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O prefeito de Belford Roxo (RJ) e marido da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, Waguinho (Republicanos), afirmou que deve se reunir com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, nesta quarta-feira, 14, e com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), entre esta quarta e a quinta-feira. Em meio à expectativa de saída de Daniela à frente do Turismo, Waguinho negou que a agora ministra, em troca da sua demissão, vá pedir cargos ou a entrega de um hospital em seu reduto eleitoral.

Em conversa a jornalistas no Palácio do Planalto, Waguinho minimizou a possível saída da ministra da Esplanada.

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De acordo com ele, Daniela não pode ficar tanto tempo no ministério por causa da base política no Rio de Janeiro e que voltará para seu "ninho". "A coisa mais importante da política é ter mandato, Câmara é ninho da Daniela", disse, acrescentando: "Daniela vai voltar para a Câmara, só não sei quando."

E declarou: "Não faço interferência, somos governo Lula, somos obediência ao governo Lula."

Questionado, o prefeito avaliou que a saída do ministério não deve prejudicar a relação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os evangélicos. "Somos leais ao presidente Lula", reiterou.

Sobre sua relação com o União Brasil, o prefeito afirmou que Daniela "nunca disse que está de saída" do partido e negou qualquer atrito com o líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA). "É meu amigo pessoal, tenho carinho imenso por ele."

Questionado sobre a reunião que teve na terça-feira com Lula, Padilha e Daniela, Waguinho disse que o chefe do Executivo se emocionou ao dizer que não quer que a ministra deixe a Esplanada.

A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, que deverá perder o cargo para o governo nomear um indicado da bancada do União Brasil na Câmara, disse nesta quarta-feira (14), que "está tudo sob controle". Questionada se acha que continuará no cargo, disse: "essa questão de achismo é complicado, mas continuo aqui firme".

"Está tudo sob controle, tranquilo, porque nada resiste ao trabalho", declarou ela. Daniela deu as declarações a jornalistas antes de chegar à Comissão de Desenvolvimento Regional do Senado.

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Daniela Carneiro é deputada federal e mulher de Waguinho, prefeito de Belford Roxo (RJ). Waguinho foi um dos principais cabos eleitorais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Rio de Janeiro no segundo turno da eleição presidencial.

Ela se tornou ministra por causa desse apoio a Lula na eleição. À época, o grupo político de Waguinho e Daniela estava no União Brasil. Agora, está em andamento uma migração para o Republicanos.

Lula deverá retirá-la do cargo para colocar um indicado do União Brasil capaz de articular votos a favor do governo na Câmara. O nome mais provável é o do deputado Celso Sabino (PA).

O deputado federal Celso Sabino (União Brasil-PA) relatou, nesta terça-feira (13), em reunião da bancada do partido na Câmara, que o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, lhe garantiu que ele assumirá em até sete dias o Ministério do Turismo, no lugar da deputada federal Daniela Carneiro (RJ). O Estadão/Broadcast apurou que a promessa foi feita após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter recebido Daniela e seu marido, o prefeito de Belford Roxo, Waguinho Carneiro (Republicanos), para uma conversa no Planalto, pela manhã.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, Lula combinou com Daniela que aguardaria um acordo com o União Brasil antes de o futuro da pasta ser oficializado. O marido de Daniela vinha pressionando, nos últimos dias, contra a perda do ministério e viajou a Brasília nesta terça-feira para negociar a saída da mulher. Waguinho chegou a afirmar que seria covardia colocar um "bolsonarista" no lugar de uma aliada mulher. Lula é grato ao casal que o apoiou durante a eleição passada na Baixada Fluminense. No Rio, Jair Bolsonaro foi o campeão de votos.

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Ao encerrar a reunião com cerca de 50 deputados do União Brasil, o líder do partido, Elmar Nascimento (União Brasil-BA), afirmou que a troca no ministério seria feita no tempo de preferência do governo. "Não vamos botar a faca no pescoço de ninguém. O governo sabe qual a maneira mais adequada (para a troca)", afirmou Elmar, que é próximo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Elmar foi cotado para o ministério de Lula, mas foi vetado pelo PT porque na Bahia é adversário da sigla.

