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A Segunda Câmara do Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu, por unanimidade, condenar o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, o ex-procurador Deltan Dallagnol e o procurador João Vicente Romão, a ressarcir os cofres públicos pelo dinheiro gasto na força-tarefa da Lava Jato com diárias e passagens aéreas. O processo corria desde 2020 e foi julgado nesta terça-feira (9). 

O relator, Bruno Dantas, considerou as contas irregulares, e votou por condenar os indiciados a ressarcir R$ 2.831.808, além de multa, pelo modelo de gestão de recursos utilizado durante a coordenação da investigação. A decisão da 2ª Turma foi acompanhada por quatro outros ministros com direito a voto. Deltan é candidato a deputado federal pelo Podemos do Paraná e poderá se tornar inelegível, assim como os outros condenados. 

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Segundo o parecer de Dantas, Deltan escolheu amigos para participar da investigação e premiou com diárias mesmo aqueles que tinham residência em Curitiba. Um dos membros da força-tarefa, Diogo Castor, teria recebido pouco mais de R$ 300 mil em diárias apesar de morar na capital paranaense. 

“O pagamento de diárias e passagens foi a fórmula idealizada, operacionalizada e liquidada de escamotear a ordenação de despesas fora da moldura legal mediante golpe hermenêutico tão rudimentar quanto indecoroso”, afirmou Dantas. 

A defesa dos procuradores teve até o mês de maio para fazer a apresentação ao TCU. Eles alegaram que a decisão da corte poderia ser contestada no futuro e era repleta de erros. O advogado de Deltan Dallagnol disse que o réu, por ser residente em Curitiba, não havia se beneficiado com os valores, tampouco era responsável pelo sistema de validação dos recursos da Lava Jato. 

Outros sete indiciados foram absolvidos, mesmo tendo sido diretamente beneficiados, por não possuírem poder de decisão sobre a distribuição dos recursos, de acordo com o parecer. O voto do relator contrariou a área técnica do TCU, que defendeu a regularidade das contas de todos os envolvidos. 

 Assim, Dallagnol, Janot e Romão foram condenados por ter participado da concepção do modelo escolhido pela força-tarefa e da escolha dos integrantes; por ter autorizado a constituição da força-tarefa; e por ter solicitado a formação da força-tarefa. 

 

Na manhã desta terça-feira (12), o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu - de forma unânime -, abrir um processo de responsabilização contra o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o ex-procurador Deltan Dallagnol, pelo pagamento de R$ 2,7 milhões em diárias e passagens a procuradores que atuaram na Operação Lava Jato.

O ministro Bruno Dantas, relator do caso, determinou que Janot e Dallagnol devolvam o valor aos cofres públicos ou apresentem defesa em 15 dias. O ex-procurador-chefe do Paraná, João Vicente, também foi responsabilizado.

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"O modelo de gestão escolhido deliberadamente pela alta administração da Procuradoria-Geral da República adotou como regra a ser executada ao longo dos anos uma prática concebida para ser excepcional e limitada no tempo e no espaço, exatamente porque é muito onerosa aos cofres públicos", apontou Dantas em sua decisão.

Os procuradores recebiam ajuda financeira para gastos com diárias e passagens, além de pagamento da Gratificação por Acumulação de Ofícios (Geco). No entanto, o indicado era que os membros da força-tarefa fossem oficialmente transferidos para a capital paranaense.

Defesa

Deltan Dallagnol se defendeu por meio de suas redes sociais. No Twitter, o ex-procurador disse que estão tentando responsabilizá-lo por diárias pagas a outros procuradores. "Essa decisão é revoltante. Depois de ser condenado a indenizar Lula em R$ 75 mil, o TCU agora quer me responsabilizar por diárias que eu não recebi e nem autorizei", declarou.

Para Dallagnol, isso é o resultado da "vingança do sistema contra quem combate à corrupção". Deltan aponta que existe essa "perseguição" porque procuradores, secretários do MPF, auditorias e a própria área técnica do TCU foram unânimes em dizer que as diárias obedeceram a lei.

"O pagamento de diárias foi o modelo mais econômico possível para que especialistas em corrupção e lavagem de dinheiro de várias partes do BR pudessem trabalhar na força-tarefa. Como consequência, a Lava Jato alcançou resultados inéditos, como os R$ 15 bilhões recuperados", salientou.

Até a publicação desta matéria, Rodrigo Janot e João Vicente não haviam comentado sobre a decisão.

Novas mensagens divulgadas pelo site The Intercept Brasil, nesta segunda-feira (14), sugerem que os procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba divulgaram a denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o caso do sítio de Atibaia de maneira estratégica. Em maio de 2017, o grupo publicizou a acusação contra o ex-presidente para tentar abafar as críticas que o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, estava recebendo na época. 

Janot estava sendo bombardeado por conta de um áudio vazado sobre a colaboração premiada dos executivos da JBS que envolvia o então presidente Michel Temer (MDB). Suspeitas apontavam que o material tinha sido editado. 

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Carlos Fernando dos Santos Lima, que era procurador da Lava Jato na ocasião, chegou a escrever para os demais colegas que a denúncia contra Lula poderia "criar distração" sobre a eventual edição da conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista, que gerou grande repercussão naquele momento porque a gravação deixava a entender que Temer estaria articulando uma espécie de compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (MDB). O áudio vazou em 17 de maio e a denúncia contra Lula estava marcada para o dia seguinte, mas chegou a ser adiada pela repercussão. 

Entretanto, quando surgiu a especulação de que o conteúdo havia sido editado, os procuradores, ao conversarem sobre a necessidade de um laudo técnico da Polícia Federal, também trataram de uma forma para abafar as críticas a Janot. 

“Quem sabe não seja hora de soltar a denúncia do Lula. Assim criamos alguma coisa até o laudo”, disse Carlos Fernando no grupo Filhos do Januário 1. “Vamos criar distração e mostrar serviço”, asseverou Deltan Dallagnol. O caso do sítio Atibaia foi apresentado à Justiça no dia seguinte à essa conversa. 

