Janguiê Diniz

Janguiê Diniz

O mundo em discussão

Perfil:   Mestre e Doutor em Direito, Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional, Presidente do Instituto Exito de Empreendedorismo

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Incerteza e otimismo

Janguiê Diniz, | qua, 28/08/2013 - 14:39
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Neste momento de crise econômica e política  que o Brasil atravessa recomendamos  a leitura do livro “O Espírito animal”, de George A. Akerlof e Robert J. Shiller. Os autores mostram com muita propriedade  como a psicologia humana impulsiona a economia e através dela é possível desvendar o comportamento humano. Se os indivíduos  estão pessimistas ou desesperançosos, a economia tende a perder dinamismo. Se  estão otimistas e esperançosos, a tendência da  economia é crescer.

Os aspectos apresentados constituem  as principais lições que o livro apresenta aos leitores. Lições de extrema valia para aqueles que, preocupados com o futuro econômico  e político do Brasil, não tem colaborado com ele, na medida em que implementam atitudes de incerteza e pessimismo, contribuindo para que a economia desande. Com efeito, recomendamos a  leitura desta importante obra a todos que sonham com um futuro econômico promissor.

Ampliando o quadro de análise, registramos que o estado de incerteza da economia  é até compreensível, visto que os prognósticos otimistas  do ministro da Fazenda, Guido Mantega, bem como o estado econômico idealizado por ele, não foram confirmados. Rememoremos, por amor ao debate, os inúmeros prenúncios positivos realizados quanto ao crescimento da economia na era Dilma, que, pela teoria dos autores citados, era o de se esperar. Entrementes, a expectativa de crescimento de  4% ao ano passou longe de ser alcançada. No que diz pertinência aos juros, o  Banco Central tomou medidas drásticas no sentido de reduzi-los, mesmo diante da expectativa de alta inflacionária e, após a pressão do mercado e da inquietação social quanto aos preços, o governo optou por aumentá-los.

Por outro lado, observamos, também, aspectos de incerteza quanto ao futuro da Petrobrás, maior empresa do Brasil, e no que atine  a questão da ampliação das  estradas brasileiras em regime de concessão.  O grande dilema do governo, desde a era Lula, está na importância que se dá ao papel da Petrobrás na economia brasileira.  A indagação que se faz é se a empresa deve ser utilizada como instrumento responsável pelo controle da inflação ou se deve ser uma empresa, como outra qualquer, respondendo  às demandas do mercado.  Veja-se que já há especulação acerca  do aumento da gasolina, principalmente em virtude do aumento do dólar.  Ademais, as concessões de estradas para a iniciativa privada também  geram conflitos  entre investidores e o governo. Após várias reclamações, o governo decidiu aumentar a taxa de retorno para os primeiros.

Com efeito, caros leitores, registramos que,  embora os estados de incerteza possam afetar o comportamento dos atores do mercado, defendemos que  o pessimismo não deva predominar no âmbito de suas ações.  Os recuos do governo sugerem incertezas, mas, por outro lado, apontam correção de rumo, o que nos faz ficar otimistas quanto ao futuro da economia brasileira. Mesmo porque o radical pessimismo em relação à economia internacional diminuiu.

Somos otimistas intransigentes. E temos razões para isto. Observem que, apesar do Brasil ter enormes desafios para enfrentar e resolver urgentemente  pelos governantes, por outra parte, oferece inúmeras oportunidades para os que aqui vivem e querem investir. Vivemos em um estado democrático de direito em comparação aos demais países da América Latina. O nosso sistema financeiro é um dos mais estáveis do mundo. Achamos que o descontrole inflacionário não vai acontecer,  como preconizado pelos pessimistas. E por fim, as manifestações de junho foram extremamente positivas, haja vista que provocaram os governos a investirem em mobilidade e infraestrutura, pautando a agenda dos mesmos  em eficiência da gestão. Somos e sempre seremos eternamente otimistas quando ao futuro do Brasil. 

Velho para o mercado?