A equipe de Sabino trabalha com a perspectiva de o deputado assumir o Ministério do Turismo até o fim da próxima semana. A cobrança do partido pela pasta cresceu depois que os ministros responsáveis pela articulação política, Rui Costa (Casa Civil) e Padilha, viraram motivo de insatisfação generalizada na base aliada do Congresso.

O União Brasil intensificou as cobranças pela entrega da pasta também porque Daniela e Waguinho estão de saída do partido. Nascimento diz ter obtido o reconhecimento do governo de que a bancada da sigla na Câmara não foi contemplada com ministérios na formação do governo.

Daniela inclusive recorreu à Justiça Eleitoral para ter o direito de se filiar aos Republicanos sem correr o risco de ter o mandato reivindicado pelo União Brasil. Por isso, ela passou a ser tratada como uma ministra da cota pessoal de Lula - embora tenha sido nomeada no governo com a expectativa de garantir a fidelidade dos parlamentares do partido pelo qual foi eleita, o que não tem ocorrido.

Nesta terça, após participar de audiência na Comissão de Turismo da Câmara, a ministra afirmou lealdade a Lula, embora esteja na berlinda. Ao ser questionada por jornalistas, Daniela negou a possibilidade de desembarcar da base de Lula. "Não, jamais. Nós somos Lula até o fim", disse.

Vinculada ao Turismo, a Embratur também passou a ser cobrada pelos deputados do União Brasil. Hoje a agência responsável pela divulgação do turismo no Brasil e no exterior está sob comando de outro aliado do presidente, o ex-deputado federal Marcelo Freixo, que era do PSOL e migrou para o PT. Freixo passou inclusive a ser procurado por parlamentares da sigla, interessados em apresentar emendas para a autarquia.

Mesmo que consiga a mudança no Turismo e na Embratur, há dúvidas na base aliada se o União Brasil vai entregar mais votos favoráveis ao governo na Câmara. Ao ser questionado sobre a adesão às pautas do governo, Elmar afirmou apenas que o arcabouço fiscal foi aprovado com votos favoráveis de 54 dos 59 deputados da legenda.

O partido tem hoje três ministérios - Turismo, Desenvolvimento Regional e Comunicações -, mas virou o principal foco de dificuldades do governo no Congresso. "Não vou obrigar ninguém a se suicidar. Não posso pedir ao Kim Kataguiri, à Rosângela Moro, ao Felipe Francischini, ao Mendonça Filho, que apoiem pautas do governo do PT", afirmou Elmar.

No processo de acordo do Planalto com o União Brasil, Padilha e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), compareceram na noite desta terça-feira a um jantar com deputados do partido na casa do deputado Marangoni (União Brasil-SP), também com a presença de outros líderes do Centrão.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer fechar os termos do acordo com o União Brasil para só então confirmar a demissão da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, que ganhou uma sobrevida no cargo. Em reunião nesta terça-feira, 13, no Palácio do Planalto, o presidente confirmou à ministra que partido, de fato, requisitou a cadeira dela.

O governo quer ter clareza sobre as demandas da sigla para conseguir melhorar a articulação política. Como mostrou o Estadão, nesta segunda-feira, 12, lideranças da legenda fizeram chegar ao governo que desejam não apenas controlar o Ministério do Turismo, mas também a Embratur, o que ainda não estava na conta do Executivo. O temor é que uma troca na pasta feita de afogadilho desgaste o governo perante a opinião pública sem levar a resultados efetivos na entrega de votos no Congresso.

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De acordo com relatos de assessores do Planalto ao Broadcast/Estadão, Daniela Carneiro mostrou-se chateada na reunião pela fritura pública, mas afirmou entender a posição do governo frente à ofensiva do União Brasil. No encontro, Lula elogiou o trabalho da ministra à frente da pasta e afirmou que a demissão, se ocorrer, não será por desempenho, mas para a melhora na articulação política.

Na justificativa dada pelo governo para Daniela e o marido dela, o prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho (Republicanos), foi a ministra quem pediu desfiliação do União Brasil. Assim, é natural que uma troca ministerial em prol de um rearranjo da base no Congresso comece pela pasta dela. Durante a reunião, foi confirmada a presença de Daniela na reunião ministerial agendada para quinta-feira, 15, no Palácio do Planalto, para apresentar um balanço da sua gestão.

