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Na semana em que o governo reviu o rombo fiscal de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões, o presidente do Insper e ex-secretário de Política Econômica, Marcos Lisboa, diz que, ao contrário do que muitos esperam, a medida não evitará alta de impostos. "Não vamos escapar disso. Demoramos demais a fazer as reformas e vai faltar dinheiro para políticas essenciais." A seguir, trechos da entrevista.

Como o sr. avalia a mudança na meta fiscal?

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Reflete a severidade da situação do País. Não foi uma surpresa. O preocupante é que a causa dessa situação é o aumento recorrente das despesas obrigatórias, por força de lei, como as regras de reajustes, que vêm aumentando há quase três décadas nos governos federal e estaduais. Esse gasto cresce mais que o PIB há muito tempo. Esse imenso conjunto de leis e obrigações diz quanto e como gastar. Ou fazemos discussões profundas sobre reformas estruturais para interromper esse crescimento ou teremos aumentos recorrentes da carga tributária.

De 2014 a 2020, vamos acumular um déficit de R$ 818 bilhões. O que isso significa para o País?

Haverá perda de espaço para a política pública, para o investimento, carência de recursos para áreas como ciência e tecnologia, para programas sociais. Isso prejudica o País e a volta do crescimento. Poderemos ver a falta de capacidade de aumentar o salário mínimo, de fazer políticas que são comezinhas em qualquer lugar porque acabou o dinheiro. O mesmo ocorre com governos estaduais. Sofrem funcionários, universidades e se espalha. Está no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Brasília. E outros Estados terão dificuldades.

Como chegamos a esse ponto?

Para além do problema estrutural, houve incontáveis erros de política econômica. O governo anterior expandiu subsídios, desonerações, criou políticas públicas sem avaliar impactos. O atual, no ano passado, com a maior recessão da história e o maior desemprego desde os anos 70, concedeu aumento para servidores e agora tem de voltar atrás. Além disso, errou na avaliação de como a economia ia se recuperar. E não errou sozinho, pois diversos economistas falavam em uma recuperação mais rápida. Há uma recuperação, mas não como se esperava. O governo errou, por fim, em se comunicar mal com a sociedade. Deveria ter explicado melhor sobre o tamanho do problema - por exemplo, sobre a Previdência -, a necessidade de ajustes e como fazê-los.

O que mais o governo poderia fazer para conter o rombo?

Essa forma de tratar os problemas, um de cada vez, pode ter vantagens na execução, mas perde na clareza. Por exemplo, quando se fala de Previdência, assistência social e dos servidores, não é um tema só. Há leis específicas, programas sociais que somam e alguns que fracassam. Não seria a hora de fazer uma avaliação e terminar ou rever o que não funciona? Programas de incentivo a conteúdo nacional funcionam? Os setores que o governo apoiou mais fortemente no passado hoje estão em grave dificuldade: óleo e gás, indústria naval, a intervenção no setor elétrico. O governo passado atendeu a pedidos de diversos setores. O resultado é a crise em que eles se encontram. Mas eles não podem reclamar muito porque são sócios da culpa, foram cúmplices do projeto e o resultado a gente está assistindo.

Elevar imposto é uma saída?

Não vamos escapar disso. Demoramos demais para fazer as reformas. E mesmo aumentando a meta faltará dinheiro para políticas essenciais. Seria melhor que não fosse assim, mas é o custo por demorarmos a reconhecer os problemas. Todos teremos de ir para o sacrifício. Teremos de pagar mais imposto e trabalhar mais para nos aposentar. A questão é como fazer o processo de maneira socialmente justa e equânime, tratando iguais como iguais e protegendo os vulneráveis.

O sr. acha que a reforma da Previdência vai avançar?

A população aposentada cresce 3,5% ao ano. A que trabalha está crescendo 0,7% e em poucos anos vai parar de aumentar. A estimativa é de que em três décadas haverá 6% a menos pessoas trabalhando e 250% a mais de pessoas recebendo benefícios da Previdência. Um número menor de trabalhadores vai sustentar um número duas vezes e meia maior de aposentados. A reforma é urgente.

Por que há tanta resistência?

O que me surpreende é como os grupos resistem em participar do sacrifício para tirar o País da crise. Há uma série de privilégios disseminados na economia. Tem gente com acesso a crédito subsidiado do BNDES, que paga pouco imposto, que é protegido da concorrência externa. Há pessoas que podem se aposentar mais cedo, que têm benefícios maiores, outras que pagam seu aluguel, sua educação. E há pessoas que, além do salário, recebem auxílio-moradia. É um país onde é disseminada a meia-entrada. É preciso ficar claro que, se preservar o privilégio de A, os demais vão pagar.

A resistência em relação à nova taxa de juros do BNDES, a TLP, vai nessa mesma linha?

Vários grupos empresariais se manifestaram contra, ao mesmo tempo em que reclamam de aumento do imposto. Estamos numa crise fiscal, está faltando dinheiro para coisas essenciais, mas tem gente que não quer pagar mais imposto, não quer que tire o subsídio do BNDES. Conceder subsídios via BNDES à empresa privada tira dinheiro do resto da sociedade.

O pacote fiscal deve ser aprovado?

Depende da capacidade do governo em prestar contas e explicar o planejamento fiscal. Boa notícia é que acordou para o problema e começa a enfrentá-lo. Má notícia é que vai precisar de muito mais medidas para sairmos de onde estamos.

Que cenário podemos esperar daqui para frente?

Se iniciarmos a agenda fiscal e as reformas, poderemos começar uma agenda republicana de igualar as regras, reduzir distorções. Há muitas oportunidades de crescimento. Há uma produtividade latente que pode crescer. A gente consegue construir um ambiente tributário saudável, com impostos simples e claros e ter um período longo de crescimento. Ou podemos insistir nos erros do passado. Os anos 50 deram a crise dos anos 60. Os anos 70 deram a crise dos anos 80. Os últimos 10 anos deram a crise atual. Podemos repetir pela quarta vez o mesmo caminho.

Com uma perspectiva de crescimento menor do País e avanço mais lento da massa salarial, o governo revisou a previsão para o salário mínimo em 2018. O valor previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano que vem era de R$ 979,00, mas agora passou a R$ 969,00, segundo os novos cálculos do governo.

O ritmo de crescimento nominal da massa salarial, por sua vez, passou de 8,5% para 5,7%. A evolução da massa salarial é um dos principais indicadores sobre o mercado de trabalho no País.

