Janguiê Diniz

Janguiê Diniz

O mundo em discussão

Perfil:   Mestre e Doutor em Direito, Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional, Presidente do Instituto Exito de Empreendedorismo

Os Blogs Parceiros e Colunistas do Portal LeiaJá.com são formados por autores convidados pelo domínio notável das mais diversas áreas de conhecimento. Todos as publicações são de inteira responsabilidade de seus autores, da mesma forma que os comentários feitos pelos internautas.

O carisma de Francisco

Janguiê Diniz, | qua, 24/07/2013 - 18:24
Compartilhar:

Há apenas três meses como líder da comunidade Católica mundial, o papa Francisco tem mudado a imagem da Igreja, revigorado os católicos pelo mundo e trazendo, cada vez mais, jovens para a vida religiosa, tudo isso com o carisma e simplicidade que marcaram toda sua trajetória e que continuam presentes nos gestos como Santo Pontífice.

Na primeira viagem internacional durante seu pontificado, o Papa Francisco vem ao Brasil participar da Jornada Mundial da Juventude. O evento irá reunir milhares de pessoas no Rio de Janeiro, uma parte por ser esta a primeira visita de Francisco no país, outra parte por acreditar que, após anos, a Igreja Católica está mudando. Mas não apenas é isso que impressiona.

Não é a primeira vez que a história demonstra que o carisma da vida religiosa pode determinar uma mudança e o crescimento da Igreja, em termos de santidade e de eficácia de sua missão. Foi assim com São Bento, São Francisco e Santo Inácio. O lado humilde do Papa chama atenção. Em pouco tempo, percebeu-se que ele é diferente.

Se o objetivo da Jornada Mundial da Juventude é fazer com que os jovens católicos se aproximem da Igreja e compartilhem as experiências recebidas durante as atividades nas sociedades onde vivem, o Papa Francisco está no caminho certo. A previsão é que aproximadamente dois milhões de fieis de 190 países, além de sacerdotes e bispos do mundo inteiro, participem do encontro e vejam, de perto, um pontífice que abriu mão do anel de ouro e do papa móvel blindado. 

O que se observa é que, desde que Francisco assumiu como Papa, o número de pessoas que comparecem semanalmente à Praça de São Pedro para ouvir as palavras do pontífice só aumenta. Pessoas que acreditam que, através das atitudes do Santo Padre, a Igreja Católica será renovada. Não há como negar que Francisco tem um carisma forte, que causou uma empatia imediata nas pessoas. Esse é, sem dúvidas, um papa diferente.

Aos desavisados, essas atitudes não são uma postura adotada após ter sido escolhido Papa. Como Cardeal Bergoglio, Francisco foi uma pessoa próxima, principalmente, dos mais humildes e sofridos. Na Argentina, seu país natal, muitos o chamam “O Papa do bairro” - inclusive os que não são católicos -, pois todos os depoimentos falam na humildade e no espírito de serviço que ele carregou consigo.

Um Papa de opinião forte e de gestos comedidos, que recusa regalias, que vai de ônibus, junto com os irmãos cardeais, para a missa do Vaticano e que sabe a missão que tem pela frente. Não se espera outra coisa do Papa Francisco, a não ser carisma, humildade e compromisso com os mais necessitados.

A PEC dos Mensaleiros

Janguiê Diniz, | qua, 17/07/2013 - 18:10
Compartilhar:

Em meio à série de protestos que continuam pelo Brasil, o as comissões do Senado tem dado andamento em algumas votações que antes estavam sem data prevista para discussão. Nesta semana, a expectativa está na análise do texto sobre a Proposta de Emenda Constitucional nº 18/2013, mais conhecida como a PEC dos Mensaleiros.

A proposta da PEC é tornar automática a perda do mandato de parlamentares condenados por improbidade administrativa ou por crimes contra a administração pública. Ou seja, políticos condenados pela Justiça, quando não haja mais possibilidade de recurso, são automaticamente cassados, sem a necessidade de abertura de processo na Câmara ou no Senado para possibilitar a perda do mandato do condenado.