Veja:

Filhos do Januário 1

21 de maio de 2017

Carlos Fernando dos Santos Lima – 20:02:26 – Quem sabe não seja hora de soltar a denúncia do Lula. Assim criamos alguma coisa até o laudo.

Deltan Dallagnol – 21:03:14 – Acho que a hora tá ficando boa tb. Vou checar se tem operação em BSB, que se tiver vai roubar toda a atenção.

Após checar com a equipe de Brasília, Deltan volta a falar no grupo

Dallagnol – 21:39:51 – Nesta semana não tem op de BSB (mantenham aqui óbvio). Da pra soltar a den Lula Cf acharmos melhor

Jerusa Viecili – 21:40:51 – Faremos o release amanhã

Santos Lima – 21:45:18 – Vamos criar distração e mostrar serviço.

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A perícia da Polícia Federal detectou que houve cortes no áudio da conversa entre Temer e Joesley, mas descartou alterações no conteúdo que foi base, posteriormente, para uma denúncia da PGR contra o ex-presidente. 

No caso de Atibaia, Lula foi condenado na primeira instância pela juíza Gabriela Hardt a 12 anos e 11 meses de prisão. O petista aguarda o julgamento de um recurso na segunda instância no Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Questionado sobre a estratégia, o Ministério Público Federal do Paraná disse que “quando nenhuma questão legal (como a existência de prazo ou risco de prescrição) ou razão de interesse público determina o momento de apresentação de uma denúncia ou manifestação, a força-tarefa ouve a equipe de comunicação quanto ao melhor momento para sua divulgação”.

O ex-procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que se aposentou em março, não se manifestou sobre o assunto. Nem a Procuradoria-Geral da República.

Alegando intenção de "evitar constrangimentos", o ex-procurador-geral Rodrigo Janot comunicou nesta quarta-feira, 9, à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Distrito Federal seu afastamento da advocacia. Ele pediu a suspensão de sua matrícula de advogado até 5 de novembro, quando será ouvido no Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/Distrito Federal, onde mantém a inscrição para o exercício da profissão.

Sob intensa pressão de políticos e até de antigos aliados desde que admitiu publicamente ter planejado o assassinato do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2017, Janot achou melhor se afastar da advocacia - atividade que assumiu logo após se aposentar da carreira de procurador do Ministério Público Federal.

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A decisão de Janot, que relatou o plano de eliminar Gilmar nas páginas do seu "Nada menos que tudo" - livro que destaca as passagens que reputa mais importantes na Procuradoria-Geral da República, durante seus dois mandatos, entre 2013 e 2017 -, ocorre em meio à saraivada de críticas, principalmente de desafetos, entre eles o senador Renan Calheiros (MDB/AL).

Na última sexta-feira, 4, Renan ingressou na OAB/DF com pedido de suspensão da carteira de advogado de Janot. O senador pediu suspensão de 180 dias, prazo para "a apuração psicológica e toxicológica" do ex-procurador.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) aditou uma representação que havia feito à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) contra o ex-procurador-geral Rodrigo Janot. O alagoano pediu que a OAB suspenda as atividades advocatícias de Janot para uma “apuração psicológica e toxicológica do mesmo”.

A suspensão, de acordo com a coluna Painel, seria de 180 dias. Renan argumenta que com o ex-PGR na ativa há um risco “iminente de atentado a ministros do STF [Supremo Tribunal Federal]”.

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Na semana passada, o emedebista deu entrada na entidade com um pedido de cassação do registro de Janot que o autorizar a exercer a advocacia. 

Em entrevista ao Estadão e a revista Veja, no último dia 26, dois anos depois de deixar o comando da Procuradoria Geral da República (PGR), Rodrigo Janot revelou que chegou a ir armado para uma sessão do STF com o objetivo de matar a tiros o ministro Gilmar Mendes e, logo depois, cometeria suicídio. Detalhes da ação são contados no livro lançado pelo ex-procurador: ‘Nada menos que tudo - Bastidores da operação que colocou o sistema político em xeque’.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou frase do livro “Nada Menos que Tudo”, do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, para embasar sua tese de que ele era um “objeto de desejo” da força-tarefa Lava Jato em Curitiba e reforçar o pedido de revisão do inquérito que o levou a ser condenado 8 anos de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.  

Em entrevista à TV Migalhas, nessa quarta-feira (2), o ex-presidente disse que não pode aceitar um “julgamento político” das acusações que pesam contra ele. “Eu estou dizendo isso há quatro anos e se não bastasse eu falar, é só pegar o livro do Janot, na página 182, no capítulo 15º, essa frase aqui ‘objeto de desejo chamado Lula’, eu cansei de falar que eu era um objeto de desejo para a Lava Jato de Curitiba”, mencionou Lula.

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“Então, agora a casa está caindo. Em benefício de quem? Em benefício da verdade, em benefício da verdadeira justiça, em benefício de um julgamento justo que é a única coisa que eu quero”, acrescentou. O líder-mor petista disse que já leu o livro de Janot por completo. 

Chamando a atenção por estar usando uma gravata que costumava vestir quando era presidente, Lula também disse ter um “apreço grande pela Justiça”, mas não poderia deixar de observar que o ex-juiz e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e o coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, eram mentirosos. 

“O que não se pode é tentar ficar achando que, pelo fato de você não concordar com uma sentença dada sobre você, com base em informações mentirosas, você esteja desrespeitando a Justiça. Estou apenas dizendo que o Moro foi mentiroso no meu processo. Não estou atacando o Poder Judiciário, estou dizendo que o Moro foi mentiroso”, declarou o ex-presidente. 

“Ninguém gosta mais do Ministério Público do que eu, mas estou dizendo que o Dallagnol foi mentiroso. Que  os delegados mentiram no meu processo. Esse cidadão votou sem ler o meu processo. Ao invés de desrespeitar a Justiça, quero se se faça justiça no país. Quero ter um julgamento justo, que leiam o inquérito. O que não posso é aceitar um julgamento político”, emendou Lula. 

