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Proposta de Emenda à Constituição (PEC), em discussão no Senado, que tira poder de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e limita decisões monocráticas e pedidos de vista foi alvo ontem de fortes críticas de magistrados da Corte. O presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, e o decano do STF, Gilmar Mendes, associaram a proposta à ditadura de Getúlio Vargas. Gilmar disse que ela "não tem boa origem".

"A revisão de decisões do Supremo é democraticamente inaceitável, é um modelo da Constituição ditatorial de 1937. Em nenhum país democrático você tem decisões do Supremo revista pelo Congresso, mas o debate é legítimo e o Congresso é o lugar de isso acontecer", disse Barroso durante seminário promovido pelo Estadão e pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, na capital paulista.

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A PEC está prevista para ser votada hoje no plenário do Senado. Segundo Gilmar, ele e os demais ministros devem derrubar a proposta que autoriza deputados e senadores a cassar decisões da Corte, caso o texto seja aprovado pelo Congresso.

A proposta prevê limitar decisões monocráticas de ministros do STF. Ou seja, quando apenas um ministro toma decisão sobre determinado assunto. Há também previsão de que os pedidos de vista - retirada de pauta dos processos para uma avaliação do assunto - tenham prazo de 180 dias e sejam concedidos a partir da aprovação de seis dos 11 ministros da Corte.

Para Gilmar, o texto da PEC que prevê revisão das decisões dos ministros da Corte é parecido com texto constitucional de 1937, outorgado na ditadura de Getúlio Vargas. "Não faz sentido e é quebra da ideia de divisão dos Poderes. Tivemos experiência em 1937, com a Constituição polaca, constituição ditatorial de Getúlio Vargas, que dizia que o parlamento, por dois terços, poderia anular decisões do Supremo e confirmar constitucionalidade de leis consideradas inconstitucionais pelo Supremo. Mas não houve parlamento em 37, então, foi feito por decreto. Isso precisa ser olhado com muitíssimo cuidado. Não tenho dúvida em dizer que é uma proposta absolutamente inconstitucional. Não passa por qualquer crivo de um modelo de estado de direito constitucional", afirmou o ministro ao participar do evento em São Paulo.

Alterações

Essa mudança, prevista na PEC 50/2023, diz que o Congresso poderá modificar decisões do STF que extrapolem "os limites constitucionais". O artigo 49 da Constituição Federal passaria a vigorar com acréscimo do inciso 29: "Deliberar, por três quintos dos membros de cada Casa Legislativa, em dois turnos, sobre projeto de decreto legislativo do Congresso Nacional, apresentado por 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, que proponha sustar decisão do Supremo Tribunal Federal que tenha transitado em julgado, e que extrapole os limites constitucionais".

Gilmar já havia dado declaração semelhante após visitar a Frente Parlamentar do Comércio e Serviço, que é presidida pelo deputado Domingos Sávio (PL-MG). O parlamentar é um dos autores da PEC, que foi apresentada na esteira da crise entre Congresso e STF, após a Corte invalidar a tese de marco temporal para demarcação das terras indígenas. A proposta foi uma das medidas do Legislativo em resposta a decisões recentes do Supremo, incluindo a paralisação da pauta de votações da Câmara e do Senado.

Barroso afirmou ser contrário à PEC, pois, segundo ele, as mudanças reforçam a ideia de que erros do País passam pela Corte. "Eu preferiria que não houvesse mudanças no Supremo nesse momento, porque passa visão equivocada de que os problemas do País passam pelo Supremo. Na verdade, as soluções do País é que passam pelo Supremo", disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O deputado estadual Joel da Harpa (PP) não acredita que o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) retaliará Pernambuco por não ter dado vitória a ele no segundo turno das eleições presidenciais. No Estado, quem venceu o pleito foi Fernando Haddad (PT) com 66,53% dos votos válidos, já Bolsonaro recebeu 33,47%.

“Pernambuco não correspondeu como poderia, mas eu não tenho dúvida de que o Estado não sofrerá retaliação. Bolsonaro governará para todos”, afirmou, em discurso na Assembleia Legislativa de Pernambuco nessa segunda-feira (29).

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O parlamentar também comentou o discurso público feito por Bolsonaro após a confirmação do resultado das urnas. “Ele foi o primeiro presidente a ter coragem, logo após a vitória, de agradecer a Deus em rede nacional”, salientou Joel,  que sempre defendeu a candidatura de Bolsonaro à Presidência.