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Cemig

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, confirmou que o leilão de quatro usinas hidrelétricas da Cemig continua nas projeções do governo para 2017, mas não descartou que a empresa possa oferecer uma proposta ao governo. "Parlamentares ainda buscam acordo da União com a Cemig, mas não se pode ignorar decisão da Justiça que determinou a devolução ao governo federal. Mas o leilão está mantido", enfatizou.

Ele confirmou que para 2018 também haveria um número substancial de leilões de hidrelétricas que podem ocorrer. "Pretendemos e temos o dever de buscar as fontes de receita a que a União tem direito", alegou.

Congresso

Meirelles disse ainda que as dificuldades de debate da equipe econômica com parlamentares sobre as medidas propostas são normais e fazem parte da democracia. "Contamos com a aprovação do Congresso para a revisão da meta no menor patamar possível. Sem a aprovação das medidas pelo Congresso, o aumento do déficit pode ser ainda maior. Mas o Congresso é soberano e respeitamos as decisões", completou.

O governo ampliou as previsões para o déficit do governo central também nos anos de 2019 e 2020. Para 2019, a previsão passou de uma expectativa de déficit de R$ 65 bilhões para déficit R$ 139 bilhões. Em 2020, a previsão passou de um superávit de R$ 10 bilhões para déficit de R$ 65 bilhões.

Nesta noite de terça-feira, 15, o governo divulgou que pedirá ao Congresso Nacional a ampliação das metas de 2017 e 2018 para déficit R$ 159 bilhões, um aumento do rombo de, respectivamente, R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões. Com isso, mesmo com a manutenção das metas de resultado das estatais federais e Estados e municípios, a meta para o setor público consolidado passou de déficit de R$ 143,1 bilhões para R$ 163,1 bilhões em 2017 e de R$ 131,3 bilhões para R$ 161,3 bilhões em 2018. Para 2019, o valor passou a déficit de R$ 137,8 bilhões e, em 2020, déficit de R$ 51,8 bilhões.

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A nova meta do governo central de 2017 passará de 2,07% do PIB para 2,4% do PIB. Em 2018, vai de 1,78% para 2,23% do PIB. Em 2019, o valor chegará a 1,8% do PIB e, em 2020, 0,78% do déficit.

Para o setor público consolidado os déficits representarão 2,46% do PIB em 2017, 2,26% do PIB em 2018, 1,79% do PIB em 2019 e 0,62% do PIB em 2020.

Justificativas

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, justificou o aumento das metas de déficit fiscal também em 2019 e 2020 pela revisão dos saldos dos dois anos anteriores. Com uma base menor nas receitas, a expectativa passa a ser de arrecadação menor também nos anos seguintes.

Em relação a 2017, Meirelles citou a frustração com a arrecadação da repatriação e com o novo Refis. "Hoje esperamos um número um pouco menor do Refis pelas negociações em andamento no Congresso", acrescentou. "Isso leva a uma queda total de projeção de receita primária em R$ 42 bilhões".

Meirelles lembrou que há uma queda sistemática da arrecadação em porcentual do PIB desde 2008. Um dos motivos, segundo o ministro, é a mudança na composição da economia brasileira. "Este ano houve crescimento do setor agrícola, que tem tributação menor. Indústria decresce e tem tributação maior. Setor de serviços também está crescendo e tem tributação menor", completou.

O ministro ressaltou que há um esforço do governo para reduzir despesas. "Tem havido um esforço grande de contenção, com queda da receita em porcentual do PIB", afirmou.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse não esperar que haja mudanças na nota de rating do Brasil por causa da mudança de metas. "Temos explicado para as agências de rating os motivos da mudança e uma das agências mais importantes deve divulgar ainda nesta terça-feira, 15, uma nova avaliação. Mas nossa expectativa é que não haja mudança no rating", respondeu.

Logo depois, a agência S&P afirmou o rating do Brasil em BB e manteve em observação para possível rebaixamento. Em comunicado, a agência manteve tanto a nota como a perspectiva negativa anteriores à mudança e metas. A S&P informou ainda que a economia brasileira parece ter se estabilizado apesar das questões políticas, mas que a perspectiva negativa reflete justamente os desafios políticos do país.

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Meirelles repetiu que a alteração das metas fiscais para 2017 e 2018 não é resultado de aumento das despesas, como já foi muitas vezes, mas sim de uma queda na arrecadação decorrente de uma inflação menor. "Há um ano, nem o mercado nem o BC previam uma inflação abaixo da meta em 2017", afirmou. "E devido às restrições de ordem legal, não se podem cortar despesas obrigatórias", completou o ministro.

Questionado sobre como o Congresso receberá a proposta de mudança de meta, o ministro disse que as lideranças estão convencidas da necessidade de alteração. "Num primeiro momento, todos são contra mudança de metas, eu também. Mas todos somos responsáveis e realistas e consideramos que revisão decorre da mudança na inflação", alegou.

O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, confirmou ainda que, com a ampliação da meta de 2017 em R$ 20 bilhões, será possível realizar um descontingenciamento de R$ 8 bilhões no Orçamento deste ano.

O rápido processo de desaceleração da inflação é um dos principais fatores que levaram à revisão das metas fiscais de 2017 e 2018, disse nesta terça-feira, 15, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Segundo cálculos do governo, o ritmo menor de aumento de preços vai provocar sozinho uma frustração de R$ 19 bilhões na arrecadação deste ano. Em 2018, o efeito é ainda mais intenso, com perda de R$ 23 bilhões entre receitas de tributos e da Previdência Social.

"A desaceleração da inflação é boa notícia para o País e para atividade no futuro, mas tem efeito importante agora, que é exatamente uma mudança na expectativa de arrecadação", disse Meirelles. Quando a inflação fica menor, os preços da economia como um todo avançam menos, afetando o ritmo de arrecadação de tributos.

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O ministro destacou que no momento da fixação da meta fiscal de 2017, em julho do ano passado, o Boletim Focus apontava projeções de 5,4% para a inflação neste ano. Em 10 de julho deste ano, essa estimativa já era bem menor, de 3,28%. Agora, essa previsão é de 3,5%. "Pode haver recuperação dessa expectativa para inflação até o fim do ano", afirmou Meirelles.

Dos R$ 19 bilhões de frustração de receitas que o governo deve ter neste ano por causa da inflação menor, o governo já observou nos números da arrecadação um impacto de R$ 7,2 bilhões até junho de 2017, com os resultados já apurados.