Após dizer que quase matou o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot foi convidado a dar explicações na Câmara. Um pedido para ouvi-lo foi aprovado na manhã desta quarta-feira, 2, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Janot não é obrigado a ir.

Em declaração ao jornal O Estado de S. Paulo na quinta-feira passada, o ex-procurador-geral afirmou que, no momento mais tenso de sua passagem pelo cargo, chegou a ir armado para uma sessão do Supremo com a intenção de matar a tiros o ministro Gilmar Mendes. "Não ia ser ameaça não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele (Gilmar) e depois me suicidar", afirmou Janot.

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O convite foi apresentado pelo deputado Delegado Pablo (PSL-AM), que também pretende discutir as declarações do ex-procurador-geral sobre sua atuação na Operação Lava Jato, feitas livro Nada Menos que Tudo.

"A intenção é trazer luz ao tema que ele falou a toda a mídia, que durante a Lava Jato foi, por várias autoridades da República daquele tempo, atrapalhado, obstaculizado, colocado contra a parede para que investigações não andassem. Todas aqui sabem que a Lava Jato é um patrimônio do Brasil. Essas pessoas que de alguma forma tentaram fazer o trabalho da Polícia Federal e Ministério Público não caminhar tem que prestar contas à Justiça", disse Delegado Pablo.

Na última sexta-feira, 27, Janot foi alvo de ações de busca e apreensão em seus endereços em Brasília. A ordem judicial foi dada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, que atendeu a pedido feito por Gilmar para suspender o porte de armas do ex-PGR e impedi-lo de entrar nas dependências do Supremo.

No requerimento, Pablo também convida o ex-chefe de gabinete da PGR Eduardo Pelella e o ex-ministro da Justiça do governo Dilma José Eduardo Cardozo.

O senador Jaques Wagner (PT-BA) classificou como perseguição política a prisão do ex-presidente Lula, que cumpre pena por condenação no caso do triplex em Guarujá (SP). Durante pronunciamento nesta terça-feira (1º), o parlamentar disse que sobram elementos que confirmam a perseguição. Wagner citou trechos do livro “Nada Menos que Tudo”, de autoria do ex-procurador-geral, Rodrigo Janot e assinado pelos jornalistas Jailton Carvalho e Guilherme Evelin.

Em um dos capítulos, conforme citou Jaques Wagner, o então procurador declara que teria sido pressionado por membros da Operação Lava Jato a denunciar imediatamente o ex-presidente por organização criminosa “nem que para isso tivesse que deixar em segundo plano outras denúncias em estágio mais avançado", citou.

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Ainda de acordo com Janot, acrescenta o senador, o Ministério Público estaria sendo pressionado a acusar Lula e outros políticos do PT com foro no Supremo Tribunal Federal (STF) para dar lastro à denúncia apresentada pela equipe da Lava Jato ao então Juiz Sergio Moro, em Curitiba. Isso, como citou o senador, era o que daria base jurídica para o crime de lavagem de dinheiro imputado pela Operação ao ex-presidente.

“Em 15 de setembro, Dallagnol [procurador e coordenador da Lava Jato] deu a famosa coletiva, em que não apresentou provas, mas externava as suas convicções: "Provas são pedaços da realidade que geram convicção sobre determinado fato ou hipótese." E por aí segue o ex-procurador-geral, até concluir, primeiro, que Dallagnol quase que exigia: "se você não fizer a denúncia, a gente perde a lavagem", aspeado pelo doutor Rodrigo Janot”, citou.

Jaques Wagner disse esperar que o STF cancele toda a ação e declare a inocência do ex-presidente Lula, já que, na sua avaliação, a condenação se deu com base em um “processo eivado de vícios e de erros”.

*Da Agência Senado

 

O subprocurador-geral da República, Moacir Guimarães Morais Filho, solicitou que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) apreenda os exemplares do livro ‘Nada menos que tudo - Bastidores da operação que colocou o sistema político em xeque’ do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Na obra, Janot revela ter planejado, em 2017, matar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.

No pedido, Moacir diz que a divulgação do livro de Janot é nociva porque “traz a confissão de alguns atos preparatórios consumados pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot, que ultrapassam a mera cogitação do homicídio premeditado pelo agente”.

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No documento, o subprocurador-geral salienta: “a prova da confissão da suposta conduta delituosa está a suscitar comentários na sociedade e nas instituições, razão pela qual o suplicante considera nociva à divulgação do livro sem que sejam excluídos dele os capítulos relativos ao fato confessado pelo autor da obra”.

Além disso, observa que é necessário retirar “das bancas de vendas, a prova material da confissão do fato” e, caso não seja oficialmente distribuído para venda, que “sejam retiradas as páginas do relato revelado pelo autor, isto como medida preventiva para evitar a propagação do incitamento à violência e à prática do juízo arbitrário das próprias razões em situações como a relatada” por Janot. 

O livro do ex-procurador-geral da República ainda não foi lançado, mas ele deu detalhes sobre temas que tratava a obra em entrevistas concedidas na semana passada. Na ocasião, Rodrigo Janot revelou o plano para matar Gilmar Mendes e chegou a pontuar que o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o deputado federal Aécio Neves (PSDB) chegaram a tentar cooptá-lo para barrar investigações contra eles. 

Após manifestação de sua defesa, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, comentou as afirmações do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. Em nota para rebater alegações do livro de Janot, Cunha disse que o ex-PGR é 'um psicopata e homicida que não merece respeito'.

Na nota escrita em Bangu 8, onde está atualmente detido, Eduardo Cunha diz que Janot teria 'ódio pessoal' e teria divulgado 'falsas acusações'. Cunha ainda diz que é vítima de 'perseguição' comandada pelo ex-PGR.

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Na publicação que o ex-procurador-geral pretende lançar em outubro - o livro 'Nada Menos que Tudo', escrito em colaboração com os jornalistas Jailton de Carvalho e Guilherme Evelin - Janot diz que foi o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), preso pela Lava Jato, o responsável pela invasão de sua casa em Brasília, em 2015.