Janguiê Diniz, | seg, 26/08/2013 - 16:13
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Tornou-se lugar comum acreditar que, após os 45 anos, os profissionais estão ultrapassados para se colocar ou recolocar no mercado de trabalho. De fato, existe muito preconceito contra profissionais mais velhos no ambiente de trabalho, principalmente pelos mais jovens, que acreditam ser mais modernos e ágeis.

Seria um equívoco dizer que a idade não é influência para recolocação no mercado, entretanto, não é o único ou o mais importante. Claro que um profissional mais experiente traz consigo costumes e vícios de outras empresas, daí a justificativa para algumas empresas investirem nos trainees - para lapidar um empregado a salários mais baixos dos que poderiam ser pagos a um profissional mais experiente.

Para 94% das empresas, o lado positivo da contratação de tais profissionais mais velhos é a transmissão de experiência e conhecimentos úteis para os mais jovens. E essa tem sido a postura de algumas empresas: contratar esses profissionais para mesclar com a conhecida 'geração Y' - um grupo bastante jovem - que traz ideias inovadoras, energia, ousadia, mas que ainda não tem maturidade, estabilidade e experiência.

Ao contrário do que se pensa, ter mais idade pode ser uma influencia positiva em várias carreiras. Na área de saúde, por exemplo, ter mais idade é visto com bons olhos. Ao entrar em um consultório de um médico com 50 anos, ninguém pergunta quanto tempo ele está atuando. Mas, ao encontrarmos um médico de 24, todos acham que a pouca idade faz dele um médico inexperiente. Mais uma vez, o preconceito se mostra presente, já que, hoje, pessoas com mais idade se formam todos os semestres, em diversas áreas.

Mesmo com todas as mudanças no mercado, a capacitação ainda é o principal diferencial para qualquer contratação. E isso fica claro com a atual escassez de mão de obra capacitada, que acaba fazendo com os profissionais experientes, acima dos 40 anos, voltem a ser disputados pelo mercado brasileiro. Além disso, quando a economia melhora, surgem oportunidades para todas as idades.

Existem conhecimentos que são fundamentais, independente da área de atuação. O mais importante para ser um profissional requisitado pelo mercado é conhecer muito mais que o básico.  É preciso estudar e se atualizar constantemente. Não existe mágica. Só estaremos velhos para o mercado quando acharmos que o mundo não mudará mais e que não somos mais capazes de aprender .

O líder e o chefe

Janguiê Diniz, | qui, 22/08/2013 - 16:09
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O mundo corporativo está sempre em mudanças. Mudanças comportamentais, adoção de novas tecnologias, novas formas de interagir com o mercado e alterações constantes na cultura empresarial. Tais mudanças acabaram por mudar também o perfil dos profissionais que fazem parte do mercado.

Passado o tempo em que as pessoas que trabalham nas empresas são denominadas de funcionários, agora a maioria das corporações possuem colaboradores que interagem em todos os setores das instituições e tem um papel mais ativo do que há décadas atrás, onde permaneciam restritos e unicamente responsáveis por suas funções.

Junto a esse novo conceito empresarial, surge outro: o líder. Ser líder é completamente diferente de ser chefe. E é preciso compreender a diferença entre os dois. Chefe é um conceito bastante antigo e, por vezes, arcaico. É a tendência de comandar pessoas, impondo ordens e sendo autoritário. É planejar o trabalho de pessoas, organizar e controlar os recursos. Chefiar é buscar apenas os resultados, sem pensar nas pessoas.

Evidente que este conceito não se encaixa mais nos padrões empresariais da atualidade. O papel de chefe foi substituído pelo líder. Sendo este profissional focado não apenas nos resultados, mas também na melhor forma de se atingir tais objetivos. O líder é aquele que motiva, que incentiva, que entende que a responsabilidade que deve ser dividida e que se torna um espelho e inspiração para a equipe.