O mesmo problema foi observado em 2018. No momento da fixação da meta, em abril deste ano, a previsão de mercado era de inflação em 4,5% no ano que vem. Hoje, os economistas já projetam alta de 4,2%.

Além da inflação menor, o aumento da provisão para perdas de crédito do sistema financeiro também afeta a arrecadação de tributos. "Isso ocorre à medida que há endividamento maior das empresas, resultado da recessão muito forte durante dois anos. Então, temos esse aumento de projeção de perdas, temos maior problema das empresas com efeito maior nos bancos e na capacidade das empresas que pagar impostos", explicou Meirelles.

Na análise apenas dos impostos pagos pelo sistema financeiro, a queda foi substancial, destacou o ministro. De julho do ano passado até agora, o recuo nessas receitas foi de 46%.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou o que chamou de "jeitinho" do governo federal para fechar as contas públicas. Além de rejeitar qualquer aumento de impostos para o equilíbrio entre receitas e despesas, Maia rechaçou o aumento da meta fiscal como solução para os rombo fiscal.

"A gente sabe que está difícil, mas se nós não organizarmos as contas públicas de uma vez, vai ficar cada vez mais difícil fechar as contas no futuro. Se cada vez damos jeitinho e aumentamos a meta mais do que precisa, você acaba gerando gastos desnecessários. Fica parecendo que as coisas caminham bem. A gente sabe que a coisa não caminha bem", afirmou.

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Questionado sobre que sugestões têm feito ao governo para a solução do problema, Maia negou que isso seja tarefa do Poder Legislativo. "A resposta sobre a meta fiscal quem tem de dar é o governo. Não vou decidir pelo governo. Vou continuar criticando, não é responsabilidade do Legislativo um proposta de mudar a meta", argumentou.

Antes, porém, ele voltou a defender o enxugamento do Estado, com foco na reforma da Previdência e na redução de privilégios de servidores. "Os caminhos pra se fechar o caixa são cada vez menores. Ou a gente reduz o tamanho do Estado, ou vai chegar uma hora que a dívida vai explodir. Se não reduzirmos, principalmente, o gasto da Previdência, esse teto de gastos vai ser atingido rapidamente. Precisamos acabar com benefícios que poucos têm na sociedade brasileira", complementou.

Maia ainda culpou as projeções equivocadas de arrecadação, feitas pelo governo, e a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) para explicar o agravamento da situação fiscal. "Você teve algumas questões que geraram situação que vivemos hoje. Houve, de fato, uma projeção errada de arrecadação do governo. Um segundo ponto é que a reoneração da folha de pagamento caiu porque a Casa ficou praticamente parada com a votação da denúncia da PGR", explicou.

O presidente da Câmara acrescentou que espera, "nas próximas horas", uma nova proposta do governo para poder organizar a votação do Refis, novo programa de refinanciamento de dívidas com a União.

Apesar de ainda não constar da agenda oficial, o presidente Michel Temer, que chegou no Palácio do Planalto pouco depois das 10 horas, entrou em reunião nesta segunda-feira, 14, em seu gabinete com os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira.

Segundo apurou o Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), também entraram na reunião os ministros da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco; da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy; e de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho.

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No domingo à noite, Temer recebeu no Palácio do Jaburu os presidentes do Senado, Eunício Oliveira, e da Câmara, Rodrigo Maia, além dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco, Imbassahy, Meirelles e Dyogo.

De acordo com a assessoria da Presidência, o encontro foi para discutir a pauta da semana. Apesar disso, conforme mostrou a Coluna do Estadão, o encontro definiu as novas metas de déficit para 2017 e 2018, que podem ser anunciadas nesta segunda-feira.

A meta para 2017 é de um déficit de R$ 139 bilhões, mas deve ser alterada para um déficit de R$ 159,5 bilhões, igual ao rombo do ano passado. Para 2018, a meta atual é de um déficit de R$ 129 bilhões, mas é provável que seja mudada para o mesmo valor de 2016 e 2017.

A Petrobras reajustou em 6,9%, em média, os preços do gás liquefeito de petróleo para uso residencial, envasado pelas distribuidoras em botijões de até 13 quilos (GLP P-13). O reajuste do gás de cozinha entra em vigor à 0h deste sábado (5) e, de acordo com a estatal, acompanha a política de preços divulgada no dia 7 de junho deste ano. O ajuste anunciado foi aplicado sobre os preços praticados sem incidência de tributos.

A companhia destacou que a lei brasileira garante liberdade de preços no mercado de combustíveis e derivados e que as revisões feitas nas refinarias podem ou não se refletir no preço final ao consumidor.

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A Petrobras calculou que, se os repasses feitos especialmente por distribuidoras e revendedores forem levados, integralmente, aos preços ao consumidor, o preço do botijão de GLP P-13 pode ser reajustado, em média, em 2,2% ou cerca de R$ 1,29. O valor vai depender da manutenção das margens de distribuição e de revenda e das alíquotas de tributos.

A estatal ressaltou que o último reajuste ocorreu em 5 de julho deste ano e que a alteração atual não se aplica ao GLP destinado a uso industrial ou comercial.

A Disney resolveu alterar o título do filme "Moana - Um mar de aventuras" na Itália para evitar que sua nova animação seja confundida com uma famosa atriz pornô local, Moana Pozzi (1961-1994).

Considerada uma estrelas pornográficas mais famosas entre as décadas de 1980 e 1990, ela atuou em mais de 100 produções no país e faleceu aos 33 anos, em decorrência de um câncer de fígado.

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Por conta disso, apenas na Itália, a animação foi rebatizada de "Oceania", já que a história acontece na Polinésia. De acordo com uma fonte do site "The Hollywood Reporter", os diretores de "Moana", John Musker e Ron Clements, confirmaram a informação. "O estúdio frequentemente muda os títulos de seus filmes em territórios estrangeiros por diversos motivos", disse.

A mudança de nome também acontecerá em Alemanha, Bélgica, Croácia, Espanha, França, Holanda, Hungria, Portugal e Suécia, onde a produção será chamada de "Vaiana", já que o título original é uma marca registrada em toda a União Europeia.

A animação conta a história de uma adolescente que viaja pelo mar junto com um semideus para concluir uma jornada inacabada de seus ancestrais. "Moana" estreia no Brasil no dia 5 de janeiro de 2017.