O Republicanos, novo partido de Waguinho e para o qual Daniela aguarda autorização da Justiça para se filiar, não quis bancar a indicação como sendo da legenda. Embora ajude o governo em votações em troca de emendas, a sigla não quer ocupar um ministério para manter uma distância segura do PT e lançar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, à Presidência da República em 2026.

Embratur

O Palácio do Planalto ainda constrói com o União Brasil possibilidades para a ministra em uma possível saída do posto e consequente reorganização de cargos. Entre as opções, assumir a presidência da Embratur, sob comando de Marcelo Freixo. Contudo, para chefia a agência, Daniela teria que abandonar o mandato de deputada federal, para o qual foi eleita como a mais votada no Rio de Janeiro. Ela, porém, não estaria disposta a abrir mão da cadeira na Câmara para cumprir o requisito legal e comandar a Embratur. Ainda assim, poderia indicar um aliado de confiança.

Waguinho aproveitou a reunião para pedir a liberação de recursos para a área da saúde de Belford Roxo, no momento em que a ministra da Saúde, Nísia Trindade, sofre um ataque especulativo do Centrão justamente por não liberar verbas e cargos para parlamentares. A mensagem foi entendida como um tipo de "compensação" pela iminente perda de espaço na esfera federal a um ano das eleições municipais.

Ao prefeito, Lula garantiu rapidez na liberação dos recursos e reafirmou compromisso e parceria com Waguinho. Reconheceu mais uma vez a importância que Waguinho teve na vitória do petista nas eleições e a fidelidade dele no cumprimento de acordos políticos.

O favorito para assumir a vaga de Daniela é o deputado federal Celso Sabino (União Brasil-PA) e o nome dele já teria sido apresentado ao Palácio do Planalto pelo partido. Na tarde desta terça, o parlamentar está em trânsito a caminho de Brasília e há expectativa de uma reunião com Lula ainda nesta semana.

Após a reunião, o Palácio do Planalto manteve a ministra à frente do Turismo. Na avaliação do governo, contudo, isso mostrou apenas um ganho de tempo para maior articulação e clareza às demandas do União Brasil.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, para uma reunião nesta terça-feira (13), no Palácio do Planalto. A reunião durou cerca de 1h30. Após a conversa, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) informou que a ministra ainda continua no cargo e participará da reunião ministerial convocada por Lula para a próxima quinta-feira.

Aliados, no entanto, dão como certa a saída de Daniela Carneiro, apurou o Estadão/Broadcast. Já foi apresentado pelo União Brasil - partido que a ministra está em processo de deixar - o nome do deputado Celso Sabino (União Brasil-PA) para substituí-la.

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No encontro da ministra com Lula também esteve presente seu marido, o prefeito de Belford Roxo, Waguinho (Republicanos).

Lula convocou uma reunião ministerial para a próxima quinta-feira para fazer um balanço das ações feitas nas pastas e cobrar pressa dos ministros. Em transmissão ao vivo nas redes sociais nesta terça-feira, o presidente disse que não há mais tempo a perder no governo.

"Temos que levantar de manhã trabalhando, parar de trabalhar o mais tarde possível da noite e, no dia seguinte, levantar cedo outra vez", declarou o presidente. "Nada de ter medo de cara feia, de ficar colocando dificuldade. Dificuldade existe para a gente vencer."

Conforme mostrou a Coluna do Estadão, desde a semana passada prevalece o entendimento no governo de que o presidente Lula não tem como manter Daniela a menos que ela tenha amparo de algum partido. Como ela perdeu o apoio do União Brasil, uma saída seria ter o apadrinhamento do Republicanos, novo partido de Waguinho.

Daniela pediu autorização na Justiça para sair do União, mas um resultado favorável a ela é visto como pouco provável. O casal também está sem respaldo do Republicanos para ocupar o espaço na Esplanada.

Waguinho tem feito diversos movimentos para evitar que Celso Sabino (União-PA), favorito para assumir o Turismo, substitua Daniela. Ele argumenta que o governo Lula não pode aceitar um bolsonarista na Esplanada.

A troca de guarda no Ministério do Turismo para melhorar a relação do governo com o Congresso seria uma "covardia", na leitura de Waguinho. Em entrevista ao Estadão, Waguinho, que usa uma foto com Lula em seu WhatsApp, acusa Celso Sabino de machismo e o presidente do União Brasil, Luciano Bivar, de perseguição. De acordo com o prefeito, Daniela é uma cota pessoal de Lula e não foi indicação do União Brasil. "Ela tem a mesma situação da Simone Tebet", avaliou.