Mesmo com a aprovação da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, o texto ainda precisará ser analisado pelos plenários do Senado e da Câmara antes de ser promulgado. Entretanto, seja por pressão da população ou de alguns parlamentares mais empenhados em mudar, definitivamente, a política no Brasil, a análise e votação inicial da proposta pode ser considerada uma vitória na construção de uma agenda positiva no país.

Durante o julgamento do mensalão, a perda automática do mandato já havia sido expressa no acórdão prolatado pelo STF – nada mais justo. Entretanto, apesar das condenações dos deputados José Genoino (PT-SP), João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-SP), a decisão ainda gera divergências e a ação se encontra em fase de recursos.

Infelizmente, a discussão sobre a cassação política é mais difícil do que parece. Principalmente porque a Constituição Federal, em seu artigo 15, estabelece que uma condenação criminal definitiva leva à cassação de direitos políticos e, consequentemente, à perda de mandato. Entretanto, o artigo 55 dá à Câmara a prerrogativa final sobre a perda de mandato dos deputados. Dessa forma, a aprovação da PEC dos Mensaleiros levaria a uma mudança na Constituição brasileira.

Precisamos compreender a importância da PEC 18/2013 por efetivar o princípio da moralidade e da probidade para o exercício do mandato eletivo. Não podemos concordar com as renúncias de cargo – estratégia adotada por alguns parlamentares antes das condenações para que não haja perda do direito político – continuem e que a política brasileira continue manchada pela imagem de alguns que usam seus cargos em benefício próprio.

Se quisermos uma reforma política e se esta será, de fato, realizada, devemos começar avaliando a conduta juridicamente incompatível de alguns políticos com os deveres inerentes ao cargo.

As pirâmides financeiras

Janguiê Diniz, | seg, 15/07/2013 - 13:27
Compartilhar:

Promessa de dinheiro fácil, retorno rápido e sem esforços. Essa é a proposta feita por diversas empresas que estão sendo investigadas pelo Ministério Público Federal por possível constituição de pirâmide financeira, considerada, no Brasil, crime contra a economia popular pela lei 1.521 de 1951.

Para os que não conhecem, pirâmide financeira e marketing de rede ou multinível são duas coisas distintas. O segundo opera dentro da lei, trabalhando com o recrutamento de pessoas para vender, divulgar ou consumir um determinado produto. Já a pirâmide, é um modelo comercial que depende do recrutamento progressivo de novas pessoas, mas se trata de um esquema comercial insustentável, e, portanto, é considerado crime.

A remuneração desse tipo de empresa provém das taxas pagas pelos novos membros, ou seja, não há geração de capital, o dinheiro apenas percorre a cadeia de pessoas e, logicamente, para alguém ganhar, outro tem que perder. Outro detalhe da pirâmide é que somente o idealizador do golpe ou poucas pessoas abaixo dele lucram com essas manobras financeiras. Os que estão na base da pirâmide geralmente ficam na pior situação, já que entraram no plano, mas não são capazes de recrutar outros seguidores.

Claro que as redes sociais ajudaram, e muito, na proliferação desse tipo de golpe, mas uma pessoa pode identificar que está diante de um golpe de pirâmide financeira quando a proposta inclui apenas um único pagamento e, a partir de então, a promessa de retornos exorbitantes. Além disso, na maioria dos casos de pirâmides, a venda dos produtos ou dos serviços – que caracterizam o marketing multinível - é irrelevante.

Em 1990, a Fazendas Reunidas Boi Gordo prometeu um mínimo de 42% de lucro no prazo de um ano. Contudo, em 2004 a empresa faliu e deixou 30 mil investidores com um prejuízo de R$ 3,9 bilhões. Em 1998, a Avestruz Master, garantia um retorno de 10% sobre a aplicação até o mês em que a avestruz fosse readquirida pela empresa - a pirâmide ruiu em 2005, deixando um prejuízo estimado em R$ 1 bilhão.