Nessa quinta-feira, 26, o antecessor de Raquel Dodge disse à reportagem que, no momento mais tenso de sua passagem pelo cargo, chegou a ir armado para uma sessão do STF com a intenção de matar a tiros o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.

O ex-presidente da Câmara indicou que tanto as afirmações sobre a invasão de sua casa, quanto a tratativa de homicídio do ministro do Supremo, são 'absurdas'.

Os advogados de Eduardo Cunha já haviam divulgado nota sobre as declarações de Janot. A defesa considerou as falas do ex-PGR 'esquizofrênicas' e 'irresponsáveis' e argumentaram: "As ilegalidades praticadas contra Eduardo Cunha, à época que ele (Janot) conduziu com o fígado o Ministério Público Federal, violavam princípios básicos como a impessoalidade".

Eduardo Cunha foi preso em outubro de 2016 após um pedido de prisão preventiva acatado pelo então juiz Sérgio Moro. Em março de 2017, o ex-presidente da Câmara foi condenado a 15 anos e 4 meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta de divisas, em ação na qual é acusado de receber uma propina de 1,3 milhão de francos suíços, fruto da compra de um campo de petróleo na África pela Petrobras. Ele também é réu em outras ações penais.

Temer também reagiu

O ex-presidente Michel Temer também reagiu a citações que o ex-procurador-geral da República faz no livro de memórias 'Nada menos que tudo'. Em nota divulgada nesta sexta-feira, 27, Temer diz que Rodrigo Janot, 'além de mentiroso contumaz e desmemoriado, revela-se um insano homicida-suicida'.

O novo procurador-geral da República, Augusto Aras, classificou em nota como "inaceitáveis" as atitudes do ex-PGR Rodrigo Janot, que revelou ao Estado ter ido armado ao Supremo Tribunal Federal (STF) com a intenção de matar a tiros o ministro Gilmar Mendes. Apesar disso, o recém-nomeado ao posto máximo do Ministério Público Federal (MPF) afirmou que o fato "não tem o condão de macular" a instituição.

"O Ministério Público Federal é uma instituição que está acima dos eventuais desvios praticados por qualquer um de seus ex-integrantes", diz Aras no comunicado. O novo procurador-geral afirma ainda confiar nos colegas, "homens e mulheres dotados de qualificação técnica e denodo no exercício de sua atividade funcional".

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Segundo Aras, o MPF continuará cumprindo "com rigor" sua missão. "Os erros de um único ex-procurador não têm o condão de macular o MP e seus membros", afirma a nota.

As declarações do novo ocupante da cadeira que já foi de Janot se somam às críticas até mesmo de ex-auxiliares do antigo PGR. Ex-secretário-geral do MPF na gestão de Janot, o procurador regional da República Blal Dalloul disse ao Estadão/Broadcast que as declarações do ex-chefe são "uma das páginas tristes para a história do Ministério Público, e sua revelação nada traz de positivo".

Janot disse ao Estado que, no momento mais tenso de sua passagem pelo cargo, ingressou armado no Supremo para matar Gilmar. "Não ia ser ameaça, não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele (Gilmar) e depois me suicidar", afirmou o ex-PGR. Anteontem, o Supremo determinou buscas em endereços de Janot e uma pistola foi apreendida. Ele teve o porte de arma suspenso, foi proibido de entrar na Corte de se aproximar de ministros do tribunal.

"Estou realmente chocado com essa revelação. Não imaginava que tal situação tivesse acontecido, e minha formação não admitiria conhecimento sem veemente discordância", disse Dalloul, que ficou em terceiro lugar na lista tríplice da categoria para a escolha do novo procurador-geral - ignorada pelo presidente Jair Bolsonaro, que indicou Aras. "É preciso perdoar e amar muito mais. Inclusive por e pela instituição tão maior do que qualquer das suas pessoas", acrescentou.

Reação

A declaração do ex-chefe chocou não apenas Dalloul, como também outros ex-auxiliares ouvidos pela reportagem. A reação entre as pessoas que compuseram a equipe do ex-procurador-geral e até de quem permaneceu como amigo após a gestão foi péssima.

O fato está sendo tratado como indigno e inaceitável. Um desses integrantes disse ao Estado que já havia escutado um comentário de Janot de que tinha apenas pensado em matar o ministro do Supremo, mas entendeu que era uma bravata. Para ele, o fato de a declaração ter vindo no contexto de venda de livro é ainda pior, mais vergonhoso. Até o motivo, crítica à filha, foi citado como "ridículo".

Outro ex-auxiliar de Janot disse estar preocupado com os reflexos das declarações do ex-chefe na "institucionalidade" do Ministério Público. Para ele, o ex-procurador-geral agiu "de forma incompatível com o estágio civilizacional".

A operação de buscas nos endereços do Janot foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no Supremo para apurar ofensas, ameaças e fake news contra integrantes do STF. Em entrevista ao Estado em maio, Aras sinalizou que iria rever a posição da sua antecessora, Raquel Dodge, sobre o inquérito. Ao contestar o fato de as investigações ocorrerem sem o acompanhamento do Ministério Público, Raquel pediu o arquivamento do caso, mas acabou ignorada.

'Não quis dramaticidade'

No dia em que sentou na cadeira de procurador-geral da República, em 17 de setembro de 2013, Rodrigo Janot queria que sua gestão ficasse conhecida como a que promoveu mudanças no sistema penitenciário brasileiro. Era o máximo que ambicionava, afinal, o País vivia a ressaca do caso do mensalão. Quatro anos e uma Operação Lava Jato depois, Janot deixou o cargo após alguns feitos inéditos, como oferecer duas denúncias contra o então presidente da República e pedir a prisão de um senador, além de comandar ações que resultaram na condenação de políticos influentes e grandes empresários.

No caminho, fez muitos inimigos, mas também colecionou muitas histórias. Parte delas está no livro Nada Menos que Tudo, escrito em parceria com os jornalistas Jailton de Carvalho e Guilherme Evelin, que será lançado em outubro com relatos em primeira pessoa sobre os bastidores dos principais capítulos de sua gestão.