Apesar dos alertas de que a relação de Lula com evangélicos e fluminenses sairia abalada com uma provável demissão de Daniela, Waguinho afasta rumores de que poderia romper com o governo. "Nossa lealdade e fidelidade ao presidente Lula continua a mesma.

A briga do Centrão para ocupar espaços no governo Lula vai muito além do Ministério do Turismo. Na fatura cobrada, o grupo também quer a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), que hoje é comandada pelo ex-deputado Marcelo Freixo (PT), um dos principais aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Rio.

Por exigência do União Brasil, a saída da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, está praticamente definida. Lula ainda terá uma conversa nesta semana com o prefeito de Belford Roxo (RJ), Wagner Carneiro, conhecido como Waguinho, para acertar "compensações" pela dispensa de Daniela, que podem incluir indicações para a chefia da Embratur. Mas o União Brasil já considera a Embratur como uma "extensão" do ministério.

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Waguinho é marido de Daniela e, após rota de colisão com o presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), deixou o partido e se filiou ao Republicanos, assumindo o comando da legenda no Rio. Daniela e outros cinco deputados fluminenses entraram no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para se desfiliar do União Brasil sem perder o mandato, sob o argumento de assédio político. Embora a decisão judicial ainda não tenha saído, a ministra também já negocia a filiação ao Republicanos.

SABINO

O nome cotado para substituir Daniela no Ministério do Turismo é o do deputado Celso Sabino (União Brasil-PA), aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A indicação dele, no entanto, não está certa. Waguinho diz que Sabino foi "desrespeitoso" por fazer campanha em grupo de WhatsApp da bancada de deputados do União Brasil pedindo apoio para ocupar a cadeira de Daniela. Deputada licenciada, a ministra está nesse grupo.

"O presidente vai trocar uma mulher lulista e evangélica por um bolsonarista?", questionou Waguinho em entrevista ao Estadão/Broadcast, ao lembrar que Sabino foi aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) (mais informações nesta página). No ano passado, o prefeito de Belford Roxo e Daniela fizeram campanha para Lula num território tipicamente bolsonarista.

Evangélico, Sabino foi eleito pelo PSDB em 2018, mas deixou a legenda após se alinhar ao governo Bolsonaro e defender o apoio do partido a Lira em vez de Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pela presidência da Câmara.

Nos bastidores, Lira tem dito que não indicou Sabino, mas, sim, pediu para o Planalto resolver o problema da articulação política e conquistar apoio para formar uma base sólida no Congresso. O União Brasil tem três ministérios (Turismo, Comunicações e Integração), mas já ajudou a derrotar o governo em votações na Câmara, como a do Marco do Saneamento.

"O União Brasil vem apresentando desejo de reformulação da representação dos seus três ministros indicados. Isso é absolutamente natural", disse ontem o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, após reunião entre Lula, ministros e líderes do governo no Congresso.

SAÚDE

Como mostrou o Estadão, o que o PP de Lira quer mesmo é o Ministério da Saúde, dono de orçamento de R$ 188,3 bilhões. A pasta é dirigida por Nísia Trindade, ex-presidente da Fiocruz e sem filiação partidária. Assim como Daniela, Nísia é vista como nome da "cota de Lula" na equipe.

O grupo de Sabino deseja mais do que o Turismo, que tem orçamento considerado baixo, com despesas previstas de R$ 2,15 bilhões neste ano, segundo o Portal da Transparência. É por isso que a disputa agora é pela Embratur. A agência está nas mãos de Freixo, que em janeiro se filiou novamente ao PT, após ficar 15 anos no PSOL e passagem de um ano pelo PSB, partido pelo qual disputou o governo do Rio, no ano passado.

A Embratur também carece de recursos, mas possui muitos cargos. Recentemente, após Lula vetar trecho de Medida Provisória aprovada pelo Congresso que repassava verba do Sistema S à Embratur, houve acordo para que Sesc e Senac destinassem anualmente R$ 100 milhões para a promoção do turismo.