O fato é que os esquemas de pirâmides financeiras podem ser mascarados como marketing multinível e é exatamente por isso que 18 empresas em funcionamento no Brasil estão sendo investigadas, entre elas a Telexfree, Multiclicks e o BBoom. Mas como saber se as propostas são legais ou não? Vale a informação e o bom senso, afinal, sem trabalho  árduo não se ganha dinheiro.

A fórmula dos vencedores

Janguiê Diniz, | qui, 11/07/2013 - 10:25
Compartilhar:

Sempre ouvimos que pessoas vitoriosas são aquelas persistentes, corajosas, que não tem medo de arriscar. Contudo, a verdade é que não há uma receita correta ou um perfil pré-determinado que indiquem pessoas vencedoras, porém, há características daqueles que não são vencedores.

O Brasil acompanhou, recentemente, a derrota de Anderson Silva na luta do UFC e as atitudes do campeão de MMA no octógono tornaram-se um exemplo negativo de comportamento esportivo e que devem ser levadas em consideração para qualquer área. No caso de Anderson Silva, que sempre explorou em suas lutas as brincadeiras na tentativa de tirar a atenção dos adversários, houve um exagero na autoconfiança, com excesso  de brincadeiras, deboche e até  desrespeito com o adversário.

É cada vez mais evidente que não há mais espaço no mercado de trabalho, qualquer que seja a área,  para profissionais debochados,  arrogantes, prepotentes,  desqualificados e despreparados para a função a ser exercida. Dessa forma, as empresas buscam profissionais habilidosos, com pré-disposição para o trabalho em equipe,  conhecimento de mercado, iniciativa, espírito empreendedor, persistência, otimismo, responsabilidade, criatividade e outras habilidades.

Um perfil vencedor toma decisões firmes para os seus triunfos, impondo metas, lutando sempre até ao final para realizar seus sonhos, sem nunca esquecer o que quer e o que deseja alcançar. Da mesma forma, um atleta com comportamento de vencedor não vive baseado em normas sociais, ele age baseado nos rigores do “fair play”, com autodeterminação e baseado naquilo que lhe é exigido nos treinamentos.

Perfis vencedores são aqueles que não se dão por vencidos diante dos obstáculos e, independentemente, se estão em um bom ou mal momento, continuam firmemente em seu propósito de superação, aprendendo com as dificuldades e sem se vangloriar de forma exagerada por seus méritos. Faz-se necessário entender que competência é uma palavra de senso comum e que o antônimo disso, ou seja, a incompetência, implica não só na negação dessa capacidade como também na depreciação do indivíduo diante do circuito do seu trabalho. 

Partindo desta perspectiva e sob as alegações  de que a derrota de Anderson Silva foi mais que falta de seriedade ao trabalho, ou seja, atuação com   deboche, arrogância, prepotência e desrespeito ao opositor, o atleta saiu com sua imagem, antes exemplo de atleta e garoto propaganda de diversas marcas, prejudicada.  Um exemplo que não deve ser seguido por nenhum profissional seja de que área for.  Voltando ao mercado de trabalho, as empresas buscam por profissionais com perfis vencedores e adaptáveis, porque tudo no mundo moderno muda. E não estamos mais na época em que funcionários são apenas funcionários, mas sim colaboradores que tem, cada dia mais, papel ativo nas empresas.

Educação inclusiva no Brasil

Janguiê Diniz, | seg, 08/07/2013 - 09:55
Compartilhar:

Antes de falarmos sobre a educação inclusiva no Brasil, faz-se necessário esclarecer que educação inclusiva não deve ser confundida com educação especial, porém, a segunda está inclusa na primeira.

A educação inclusiva remete a diversidade inerente ao ser humano. Pela individualidade de cada ser, ela busca perceber e atender as necessidades educativas de todos os alunos, em salas de aulas comuns, através de um sistema regular de ensino. Em outras palavras, a educação inclusiva é a forma de promover a aprendizagem e o desenvolvimento de todos.