O deputado federal Sílvio Costa (PTdoB) declarou, no final desta terça-feira (25), que sempre defendeu o ajuste fiscal. O vice-líder disse que, em 2007, protocolou Projeto de Lei Complementar com o objetivo de definir um limite máximo para as despesas dos poderes autônomos. “Incluindo as despesas com pessoal, do Legislativo, Judiciário e Ministério Público. Portanto, estou provando que sempre defendi o ajuste fiscal. Estamos votando, em segundo turno, a PEC 241. Mais uma vez voto a favor”, disse.

Para a ementa do PL nº 14/2007, Sílvio Costa justificou que “para a contenção da despesa em análise, sugere-se a imposição de um teto legal às despesas dos poderes autônomos”. Ele também frisou que, “a partir da Constituição de 1988 houve forte expansão das despesas dos chamados poderes autônomos: Legislativo, Judiciário e Ministério Público”.

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Na justificativa, ainda, pontuou que “entre 1985 e 2004, a despesa total do Poder Judiciário Federal cresceu de 0,11 % do PIB para 0,84% do PIB, isto é, elevou-se oito vezes mais. No Legislativo, a despesa total aumentou de 0,13% do PIB para 0,28% e, por fim, no Ministério Público, criado pela Constituição de 1988, apresenta um crescimento contínuo de 0,03% do PIB para 0,09%”.

No dia da votação, no primeiro turno, Costa já havia dito que  um teto para os gastos públicos com base na inflação do ano anterior já deveria ter sido implantado desde quando a ex-presidente Dilma Rousseff governava o país.

"Lula sempre quis colocar [Henrique] Meireles como ministro de Dilma, não conseguiu. O [Antônio] Paloci sempre pensou em uma proposta neste molde, mas lamentavelmente não conseguíamos construir apoio no Congresso. Em função disso, não houve um projeto semelhante já no governo Dilma. Não tínhamos força congressual", disse, na ocasião.

 

 

A chegada de um novo grupo de economistas tanto no Ministério da Fazenda quanto no Banco Central, após Michel Temer assumir a presidência, abriu espaço para uma melhora das projeções de mercado também no caso da inflação futura. As previsões contidas no relatório Focus mais recente para o IPCA em 2017 estão convergindo gradativamente para a meta de 4,5% ao ano.

Atualmente, estão em 5,20% - ante os 5,52% do dia em que Temer assumiu, em 12 de maio. Isso representa uma desinflação de 0,32 ponto porcentual nas projeções.

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Já a expectativa para o IPCA em 2018 atingiu esta meta pela primeira vez há duas semanas.

Porém, o ano de 2016, pelas projeções dos economistas, estaria perdido. Desde o início do governo Temer, a expectativa do mercado para a inflação deste ano subiu de 6,99% para 7,21%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Se Dilma Rousseff sofrer o impeachment e Michel Temer for confirmado como presidente, o seu governo terá de ser ágil na defesa de um ajuste fiscal firme. Caso contrário, deve se preparar para, em pouco tempo, enfrentar o mau humor do mercado financeiro.

A lua de mel dos analistas com o governo legitimado deve ser curta: se a agenda fiscal não avançar, passado o impeachment, vai até o final de outubro, ou, mais tardar, até a virada do ano. O prazo foi estimado em um levantamento com 18 instituições financeiras e consultorias feito pelo Projeções Broadcast, área da Agência Estado especializada na coleta de indicadores macroeconômicos.

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Os economistas, de maneira geral, lembram que a lua de mel, até agora, reflete a credibilidade da equipe econômica, o seu mérito de fazer um diagnóstico certo dos problemas fiscais, propor as medidas necessárias e, principalmente, ter apoio de Temer. "O que difere substancialmente Temer de Dilma é ele saber que, sem o ajuste fiscal, não há crescimento econômico decente, algo que Dilma ignorava", diz Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos.

Mas o acerto inicial não garante que a relação vai longe sem uma renovação dos votos - e nisso o governo tem pecado. Zeina reforça que há uma certa compreensão quanto às limitações políticas do momento. Antes do impeachment, o governo interino não tem legitimidade. Mas já causa um certo mal-estar, diz, o fato de parecer que ele usa essa limitação como "desculpa" para fazer concessões.

Nesse momento, o cenário externo também ajuda porque há muita liquidez internacional e poucas boas opções de investimento, o que favorece o Brasil. Mas isso pode virar de uma hora para outra.

"O governo vem cedendo em pontos importantes, como o reajuste dos servidores, está testando os limites do mercado, o que não é sábio", diz Zeina. "Diante das críticas que atrai, o próprio governo diz que tudo será diferente após o impeachment, ou seja, ele mesmo define até onde vai a lua de mel."

Causa especial preocupação o rumo do projeto de lei que trata da renegociação da dívida dos Estados. Entre as contrapartidas iniciais estava a fixação de limites para despesas dos três poderes nos Estados - Executivo, Legislativo e Judiciário. Esse último pressionou para não ser incluído, alterando a proposta.

Apesar de o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, insistir que o governo não cedeu, nem teve perdas, essa não é a avaliação dos economistas. "A percepção é que o governo está perdendo a mão na negociação das dívidas e o ideal é que sejam, de alguma forma, revertidas, nem que seja no Senado", diz Evandro Buccini, economista da Rio Bravo Investimentos.

Contra

A eleição municipal tende a jogar contra. Até o voto derradeiro chegar à urna, em 30 de outubro, no segundo turno, boa parte dos congressistas vai evitar temas espinhosos, como as reformas da Previdência e trabalhista, que fazem parte do ajuste. Ainda assim, a avaliação é que o governo já será obrigado a ser firme. "Entre outubro e dezembro, o mercado vai querer ver o processo do ajuste fiscal se acelerar", diz o economista Alberto Ramos, diretor do Grupo de Pesquisas Econômicas para América Latina do banco americano Goldman Sachs.

O economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otavio de Souza Leal, chama atenção para um outro risco, o de que, após o impeachment, a economia engate uma trajetória mais firme de recuperação e isso acabe ajudando a arrecadação de impostos, tirando o senso de urgência no saneamento das contas públicas. "Se o Congresso perder esse senso de urgência, deixar tudo para depois das eleições municipais, o mercado vai cobrar."

Diante de um cenário de cobrança mais apertada, a visão é que talvez fosse produtivo reavaliar a estratégia. Ramos lembra que o governo focou na adoção de medidas com efeito estrutural e de longo prazo, como a PEC do Teto, a Proposta de Emenda Constitucional que limita o crescimento dos gastos públicos. Mas ele ressalta que seriam importantes para o ajuste medidas paralelas de curto prazo.