O progressista não foi o único a tratar da disputa presidencial na sessão. Líder do governo na Alepe, Isaltino Nascimento (PSB) pediu uma postura “republicana” do futuro presidente em relação ao Nordeste, onde foi derrotado em todos os Estados.

“O PSB espera que ele governe pensando no Brasil como um todo. Até porque, juntando os votos do adversário com as abstenções e os votos nulos e brancos, 61% do País não votou a seu favor”, salientou. “Já se anunciam medidas muito negativas, como liberação das armas, e mudanças na Previdência Social que foram rechaçadas pela maioria esmagadora do povo brasileiro”, completou o pessebista.

O capitão reformado do Exército venceu com 57,8 milhões de votos (55,13% do total de votos válidos), contra pouco mais de 47 milhões do petista Fernando Haddad (44,87%).

O candidato à presidência da República, Aécio Neves (PSDB), afirmou, nesta quarta-feira (22), que pleiteou a instalação da fábrica da Fiat Chrysler, em Minas Gerais, assim como o ex-governador Eduardo Campos (PSB) fez visando atrair o investimento para Pernambuco. A investida de Aécio, tem sido mencionada constantemente pelos petistas como trunfo de campanha no estado. O ex-presidente Lula (PT), por exemplo, lembrou, nessa terça (21), ao fazer um comício em Goiana, na Mata Norte - onde a fábrica está sendo montada- que o tucano foi contra a atração da indústria para o estado. 

“É um equívoco que se comete. Sempre fui a favor da descentralização das indústrias”, rebateu o tucano, em entrevista a uma rádio local. “É óbvio que como governador de Minas Gerais trabalhava de forma legitima para levar investimentos para o meu estado. Buscava investimentos como Eduardo fez por Pernambuco. Quando foi tomada a decisão, obviamente não houve contestação”, relatou acrescentando.  

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Apontado por petistas como “nazista” com o Nordeste, Aécio disse que não fará retaliações, caso seja eleito, e pontuou o desejo de ser lembrado como o gestor que mais fez pela região. “O presidente da República precisa ter um olhar generoso pelas regiões que mais precisam. Quero ser lembrado como o presidente que teve o olhar mais generoso para o Nordeste. O meu programa visa diminuir as diferenças das outras regiões”, afirmou. 

O governo federal já se organiza para enfrentar uma batalha política dentro do Congresso. Em reuniões com seus principais auxiliares, a presidente Dilma Rousseff já foi prevenida que integrantes de sua base de apoio - aliados à oposição - preparam retaliações contra o governo, insatisfeitos com a relação com o Palácio do Planalto.

Para esses parlamentares, Dilma aumentou a pressão da opinião pública contra eles ao tentar "empurrar" a culpa pelos problemas do País para o Congresso, após propor uma reforma política por meio de plebiscito.

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As retaliações que o Planalto tentará neutralizar são pesadas. Incluem a ameaça de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Copa, que investigaria gastos para o evento, e também alterações no sistema eleitoral. Nesse último caso, um grupo de parlamentares do PP passou a defender abertamente o fim da possibilidade de reeleição já para as próximas eleições, o que tiraria a chance de Dilma concorrer a um novo mandato.

Num cenário extremo, as propostas de retaliações poderiam incluir emenda que impeça que governantes ocupem cargo no Executivo por mais que dois mandatos. Isso tiraria do jogo também o ex-presidente Lula e deixaria o PT sem opções claras de candidatura presidencial. Por causa disso, o governo passou os últimos dias recebendo líderes aliados e mandando recados na tentativa de abrir diálogo até com a oposição. Existe a avaliação que o maior foco de insatisfação está na Câmara e que é preciso reatar as pontes de ligação com a base de sustentação dentro do Congresso. As conversas e reuniões deflagradas na semana passada têm o objetivo de garantir pelo menos a reabertura de um canal de negociações.

Sem recuo. Mesmo sabendo do tamanho da encrenca que será enfrentar uma Câmara com até a base aliada enfurecida, Dilma não recuará novamente na ideia de reforma política. Mas é por pura falta de opção. Não há dentro do governo nenhuma outra carta na manga para conter a onda de insatisfação que levou milhares de manifestantes às ruas. A petista aposta todas as fichas em ajustes pontuais nos serviços públicos e na reforma como respostas definitivas para aplacar o clamor das ruas.