Infelizmente, as desigualdades sociais no Brasil – e não são poucas - afetam diretamente as condições de acesso à educação no país e quase todos os indicadores educacionais brasileiros comprovam este fato. Basta saber que, de acordo com dados divulgados recentemente pela ONG Todos Pela Educação, o Brasil tem 3,6 milhões de crianças e adolescentes fora da escola. Esse número representa cerca de 8% das crianças e adolescentes em idade escolar.

A educação inclusiva é um dos maiores desafios do sistema educacional. Desafio porque não basta apenas disponibilizar vagas nas escolas. A presença do aluno é apenas o primeiro passo e significa apenas que o aluno está na escola. Contudo, a presença não é suficiente, ele precisa participar das atividades escolares e assimilar conhecimentos. Portanto, inclusão significa o aluno estar na escola, participando, aprendendo e desenvolvendo suas potencialidades.

Considerando esses pontos, muitos países promovem o acesso à escola sem garantir a qualidade de ensino necessária para a educação inclusiva. Não é incomum a falta de capacitação dos professores, a falta de livros e material didático, além do  curto período de tempo letivo. Todos esses são, com certeza, fatores que contribuem para o aumento das probabilidades de que as crianças abandonem as escolas ou que simplesmente não aprendam.

Para conquistar uma educação inclusiva eficiente, é preciso determinar quem são as crianças excluídas e porque não estão escolarizadas. Com esses dados em mãos é possível elaborar estratégias e fazer com que os jovens prossigam seus estudos. Entretanto, é imprescindível a aplicação de políticas públicas e medidas práticas que debatam a exclusão escolar.

Nunca é pouco lembrar que a educação é um direito e responsabilidade de todos. É preciso que se cobre melhores condições na educação básica. É preciso promover políticas que garantam a escolarização dos excluídos, além de programas e práticas que permitam às crianças conseguirem bons resultados. 

A voz que vem das ruas

Janguiê Diniz, | qua, 03/07/2013 - 10:50
Compartilhar:

Nas últimas semanas o Brasil foi tomado por uma série de protestos nas ruas. Algumas manifestações, infelizmente, acabaram com episódios violentos, mas, a grande maioria foi realizada de forma pacífica.

O que, inicialmente, foi motivado pelo inesperado aumento das passagens dos transportes públicos, acabou incentivando uma série de manifestações do povo para exigir do Governo melhoria em vários setores do país, como o uso de dinheiro público em obras da Copa do Mundo, melhorias nas áreas de saúde, educação e segurança, combate à corrupção, a PEC 37, além de outras questões e insatisfação generalizada contra governantes.

Não é novidade que esses setores precisavam passar por um olhar mais detalhado. É de conhecimento público que o Brasil está entre os últimos no ranking de educação e de saúde mundial, ao mesmo tempo e contrário a tais índices, somos um dos maiores pagadores de impostos. Impostos que deverão ser investidos em melhorias para a população.

Os movimentos iniciais, que reuniram mais de um milhão de pessoas nas ruas do país, são diferentes das manifestações tradicionais. Não há líderes, não há um único objetivo. O que vemos são milhares de pessoas se mobilizando através, principalmente, das redes sociais, entoando o Hino Nacional e gritando palavras de ordem, na expectativa que sejam ouvidas e atendidas. E aliado a isso, como há muito não se via, inúmeras pessoas públicas e formadoras de opiniões estão apoiando as manifestações e chamando a população para as ruas.

Talvez porque neste momento os olhos do mundo estavam no Brasil devido à Copa das Confederações ou simplesmente porque chegamos ao limite da passividade, a verdade é que, apesar de não ter mais a quantidade inicial de pessoas nas ruas, mas os manifestos continuam. E, mais do que isso, estão surtindo efeito. A PEC 37 foi derrubada, a corrupção foi declarada crime hediondo e outras propostas estão sendo votadas com mais rapidez pelo Senado.

