança da bancada. Agora, o clã tem relação apenas protocolar com Cunha, mas Picciani evita comprar briga em público com o correligionário. "Do ponto de vista pessoal, continuo querendo bem a Eduardo. Me surpreende, sim, do ponto de vista político. Ele poderia ter dado uma grande contribuição ao País na presidência da Câmara."

Na Assembleia Legislativa do Rio, Picciani tem boa relação com a oposição e ajudou Pezão a aprovar projetos que tentaram aliviar a gravíssima crise econômica do Estado. É aliado do governador, mas critica a gestão de Pezão. No plano federal, repete que faz questão de não indicar nomes ao governo, embora lhe tenha sido oferecido desde 2002. Em vez de nomeações, pediu apoio ao filho na relatoria de projetos importantes na Câmara.

Em 2014, com Jorge e Rafael candidatos à Assembleia, o clã montou uma delicada geografia eleitoral: o pai, que tinha forte votação na capital, abriu espaço para o filho. Resultado: Jorge repetiu a votação de 2006, última vez que havia sido eleito deputado estadual, e o filho, mesmo com menos votos do que em 2010, se reelegeu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Até então com discurso de que só decidiria sobre reeleição em 2016, o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), anunciou que disputará novamente o posto em fevereiro, quando estão previstas eleições de novos líderes partidários e presidentes de comissões permanentes na Casa. Uma das principais estratégias para se manter no cargo até lá e conseguir se reeleger será manter deputados do PMDB do Rio que estavam licenciados e retomaram os mandatos no início de dezembro para apoiá-lo.

Após articulação com a cúpula do PMDB fluminense, considerada pró-governo, Picciani afirmou que os deputados Marco Antônio Cabral (filho do ex-governador do Rio Sérgio Cabral) e Pedro Paulo vão ficar no cargo pelo menos até o julgamento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara. Os dois ocupavam cargos em secretarias de Estado do Rio e da capital carioca, respectivamente, mas pediram exoneração para voltar à Câmara e apoiar a recondução de Picciani à liderança do PMDB.

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Picciani foi destituído do posto de líder do PMDB na Câmara após articulação de deputados da ala pró-impeachment do partido. Com o aval do vice-presidente da República e presidente nacional da legenda, Michel Temer, esses parlamentares apresentaram lista com 35 assinaturas, derrubando o deputado fluminense e indicando Leonardo Quintão (MG) ao posto. Oito dias depois, contudo, Picciani apresentou nova lista com apoio de 36 deputados do PMDB e foi reconduzido ao posto.

Para retomar o posto, o parlamentar fluminense contou com ajuda direta do Palácio do Planalto. A presidente Dilma Rousseff escalou ministros do PMDB, como Kátia Abreu e Helder Barbalho, governadores e parlamentares aliados. Eles conseguiram convencer sete deputados peemedebistas que tinham apoiado Leonardo Quintão a mudarem de ideia e assinarem a nova lista que reconduziu Picciani ao posto. A estratégia dificultou a retomada da liderança da sigla na Casa pela ala pró-impeachment.

À frente do movimento que tenta derrubar Picciani, os deputados Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) e Osmar Terra (PMDB-RS) já estão colhendo assinaturas para tentar reconduzir Quintão ao cargo de líder do PMDB. Eles contam principalmente com a saída de Marco Antônio Cabral e Pedro Paulo para conseguir retomar a liderança do PMDB na Câmara. "Quero ver até quando eles conseguem segurar os secretários aqui", diz Osmar Terra. Eles apostam que os dois se licenciem dos mandatos durante o recesso.

Para conter esse movimento, Picciani articulou a permanência de Cabral e Pedro Paulo na Câmara. "Eles vão ter que disputar a liderança comigo agora no voto em fevereiro", diz o líder. Além de atrapalhar o movimento para derrubá-lo, Picciani dá mais uma demonstração de apoio a Dilma. Isso porque os parlamentares fluminenses são da ala do PMDB contrária ao impeachment e, ao se manterem no mandato, podem ajudar a petista a barrar o processo de afastamento na Câmara.