A mais rumorosa delas, no entanto, é descrita de forma genérica e sem o nome dos envolvidos. Janot preferiu relatar a jornalistas que, em maio de 2017, foi armado ao Supremo Tribunal Federal com a intenção de matar o ministro Gilmar Mendes - a informação, antecipada pelo Estado, resultou na apreensão de uma pistola .40 do procurador pela Polícia Federal, entre outras medidas. "Não queria dar dramaticidade a esse fato no livro", justificou. A ausência de um relato detalhado do episódio que deixou o País boquiaberto não significa, porém, que o livro não tenha histórias saborosas.

Uma delas aconteceu quando foi deflagrada a operação para cumprir o mandado de prisão do então senador petista Delcídio Amaral. Nas primeiras horas daquele 25 de novembro de 2015, Janot teve de ligar para a casa do então presidente do Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), e acordá-lo com a notícia de que iria prender um senador. Após um longo silêncio do outro lado da linha, o procurador disparou: "Não é o senhor, não". "Quando eu disse que seria Delcídio Amaral ele pareceu subitamente aliviado e a conversa fluiu normalmente." Naquele tempo, Renan já era alvo de ações penais no Supremo.

Em suas memórias, Janot descreve a reação de políticos que passaram à condição de investigados. "Uns ficam agressivos, outros tentam desqualificar a investigação. Outros apelam para a emoção e choram."

Ao deputado Aécio Neves (PSDB), mineiro como o ex-procurador, Janot reserva um relato à parte em momentos diferentes do livro. O ex-procurador diz que Aécio foi "um dos que mais se empenharam" para não ser investigado. E, para isso, valeu-se de visitas à sua sala - nas quais citava a mãe, a família e, não raro, chorava -, de oferta de cargos públicos e do envio de cartas. Em uma delas, relata, Aécio escreveu "my life is in your hands" (minha vida está em suas mãos). "Tenho essa carta comigo, de próprio punho. É um documento histórico", afirmou. "Talvez, ao longo da história, isso diga algo sobre o tamanho de alguns homens públicos", escreve.

Janot também cita os principais reveses no cargo: as críticas por ter dado perdão judicial ao empresário Joesley Batista, a prisão do procurador Ângelo Villela e o episódio em que um integrante de sua equipe foi acusado de fazer jogo duplo, no MPF e na defesa da J&F. E defende sua atuação nos episódios.

Além disso, critica o ritmo dado por sua sucessora, Raquel Dodge, à operação ("A diminuição de ritmo das investigações na Lava Jato é visível"), pergunta sobre políticos que, embora alvo de investigações, até o momento escaparam de condenações ("Qual é a origem do poder deles no Judiciário?"), e reflete sobre sua gestão. "Essa ruptura não é feita de um dia para a noite. É um processo. E, como todo processo, há avanços e recuos. A medida que temos que fazer é o quanto avançou e o quanto recuou. E se a diferença entre avanço e recuo foi positiva ou negativa. Acho que estamos no azul ainda", disse à reportagem.

Segundo ele, o livro tem a função de ser um registro histórico sobre acontecimentos que marcaram a Lava Jato para um período após "o frescor dos fatos." "A ideia do livro é isso. É fazer um registro histórico, porque não estarei mais aqui quando este julgamento vier. É a minha voz. Meu testemunho está aí. Me julguem."

Aposentado do MPF, Janot nega intenção de concorrer a cargo público. Ele quer dar aula e aguarda o fim da quarentena de três anos para advogar - descarta veementemente a área penal. A partir de setembro de 2020, poderá atuar nos tribunais superiores. Qual seria a recepção dos tribunais após a afirmação do futuro advogado de que, num determinado momento, ele pensou em tirar a vida de um ministro do Supremo? As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Filho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, Francisco Prehn Zavascki voltou a questionar a tese de que a queda do avião que transportava o pai foi um acidente. 

A retomada do questionamento surgiu depois que o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, revelou em entrevistas ao jornal Estadão e à revista Veja, que entrou na sede do STF armado, com o intuito de matar o ministro Gilmar Mendes e depois cometer suicídio, contudo, segundo ele, “a mão de Deus” o segurou. 

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“O ex-Procurador Geral da República abertamente admitindo que queria matar um ministro do STF e ainda tem gente querendo me convencer que o avião caiu por acidente!”, comentou o filho de Teori em uma rede social. 

O avião que levava Teori Zavascki do Campo de Marte, em São Paulo, até Paraty, no Rio de Janeiro, no dia 19 de janeiro de 2017 caiu deixando, além dele, outras quatro pessoas mortas. 

Zavascki era o delator da Lava Jato no STF e foi instaurado um inquérito para apurar se queda do avião teria sido provocada criminalmente, mas o Ministério Público Federal arquivou as investigações em janeiro deste ano, por não encontrar "qualquer indício de crime de homicídio".

O subprocurador-geral da República Moacir Guimarães Morais Filho pediu nesta sexta-feira, 27, que o Conselho Nacional do Ministério Público analise a conduta do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot depois das polêmicas declarações em que ele afirma ter planejado assassinar a tiros o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.

O subprocurador afirma que Janot, prestes a lançar um livro de memórias, tenta "sair do ostracismo", com acusações "supostamente falaciosas" contra Gilmar Mendes, pretendendo angariar com isso, lucro na venda do livro.

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"A cassação de aposentadoria pode se impor decorrente da apuração de fatos por este órgão externo do MP", afirma Moacir Guimarães Filho.

Membros do Ministério Público Federal (MPF) ouvidos reservadamente pela reportagem, no entanto, avaliam que o Conselho Nacional do MP não poderia cassar a aposentadoria de Janot. Para uma fonte, a aposentadoria foi um "ato legal, perfeito e acabado", ou seja, não poderia ser revogada. Um conselheiro afirmou também duvidar dessa possibilidade.

Desafeto

Dentro do MPF, Moacir é considerado desafeto de Janot. No ano passado, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou o subprocurador por usar a estrutura do MPF para resolver questões pessoais.