O fenômeno social que o Brasil vive é uma oportunidade da reconstrução da participação da população na construção do País. Fica claro que as decisões tomadas pelo Governo não têm sido em concordância com a população. E dessa forma, visando melhorar a democracia na qual vivemos, é preciso entender as reinvidicações, dialogar, pensar como o povo e para o povo, considerando as questões que estão emergindo.

Saber o que acontecerá com esses movimentos é difícil. O que observamos é que a população se uniu, sem distinção de classes sociais ou qualquer outra diferença. E, se vivemos uma democracia, essa tem sido a melhor representação do que o povo é capaz de fazer. Contudo, não se deve perder o foco e deixar que a minoria que protagoniza episódios de violência manche um movimento que quer, única e exclusivamente, mostrar aos governantes que estamos atentos a forma como o nosso País está sendo administrado.

Os rumos da educação na era tecnológica

Janguiê Diniz, | seg, 01/07/2013 - 09:41
Compartilhar:

Há décadas sabe-se da importância da educação na sociedade. Seja para destacar-se no mercado de trabalho ou para manter-se inserido no contexto social, o papel da educação é indiscutível. Contudo, a sociedade mudou e os métodos educacionais também.

Se antes alunos ocupavam salas de aulas, com professores falando, giz, quadro negro, horários regrados e provas teóricas, hoje, não há limites físicos para o compartilhamento de conhecimentos. Os métodos de ensino mudaram, acompanhando o desenvolvimento tecnológico e as necessidades da sociedade e a transmissão do conhecimento ultrapassou as paredes das salas.

É de conhecimento comum que estamos vivendo na era das tecnologias e das redes sociais, do compartilhamento imediato de informações e onde as pessoas precisam assumir múltiplos papéis: trabalhar, estudar, assumir os cuidados com a casa, cuidar dos filhos, etc.

Vivenciando essas mudanças e percebendo a dificuldade que os professores estão encarando o desafio de manter a atenção dos estudantes, que por vezes se mostram dispersos e incapazes de manter a concentração e o foco diante de métodos tradicionais, os recursos midiáticos foram incorporados à prática pedagógica, tornam as aulas mais atrativas para os alunos e contribuindo para uma aproximação do professor com a atual realidade dos mesmos.

Nesse contexto, considerando, também, o aumento da demanda social por educação e para atingir comunidades mais distantes dos pólos educacionais, além de facilitar esse ritmo dinâmico de vida que adotamos, os cursos a distância assumem, por muitas vezes, o papel das salas de aula. Mas, não podemos afirmar que eles assumirão o papel das escolas, faculdades e universidades.

Os recursos midiáticos contribuem para tornar as aulas mais atrativas e aproximar o professor da atual realidade de seus alunos: a era tecnológica. Poder cursar o ensino médio, graduação e outros cursos através da internet, além de cômodo, é prático, entretanto, é imprescindível a intervenção do professor, como orientador, assumindo o papel daquele que irá direcionar o uso destes recursos para que a proposta pedagógica não seja esquecida.

Qualquer pessoa, em qualquer lugar, pode obter informação e conhecimento através da internet. É preciso ter senso e saber que nem tudo que é publicado na rede é verídico e além disso, mais do que um local de ensino teórico, as instituições de ensino contribuem para o desenvolvimento social e interpessoal dos estudantes.

Brasil da política ou da politicagem?

Janguiê Diniz, | ter, 25/06/2013 - 14:30
Compartilhar:

Nas últimas semanas as ruas do Brasil foram invadidas por milhares de pessoas dispostas a mudar o rumo do nosso país. Os brasileiros parecem ter acordado para a situação em que nos encontramos e, apesar de estarmos economicamente equilibrados, o mesmo não pode ser dito das condições de saúde, educação, transporte público e tantos outros itens.