Em uma articulação costurada pelo vice-presidente Michel Temer e a ala do PMDB pró-impeachment, a Executiva Nacional do partido aprovou, na manhã desta quarta-feira (16) resolução obrigando que todas as novas filiações de deputados e senadores tenham de ser aprovadas pelo comando nacional da sigla. A decisão foi aprovada por 15 votos a favor e 2 contra. O vice-presidente da legenda, senador Valdir Raupp (RO), conduziu a reunião e se absteve de votar.

A medida, na avaliação de integrantes do partido, fortalece a posição de Temer e da legenda, uma vez que o objetivo da decisão foi barrar articulação da bancada do PMDB do Rio de Janeiro e do Palácio do Planalto para reconduzir Leonardo Picciani (RJ), pró-governo, à liderança do partido na Câmara. O parlamentar carioca foi destituído do cargo na semana passada, após deputados da ala pró-impeachment apresentarem lista com 35 nomes para indicar Leonardo Quintão (MG) ao cargo.

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À cúpula da legenda chegou a informação de movimentação de que ao menos quatro deputados do Rio poderiam embarcar na sigla ou dar espaço para que suplentes do PMDB ingressassem na bancada, para dar apoio a Picciani.

A reunião da Executiva durou cerca de 30 minutos e ocorreu na sede da legenda, na Câmara dos Deputados. O senador Valdir Raupp substituiu o vice-presidente da República e presidente nacional da legenda, Michel Temer. O peemedebista desistiu de participar da reunião, na véspera, diante da possível retaliação da ala governista do partido, que ficou irritada com a proposta de mudar as regras das novas filiações.

Contrariado com a decisão da maioria, o deputado Leonardo Picciani afirmou que irá recorrer da decisão da Executiva na Justiça e reafirmou que pretende apresentar até o fim desta semana uma nova lista com apoio da maioria da bancada por sua recondução à liderança do PMDB.

"Creio que hoje a Executiva escreveu uma página triste da história do PMDB. O partido por decisão da maioria aprovou uma resolução ilegal, que vai ser contestada judicialmente, porque invade a competência do estatuto do partido, invade a competência da convenção. Tirar dos diretórios regionais a liberdade que sempre teve de processar filiações", disparou.

Raupp rebateu Picciani e afirmou que é "normal" que a Executiva Nacional possa avalizar filiações. Segundo ele, essa prática já ocorre na filiação de vereadores e deputados estaduais. "A resolução é para fazer uma espécie de filtros nas filiações, sobretudo de deputados federais", ressaltou o senador.

Desembarque

Segundo o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), que também participou da reunião, com a vitória esmagadora contra a interferência do Planalto no partido, a discussão em torno da antecipação de um desembarque do governo ficará em "stand-by". "A tentativa do governo de interferir no PMDB por meio de deputados de outros partidos não teve o efeito que eles gostariam. Com isso, a lista de diretórios estaduais pela antecipação, que já tem 12 assinaturas, fica de stand-by", ressaltou.

Numa "guerra fria" em que o rompimento se mostra iminente, a presidente Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer, definiram estratégias distintas para enfrentar o processo de impeachment. No roteiro do vice - que assumirá a Presidência num eventual afastamento de Dilma - o ponto principal é a unificação da bancada do PMDB da Câmara, dividida ao meio pelos vaivéns sobre a escolha do seu líder.

No campo oposto, o Palácio do Planalto aumenta a pressão sobre os deputados da bancada peemedebista que detêm cargos do governo federal, sobretudo nos Estados. As ameaças lado a lado serão cada vez mais frequentes.

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Na conversa que tiveram na noite de quarta-feira, Temer e Dilma afirmaram que buscariam uma convivência "profícua". No entanto, o vice deixou claro que vai se dedicar ao comando do PMDB. Segundo aliados do vice, se Dilma buscar fustigá-lo dentro da sigla, Temer vai promover uma convenção do partido para consolidar o rompimento com o governo.

Antes, porém, o vice almeja unificar a bancada do partido em torno do seu nome.