Ajustes longos são considerados arriscados. Primeiro porque o próprio cidadão pode se cansar e se opor. "Vimos em outros países que a sociedade desenvolve uma certa fadiga ao ajuste se ele se prolonga", diz Ramos. A segunda razão é que o mercado tem baixa resistência a espera.

"Concentrar a estratégia no gradualismo fiscal significa que vai demorar muitos anos até o primário subir a um superávit necessário para estabilizar a dívida e isso requer que o mercado seja paciente por um tempo muito longo", diz.

Adotar medidas de curto prazo teria um duplo efeito positivo: realimentar as boas expectativas, renovando a lua de mel, e antecipar a recuperação econômica, vital para melhorar a arrecadação. "O governo tem considerado a PEC do Teto a mãe de todas as medidas, mas isso me incomoda porque a recuperação será lenta", diz Andrei Spacov, sócio e economista do Gávea

Investimentos

Ele apresenta os números: "O que os economistas gostariam de ver é o primário ir de menos 2,5% neste ano a menos 0,5% ou zero em 2018 - foi a trajetória em países que tiveram urgência com o ajuste", diz. Recorrendo apenas à PEC do Teto, o fim do déficit demora: só viraria em 2021 e a dívida bruta só se estabilizaria em 2026, em níveis acima de 90% do PIB (Produto interno Bruto). Spacov diz que, para agilizar o processo, é preciso melhorar a receita, o que pode significar elevar impostos.

A concretização do ajuste, porém, depende acima de tudo de "vontade política" - e isso será uma prova de fogo para o PMDB, avalia José Marcio Camargo, economista da gestora de recurso Opus. Ele lembra que esta é a terceira vez que o PMDB chega ao poder "por acidente". "A primeira foi com José Sarney nos anos 80 que, preocupado em conseguir cinco anos de mandato, não fez os ajustes necessários - e deu tudo errado.

A segunda foi com Itamar Franco que, impedido de se reeleger, enfrentou o risco de adotar o Real no anos 90 - e deu certo", diz Camargo. "Temer precisa decidir se quer ser Sarney ou Itamar." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os analistas passaram o dia de ontem digerindo a projeção de déficit primário, da ordem de R$ 139 bilhões para o governo central, anunciada quinta-feira. As primeiras impressões são ponderadas, com a maioria descrente em relação à capacidade da equipe em reequilibrar as contas públicas no curto prazo.

"Zerar o déficit em 2019 é otimista demais. Se o crescimento (do PIB) for de 2% ao ano, o déficit zera entre 2022 e 2023. Se for de 2,5%, zera em 2021, e se for de 3%, em 2020. Então, é preciso um baita crescimento ou um aumento da receita", afirmou o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos e Internacionais do Banco Central (BC) e atual diretor da Schwartsman & Associados.

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Para Schwartsman, não dá ainda para cravar que o governo central irá cumprir a meta de chegar a um déficit de R$ 139 bilhões em 2017. Ele lembra que Meirelles admitiu um rombo de R$ 194 bilhões no próximo ano e que iria buscar principalmente em concessões e outorgas os R$ 55 bilhões para trazer a meta ao valor anunciado.

"Eles vão ter de tirar R$ 55 bilhões Deus sabe de onde. Minha impressão é que fizeram as contas, chegaram a R$ 194 bilhões e, como esse valor não poderia ser apresentado, divulgaram R$ 139 milhões para dar prestígio à equipe econômica", diz.

O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa, acredita que a meta fiscal para 2017 representa um "esforço possível" dentro das limitações que existem. Embora considere que um déficit de R$ 143 bilhões do setor público consolidado ainda seja um rombo fiscal muito grande, ele pondera que exigirá um controle maior dos gastos, se comparado a este ano.

Ele ressaltou que o fato de a equipe econômica ter conseguido emplacar uma meta de déficit de R$ 139 bilhões para o Governo Central em 2017 - mais dura do que a pretendida pelo núcleo político - é um bom sinal. Camargo Rosa, no entanto, diz que falta ao governo detalhar melhor como fará para conseguir atingir esta meta.

O ex-ministro da Fazenda e professor da FGV Luiz Carlos Bresser-Pereira acredita que a meta de déficit do governo central de R$ 139 bilhões para 2017 é factível e defende o gradualismo fiscal adotado pela equipe econômica de Michel Temer. Entretanto, o economista diz que não é favorável à proposta de emenda constitucional (PEC) que zera o crescimento real dos gastos públicos. Contrariando a maioria dos analistas, Bresser-Pereira diz que o principal problema da economia não é a situação fiscal, mas sim o elevado nível de juros.

Sinalização

O olhar dos analistas internacionais vê cenário similar. A agência de risco Moody’s considerou que a meta representa um melhora, mas reforçou que ficou abaixo do esperado pela equipe deles e sinaliza um ajuste mais lento que esperado. "Um déficit desse tamanho apoia nossa visão de que o ajuste fiscal no Brasil vai avançar em ritmo muito lento durante o atual governo", diz o analista sênior de risco soberano da Moody's para o Brasil, Samar Maziad. Os indicadores fiscais estão entre os mais avaliados pelas agências para determinar o risco de crédito de um país.

Mais preocupante, ressalta Samar, é que os números apresentados pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ainda estão longe do que é necessário para barrar trajetória de deterioração de indicadores fiscais brasileiros, como a relação entre a dívida bruta e o PIB.

A Moody's estima que o Brasil precisaria ter um superávit primário ao redor de 2% do PIB para o governo estabilizar a dívida. Em fevereiro, a agência rebaixou a nota de risco soberano do País em dois níveis, retirando o grau de investimento. Além disso, deixou a perspectiva da nota como "negativa", ou seja, nova piora pode ocorrer.

Os economistas do banco espanhol BBVA avaliam que a divulgação da nova meta fiscal brasileira reforça a previsão da casa de que as contas públicas continuarão em processo de deterioração pelo menos até o fim da década: o déficit primário deve continuar até 2019 ou 2020 e a dívida bruta atingirá, na melhor das hipóteses, o patamar de 88% do PIB em 2020.

Os economistas do Bank of America Merrill Lynch avaliam que "não há mágica" no curto prazo para melhorar as contas e o governo pode precisar subir impostos, além de outras medidas. Esta semana, os executivos do banco norte-americano estiveram reunidos com integrantes do governo em Brasília e a mensagem passada foi de "foco total" em resolver as questões fiscais no médio prazo.

