No cargo desde setembro de 2013, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ganhou mais destaque na mídia, nas últimas semanas, após entregar ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma lista com 50 nomes de políticos para abertura de inquérito sobre envolvimento no esquema de pagamento de propina com dinheiro desviado de grandes contratos da Petrobras. Alvo de críticas por parte dos acusados, Janot defende o endurecimento de regras para o combate à corrupção e enfrenta resistência do Senado para recondução ao cargo.
Especialista em direito comercial, de meio ambiente e do consumidor e mestre em direito, Janot ingressou na carreira de procurador da República em 1984. De para cá, ele atuou como procurador-chefe substituto no Distrito Federal, subprocurador-geral da República, coordenador do Meio Ambiente e dos Direitos do Consumidor da PGR e secretário-geral do Ministério Público Federal, entre outras funções.
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Antes de assumir o cargo, ele também foi professor titular de direito processual civil da Universidade do Distrito Federal (UDF) até 1995 e secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça de abril a dezembro de 1994. Janot ainda foi Presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), em mandato eletivo, de maio de 1995 a maio de 1997 e foi, por três vezes, conselheiro do Conselho Superior do MPF.
Pela Constituição, o procurador-geral da República deve sempre ser ouvido nas ações de inconstitucionalidade e nos processos de competência do STF, podendo denunciar autoridades como deputados federais, senadores, ministros de Estado e o presidente e o vice-presidente da República. Por isso ele deu o parecer no caso da Operação Lava Jato, que apura as denúncias de financiamento de campanhas eleitorais por meio de recursos desviados da Petrobras.
Também cabe a ele a chefia do Ministério Público da União e do Ministério Público Federal, além de atuar como procurador-geral Eleitoral. O procurador-geral da República é escolhido e nomeado pelo presidente da República, e seu nome deve ser aprovado pela maioria absoluta do Senado Federal.
Lava Jato
Acusado de agir em benefício da presidente Dilma Rousseff no caso da Lava Jato e de seguir interesse político, Rodrigo Janot defendeu-se dizendo que não agiu em causa própria. "Tenho 31 anos de Ministério Público e sempre servi à causa da sociedade com honra e denodo. Não vou permitir que, neste momento da vida funcional, interesses vis ou preocupações que estejam além do Direito influenciem o meu agir", frisou.
Para ele, no curso das investigações, a população saberá distinguir entre culpados e inocentes. "Os cidadãos que pagam impostos e que cumprem com seus deveres cívicos saberão, nessa hora sombria e turva da nossa história, distinguir entre o bem e mal, entre a decência e a vilania, entre aqueles que lutam por um futuro para o País e aqueles que sabotam nosso sentimento de nação", disse, sem citar nomes.
Investigado na Lava Jato, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) até iniciou uma ofensiva contra Janot ao tentar encampar uma CPI para investigar o Ministério Público, mas o foco tornou-se a articulação para rejeitar a recondução dele, cujo mandato vence em setembro, ao cargo de procurador-geral da República. Nos bastidores da Casa, já é certa a saída do magistrado do comando da PGR, já que há posições contrárias a ele em todos os partidos.
Embora esteja em plena campanha, inclusive conversando com alguns senadores, Janot disse que a condução do processo da Operação Lava Jato será serena, equilibrada e eficaz. Ele reiterou a transparência e o diálogo. "Se as portas do meu gabinete estão - como sempre estiveram - abertas para o diálogo com quem quer que seja, ressalto que a porta da minha consciência somente se abre para a Constituição e para as leis que jurei respeitar e fazer cumprir", destacou.