Depois, pretende atrair para sua órbita outros partidos da base do governo, como PSD, PR, PTB e PP. O arremate da tática é forçar a saída dos ministros peemedebistas remanescentes na Esplanada.

Segundo relatou ao Estado um auxiliar do vice-presidente, a estratégia inicial é "consolidar" a força de Temer na Câmara. "Esse é o primeiro passo, pois temos certeza de que, se houvesse uma convenção nacional do partido agora, a tese do rompimento venceria de lavada", disse. Hoje, no entanto, o Planalto ainda exerce muita influência na bancada. "A caneta ainda está com a Dilma", afirma um deputado peemedebista da ala governista.

O mesmo se reproduz em outros partidos da base aliada. "É por isso que está todo mundo de olho no PMDB. Se de fato o partido se unir e romper em favor do impeachment, os demais partidos da base vão fazer o mesmo", conta um dirigente do PP que tem participado das conversas com o grupo de Temer. "Podemos ir até o velório, mas ninguém vai querer ser enterrado com o governo."

A divulgação da carta a Dilma em que reclama de falta de confiança foi o primeiro passo de Temer em favor do rompimento. Depois, os aliados mais próximos do vice articularam a troca do líder do PMDB na Câmara. Tachado como "demasiadamente governista", Leonardo Picciani (RJ) foi trocado por Leonardo Quintão (MG). Agora, Picciani quer dar o troco em Quintão com alterações na bancada.

A decisão foi tomada após apresentação de uma lista à Mesa Diretora da Câmara com o apoio de 35 dos 66 deputados em favor de Quintão. O Palácio do Planalto vai tentar reverter essa decisão. Alguns deputados, que detêm cargos federais em seus Estados, começaram a ser pressionados a voltar atrás e assinar uma nova lista para Picciani reconquistar a liderança.

"Se fizerem isso, vamos reagir com a convocação da convenção nacional e promover o rompimento definitivo com o governo", diz o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA). "Não será tolerada nenhuma ação agressiva do Planalto sobre a bancada. Temos capacidade de pensar o que é melhor para o Brasil."

Após garantir a união dentro do PMDB, o próximo passo do grupo de Temer é pressionar a demissão dos ministros ligados à bancada do PMDB. Indicados por Picciani, Marcelo Castro (Saúde) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) já adiantaram que vão tentar resistir. Castro chegou a dizer que se fosse preciso voltaria ao cargo de deputado para ajudar Picciani voltar à liderança.

Com origem na Câmara, mas garantido no cargo graças a Temer, o ministro Henrique Eduardo Alves (Turismo) tem dito publicamente que vai trabalhar para que não haja rompimento com Dilma. Contudo, a interlocutor próximo, já disse que fica no cargo "só até a hora que o Michel quiser". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A disputa entre o Palácio do Planalto e o vice-presidente, Michel Temer, pela indicação do líder do PMDB na Câmara passou a envolver a busca por governadores que possam influenciar integrantes da bancada. O pano de fundo dessa disputa é o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff na Câmara.

Do lado do Palácio do Planalto, estão escalados o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), para ajudar na restituição do deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) ao comando do PMDB da Câmara. Pezão jantou com Dilma anteontem no Palácio do Planalto. O jantar também contou com a presença do ministro Ricardo Berzoini (Secretaria Geral) e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT).

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Os governadores do Rio Grande do Sul, Ivo Sartori (PMDB), e do Espírito Santo, Paulo Hartung(PMDB), tiveram recentes encontros com Temer. Com eles, o vice tem tratado do apoio ao novo líder, Leonardo Quintão (MG). Temer nega que tenha tratado da questão do comando do PMDB da Câmara.

Além de Sartori e Hartung, o governador de Rondônia, Confúcio Moura, também entrou no jogo. Ele teria pedido ao deputado Lindomar Garçon (PMDB-RO) para manter Quintão. Garçon nega ter qualquer influência do governador em sua decisão e diz que apenas apoiou a mudança na liderança em razão de o prazo previsto para a permanência de Picciani expirar no início do próximo ano.