Na história da humanidade temos vários nomes de líderes natos – Jesus, Nelson Mandela, Osama Bin Laden, Hitler, Madre Tereza de Calcutá - alguns nomes podem soar controversos, mas todos eles conseguiram envolver seus seguidores com propósitos positivos ou negativos. Todos esses nomes compartilharam seus conhecimentos, guiaram e ainda guiam centenas e milhares de pessoas.

Algumas pessoas já nascem com o perfil de líderes, mas não significa que outras não podem se tornar líderes ao longo da carreira. Não podemos esquecer que o mundo é mutável e as pessoas são capazes de aprender e desenvolver características, inclusive de liderança. Assim, pessoas bem qualificadas, trabalhadas e estimuladas são mais propicias ao sucesso e a posição de líderes.

 É cada vez menor o espaço para os gestores que não entendem ou não valorizam as pessoas. Colaboradores motivados acabam resultando em um ambiente de trabalho mais saudável e os resultados são vistos também na produção das empresas. Assim, um passo para o almejado sucesso esperado por todos é ter, além da qualificação e conhecimento, habilidade com pessoas. Profissionais inteligentes não almejam ser chefes, almejam ser líderes.

Orçamento Impositivo

Janguiê Diniz, | ter, 20/08/2013 - 11:25
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A Câmara dos Deputados aprovou em primeira votação o Orçamento Impositivo. Os parlamentares comemoraram tal feito, pois, segundo eles, o novo instrumento institucional garantirá a independência do Parlamento em relação ao Executivo. Esta tese deve ser considerada hipótese, já que é necessário que o Orçamento Impositivo venha a existir para que o comportamento dos parlamentares e dos presidentes possa ser avaliado.

Nem sempre decisões democráticas geram efeitos positivos para a democracia e para a sociedade. Esta assertiva deve ser considerada na análise da implementação do Orçamento Impositivo. Ampla literatura da Ciência Política mostra que a relação entre Parlamento e Executivo é caracterizada por jogos de soma-zero e de cooperação. Nos jogos de soma-zero, existe apenas um vencedor. Enquanto no jogo cooperativo, ambos os jogadores obtêm benefícios.

Na relação Executivo-Legislativo o jogo cooperativo predomina. Neste caso, incentivos advindos do Poder Executivo possibilitam que parlamentares aceitem cooperar com o dirigente do executivo. Os incentivos visíveis são: distribuição de espaços institucionais e liberação de emendas parlamentares. Fere a lógica da relação racional entre Executivo-Legislativo considerar que parlamentares votam favoráveis a proposições do executivo  em troca de nada. Deste modo, os chefes do executivo  precisam conceder espaços de poder aos partidos. E também agir junto às bases dos parlamentares.

A lógica apresentada caracteriza a relação Executivo-Legislativo no Brasil. Uma indagação que se faz é se tal relação será enfraquecida com o advento do orçamento impositivo. De acordo com diversos  parlamentares, a resposta deve ser afirmativa. Entrementes, indagamos: caso o orçamento impositivo comece a viger, os parlamentares exigirão novos incentivos do Poder Executivo para continuarem cooperando? Temos a hipótese de que a pressão por espaços no poder não será enfraquecida com a implementação do orçamento impositivo. Com efeito, é possível que os parlamentares pressionem o Executivo por mais espaço para continuarem cooperando com a chefe do Executivo Federal.

Nesta linha de raciocínio, importa rememorar que quando FHC promoveu as privatizações, os espaços no poder estatal foram diminuídos e, por via de consequência, os recursos que seriam distribuídos entre os parlamentares. Dessa forma,  os parlamentares focaram as suas energias para a liberação de emendas. Avaliando os governos de FHC, Lula e Dilma, constatamos  a existência de um   Parlamento cooperativo com os presidentes, mesmo havendo períodos de  instabilidades na relação entre Executivo-Legislativo, mas não ao ponto de surgirem crises institucionais.