Conforme interlocutores da presidente, caso os parlamentares se recusem a realizar o plebiscito, Dilma prevê que ainda assim poderia sair ganhando nesta batalha, pois publicamente mostraria que suas boas intenções esbarraram na má vontade do Legislativo. Para se ter ideia da lógica presidencial, ela tomou como vitória pessoal a aprovação no Senado do projeto que tipifica corrupção como crime hediondo, na quarta-feira. Embora a votação tenha sido realizada pelos senadores, Dilma contabilizou a fatura em sua conta, pois foi a primeira a retomar a ideia em seu discurso na segunda-feira passada.

Não que a presidente esteja otimista, pois está ciente de que enfrenta a pior crise nesses dois anos e meio de poder. Mesmo assim, ela pediu que uma pesquisa de opinião fosse encomendada para tomar a temperatura entre futuros eleitores. Foi aconselhada pelo marqueteiro João Santana a esperar, pois o clima estaria "contaminado" e não representaria o real sentimento da população. Até porque, na avaliação do governo, as manifestações das ruas já perderam força. O protesto programado para a última quarta em Brasília foi considerado pelo Planalto um completo fracasso.

Eram esperadas 50 mil pessoas e cerca de 4 mil policiais foram acionados. Mas os PMs encontraram, no auge da concentração, apenas cerca de 5 mil manifestantes. Dilma acha que a violência de vândalos infiltrados nos eventos está assustando os manifestantes e dispersando o movimento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os moradores da Comunidade Quilombola de Rio dos Macacos, localizada ao lado da Base Naval de Aratu, em Salvador - onde a presidente Dilma Rousseff passou a virada de ano -, afirmam que as ações de violência por parte de integrantes da Marinha contra cerca de 500 habitantes foi intensificada nos últimos dias. O motivo seria represália contra uma manifestação feita por cerca de 40 integrantes da comunidade no último dia 2, na Praia de São Tomé de Paripe, vizinha à Praia de Inema, que integra a base.

Segundo a coordenadora da associação dos moradores da comunidade, Rose Meire dos Santos Silva, de 34 anos, as ações de intimidação por parte dos militares, motivo principal da manifestação, se tornaram mais frequentes a partir do dia 3. "Já naquele dia, eu e dois dos meus irmãos fomos impedidos de entrar na comunidade por homens fardados, que chamaram reforço da Polícia Militar", conta. "Eles foram violentos, até quebraram uma máquina fotográfica que a gente levava."

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De acordo com a líder da comunidade, após a manifestação, a área onde ficam as casas simples da comunidade voltou a ser cercada e teve o monitoramento reforçado por parte dos militares. Ela também relata que alguns moradores têm sido perseguidos. "Me sinto ameaçada (de morte)", relata.

A Comunidade de Rio dos Macacos é alvo de disputas entre os moradores e a Marinha desde a década de 1950, quando a Prefeitura de Salvador fez a doação da área da base para a União.

Em 2009, os planos de expansão da base fizeram a Marinha buscar a Justiça para tirar os moradores do local. Em novembro de 2010, a Justiça baiana chegou a determinar, por meio de liminar, a desocupação da comunidade, mas a sentença não chegou a ser cumprida. A Marinha, então, cercou a área e passou a monitorar o trânsito no local.

Em agosto do ano passado, a Justiça do Estado voltou a determinar a saída dos moradores, mas decisão foi derrubada, depois de recurso da Defensoria Pública da União. O caso segue sob análise do Tribunal Regional Federal.

Quilombo

Em julho de 2012, um relatório do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) reconheceu o local como quilombola, delimitando uma área de 301 hectares para seus habitantes. A Marinha, porém, quer que a área destinada aos descendentes de escravos seja de 21 hectares.

Em nota, o Comando do 2.º Distrito Naval afirma que a ocupação da área, que pertence à União, é ilegal. "Essa área foi desapropriada na década de 1950, mediante justa e prévia indenização", diz o texto. "Cabe registrar que documentos levantados evidenciam que as pessoas que ocupam o local não seriam remanescentes de quilombos."

A nota não especifica os documentos, mas fornece exemplos. "Os pais da senhora Rose Meire dos Santos Silva, que atua como líder daquela suposta comunidade, são naturais de Serrinha e Araci, no interior do Estado, sendo que três dos seus irmãos nasceram em Lamarão, também no interior da Bahia", diz o texto. "Da mesma forma, diversos outros ocupantes irregulares não nasceram ou foram criados naquele local, visto que são oriundos de municípios do interior do Bahia e de outros Estados, como Ceará e Paraíba."

Também segundo a Marinha, as acusações de ações violentas de militares contra os moradores da comunidade são falsas. "(Elas) cumprem o objetivo de angariar simpatizantes à causa."

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