Ameaçado de perder o cargo, com a possibilidade do surgimento de uma nova lista para indicação da liderança, Quintão diz que seu grupo, que conta com o apoio de Michel Temer, também vai reagir na mesma moeda. "O Rio de Janeiro está querendo tomar o PMDB. O governador não poderia agir dessa maneira. Estamos acionando os governadores para fazer uma contraofensiva. É porrada aqui e porrada lá. Essa briga nacionalizou", afirmou o novo líder. "Vamos analisar o quadro. O governador do Rio Grande do Sul, Ivo Sartori, está mais próximo da gente e tem condições de trazer um. No Espírito Santo temos lá um segundo suplente. Vamos trabalhar nisso." Quintão afirma que a lista dos 35 deputados que o conduziram à liderança deve chegar a 38 nos próximos dias.

O receio do Palácio do Planalto com a indicação de Quintão ocorre porque o mineiro chegou ao comando da bancada com o apoio do grupo de deputados que defende o impeachment de Dilma. Picciani, contemplado na última reforma ministerial com a indicação dos ministros da Saúde e Ciência e Tecnologia, atuava numa linha próxima ao governo e contra o afastamento da petista.

Conforme apurou o Estado, a articulação para recolocar Picciani no comando da bancada iniciou-se na quarta-feira, mesmo dia em que foi deposto, com o apoio de 35 dos 66 deputados da bancada. Pouco depois de dar declarações à imprensa, condenando a manobra dos peemedebistas pró-impeachment, Picciani, a caminho do gabinete, recebeu uma série de ligações do prefeito Eduardo Paes em busca de informações.

Na linha de ação traçada pelo PMDB fluminense, o secretário de Esporte e Juventude, Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral, foi exonerado por Pezão do cargo. Com a iniciativa, Marco Antônio retomou o mandato de deputado federal para reforçar o grupo de Picciani.

Nomeado em outubro durante a mais recente reforma ministerial, o ministro da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera (PMDB), disse nesta sexta-feira, 11, que, apesar da destituição do líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), aliado da presidente Dilma Rousseff (PT), a bancada de deputados peemedebistas é majoritariamente contra o impeachment. Segundo Pansera, a saída de Picciani é fruto de uma disputa interna, mas não reflete uma tendência pelo afastamento da presidente Dilma.

"O PMDB é um partido grande, de centro, sofre pressão da esquerda e da direita e é natural algum tipo de instabilidade. Mas o partido tem, na bancada da Câmara, maioria anti-impeachment. A votação (para a escolha do líder) não reflete o voto no impeachment, reflete uma votação estanque de uma disputa interna", afirmou Pansera.

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Segundo o ministro, o novo líder, Leonardo Quintão (MG), será recebido na próxima terça-feira, 15, pela presidente Dilma Rousseff, em encontro que terá também a presença do vice-presidente Michel Temer, presidente nacional do PMDB. "Acredito que haverá uma conversa franca, que tudo se estabilize normalmente", disse.

O titular da Ciência e Tecnologia, no entanto, não descartou a hipótese de Picciani conseguir formar maioria na bancada e retomar a liderança. "Não descarto nada, a bancada fez sua opção, pode fazer outra", afirmou. O ministro negou que o governo esteja atuando para permitir que Picciani volte à liderança, com a filiação de deputados ao PMDB.

Pai do deputado Leonardo Picciani, ex-líder do PMDB destituído nesta quarta-feira (9) em uma articulação do grupo de peemedebistas de oposição, o presidente do PMDB-RJ, Jorge Picciani, disse que a manobra não os fará mudar de lado em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Pai e filho são contra a saída de Dilma do cargo. "Eles (peemedebistas a favor da saída da presidente) estão tentando nos cooptar para o golpe desde julho, mas não nos sensibilizaram. Entendemos que a presidente não cometeu crime de responsabilidade e que a democracia é mais valiosa que qualquer tipo de poder. Mesmo que Leonardo fique sozinho, estará até o final com a presidente", disse.