Todos os protestos fizeram com que, em menos de uma semana, a presidenta Dilma Rousseff fizesse dois pronunciamentos oficiais em rede nacional. Algumas colocações relevantes e outras, para muitos brasileiros, infelizes. O fato é que, no segundo pronunciamento e em meio a votação da Proposta de Emenda Constitucional 37/2011 – que retira o poder de investigação criminal de alguns órgãos e, sobretudo, do Ministério Público, deixando-o exclusivo das polícias federal e civis -, Dilma levantou a possibilidade sonhada por muitos brasileiros: uma reforma política.

Pensando na reforma política e conscientes que 2014 é ano eleitoral no país, cabe questionarmos: seria o Brasil um país da política ou da politicagem? Para respondermos a esta indagação, primeiro precisamos entender o conceito de ambas. Política e Politicagem se confundem e a maioria das pessoas não tem uma noção muito clara de o que realmente é política.

A política é definida como a ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados; aplicação desta arte aos negócios internos da nação (política interna) ou aos negócios externos (política externa). Já a politicagem, de forma simples e direta, é a política de interesses pessoais, de troca de favores ou de realizações insignificantes.

Para muitos a concepção de política é aquela ligada ao político corrupto, lavagem de dinheiro, mas isso não é política e sim politicagem. A politicagem são atos inescrupulosos, que visam o benefício próprio e não a coletividade, são ações de políticos que querem se dar bem às custas do povo, e neste quadro, não incomum ao Brasil. Fazer política é estabelecer fundamentos para o futuro a fim de que as próximas gerações sejam beneficiadas, é manter fidelidade ante os compromissos feitos com o povo durante o período eleitoral. 

Infelizmente, o Brasil de hoje está mais para politicagem do que para política. Por um simples motivo, a impressão negativa inicialmente se mostra mais forte que a positiva, então, os políticos corruptos acabam por sujar a imagem do todo, levando o povo a generalizar. Contudo, devemos lembrar que os cidadãos obtiveram o direito de votar, de escolher quem seriam os representantes do povo e é através desse direito que todos devem ter consciência de que as pessoas eleitas e escolhidas para representar a população, tanto na esfera federal, estadual ou municipal, devem agir com ética e respeito ao bem comum.

Temos o direito de protestar, sem vandalismo, entretanto, não basta protestarmos nas ruas por melhorias, se na hora de exercermos o nosso direito nas urnas, continuarmos a votar sem consciência de nossas escolhas.

“Um país mudo, não muda”

Janguiê Diniz, | sex, 21/06/2013 - 09:55
Compartilhar:

Em meio a uma série de protestos realizados pela população brasileira, alguns políticos e governantes, além de uma pequena parcela da população, acredita que os R$ 0,20 de aumento nas passagens do transporte público não justificam as manifestações. Outros alegam que o povo pediu a Copa do Mundo no Brasil e que não é possível realizar tal evento sem a construção de estádios.

Antes de apoiar ou repreender qualquer um dos lados é preciso conhecer a situação na qual vivem milhões de brasileiros. Em Pernambuco, o valor da passagem de ônibus mais barata custa R$ 2,25. Em São Paulo, R$ 3,00. Multipliquemos esse valor pelos milhares de usuários diários que utilizam esse tipo de transporte.

Ao analisar o transporte público, o que temos é um serviço de péssima qualidade, muitas vezes com veículos já sem condições de uso. E isso se repete com inúmeros ônibus das prefeituras, que transportam crianças para as escolas em cidades rurais. Lembramos também que a quantidade de veículos não é suficiente para suprir a demanda. Em resumo: o transporte público atual é ineficiente e não é adequado às necessidades da população.

Continuando, o Brasil é conhecido mundialmente como o país do futebol, dessa forma, fica fácil compreender que os protestos não estão ligados à realização do evento. Infelizmente, a Copa das Confederações e a Copa do Mundo não serão eventos para o povo brasileiro - o povo que ama futebol e que leva sua família para os campos no país inteiro. Para compreender isso, basta observar os valores dos ingressos, longe de permitir o acesso dos menos favorecidos.

