Tópicos | piso salarial dos professores

A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) divulgou um estudo, nesta quinta-feira (12), afirmando que o novo piso salarial dos professores divulgado pelo ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), vai impactar os cofres públicos municipais em R$ 5,083 bilhões. O reajuste foi de 7,64% elevando o valor base do vencimento de R$ 2.135,64 para R$ 2.298,83. 

No documento, a Confederação diz de 2009 a 2016, os gastos com a folha de magistério tiveram uma expansão de R$ 41,829 bilhões. O valor já cresceu 241,9%, acima da inflação relativa ao período e maior do que o próprio aumento das receitas do Fundeb.

##RECOMENDA##

Para reduzir o impacto do aumento, diante da crise econômica que atinge as prefeituras, a CNM sugere no documento que o Congresso Nacional conclua a análise do texto original do PL 3.776/2008, propondo o reajuste do valor do piso com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Caso fosse baseado na proposta, o aumento seria de 7,20% e em valores reais o piso passaria a ser de R$ 2.289,41. 

Sob a ótica da Confederação, a aprovação do texto original do PL é a maneira "mais viável para as finanças municipais" e a maneira com que os "aumentos reais nos vencimentos sejam negociados entre o governo de cada ente federado e o respectivo magistério".

Outro lado

Para ajudar estados e municípios a arcarem com os custos do aumento, o ministro Mendonça Filho reforçou o adiantamento de recursos oriundos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). 

“Lembro que, por decisão do presidente Michel Temer, no final do ano passado, nós antecipamos o repasse de recursos do Fundeb, que servirão também para o cumprimento do piso salarial: R$ 1.250.000.000,00”, destacou. 

Veja o estudo na íntegra:

O ministro da Educação, Mendonça Filho, divulgou, na manhã desta quinta-feira (12), o novo piso salarial dos professores. O anúncio foi feito em Brasília, em coletiva de imprensa. O piso, que antes era de R$ 2.135,64, foi para R$ 2.298,80, direcionado aos docentes com magistério.

Segundo Mendonça Filho, o reajuste corresponde a um percentual de 7,64%, acima da inflação. Em sua fala, o ministro garantiu que conversou com representantes de instituições educacionais para estabelecer o valor do aumento. “Tivemos uma boa discussão envolvendo trabalhadores, estados e municípios. É algo importante, porque significa, na prática, a valorização do papel do professor, que é central na garantia de uma boa qualidade na educação. Não podemos ter uma educação de qualidade se não tivermos professores bem remunerados”, declarou o ministro.

##RECOMENDA##

Para ajudar estados e municípios a arcarem com os custos do aumento, Mendonça Filho reforçou o adiantamento de recursos oriundos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). “Lembro que, por decisão do presidente Michel Temer, no final do ano passado, nós antecipamos o repasse de recursos do Fundeb, que servirão também para o cumprimento do piso salarial: R$ 1.250.000.000,00”, destacou Mendonça.

O valor deve ser pago pelas escolas municipais e estaduais do País, além das instituições privadas. Uma portaria será publicada, nesta sexta-feira (13), no Diário Oficial da União (DOU), já estabelecendo a quantia a ser paga.    

Os estados brasileiros relatam suas dificuldades para cumprir o novo piso salarial dos professores em 2015. O valor passou de R$ 1.697 em 2014 para R$ 1.917,78, um reajuste de 13,01%, acima da inflação e superior, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), à receita do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

O secretário de Educação do Rio Grande do Sul, Vieira da Cunha foi claro: “Eu disse ao próprio ministro que não haverá saída para o pagamento do piso, dadas as condições financeiras do estado, sem o aporte de recursos federais”, observou, em visita à sede do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers Sindicato). O estado é um dos que não conseguem cumprir a Lei do Piso (Lei 11.738/2008), que estabelece que o valor mínimo deve ser pago no vencimento e não com gratificações ou complementações, como é feito no Rio Grande do Sul.

##RECOMENDA##

O estado não está sozinho. “Como o reajuste tem sido superior à receita do Fundeb, a conta em algum momento não vai fechar. Há estados e municípios que ultrapassaram, com o pagamento da folha, o valor do Fundeb. Tivemos um ano bastante difícil”, explica o presidente em exercício do Consed, Eduardo Deschamps, secretário de Educação de Santa Catarina. O estado, segundo ele, discutirá, a partir da semana que vem, o impacto do reajuste do piso nos demais salários, com o plano de carreira.

Os secretários não negam a importância do piso, essencial para a valorização dos docentes e também para o cumprimento do Plano Nacional de Educação, que estabelece prazo de seis anos para a equiparação do salário dos professores ao dos demais profissionais com escolaridade equivalente. Atualmente, o rendimento médio dos docentes representa aproximadamente 60% dos salários médios dos demais profissionais.