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Jorge Picciani liderou a dissidência do PMDB do Rio que apoiou o tucano Aécio Neves (PSDB) na disputa presidencial de 2014, mas se reaproximou de Dilma nos últimos meses. Argumenta que é preciso respeitar o resultado da eleição e diz que o PMDB deve chegar à Presidência "pelo voto, e não tirando a presidente do cargo".

O dirigente peemedebista negou, no entanto, que, por trás do confronto com o grupo próximo ao vice-presidente da República, Michel Temer, também presidente nacional do PMDB, esteja a intenção do PMDB fluminense de ocupar o comando do partido. A convenção nacional do PMDB acontecerá em março do ano que vem.

"São coisas diferentes. Eu já havia dito ao Temer que nosso sentimento é o de apoiá-lo na presidência do partido, e minha posição permanece a mesma. O PMDB do Rio deve aumentar a participação (na direção nacional do partido), mas não pretende disputar com Temer".

O presidente do PMDB-RJ comanda a tentativa de recondução de Leonardo à liderança da bancada, com troca de parlamentares e acomodação de titulares em secretarias do município e do Estado. "Pau que dá em Chico dá em Francisco. Leonardo agora é líder de metade da bancada (que não assinou a lista de destituição do líder). Mas não descarto que ele volte à liderança. É da luta política", afirmou.

O plano dos principais líderes do PMDB do Rio - Picciani, o governador Luiz Fernando Pezão, o prefeito Eduardo Paes e o ex-governador Sérgio Cabral - é aumentar o número de deputados fluminenses do partido, o que permitiria a Leonardo elaborar uma nova lista de apoio.

Na terça-feira, o deputado de primeiro mandato Marco Antônio Cabral, filho de Sérgio Cabral, deixou o cargo de secretário estadual de Esportes e assumiu a vaga na Câmara. Foi substituído na secretaria pelo também deputado e ex-jogador Deley, do PTB, o que abriu a vaga para um suplente peemedebista, José Augusto Nalin. PTB e PMDB fizeram parte da mesma coligação para a Câmara e por isso o suplente de um partido pode substituir o de outra legenda.

A mesma manobra levou o deputado Walney Rocha, também do PTB, para a Secretaria de Abastecimento do município. Com isso, outro peemedebista , Wilson Beserra, reforçará a bancada pró-Leonardo Picciani.

Novas mudanças estavam em estudo na noite de quarta. Titular da Secretaria de Coordenação de Governo do município do Rio, o deputado Pedro Paulo (PMDB-RJ) cogitou assumir a vaga na Câmara, mas a ideia foi abortada. A pré-candidatura de Pedro Paulo à prefeitura do Rio está em crise desde que se tornaram públicas agressões físicas e ameaças do secretário à ex-mulher.

Jorge Picciani evitou comentar o fato de o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ter apoiado o movimento que tirou Leonardo da liderança, mas criticou o companheiro de partido por ter acatado o pedido de abertura de impeachment da presidente.

Denunciado por ter na Suíça contas bancárias não declaradas à Receita Federal, Cunha desencadeou o processo de impeachment em resposta ao anúncio do PT de que votaria a favor da abertura de processo de cassação e mandato no Conselho de Ética da Câmara. "Se o pedido de impeachment tivesse legitimidade, teria sido aceito pelo presidente da Câmara depois de alguns dias de análise e não seria usado como instrumento de barganha", disse o presidente do PMDB-RJ.

Leonardo Picciani foi um dos deputados mais próximos de Cunha e ajudou a coordenar a campanha do peemedebista para a presidência da Câmara. Pai e filho, no entanto, se afastaram de Cunha quando o presidente da Câmara anunciou o rompimento com o governo, em julho passado.

A aproximação do líder do PMDB da Câmara, Leonardo Picciani (RJ), com o Palácio do Planalto durante as negociações para a reforma ministerial deve resultar na dissolução do bloco parlamentar que o partido mantém com PP, PTB, PSC, PHS e PEN. É o maior grupo da Câmara, com 149 deputados, costurado no início do ano para eleger Eduardo Cunha presidente da Câmara.