Apesar da intenção de reduzir o déficit em 2017, a avaliação do BofA é que o governo brasileiro ainda precisará fazer mais para melhorar a trajetória de deterioração de indicadores fiscais no médio prazo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) autorizou reajuste de até 13,57% para os planos de saúde médico-hospitalares individuais e familiares no período entre maio de 2016 e abril de 2017. O reajuste é praticamente igual ao autorizado em 2015 (de 13,57%) e só pode ser repassado pelas operadoras aos clientes a partir da data de aniversário dos contratos. A decisão será publicada no Diário Oficial da próxima segunda-feira, 6.

O porcentual é válido para os planos de saúde contratados a partir de janeiro de 1999 ou adaptados à Lei nº 9.656/98. Segundo a agência, o reajuste atingirá cerca de 8,3 milhões de beneficiários, o que significa 17% do total de 48,5 milhões de consumidores de planos de assistência médica no Brasil, conforme dados de abril deste ano.

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A ANS informou que, em contratos cujo aniversário tenha ocorrido em maio ou nos primeiros dias de junho, será permitida cobrança retroativa. "Nesses casos, as mensalidades de julho e agosto (se o aniversário do contrato houver sido em maio) ou apenas de julho (se o aniversário for em junho) serão acrescidas dos valores referentes à cobrança retroativa", divulgou a agência.

A metodologia usada pela ANS para calcular o índice máximo de reajuste anual dos planos individuais e familiares, estabelecida em 2001, considera a média dos porcentuais de reajuste aplicados pelas operadoras aos contratos de planos coletivos com mais de 30 beneficiários. O setor pedia reajuste de 17% a 20%, correspondente à variação de custos médicos nos últimos 12 meses.

Para a Proteste Associação de Consumidores, "os 13,57% vão pesar no orçamento por conta da crise financeira e desemprego em alta". A entidade registrou ainda que "o reajuste supera a inflação do período, que atingiu 11,09% nos últimos 12 meses".

A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) justificou o reajuste afirmando que "o índice de inflação médica é sempre superior ao índice oficial (IPCA)". "O reajuste é necessário para viabilizar a continuidade do atendimento por parte das operadoras, considerando a incorporação de novas tecnologias, o incremento de procedimentos determinados no rol da ANS, a maior demanda devido ao envelhecimento da população, a judicialização e demais desperdícios da saúde".

O economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), disse que o porcentual é muito semelhante aos 13,55% de 2015. "Veio abaixo do que se previa. É até uma boa notícia, já que a inflação de 2014 (6,41%) orientou que os planos subissem 13,55%. Agora, com uma inflação de 10,67%, o reajuste foi da mesma magnitude", afirmou.

A ANS também divulgou a lista de planos de saúde que terão a comercialização suspensa a partir do próximo dia 10, em função de reclamações relativas à cobertura assistencial, como negativa e demora no atendimento, feitas por clientes nos três primeiros meses de 2016. Oito operadoras terão que suspender temporariamente a comercialização de 35 planos de saúde. A suspensão é válida por pelo menos três meses, que podem ser estendidos pela ANS se as reclamações persistirem.

Os planos de saúde suspensos possuem, juntos, 272 mil beneficiários. Os clientes continuam a ter a assistência regular a que têm direito, ficando protegidos com a medida, pois as operadoras terão que resolver os problemas assistenciais para que possam receber novos beneficiários.

A equipe econômica estuda flexibilizar a meta para as contas do governo federal deste ano para permitir um déficit primário (sem levar em conta os gastos com juros) de até 1% do PIB, o equivalente a cerca de R$ 61 bilhões. Isso pode ocorrer caso o governo não consiga arrecadar tudo o que espera com receitas extraordinárias, como a volta da CPMF.

A meta atual de economia é de um superávit de 0,38% do PIB para o governo federal e 0,5% para todo o setor público, incluindo Estados e municípios. Mas, como está cada vez mais difícil alcançar o resultado, o governo quer criar um sistema de bandas, como existe na inflação, que permita reduzir o objetivo a ser alcançado.

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A Junta Orçamentária - composta pelos ministros da Fazenda (Nelson Barbosa), da Casa Civil (Jaques Wagner) e do Planejamento (Valdir Simão) - ainda não definiu os valores das bandas. A expectativa é de que o governo necessitará de uma margem para acomodar um déficit superior a 0,5% do PIB, podendo chegar a 1% do PIB.

A proposta de mudança da meta de 2016 com uma banda de flutuação é o primeiro passo para a reforma fiscal que o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, está preparando.

O Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, apurou que a banda de flutuação será feita em função de receitas extraordinárias e ainda incertas previstas para este ano, como a repatriação de receitas não declaradas no exterior (R$ 21 bilhões), venda de ativos do governo (R$ 30 bilhões) e a volta da CPMF (R$ 10 bilhões).

Caso essas receitas não se concretizem, parte poderá ser abatida da meta fiscal. Também está sendo avaliada a possibilidade de abater parte de receitas de impostos e contribuições federais que o governo não conseguir arrecadar.

Uma fonte da área econômica informou que a proposta indicará uma perda potencial de receita. "O espaço não quer dizer que iríamos para o piso. Essas receitas são possíveis e vamos atrás delas", afirmou a fonte.

A discussão ainda está no início. Os números serão levados para avaliação da presidente Dilma Rousseff. O governo quer introduzir a banda de flutuação já em 2016 para evitar o desgaste de ter que, ao final do ano, enviar um projeto de lei alterando a meta vigente, como ocorreu nos anos anteriores.

Limite para gastos

Paralelamente, o governo também está preparando regras que evitem o aumento do gasto (com um teto para a expansão das despesas). Além de medidas corretivas que possam ser acionadas para evitar que o teto seja estourado, como, por exemplo, o cancelamento de reajuste de pessoal.

Isso tudo para indicar que a meta flexível não é um "cheque em branco" e o governo está disposto a conter as despesas para diminuir o rombo estrutural das contas públicas. Essas regras têm de estar prontas até abril, quando o governo precisa enviar ao Congresso Nacional o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017.