Moacir foi condenado por usar papéis timbrados do MPF para acionar a Receita Federal e a Polícia Federal contra um condomínio e uma empresa administradora. Na época, Moacir acusou Janot de ter reaberto o caso por ser seu "inimigo" e agir motivado por "vingança".

Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil pediu ao Supremo Tribunal Federal que determine às Cortes de todo o país que submetam à inspeção com o uso de detector de metais todos os membros do Ministério Público, da advocacia e da magistratura. A Ação Direta de Inconstitucionalidade é uma reação à declaração do ex-procurador-geral Rodrigo Janot, que afirmou ao Estado nesta quinta, 26, ter chegado a planejar, em 2017, assassinar a tiros o ministro do Supremo Gilmar Mendes.

Atualmente, o Supremo Tribunal Federal (STF) proíbe a entrada de pessoas portando qualquer tipo de arma, mas autoridades que ingressam nas instalações do tribunal - como parlamentares, governadores e procuradores-gerais da República - não passam por detectores de metais, já que utilizam um acesso restrito, diferente daquele usado pelo público comum.

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Segundo a entidade, em ação assinada pelo presidente, Felipe Santa Cruz, a legislação prevê que as que todas as pessoas passem pela inspeção. No entanto, afirma que 'a autorização legal para que os tribunais adotem os detectores de metais tem sido aplicada por muitos tribunais pátrios de maneira enviesada e anti-isonômica, para apenas dispensar algumas categorias da sujeição aos mecanismos de detecção, sem a existência de fundamentos suficientes ou relevantes para a conduta discriminatória'.

"Como visto, na regulamentação do dispositivo, o Conselho Nacional de Justiça e tribunais dos diversos ramos do Poder Judiciário ampliaram as ressalvas quanto àqueles que estariam dispensados de submeterem-se aos detectores de metais no acesso aos fóruns e tribunais. Em alguns casos, a exceção alcança magistrados e serventuários da justiça. Em outros estende-se igualmente a membros do Ministério Público ou da Defensoria Pública, entre outros", diz a ação.

De acordo com a ação, 'durante as Caravanas Nacionais das Prerrogativas, representantes deste Conselho Federal puderam constatar em diversos tribunais que membros do Ministério Público e da Defensoria Pública, Magistrados, serventuários da justiça e outros servidores ou contratados podiam adentrar as dependências dos tribunais sem qualquer espécie de controle, enquanto apenas os advogados, as advogadas e os demais cidadãos continuavam a ser submetidos ao mecanismo de detecção ou até mesmo à revista pessoal, sem qualquer justificativa plausível para a existência de tratamento diferenciado'.

"Em muitas dessas situações, a conduta praticada não se dava apenas por mera vontade dos inspetores de segurança, mas contava com suporte em atos normativos editados pelos próprios tribunais, os quais haviam estabelecido distinções indevidas entre os diversos integrantes das carreiras ligadas à administração da justiça", afirma.

Segundo a OAB, a 'oposição entre os integrantes do sistema de justiça que detém ou não cargo público é capaz de difundir desconfianças desnecessárias em relação aos advogados, as advogadas e os demais cidadãos'. "O reconhecimento de privilégios na fiscalização pode trazer graves problemas".

"O tratamento equânime, sem concessões especiais infundadas, é medida que não só respeita a dignidade de cada um, como também milita para a promoção da segurança nos tribunais e fóruns. Admitir situações especiais e isentas de controle é iniciativa que põe em risco todo o ideal de proteção, ao ignorar que ameaças podem também vir de onde não se espera, a exemplo do episódio recentemente revelado envolvendo antigo Procurador-Geral da República", argumenta.

Repercussão no STF

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, a equipe de segurança do STF está avaliando o episódio para ver se alguma medida precisa ser tomada. Um integrante do tribunal ouvido reservadamente pela reportagem acredita que a declaração de Janot foi "um ótimo teaser" para o lançamento do livro de memórias do ex-PGR. O "teaser" é uma espécie de "prévia", um recurso de publicidade para despertar a curiosidade do público sobre um fato que só será conhecido depois.

Janot disse ao Estadão que foi ao Supremo armado e encontrou Gilmar na antessala do cafezinho da Corte, antes da sessão. "Ele estava sozinho", disse. "Mas foi a mão de Deus. Foi a mão de Deus", repetiu o procurador ao justificar por que não concretizou a intenção de matar o ministro. "Cheguei a entrar no Supremo (com essa intenção)", relatou. "Ele estava na sala, na entrada da sala de sessão. Eu vi, olhei, e aí veio uma 'mão' mesmo".

A história narrada por Janot mostra que o ex-procurador-geral da República estaria violando as regras internas de segurança do STF.

Uma instrução normativa do tribunal, de 2013, estabelece que é proibida a entrada de "pessoas portando qualquer tipo de arma", exceto inspetores, agentes de segurança do próprio tribunal, policiais civis, militares, federais e rodoviários federais, os servidores da área de segurança do Poder Judiciário, das polícias da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e da Câmara Legislativa e os militares das forças armadas em atividade de serviço no interior do tribunal.

Não é incomum ver seguranças armados acompanhando ministros do Supremo, em atividades dentro ou fora do tribunal. Para aumentar a segurança dos magistrados, o STF chegou inclusive a gastar R$ 2,8 milhões para a compra de 14 carros blindados.

A deputada estadual de São Paulo, Janaína Paschoal (PSL), usou o Twitter para questionar, neste sábado (28), as buscas e apreensões feitas pela Polícia Federal (PF) nos endereços do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nessa sexta (27). Para a parlamentar, que também é advogada, “há controvérsias” nas medidas adotadas porque não existe um inquérito instaurado especificamente contra Janot. 

“Quando cremos que o país chegou no limite do absurdo, aparece uma narrativa que humilha qualquer autor de novela das 8. Sim, quem vive no Brasil, não precisa assistir novela, basta ler o noticiário. Por mais capaz que seja, nenhum escritor conseguiria superar a nossa realidade”, observou a parlamentar. 