Segundo integrantes do governo, a ação para encerrar a aliança tem sido operada nos bastidores por Cunha, como forma de "estancar" a ascensão política de Picciani ocorrida após a ampliação da presença do PMDB no ministério.

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Para os governistas, a manobra busca inicialmente rachar o bloco para depois dividir a bancada do PMDB, o que resultaria no enfraquecimento de Picciani. Dessa forma, o líder peemedebista também ficaria inviabilizado para disputar a Presidência da Câmara.

Em conversas reservadas realizadas na terça-feira, 6, líderes dos partidos integrantes do bloco discutiram a possibilidade de formar um novo grupo sem o PMDB. Segundo um dos envolvidos, a decisão deverá ocorrer "em breve". "O esvaziamento da liderança do Picciani é um recado ao Palácio de que ninguém quer ser liderado por um líder da Dilma", afirmou um parlamentar envolvido nas conversas.

Rejeição

Nas discussões em torno da reforma ministerial, 22 dos 66 deputados do PMDB já haviam rejeitado a ampliação dos espaços do partido no governo. A composição atual do bloco dá ao grupo a prerrogativa de indicar parlamentares para ocupar postos estratégicos na Câmara, além de ter prioridade na relatoria dos principais projetos em tramitação.

De acordo com as conversas iniciais, o PMDB formaria um bloco apenas com o PEN, que tem dois deputados. As demais legendas passariam a ter um novo bloco. "Estamos conversando. Temos que ter um entendimento de que o que é bom para um deve ser bom para todos. Estamos no meio de uma DR (discussão de relacionamento)", afirmou ao Estado o líder do PTB, Jovair Arantes (GO).

Destituído

A manobra do Planalto com a reforma administrativa teve o objetivo de evitar o andamento de um processo de impeachment contra Dilma na Câmara. Desde que foi contemplado com indicações no novo ministérios, Picciani tem dado declarações favoráveis ao governo, o que também teria deixado o grupo de deputados "pró-impeachment" contrariados.

Além da dissolução do bloco, em uma segunda ação direta contra Picciani, alguns integrantes da bancada ligados a Cunha também chegaram a ensaiar ontem uma manobra para destitui-lo do cargo, ação que foi abafada após o avanço da estratégia de dividir o bloco. Procurado pela reportagem, Cunha se limitou a dizer que atuou para ajudar na permanência de Picciani na liderança.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em conversa na noite desta quinta-feira, 1º, no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff confirmou ao líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), que os deputados Marcelo Castro (PMDB-PI) e Celso Pansera (PMDB-RJ) serão ministros da Saúde e de Ciência e Tecnologia, respectivamente. O anúncio oficial será feito na manhã desta sexta-feira (2).

Com a acomodação de Pansera no Ministério de Ciência e Tecnologia, Dilma equacionou o problema que vinha tendo com o PMDB, já que Picciani queria colocar o deputado no Ministério dos Portos, que agora deve ficar com Hélder Barbalho, que hoje comanda a pasta da Pesca.

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Marcelo Castro, 65 anos, é médico psiquiatra e atua como deputado federal desde 1999. Filiado ao PMDB de 1981 a 1991, passou pelo PSDB e pelo PPR antes de retornar ao PMDB.

Neste ano, ganhou os holofotes ao se desentender com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), durante as discussões da reforma política. Os dois parlamentares trocaram críticas e o relatório feito por Castro foi atropelado por Cunha, que levou o debate para o plenário. Castro disputava a vaga com um aliado de Cunha, o também médico Manoel Junior (PB).

Gaúcho de São Valentim, Pansera está em seu primeiro mandato como deputado federal. Já foi secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro.

Inicialmente, o governo tentou alojar Eliseu Padilha (Aviação Civil) e Henrique Eduardo Alves (Turismo) no Ministério de Ciência e Tecnologia. Eles não aceitaram. Diante da recusa, o governo procurou a solução na bancada peemedebista.

O medo do Planalto era a reação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SPBC) por ter no ministério um novo George Hilton, que assumiu a pasta do Esporte sem ter qualquer relação com o setor. Com Pansera, este problema também fica solucionado.