Por causa das resistências internas, não está certo se o ministro Barbosa conseguirá anunciar as medidas na sexta-feira, junto com o corte Orçamentário, como é a sua intenção. Como informou o Estado, o corte ficará em torno de R$ 24 bilhões e ainda deverá manter a previsão de cumprimento da meta de R$ 24 bilhões para 2016 das contas do Governo Central.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A bancada do PSDB na Câmara reviu sua estratégia de atuação para este ano na Casa. Com discurso de que a crise econômica é grave e, por isso, não pode se transformar em luta política, deputados tucanos decidiram afastar a linha do "quanto pior, melhor" e apoiar o governo em algumas das chamadas reformas estruturantes na economia, como a da Previdência Social.

A adesão, no entanto, está condicionada ao apoio a essas reformas de partidos da base aliada, principalmente do PT, e não se estende a medidas de aumento da carga tributária, como a recriação da CPMF.

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"Estamos dispostos a ajudar o governo nas propostas para recuperar a economia, que foi destruída pelo próprio PT, pelo ex-presidente Lula e pela presidente Dilma, desde que sejam medidas concretas", afirmou Antônio Imbassahy (BA), novo líder do PSDB na Câmara. "Só não venham com novos impostos e com o jogo de cena do PT de não apoiar as propostas", emendou o parlamentar baiano.

A nova rota está justamente relacionada ao perfil do novo líder do partido, considerado mais "moderado" do que o do anterior, Carlos Sampaio (SP). O paulista centrou sua atuação em 2015 na defesa do impeachment da presidente Dilma Rousseff e, nesse sentido, na aproximação com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a despeito das acusações contra o peemedebista de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobrás.

O novo líder da minoria na Câmara, deputado Miguel Haddad (PSDB-SP), reforça o discurso de Imbassahy. Segundo Haddad, ajudar o governo em propostas ligadas à retomada da economia será uma de suas prioridades como líder da oposição. "Algumas reformas são importantes e vamos ter que discutir e aprovar, desde que sejam concretas e que o PT também apoie."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Além da fixação de um limite para a expansão dos gastos públicos, o governo federal discute a possibilidade de descontar da meta fiscal parte da queda da arrecadação de impostos em anos de baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do País. Dessa forma, a meta poderá ser ajustada ao ciclo econômico. A mudança em fase de elaboração faz parte da reforma fiscal que o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, quer deixar pronta entre março e abril deste ano a ser enviada ao Congresso Nacional.

A ideia é ter um limite de gasto, segundo um integrante da equipe econômica, e a cada ano fixar uma meta de economia para o pagamento dos juros da dívida pública, o chamado superávit primário das contas públicas. Na prática, as mudanças introduzem na política fiscal brasileira um sistema de banda de flutuação para o esforço fiscal do governo, que poderá inclusive permitir déficits por conta de frustração de receita projetada.

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A meta fiscal será uma só para cada ano. "Mas se tiver frustração de receita, poderá ser abatida da meta uma parte sem que haja aumento de gasto", explicou a fonte. A mudança é para acomodar eventual perda de receita, cenário que vem ocorrendo nos últimos anos e que contribuiu para o rombo histórico de R$ 115 bilhões das contas públicas em 2015. "Teremos um limite de gasto intertemporal e a cada ano teremos uma meta, como é hoje", disse o integrante da equipe econômica.

O modelo está sendo desenhado também com mecanismos que evitem que excessos de arrecadação, além do projetado, funcionem como um gatilho para a elevação dos gastos.

A proposta visa a criar uma regra que evite que o governo expanda os gastos em anos de boa arrecadação sem que isso seja sustentável ao longo do tempo. Foi justamente esse problema que agravou o quadro das contas da União, Estados e municípios nos últimos anos. "O importante é o limite de gasto", destacou a fonte.

Com a introdução desse limite, o ministro Nelson Barbosa pretende afastar as resistências à mudança na política fiscal, justamente num momento de forte deterioração e de um rombo estrutural nas contas públicas. O déficit foi agravado pelo engessamento orçamentário das despesas obrigatórias, aquelas que não podem deixar de ser feitas ao longo do ano.

Sem um avanço do crescimento, o déficit estrutural demorará para ser revertido, já que o governo não tem muita margem para diminuir os seus gastos sem mudanças em regras que exigem alteração legislativa, como a reforma da Previdência.

Corte

Não é intenção da equipe econômica anunciar a proposta de reforma com o corte do Orçamento deste ano. "O contingenciamento vai sair, mas não estamos discutindo a mudança de meta", disse a fonte. Esse corte deverá ser inferior a R$ 50 bilhões - no ano passado, ficou em R$ 80 bilhões. Na sexta-feira, o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, apurou que o contingenciamento pode ficar em torno de R$ 24 bilhões, segundo os últimos cenários traçados pelo governo. "Será entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões", disse uma fonte.

Uma outra fonte envolvida nas discussões destacou, inclusive, que não está descartado um valor menor. "O Orçamento de 2016 já teve dois cortes, um pelo Executivo no envio do projeto ao Congresso e outro pelo relator-geral", argumentou.

O dilema maior para a presidente Dilma Rousseff é que o governo já sabe, como antecipou o Broadcast, que não conseguirá garantir o cumprimento da meta de superávit primário deste ano fixada em R$ 30,5 bilhões, o correspondente a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) fixada para todo o setor público. A defesa é que a mudança das regras fiscais ocorram ainda esse ano para evitar nova revisão da meta em 2018.

'Transparência'

O líder do governo na Comissão Mista de Orçamento (CMO), deputado Paulo Pimenta (PT-RS), disse ontem ser favorável que o Executivo apresente uma proposta de reforma fiscal ainda este ano. Segundo ele, a banda fiscal vai permitir que o País tenha uma economia "mais transparente."

"É melhor do que estabelecer a meta para depois alterá-la", afirmou o deputado. Ele exemplificou que, em relação ao desempenho econômico do Brasil em 2015, a meta fiscal não foi alcançada porque o gasto público ocorreu, mas houve frustração de receitas decorrente da queda da atividade econômica e do preço das commodities.

Pimenta disse ter defendido, no fim do ano passado durante as discussões orçamentárias, a adoção de uma meta fiscal flexível que englobasse os investimentos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Contudo, lembrou, prevaleceu a proposta do então ministro da Fazenda Joaquim Levy de adotar um superávit de 0,5% do PIB sem nenhum tipo de dedução.

"É um debate mais amplo que precisamos fazer com a adoção de metas flexíveis: qual o nível de investimento que o setor publico está disposto a realizar e também como alavancar as parceiras público-privadas", disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, negou qualquer plano de usar as reservas internacionais para reagir à situação de crise na economia. Ao contrário, disse que o ideal é manter as reservas em patamar elevado. "Em um momento de volatilidade, a melhor política é continuar mantendo um estoque elevado de reservas e, eventualmente, adotar medidas para reduzir volatilidade no câmbio com swap cambial", disse em entrevista coletiva.