Finalizando afirmamos que duas consequências podem estar por vir com o possível advento do orçamento impositivo: a perda da capacidade do Poder Executivo em planejar a aplicação de recursos públicos e a necessidade do Poder Executivo de ampliar os espaços institucionais para obter a cooperação dos parlamentares. Se estas consequências, as quais são apenas hipóteses, forem comprovadas, consideramos  que o orçamento impositivo não será benéfico  para a sociedade brasileira, nem para a  democracia.

O Maranhão da família Sarney

Janguiê Diniz, | qua, 14/08/2013 - 15:11
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Todos já sabemos que o Nordeste é a região do país que mais se desenvolveu no Brasil entre 2000 e 2010. Entretanto, esse desenvolvimento parece ainda não atingir todos os estados da região. Apesar de todos os esforços, Maranhão e Piauí ainda não atingiram o ritmo de crescimento esperado.

Segundo dados do IBGE, o Maranhão apresenta a menor expectativa de vida na média de homens e mulheres– 68,6 anos. Além disso, o Estado possui a segunda pior taxa de mortalidade infantil do país, apenas atrás de Alagoas, com 29 crianças com menos de um ano mortas para cada mil nascidas vivas. As três piores cidades em renda per capita também pertencem ao Maranhão, de acordo com o recentemente divulgado Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) – Marajá do Sena (R$ 96,25), Fernando Falcão (R$ 106,99) e Belágua (R$ 107,14).

Ampliando os dados, nada menos que 21,5% dos maranhenses acima dos 15 anos são analfabetos - isso representa o dobro da média nacional - e só 12,5% das casas maranhenses tem água e esgoto, enquanto no Brasil a média é de 70% e nada menos que 65% do estado é classificado como miserável, um recorde no país. Índices contraditórios quando observamos que o Maranhão possui seis rodovias federais, três ferrovias, um maiores complexos portuários do nordeste e energia abundante de dois lados, vindas da Chesf e de Tucuruí.

Não é novidade que o Maranhão é um Estado sob influência política de Sarney e sua família. Já são cinco décadas da família no poder. Por lá o sobrenome Sarney já está em 161 escolas, além de hospitais, bibliotecas, avenidas, pontes, fórum. O fato é que, sob o domínio dos Sarney, o Maranhão não só permaneceu nas piores posições nos indicadores sociais, mas também viu suas terras serem desmatadas e poluídas, a educação ser sucateada e os meios de comunicação ficarem concentrados nas mãos de políticos – estima-se que ele seja proprietário de mais de 40 veículos, entre jornais, rádios e TVs.

O que mais impressiona, é que o Maranhão é um estado rico em jazidas minerais e gás natural, além de possuir água doce em abundância e ter localização privilegiada, com um porto mais próximo dos Estados Unidos e da União Europeia do que os do Sul e Sudeste. Claro que não estamos culpando os Sarney pelo não desenvolvimento do estado e muito menos queremos culpar a população.

Entretanto, mais uma vez, repetimos que a deficiência de educação faz com que a população não se desenvolva, tantos nos aspectos econômicos quanto cultural e social. E esta é a grande questão: se não há educação para o povo, este se torna leigo diante dos acontecimentos e passa a aceitar as decisões políticas, sem contestar e sem acreditar que é possível mudar.

Jovens mais ativos, sociedade mais participativa

Janguiê Diniz, | seg, 12/08/2013 - 18:14
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Os jovens sempre desempenharam e ainda desempenham um papel importante na história dos povos. Estamos acostumados a dizer que os jovens são o futuro do nosso país. Eles já foram os responsáveis por irem às ruas no movimento das Diretas Já e também comandaram os “caras pintadas” em uma ação que resultou no impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello.

 

Há algumas décadas a juventude era vista como sinônimo de inquietude, quando os jovens estavam dispostos a lutar por seus direitos e, simultaneamente, não descuidavam de cobrar os deveres do Estado. O fato é que, durante algum tempo, esses jovens revolucionários ficaram adormecidos, apenas acompanhando as mudanças que aconteciam no Brasil, talvez sem esperanças pela possibilidade de mudanças.