Até o final da tarde, Picciani resistia em aceitar Ciência e Tecnologia. Defendia que o governo mantivesse as ofertas que havia apresentado no início das negociações - o Ministério da Saúde e um outro na área de infraestrutura.

Pansera ganhou os holofotes neste ano ao ser apontado pelo doleiro Alberto Youssef como "pau-mandado" de Eduardo Cunha no esquema de corrupção da Petrobras investigado pela Operação Lava Jato.

Defesa

O atual ministro da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo, assumirá mesmo o Ministério da Defesa, em lugar de Jaques Wagner, que vai para a Casa Civil, para substituir Aloizio Mercadante. A decisão da presidente Dilma Rousseff de levar Aldo Rebelo para a Defesa foi comunicada a ele nesta quinta-feira, 1.

Aldo sempre teve o seu nome lembrado para assumir a pasta nas reformas ministeriais. Oficiais-generais das três forças consultados pela reportagem lembram que Aldo já presidiu a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, e teve participação decisiva em questões relativas à área militar, como a polêmica sobre a preservação do atual texto da Lei de Anistia, como queriam os militares, e na defesa deles, durante o funcionamento da Comissão da Verdade. (Colaborou Tânia Monteiro)

O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), não está disposto a aceitar de bom grado o Ministério da Ciência e Tecnologia, que agora o Palácio do Planalto tenta oferecer à bancada peemedebista. Picciani diz a aliados querer o que foi combinado no início das discussões: o Ministério da Saúde e uma pasta da área de infraestrutura. Ciência e Tecnologia hoje é comandada por Aldo Rebelo (PC do B), que deve ir para a Defesa no lugar de Jaques Wagner, substituto de Aloizio Mercadante na Casa Civil.

Inicialmente, seria criado um Ministério da Infraestrutura, com a fusão de Aviação Civil e Portos. No entanto, para não desalojar os peemedebistas já instalados no governo, a presidente Dilma Rousseff desistiu dessa ideia. Picciani, então, passou a defender a pasta dos Portos para sua bancada. Acontece que o Planalto vê na cadeira uma opção para acomodar o filho do senador Jader Barbalho (PA), Hélder Barbalho, que hoje ocupa o Ministério da Pesca, ameaçado de extinção.

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Interlocutores dizem que Picciani atribui a polêmica não ao Palácio do Planalto, mas ao próprio PMDB. Mais especificamente ao grupo do vice-presidente da República e presidente nacional do partido, Michel Temer. Temer defendeu a permanência de Eliseu Padilha (RS) na Aviação Civil e de Henrique Eduardo Alves (RN) no Turismo.

Para a Saúde, a bancada peemedebista da Câmara indicou os deputados Marcelo Castro (PI) e Manoel Junior (PB). Junior era tido como o favorito até o final de semana, mas perdeu pontos depois que vieram à tona declarações do parlamentar sugerindo a renúncia de Dilma e criticando o programa Mais Médicos. Na segunda-feira, 28, o Estado mostrou que 1/3 das doações eleitorais recebidas pelo deputado em sua campanha do ano passado veio de laboratórios e de um plano de saúde, setores com interesses no ministério.

No outro grupo de indicações da bancada, José Priante (PA) e Celso Pansera (RJ) aparecem como favoritos a ocupar um ministério da área de infraestrutura, caso a pressão de Picciani prevaleça.

Nesta quinta-feira, 1º, Dilma reúne-se com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, para tentar fechar o redesenho da Esplanada dos Ministérios. A expectativa é que o Planalto faça os anúncios até sexta-feira, 2.

O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), afirmou que a base aliada tentará votar ainda nesta quarta-feira, 24, o projeto de lei que revê a política de desoneração da folha de pagamentos. A expectativa é que a análise comece nesta noite e seja concluída em sessão na quinta-feira, 25. Antes de entrar no debate da proposta que reonera as empresas que hoje recolhem no regime especial de tributação, os deputados precisarão votar a Medida Provisória 672, que estende até 2019 a política de reajuste do salário mínimo.