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O ex-procurador-geral disse, em entrevistas ao jornal Estadão e à revista Veja, que entrou na sede do Supremo Tribunal Federal (STF) armado e com o intuito de matar o ministro Gilmar Mendes e depois cometer suicídio, contudo, segundo ele, “a mão de Deus” o segurou. 

Depois da repercussão da fala, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, mandou a PF fazer as buscas e determinou que fossem cassados os portes de arma de Janot. 

Janaína Paschoal argumentou que “um olhar estritamente técnico condenaria referidas buscas, afinal, relatar um pensamento, por mais inusitado que seja, não é crime. No entanto, um jurista mais pautado pelo viés preventivo poderia tentar justificar as medidas cautelares no fim de evitar futuros crimes”.

“Se há controvérsias em torno das buscas, nenhuma dúvida há acerca da impossibilidade de essas mesmas buscas serem determinadas no âmbito do inquérito sigiloso (sem objeto definido) instaurado muito antes do relato feito pelo ex-procurador”, disse a jurista.

“Poderia o ministro que se sentiu inseguro com a narrativa pedir providências? Sim! Mas deveria ter representado ao atual Procurador Geral da República, ou mesmo peticionado ao Supremo Tribunal Federal, para que um procedimento autônomo fosse instaurado”.

Janaína observou também que “não é possível que um inquérito misterioso sirva para todo e qualquer fim, conforme o entendimento de qualquer dos Ministros do Supremo Tribunal Federal”. 

“A lei também vale para eles! Esse tal inquérito já serviu para buscas nas casas de ativistas, para decreto de medidas protetivas, para censurar Revistas, para afastar funcionários da Receita, para requisitar áudios vazados, agora para apreender armas e celulares de um ex-Procurador da República ... (?!)”, escreveu no Twitter. 

A deputada de São Paulo ainda disse que “só uma conscientização por parte do conjunto dos ministros [o famoso colegiado] poderá resgatar a racionalidade”.

Relator de um inquérito que apura ameaças, ofensas e fake news contra membros do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes atendeu aos pedidos do ministro Gilmar Mendes para suspender o porte de arma do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e impedi-lo de acessar os edifícios do STF. Para Moraes, há "sérios indícios" de que Janot teria cometido delitos ao afirmar que pensou em matar Gilmar com uma pistola.

A decisão de Moraes - que também impediu Janot de aproximar-se a menos de 200 metros de qualquer um dos ministros do STF - foi tomada após Janot dizer ao Estadão que foi ao Supremo, armado, e pensou em matar Gilmar Mendes, seu desafeto. Ao autorizar a busca e apreensão na casa e no escritório de Janot, Moraes disse que o objetivo da medida era verificar a "eventual existência de planejamento de novos atos atentatórios" contra Gilmar.

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"Há sérios indícios de delitos que teriam sido praticados por Rodrigo Janot Monteiro de Barros (...), cujos endereços e qualificação foram devidamente confirmados, tipificáveis, em tese e a um primeiro exame no art. 286 (incitação ao crime) e nos arts. 18, 22, 23, 26 e 27 da Lei 7.170/1983 (ofender a integridade corporal ou a saúde de autoridades)", escreveu Moraes, destacando que o próprio Janot narrou o "ardiloso plano" por ele perpetrado.

"O quadro revelado é gravíssimo, pois as entrevistas concedidas sugerem que aqueles que não concordem com decisões proferidas pelos ministros desta Corte devem resolver essas pendências usando de violência, armas de fogo e, até, com a prática de delitos contra a vida", observou o ministro.

Ao impedir Janot de visitar os edifícios do STF (além da sede, há dois anexos) e se aproximar de ministros da Corte, Moraes justificou que a medida cautelar era necessária para evitar a "prática de novas infrações penais e preservar a integridade física e psicológica dos ministros, advogados, serventuários da justiça e do público em geral" que frequenta diariamente o STF.

Moraes também determinou o recolhimento imediato de depoimento de Janot, "salvo se houver recusa", "por trata-se de direito do investigado ao silêncio."

Legislação

A Lei Orgânica Nacional do Ministério Público autoriza o porte de armas para membros do MP, independentemente de "qualquer ato formal de licença ou autorização". Em 2015, no entanto, a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que, para portar armas de fogo, é preciso que o membro do MP demonstre capacidade técnica para isso. O STJ entendeu que o porte de arma nesses casos não dispensa o registro, procedimento em que é exigida a comprovação da capacidade técnica.

Mesmo aposentado, Janot conservava a prerrogativa do porte de arma.

O STF proíbe a entrada de pessoas portando qualquer tipo de arma, mas autoridades que ingressam nas instalações do tribunal - como parlamentares, governadores e procuradores-gerais da República - não passam por detectores de metais, já que utilizam um acesso restrito, diferente daquele usado pelo público comum.

O debate sobre a segurança interna do tribunal foi reaberto após o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot afirmar em entrevista ao Estadão ter ido armado com uma pistola para uma sessão do Supremo com a intenção de matar a tiros o ministro Gilmar Mendes, seu desafeto.

Segundo o Estado apurou, a equipe de segurança do STF está avaliando o episódio para ver se alguma medida precisa ser tomada. Um integrante do tribunal ouvido reservadamente pela reportagem acredita que a declaração de Janot foi "um ótimo teaser" para o lançamento do livro de memórias do ex-PGR. O "teaser" é uma espécie de "prévia", um recurso de publicidade para despertar a curiosidade do público sobre um fato que só será conhecido depois.

A Associação Nacional dos Procuradores da República manifestou, nesta sexta-feira, 27, repúdio à ordem dos Supremo Tribunal Federal que determinou buscas na casa do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Em nota, ainda atacam o que classificam como "oportunismo" do ministro Gilmar Mendes. Também condenam as declarações de Janot.

A ordem para buscas na casa e no escritório de advocacia de Rodrigo Janot é do ministro Alexandre de Moraes, que também o proibiu de se aproximar a menos de 200 metros de integrantes da Corte. Descaracterizados, agentes da Polícia Federal apreenderam uma arma, celulares e um tablet do ex-PGR.