Nosso Brasil já teve um dos maiores índices de violência contra jovens e muitos desses adolescentes não tiveram oportunidade de concluir o ensino básico. Além disso, passaram a se mostrar passivos as transições políticos, sociais e econômicas que o País vivia. Entretanto, essa realidade vem mudando, em partes, graças ao uso da internet. Nos últimos anos, os debates sobre a importância da juventude, seu papel na construção da sociedade e das políticas públicas tem sido muito mais presentes em vários segmentos.

Precisamos observar a responsabilidade que os jovens têm, especialmente os que se consideram líderes nas nossas sociedades, que participam com entusiasmo de processos políticos e que entendem, claramente, o seu papel. Muitos desses já têm consciência de que sua energia e criatividade são a força capaz de desencadear grandes mudanças na sociedade.

É preciso esclarecer que a objetividade e capacidade de participação ativa dos jovens devem ser incentivadas desde cedo, na infância, na escola básica. E daí a importância de práticas escolares atualizadas e capazes de estimular a coragem e o entusiasmo que são tão necessários na construção de um país melhor, conscientizando todas as crianças e jovens ao desempenho de um papel mais dinâmico.

Nós precisamos de jovens que compreendam as implicações de se viver em um País com tanta diversidade, em um país que pode oferecer ao seu povo muito mais, em todos os sentidos, se a política passar a atender o propósito do todo. É animador ver os jovens irem às ruas participar dos processos políticos, cobrar política e condições igualitárias.

Os jovens são a nossa esperança e o nosso futuro. Por isso devemos apostar neles. A juventude brasileira quer ser ouvida, quer ter seus direitos sociais e políticos respeitados, quer novas perspectivas de vida e realização.

Política: oposição versus situação

Janguiê Diniz, | ter, 06/08/2013 - 12:16
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Quando falamos, estudamos ou analisamos a política de qualquer país, sempre nos deparamos com as expressões “oposição” e “situação” para caracterizar aqueles políticos que são a favor ou contra o governo. Apesar de muito comuns, poucas pessoas conhecem a importância dessas duas palavras. Posicionar-se é uma ação política. 

A principio, faz-se necessário saber que em regime de partido único, não existe oposição externa. Entretanto, este não é o caso do Brasil, que vive um regime multipartidário: com partidos da situação, da oposição e neutros. Não quero aqui criticar a existência de partidos de oposição, ao contrário. Toda oposição, quando bem executada, é benéfica e faz parte do processo democrático. Equivocam-se os analistas que pensam de maneira diferente.

A oposição política realmente é algo central não apenas para o funcionamento dos regimes democráticos, do ponto de vista das cobranças as ações governamentais, mas como também para a própria caracterização do que é um sistema democrático. Não podemos compreender oposição e situação como aquele que está certo e aquele que está errado. Não funciona assim.

Na maioria das vezes o que vemos é a falta de diálogo entre partidos e políticos de oposição e situação. E quando isso acontece, as discussões e vetos de projetos que trariam benefícios para o povo são simplesmente deixados de lado por disputas políticas, colocando em risco o andamento da governança. Deixando que as decisões sobre o andamento do país sejam tomadas por aquela bancada que tem a maioria na Casa Legislativa.

E qual o papel da oposição? Oposição é aquela que delineia, acompanha e cobra a forma de atuação do governo, sem criar bloqueios desnecessários e prejudiciais à governança. Infelizmente, o mal de alguns políticos brasileiros é a preocupação em combater o lado oposto pensando nos partidos e coligações, esquecendo que sua missão na vida pública é representar o povo, apoiando, debatendo, sugerindo e acompanhando estratégias para o bem estar da sociedade.

É bem verdade que os cidadãos estão fartos da ineficiência política e a maior prova disto está nos protestos que se sucedem pelo País. Já dizia o alemão Bertold Brecht: “O pior analfabeto é o analfabeto político, ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo da vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas”. 

É preciso que cada um de nós deixe de ser analfabeto político para aprender que temos direitos e deveres. A verdadeira democracia, que governa em prol do povo, é caracterizada pela união de forças de todos. O importante é que oposição e situação caminhem com um único propósito: o de melhorar o país como um todo, representando a população e fazendo valer cada um dos nossos direitos.