Ademais, faz-se um direito da população reivindicar que os gastos com tais eventos estejam claros, visto que, o dinheiro para as obras sai do próprio brasileiro, através do pagamento dos altos impostos nacionais.  Não se pode admitir que bilhões sejam gastos com a construção de estádios, que sequer poderão se manter pós evento, quando a saúde e a educação pública estão em crises.

Da mesma forma, há anos se discute a necessidade de uma reforma política, fato que nunca se concretizou. Ao contrário, vemos políticos condenados pela justiça continuar em mandatos públicos, além do aumento da corrupção e votação de PECs que favorecem uma minoria. A discussão sobre criação de novos partidos é apenas uma, entre tantas as coisas que precisam mudar na política nacional.

O fato é que o povo brasileiro passa por momentos de revolta e cansaço diante de tantas falhas e isso é motivo para o povo ir às ruas. Ir às ruas para pedir por educação, por saúde, por mobilidade, por infraestrutura, por saneamento. Entretanto, voltamos a repetir, protesto é diferente de vandalismo. A polícia deve sim agir contra uma minoria que depreda veículos, invade lojas ou agride física e verbalmente os policiais. Mas, não pode tirar o direito dos cidadãos de protestar pacificamente.

“Um país mudo, não muda”. Um país que não se manifesta é condizente com as políticas públicas adotadas.

Quando um protesto vira vandalismo

Janguiê Diniz, | ter, 18/06/2013 - 09:55
Compartilhar:

Uma onda de protestos tem sido vista por todo o Brasil nos últimos dias. Os motivos noticiados são vários e vão desde o aumento das tarifas do transporte público, em São Paulo, até os gastos exorbitantes feitos nas obras dos estádios que estão recebendo os jogos da Copa das Confederações, mas, que não tem apresentado resultados satisfatórios aos que tem comparecido aos eventos.

Antes de discutirmos os motivos que têm levado a população às ruas em vários estados do País, é preciso entender o que é um protesto. A Constituição Federal cita que “todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente (artigo 5º, inciso XVI).

Sabemos que o Brasil não é uma ditadura e dessa forma, a população tem direito a realizar protestos de forma pacifica, sem que estes destruam o patrimônio público ou incitem a violência. Fatos que não estão sendo respeitados, nem pelos manifestantes e nem pela polícia. O que temos visto são dezenas de ônibus depredados, pessoas feridas, e aqui podemos incluir os profissionais que participam da cobertura desses protestos, e verdadeiros campos de guerra se formando nos centros das cidades.

Apesar de todo avanço tecnológico e da utilização das redes sociais para realização de inúmeros protestos, não esperávamos que os protestos acontecessem apenas através das redes. Contudo, ir às ruas, com placas, faixas e rostos pintados, é protestar. Depredar ônibus, quebrar vitrines, atirar pedras e bombas, é vandalismo. Da mesma forma, se o protesto é realizado de forma pacífica, cabe a polícia acompanhar as manifestações, sem interferir de forma violenta, colocando em risco a vida de inúmeras pessoas.

E é durante a realização de um evento de porte mundial que o Brasil é notícia nos principais veículos da imprensa mundial de forma negativa. Da mesma forma, brasileiros espalhados pelo mundo também tem realizado protestos de apoio aos manifestantes daqui. Vale ressaltar que, fora do Brasil, todas as manifestações estão acontecendo de forma pacifica.

Caros leitores, foi nas ruas do país, com passeatas e comícios realizados de forma organizada e pacifica que os brasileiros conseguiram acelerar o fim do Regime Militar. Da mesma forma, com os estudantes nas ruas, cartazes e gritos que Fernando Collor deixou a presidência da República por escândalos de corrupção. Tudo sem as imagens de guerra que temos acompanhado.

É temeroso ver que novas mobilizações estão marcadas em várias cidades do país e faz-se imprescindível que o poder político reavalie as ordens dadas às forças de segurança e que, assim, apenas os atos de depredação e vandalismo sejam coibidos, jamais ferindo o direito de se reunir e se manifestar.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

LeiaJá é um parceiro do Portal iG - Copyright. 2024. Todos os direitos reservados.

Carregando