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Segundo a ANPR, é preciso "condenar a determinação de busca e apreensão na residência do ex-PGR". "O STF não possui jurisdição sobre eventuais atos de Janot, não há contemporaneidade na suposta conduta e, o pior, a ordem foi emitida no âmbito de uma investigação inconstitucional".

"O Inquérito nº 4.781 afronta o Estado democrático de direito ao usurpar atribuição do Ministério Público, ao determinar apuração sem fato determinado, e ao violar a competência constitucional da Corte, o sistema acusatório e também o princípio do juiz natural. Todas essas questões já foram contestadas na Corte por meio de habeas corpus e mandado de segurança impetrados pela ANPR, ainda pendentes de análise de liminar", afirmam.

A entidade afirmou "lastimar que o episódio negativo possa, por oportunismo, servir de pretexto para ações que busquem enfraquecer a instituição". "Nesse sentido, as declarações do ministro do STF Gilmar Mendes, em defesa de mudanças na forma de escolha da chefia da instituição para que qualquer 'jurista' possa ser escolhido procurador-geral, mesmo que não pertencente à carreira, merecem também repúdio por parte dos membros do MPF".

Em nota, os procuradores também criticam Janot. "Os membros do MPF repudiam qualquer ato de violência que se cogite ou seja praticado em detrimento de qualquer pessoa, seja autoridade pública ou não, como o que foi revelado pelo ex-PGR".

"A democracia propicia, por meio do livre funcionamento das instituições, a eterna vigilância contra a barbárie, sendo fruto das conquistas civilizatórias o fato de que as divergências de ideias e diferenças pessoais sejam solucionadas a partir do diálogo, da conciliação ou mesmo do acionamento do sistema judicial para que ocorra a adequada resolução dos conflitos", escrevem.

A Polícia Federal apreendeu nesta sexta-feira, 27, uma pistola em um endereço do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. Os federais fizeram buscas no escritório de advocacia e na residência de Janot em Brasília. A ação foi ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), um dia depois que Janot declarou ter planejado matar a tiros o ministro Gilmar Mendes, do Supremo, em 2017.

A informação sobre a apreensão da pistola de Janot foi dada à reportagem por uma fonte da PF. Oficialmente, a corporação não se manifestou.

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A medida foi decretada de ofício, ou seja, sem provocação do Ministério Público Federal, pelo ministro Alexandre de Moraes, no âmbito do inquérito das fake news. Os agentes descaracterizados buscam armas que o ex-procurador teria em seu poder.

"Não ia ser ameaça não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele (Gilmar) e depois me suicidar", afirmou Janot ao Estadão.

Duas equipes da PF chegaram em um carro descaracterizado por volta das 17h40 e se identificaram na portaria. Um segurança que acompanha Janot se identificou aos policiais que pediram para ele o acompanhar nas buscas. Além do segurança, um morador do prédio foi chamado para testemunhar a ação.

O apartamento, que fica no quarto andar, estava apenas com as luzes da sala acesas, mas as janelas fechadas. A movimentação assustou vizinhos e trabalhadores do prédio. 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), vai analisar o pedido do ministro Gilmar Mendes para proibir o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot de visitar o tribunal, além de retirar o porte de arma de Janot. Moraes é o relator de um inquérito que apura ameaças, ofensas e fake news disparadas contra integrantes do STF e seus familiares.

De acordo com a assessoria do Supremo, Gilmar Mendes enviou um ofício a Alexandre de Moraes "requerendo a adoção de medidas de segurança diante das declarações do subprocurador geral da República Rodrigo Janot". O inquérito tramita sob sigilo no STF.

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Procurada pela reportagem para se manifestar sobre o porte de arma de Janot, a Polícia Federal informou que "não fornece informações pessoais, por vedação da Lei de Acesso à Informação".

Janot disse ao Estadão que foi ao Supremo armado e encontrou Gilmar na antessala do cafezinho da Corte, antes da sessão. "Ele estava sozinho", disse. "Mas foi a mão de Deus. Foi a mão de Deus", repetiu o procurador ao justificar por que não concretizou a intenção de matar o ministro. "Cheguei a entrar no Supremo (com essa intenção)", relatou. "Ele estava na sala, na entrada da sala de sessão. Eu vi, olhei, e aí veio uma 'mão' mesmo".

O STF proíbe a entrada de pessoas portando qualquer tipo de arma, mas autoridades que ingressam nas instalações do tribunal - como parlamentares, governadores e procuradores-gerais da República - não passam por detectores de metais, já que utilizam um acesso restrito, diferente daquele usado pelo público comum.

Legislação

A Lei Orgânica Nacional do Ministério Público autoriza o porte de armas para membros do MP, independentemente de "qualquer ato formal de licença ou autorização". Em 2015, no entanto, a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que para portar armas de fogo, é preciso que o membro do MP demonstre capacidade técnica para isso. O STJ entendeu que o porte de arma nesses casos não dispensa o registro, procedimento em que é exigida a comprovação da capacidade técnica.

Mesmo aposentado, Janot conserva a prerrogativa do porte de arma.

O ex-presidente Michel Temer disse, em nota, que o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, "é mentiroso contumaz e desmemoriado" e revelou-se um homicida-suicida".

"O ex-Procurador Janot, além de mentiroso contumaz e desmemoriado, revela-se um insano homicida-suicida. As ocasiões em que esteve comigo foram para detratar e desmoralizar os possíveis integrantes de lista tríplice para Procurador-Geral da República e para sugerir que nomeasse alguém fora da lista. Não merece consideração", escreveu Temer.

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O antecessor de Raquel Dodge, que deixou a chefia da PGR recentemente, disse ao jornal O Estado de S. Paulo nesta quinta-feira, 26, que no momento mais tenso de sua passagem pelo cargo, chegou a ir armado para uma sessão do STF com a intenção de matar Gilmar a tiros. "Não ia ser ameaça não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele e depois me suicidar", afirmou Janot.

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