O mundo da China

Janguiê Diniz, | sex, 02/08/2013 - 14:08
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Não há dúvidas que a China é uma economia em pleno desenvolvimento. Mais que isso, ela é o país que mais cresce, com uma média de mais de 7,5% ao ano e uma inflação em cerca de 3,5%. Segunda maior economia mundial, há quem diga que o país disputará com os Estados Unidos, num futuro não tão distante, a liderança do mundo.

Antes de falarmos da China como uma potência econômica, é preciso esclarecer, apenas a título de ilustração, que para o Banco Mundial um país desenvolvido é aquele que tem um alto Rendimento Nacional Bruto (RNB) per capita. Para tornar o entendimento mais fácil, basta saber que o desenvolvimento de um país é percebido pelo avanço de seu crescimento econômico e social como resultado do esforço produtivo de seus habitantes.

Voltando a falar da China, a ascensão econômica do País, com uma média de crescimento anual de 10% por mais de 30 anos, foi idealizada pelo estado chinês. Estado este que, de acordo com uma pesquisa feita pela Universidade de Harvard, tem a aprovação de 80% a 95% dos chineses. Muito mais alto do que países como o Reino Unido, que apresenta 45%.

Embora a China ainda seja um país em desenvolvimento, devemos tomá-la como exemplo para colocar o Brasil no caminho correto. Se considerarmos a infraestrutura de lá – que por aqui só vem recebendo investimento nos últimos anos -, a malha ferroviária de alta velocidade chinesa é a maior do mundo e, em breve, será maior do que a do restante do mundo combinado.

Não devemos nos iludir e pensar que a China, que possui a maior população mundial, é composta apenas por pessoas que passam o dia nas linhas de produções e recebem salários de acordo com o quanto produzem. O governo chinês investe, e muito, em capital humano. São US$ 250 bilhões anuais e como resultado, 8 milhões de universitários terminam a graduação todo ano.

Mas não é apenas nas universidades que o governo chinês investe. A educação básica também é prioridade e faz parte do Plano Nacional de Reforma e Desenvolvimento de Educação a Médio e Longo Prazo, que foi lançado em 2010 e deve seguir até 2020. O objetivo: modernização do sistema educativo, instauração a nível nacional da educação pré-escolar e a eliminação do analfabetismo no país.

O resultado disso? A China cresce em todos os aspectos. O investimento prioritário do governo chinês em educação e o no desenvolvimento de novas indústrias, energias alternativas, proteção do meio ambiente, biotecnologia, tecnologia de informação avançada e veículos híbridos são diferenciais do País.

A China tem problemas? Sim, como todos os outros países. Entretanto, ela tem mostrado para o mundo que crescimento econômico e liderança são consequências de investimento na formação dos indivíduos. 

Precisamos de mais médicos?

Janguiê Diniz, | qua, 31/07/2013 - 11:33
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Em meio a polêmica sobre a falta de médicos no Brasil, com o governo Federal anunciando projetos para trazer profissionais estrangeiros para atender as demandas, a pergunta que mais tem sido feita pela população é: precisamos de mais médicos ou precisamos de infraestrutura para os profissionais nacionais trabalharem?

No início de 2013, uma pesquisa realizada pelo Ipea realizada com quase 3 mil pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), indicou a falta de médicos como principal problema de 58% dos brasileiros que utilizam o atendimento na rede pública. O Brasil tem uma média de 1,8 médicos para cada mil habitantes, enquanto isso, na Argentina a proporção é 3,2 médicos e, em países como Espanha e Portugal, essa relação é de 4 médicos.

Todos os anos, 13 mil brasileiros se formam em medicina. Contudo, os médicos brasileiros estão concentrados no Sudeste do País. E assim, temos 22 estados que estão abaixo da média nacional de médicos por habitantes. No Rio de Janeiro e Distrito Federal, por exemplo, há mais de três profissionais para cada mil habitantes. Já em alguns estados do Nordeste, seria preciso dobrar a quantidade de profissionais para atingir a média nacional.