Além de mostrar solidez com as reservas e corrigir eventuais desequilíbrios no câmbio, Barbosa repetiu que a equipe econômica continua comprometida em adotar medidas para equilibrar as condições macroeconômicas. "Vim para mostrar que muito se avançou, mas obviamente vivemos uma fase de retração da atividade econômica. Vamos continuar adotando medidas para estabilizar", disse após o primeiro dia de participação no Fórum Econômico Mundial.

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"O Brasil está em processo de reequilíbrio da política econômica em um ambiente adverso. Mas muito já foi feito. Um ano atrás o ministro (Joaquim Levy) colocou como prioridades a reforma do seguro-desemprego, do seguro por morte e dos subsídios fiscais e financeiros como o crédito PSI e a energia", disse Barbosa, ao citar que esses problemas foram encaminhados e o governo tomou medidas para corrigir essas distorções. "Então, se avançou na direção correta."

Agora, o esforço está em "completar o ajuste fiscal e avançar para um reforma fiscal". "Esse é maior desafio neste momento e tenho certeza que as lideranças políticas entendem", disse.

Mesmo com dificuldades em aprovar as principais propostas de austeridade nas contas públicas, o governo tenta montar um cardápio de medidas para a fase do pós-ajuste fiscal e deve ressuscitar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, abandonado no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.

Em reunião realizada ontem, 6, com Dilma e ministros, no Palácio da Alvorada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ações mais rápidas do governo para mostrar que tem capacidade de reagir à crise.

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"A gente precisa dar um sinal de que está governando o País", disse Lula, segundo relato de um participante do encontro. "Não podemos mais ficar na mesmice do economês", acrescentou, insistindo na necessidade de Dilma reconstruir a base aliada no Congresso, viajar mais pelo País e "vender" esperança para recuperar popularidade.

A ideia de retomar os debates no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, abrigado na Casa Civil, ganhou força a partir da constatação de que aquele fórum, criado no primeiro mandato de Lula, pode produzir sugestões de impacto para uma agenda positiva. Batizado de Conselhão, o colegiado é formado por representantes do governo, dos trabalhadores e dos empresários, mas nunca mais se reuniu.

Lula ainda insiste na liberação de mais crédito, por parte dos bancos públicos, para a retomada do crescimento. A medida sofre resistências por parte da equipe econômica, mas Dilma já começa a admitir que é preciso reativar, de forma gradual, o consumo das famílias.

Antes do encontro no Alvorada, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, telefonou para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na tentativa de evitar novos ruídos com o aliado peemedebista e pedir ajuda para a aprovação do balanço contábil de 2014 do governo, rejeitado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Wagner também conversou com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que pode dar sequência ao pedido de impeachment contra Dilma.

Renan queria adiar a análise das contas por 45 dias, mas Dilma abriu mão do prazo, confiante em virar o ano sem a ameaça do impedimento batendo à sua porta. Foi convencida a enviar logo as explicações para as chamadas "pedaladas fiscais" - manobras contábeis feitas com o objetivo de esconder determinados gastos - pela presidente da Comissão Mista de Orçamento, Rose de Freitas (PMDB-ES).

O problema é que Renan não gostou da articulação feita pelo Palácio do Planalto diretamente com Rose, uma senadora que não é do seu círculo político. Na outra ponta, Cunha se queixou da aproximação de Dilma com o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), considerado o candidato do governo para a sucessão na Câmara.

Diante do mal-estar, Lula pediu a Wagner, então, que apagasse o novo foco de incêndio nas fileiras do PMDB. Ao antecipar o envio de sua defesa ao Senado, Dilma quis indicar que não tem nada a temer e está certa da derrubada do parecer do TCU pelo Senado. Na reunião de ontem, porém, o ex-presidente mostrou preocupação com o clima de beligerância no Congresso, principalmente na Câmara comandada por Cunha.

Na quarta-feira, 4, o governo foi obrigado a fazer acordo na Câmara para adiar a votação do projeto de lei que trata da repatriação de recursos mantidos ilegalmente no exterior, após avaliar que, se insistisse no assunto naquele dia, sofreria uma derrota. A proposta, agora, será levada a plenário na próxima terça-feira.

No diagnóstico de Lula, apesar da agenda negativa provocada pelo ajuste fiscal e pelas investigações da Polícia Federal, que cada vez mais o atingem, a coordenação política do Palácio do Planalto tem tudo para acertar o passo. "Nós não podemos mais errar", tem repetido o ex-presidente, em todas as reuniões com ministros e deputados do PT. Wagner e outros dois ministros, Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo, e Edinho Silva, da Comunicação Social, são homens da confiança de Lula no Planalto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Apesar de pregar um discurso de previsibilidade, o governo trava uma batalha com a indústria farmacêutica, que vive indefinição sobre os preços de medicamentos que serão praticados no ano que vem. Mais uma vez, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed) não divulgou o fator de produtividade ou fator X da indústria, variável essencial para o cálculo dos reajustes que serão feitos em março de 2015 e necessários para a realização do orçamento de 2016. A indústria ameaça ir à Justiça.

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O fator, que é calculado pela Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, teria de ser divulgado em setembro para que as empresas conseguissem fazer cálculos básicos de planejamento para o ano seguinte. Mas o governo não tem respeitado a regra. Em resposta, o presidente da Sindusfarma, Nelson Mussolini, afirmou ao Broadcast Político, serviço de informação online do Grupo Estado, que o sindicato entrará com uma notificação judicial para que o fator seja divulgado rapidamente e, caso contrário, quer considerar fator de produtividade zero - de forma que os medicamentos serão reajustados pela inflação. "O governo está descumprindo norma que ele mesmo fez."

O discurso da transparência e previsibilidade foi empregado pelo presidente da Cmed, Leandro Safatle, quando apresentou aos industriais a proposta de divulgação em setembro. O fator X é calculado com base em números específicos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do setor. Esses dados não são públicos e a série não fica disponível para que a indústria possa realizar cálculos. Segundo apurou o Broadcast, algumas empresas multinacionais do setor estão com dificuldade de apresentar à matriz as explicações para a demora, já que o governo não apresenta uma justificativa oficial para o atraso. Nem o Ministério da Fazenda nem a Anvisa se manifestaram até as 20 horas de ontem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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