“O piso foi uma conquista importante da educação brasileira. Eu não tenho a menor dúvida de que a melhoria da qualidade da educação básica passa pela valorização do professor”, destaca o secretário de Educação do Espírito Santo, Haroldo Rocha. O estado não cumpre o piso para os professores com formação de nível médio. Segundo ele, são 80 docentes nessas condições. O valor do vencimento inicial para a formação é R$ 579,26 por uma jornada de 25 horas. Para cumprir a lei, mesmo antes do ajuste, o valor seria R$ 1.060. O secretário acrescenta que o estado pretende corrigir esses salários já com o reajuste.

Ainda em início de mandato, os governos se organizam para avaliar o novo valor. No Paraná, por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria da Educação informa que vai tratar do assunto “dentro da Comissão de Política Salarial, que foi criada pelo Decreto 31/2015. No momento, não temos ainda uma avaliação mais precisa”. Na Bahia, “a Secretaria da Administração do Estado está fazendo a análise para verificar os impactos na folha de pagamento dos professores da ativa, aposentados e pensionistas com o novo piso nacional”.

A Lei do Piso estabelece o valor mínimo a ser pago aos professores com formação de nível médio, com jornada de 40 horas semanais. O reajuste é feito anualmente, com base no aumento do percentual de crescimento do valor anual mínimo por aluno, referente aos anos iniciais do ensino fundamental urbano, ou seja, a variação ocorrida no valor anual mínimo por aluno, definido nacionalmente pelo Fundeb.

O piso salarial subiu de R$ 950, em 2009, para R$ 1.024,67, em 2010, e R$ 1.187,14, em 2011. Em 2012, o valor era R$ 1.451. Em 2013, o piso passou para R$ 1.567 e em 2014 foi reajustado para R$ 1.697. O maior reajuste foi registrado em 2012, com 22,22%.

Antes de anunciar o novo valor, o ministro da Educação, Cid Gomes, reuniu-se com com representantes do Consed, da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação.

Segundo as entidades, o ministro tem se mostrado aberto ao diálogo. O Consed, que terá ainda novas reuniões com Gomes, discutirá novos cálculos para o reajuste anual de forma a garantir um aumento real, mas um impacto menor nas contas públicas nos próximos anos. Além disso, demandará o cumprimento do trecho da Lei do Piso que diz que a União deverá complementar a integralização nos casos em que o ente federativo não tenha disponibilidade para cumprir o valor. “Falta definir a forma ou o critério para analisar quais os estados ou municípios que não têm essas condições”, explica Deschamps, destacando essa como uma das pautas em conjunto com o ministério.

Antes mesmo do governador Eduardo Campos anunciar o reajuste de 8,32% no piso salarial dos professores da rede estadual de ensino, nessa quinta-feira (2), a categoria se mostrou contrária ao valor. Em nota, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) confirmou o descontentamento nesta sexta-feira (3).

O texto informa que o grupo não aceita o reajuste porque, além de ser um valor “bem abaixo do esperado”, não foi realizada negociação com os educadores. O Sintepe, já em fevereiro, integrará uma mobilização nacional, com a assembleia geral da categoria, em Pernambuco. O presidente sindical, Heleno Araújo, disse que a possibilidade de greve é real.

##RECOMENDA##

No dia 13 de fevereiro, a categoria se reunirá para deliberar os encaminhamentos do plano de luta. O ato será às 9h, no Teatro Boa Vista, no Centro do Recife. A nota do Sintepe também aponta que, apesar do reajuste, os professores de Pernambuco continuam com os salários muito distantes dos profissionais de ensino do Nordeste. “Uma verdadeira contradição: o Estado que mais cresce no Brasil paga o pior salário aos seus professores”, diz a nota.

O presidente do Sindicato criticou veemente a gestão do governador. “Que absurdo Governador Eduardo Campos, que prometeu durante a campanha política de 2006 resolver esta vergonha nacional e chegou o último ano dos seus dois governos e a situação continua humilhante”, disse Araújo, conforme informações da assessoria de comunicação do Sintepe.

O grupo sindical, com base nos dados da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), relacionou os salários dos professores de Pernambuco com os de outros estados nordestinos, para uma jornada de 40 horas semanais:

Pernambuco - 1.646,04 (1.782,23 com o reajuste anunciado)        

Bahia – R$ 2.324,35

Sergipe – R$ 2.326,52

Rio Grande do Norte – R$ 2.238,77 (valor proporcional, não existe jornada de 40 horas por semana).

Ceará – R$ 2.444,92

Piauí – R$ 2.152,27

Maranhão – R$ 3.916,04” (valor proporcional, não existe jornada de 40 horas por semana).

 

 

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando