Na tarde da sexta-feira (3), Davi, um dos gêmeos siameses separados recentemente por cirurgia, recebeu alta e voltou para casa. Saulo, o outro irmão, permanece internado na Enfermaria de Cirurgia Pediátrica do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), em estado estável.
Desde o ano passado, o caso chamou a atenção da mídia, de populares e curiosos. A volta de uma das crianças para casa representa uma conquista para todos que se sensibilizaram com a situação. Mas além do problema de destaque, que é separar os bebês, a família enfrenta muitas outras dificuldades.
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Morando em uma casa na subida de uma escadaria do Alto Santa Terezinha, na Zona Norte do Recife, Karine Medeiros, mãe de Saulo e Davi, divide o espaço com o marido e mais dois filhos, João Vítor, de quatro anos, e Zeus, de um ano e seis meses. É uma casa modesta, pequena, um espaço de difícil acomodação onde os móveis mal cabem e a sensação é claustrofóbica, como se não apenas Saulo e Davi fossem siameses, mas a mãe, o pai, os outros meninos, a casa. “Minha maior vontade é sair daqui”, a mãe ressalta.
O aluguel da residência custa R$ 150. Wilson, o marido, está desempregado. Karine não sabe ler, quer estudar; não tem condições financeiras, quer trabalhar. “Meus filhos também precisam de uma escola, e de espaço para correr e brincar”, diz a mãe.
Karine é agradecida pelo apoio. Ela recebeu fraldas, leite, brinquedos, berços (um berço está na casa da tia por falta de espaço), guarda-roupa e outros itens da casa como televisão e máquina de lavar. Mas conseguir se mudar é o grande sonho da jovem mãe de 26 anos. “Eu ficaria aliviada, mais do que fiquei com a cirurgia. Eu aceitaria ir para qualquer canto, desde que tivesse teto e não fosse embaixo da ponte”, explica.
A cirurgia para separar os siameses teve sucesso, o que deixou a mãe mais otimista. “Agora tudo vai ser melhor”, comenta esperançosa, enquanto espera a segunda cirurgia de separação: a dela com a casa.