"É importante para o ajuste que essa medida (reoneração) seja definida o mais rapidamente possível", declarou o peemedebista, após participar de reunião com deputados e ministros no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente Michel Temer.

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De acordo com Picciani, existe unidade entre os aliados para apoiar seu relatório, que prevê alíquotas diferenciadas para quatro setores econômicos - comunicação social, transportes, call centers e alimentos da cesta básica. Ele reconheceu, no entanto, que ainda existem "ruídos" na articulação política, mas isso, argumentou, não representará "empecilho" para a aprovação da matéria.

"A base defenderá a aprovação do texto integral. Encaminhamos um acordo para que a base não altere nenhum ponto do parecer apresentado", disse o peemedebista.

O acordo costurado terá como base uma parceria do PMDB com o PT. O líder da bancada petista, Sibá Machado (AC), disse que vai defender em reunião com seus correligionários que o partido apoie o texto de Picciani. "Foi pedido que as bancadas não apresentassem novos destaques para que a gente se encerre no proposto pelo relator", disse.

Apesar das declarações de Picciani e de Sibá, ainda há forte pressão entre os partidos políticos para promover modificações no parecer elaborado pelo peemedebista, o que pode gerar disputas em Plenário. "Percebi que vários parlamentares, vários partidos, têm as suas características e entendem que nas suas bases há setores importantes, que estão se manifestando legitimamente para que também entrem no rol das excepcionalizações", exemplificou o líder do PSD, Rogério Rosso (DF).

O líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ), disse na tarde desta quarta-feira, 13, que espera mais votos favoráveis de sua bancada à Medida Provisória (MP) 664, que muda o sistema de concessão de pensão por morte e auxílio-doença. Para o peemedebista, a bancada compreende que o pacote de ajuste fiscal é algo necessário, "apesar de ser amargo".

"A tese é a mesma da semana passada: vamos votando o ajuste pela necessidade que o País passa de ter uma rearrumação em sua área econômica. Estamos dando um voto de credibilidade e de confiança ao ministro da Fazenda (Joaquim Levy)", afirmou. O partido não deve apresentar destaques à MP, "salvo na necessidade de corrigir uma distorção grave".

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Assim como no PMDB, Picciani disse esperar que o número de votos pró-governo também aumente entre a bancada petista. Na semana passada, durante a votação da MP 665 (que restringe regras de concessão do seguro-desemprego e abono salarial), o PMDB deu 50 votos de apoio, 13 contra e três deputados se ausentaram. Já o PT deu 54 votos a favor, um contra e houve nove ausências.

Reeleição da Mesa Diretora

O líder do PMDB tentou desconversar ao ser questionado sobre a possibilidade de apresentação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permita a reeleição, no mesmo mandato, dos presidentes da Câmara e do Senado. "Isso está muito distante, o presidente acabou de tomar posse", tergiversou.

Picciani disse que não descarta a possibilidade de apresentação de uma PEC do gênero. "Se for o desejo da maioria, vai acontecer", declarou.

O vice-líder da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ), chegou nesta terça-feira (11), à reunião dos peemedebistas defendendo a "alternância de poder" e o apoio à possível candidatura à Presidência do senador tucano Aécio Neves. Segundo Picciani, a economia "não vai bem" e o PMDB do Rio não aceitará palanque "múltiplo" no Estado. "Há um desejo do PMDB (do Rio) de apoiar a candidatura do senador Aécio Neves", declarou.

Picciani é filho de Jorge Picciani, presidente do diretório estadual do PMDB no Rio, que já declarou a intenção de apoiar o senador tucano na corrida presidencial. "O PMDB do Rio não estará num palanque múltiplo, quer um palanque único", disse.

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Ao chegar para a reunião, que acontece nesta tarde num dos plenários da Casa, o deputado defendeu a liderança de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ressaltou que suas posições representam o pensamento da bancada. "Ele é líder porque tem respaldo e confiança da bancada", afirmou Picciani, ressaltando que uma moção de apoio a Cunha seria "redundante".

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