Tais dados nos levam a acreditar que o problema está na distribuição geográfica dos profissionais, que é desigual. Vale analisar se a maior dificuldade não esteja em atrair médicos para as áreas mais carentes do país, para as periferias das cidades e para o interior.

Se precisamos de mais médicos? Sim, precisamos. Em um País com cerca de 400 mil médicos formados, cerca de 700 municípios não possuem um único profissional de saúde. Já em outros 1,9 mil municípios, 3 mil pacientes concorrem pelo atendimento de menos de um médico por pessoa. A questão da falta de médicos é coerente, mas solucionar apenas esse ponto não é suficiente.

Como podemos querer que os médicos atendam nas cidades menores ou do interior do país, se não há infraestrutura para realizar os procedimentos? Os profissionais resistem em trabalhar em lugares sem estrutura, equipamentos e medicamentos, e esta é uma realidade que resulta na necessidade de ampliar investimentos.

Levar médicos a todas as localidades do Brasil é um desafio. Entretanto, é fundamental aplicar bem os R$ 15 bilhões anunciados pelo Governo para investimentos na infraestrutura de hospitais e unidades de saúde. E, assim como em outras áreas, é preciso uma gestão rigorosa e capaz de transformar o SUS em uma referência.

Dominguinhos, o artista da terra

Janguiê Diniz, | sex, 26/07/2013 - 10:43
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O Brasil silenciou ao saber da morte do exímio sanfoneiro, instrumentista, cantor e compositor José Domingos de Morais, o nosso Dominguinhos. Querido por todos, ele teve como mestre Luiz Gonzaga e foi, sem dúvidas, o melhor representante do Rei do Baião.

 

Além do carisma, a marca registrada do sanfoneiro eram a simplicidade e a humildade. Durante toda sua trajetória, que começou lá aos 8 anos, quando impressionou Luiz Gonzaga, Dominguinhos construiu um legado de seguidores que tem o sanfoneiro como principal referência de formação musical. Uma formação intuitiva que não precisou de escola para encantar a todos.

Dominguinhos fez grandes parcerias musicais. Elba Ramalho, Nando Cordel e Gilberto Gil foram apenas alguns. Canções de sucesso como “Isso Aqui tá Bom Demais”, “Gostoso Demais”, “Eu Só Quero Um Xodó”, “Lamento Sertanejo”, “De Volta Pro Aconchego”, são apenas algumas das que foram eternizadas pelo grande sanfoneiro.

O trabalho de Dominguinhos é mais uma prova de que pouco importa o sotaque ou origens quando trata de fazer música. Pernambucano, ele não abandonou o baião, contudo, acabou por consolidar uma carreira musical própria, englobando gêneros musicais diversos como bossa nova, jazz e pop.

Em seu site oficial, Dominguinhos é definido como “um músico que é a síntese de diferentes elementos como talento, inspiração, força de vontade, perseverança e oportunidade. Uma mistura que resulta em arranjos e harmonias”. Ele era isso e era muito mais.

Um talento criativo. Sem dúvidas essa é a melhor definição que pode se ter de Dominguinhos. Entretanto, não apenas criativo. Dominguinhos carregava consigo o dom da música, registrada em 42 discos lançados durante a carreira e que foi completamente consagrada quando, em 2002, ganhou o Grammy Latino com o “CD Chegando de Mansinho” e em 2010, quando foi o vencedor do Prêmio Shell de Música.

Com seu falecimento, os amigos perderam um companheiro, a família perdeu um ente querido, o Nordeste perdeu um representante legitimo de sua cultura e o Brasil perdeu, sem dúvidas, o seu maior sanfoneiro. Se sua luta contra o câncer durou pouco mais de 6 anos, a cada vez que alguém cantar “olha que isso aqui tá muito bom, isso aqui ta bom demais”, Dominguinhos será eternamente lembrado.

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