O Planalto avalia oferecer a Embratur para que a dupla Waguinho-Daniela faça indicações ali, na cota do Republicanos. Mas o União Brasil não aceita e quer o órgão federal no pacote do partido. Além disso, para uma ala do Republicanos apoiar o governo a dança das cadeiras terá de ser muito maior. O partido, que tem ligações com a Igreja Universal do Reino de Deus, está de olho no Ministério da Integração, hoje com Waldez Góes.

Ex-governador do Amapá, Góes entrou na equipe de Lula na cota do União Brasil, embora fosse do PDT, sigla da qual se licenciou. O "problema" é que o padrinho de Góes é o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Alcolumbre marcou para 21 de junho a sabatina de Cristiano Zanin para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (mais informações na pág. A9). O governo não quer nenhum atrito com Alcolumbre. (Colaboraram Rayanderson Guerra e Sofia Aguiar)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, admitiu que o União Brasil apresentou desejo de "reformulação" de seus três ministros indicados à Esplanada. Em meio à expectativa de troca da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, e encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o marido dela, o prefeito de Belford Roxo, Waguinho (Republicanos), Padilha disse que a agenda do chefe do Executivo ainda não está definida, mas ele sempre esteve à disposição para o diálogo.

"O partido União Brasil vem apresentando desejo de reformulação da representação dos seus três ministros indicados; isso é absolutamente natural que um partido queira apresentar", disse Padilha, após reunião nesta segunda-feira, 12, entre o presidente, ministros e líderes do governo no Congresso. Padilha, contudo, disse que o partido "não apresentou nada especificamente sobre um ou outro ministro, mas está na pauta discutir com o União Brasil essa reformulação".

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"O presidente Lula inclusive pediu para que a gente pudesse conduzir esse debate com o União Brasil, como com outros partidos que também queiram fazer essa discussão", acrescentou, reiterando que a troca de ministros é um "debate permanente". "Lula acolhe isso como natural (desejo do União Brasil)", pontuou.

"Quem avalia, nomeia e troca é o presidente da República", comentou. "Não tem nenhuma data definida, nenhum ministério definido." Segundo ele, ainda não há agenda marcada, "mas o tema está em debate esta semana". "Era um debate que já vinha há um tempo, mas o União Brasil reforçou com mais clareza (pedido de reformulação dos indicados)."

O ministro afirmou que o governo está aberto a ouvir e conversar com outros partidos para discutir uma avaliação permanente dos ministros. Durante a reunião, Lula reforçou a importância da gestão estar à disposição do Congresso na composição do governo e a aceleração da composição do governo.

"O presidente Lula tem um carinho muito grande pelos seus 37 ministros, inclusive Daniela", disse Padilha. De acordo com o ministro, na quinta-feira, 15, haverá uma reunião ministerial para ser feito um balanço das ações das pastas até o momento.

Cotado para substituir a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, o deputado Celso Sabino (União Brasil-PA) condenou a indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil pela ex-presidente Dilma Rousseff em 2016. Na época, ele afirmou que a nomeação do petista era uma estratégia do Partido dos Trabalhadores para garantir foro privilegiado a Lula, que já era investigado pela Operação Lava Jato. Sabino apagou o post após o Estadão publicar a informação nesta segunda-feira (12).

"Aconteceu o que era previsto. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acaba de ser empossado como novo ministro da presidente Dilma, ele assume a Casa Civil. Sem ouvir o clamor das ruas, sem observar aquilo que os cidadãos e cidadãs brasileiras pedem. A chefa do Executivo nacional aceitou a manobra do seu partido para garantir o foro privilegiado ao homem que poderia ser preso por crimes como lavagem de dinheiro para não citar outros. Assim caminha a atual conjuntura política brasileira", disse ele no Facebook em 2016.

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O post foi apagado do perfil do deputado no Facebook nesta segunda. No link, a mensagem disponível agora é que a publicação "pode ter sido removida".

Na prática, com aquela nomeação ao ministério, Lula passaria a ter foro privilegiado e seria julgado pelo Supremo. Ou seja, ele sairia do alcance da investigação da Lava Jato na primeira instância, liderada pelo ex-juiz Sérgio Moro. As apurações sobre o petista passariam a ser de responsabilidade do procurador-geral da República na época, Rodrigo Janot.

Entretanto, esse cenário durou pouco. O Palácio do Planalto anunciou a nomeação do petista no dia 16 de março de 2016. Dois dias depois, o ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, suspendeu a decisão, devolvendo o processo contra Lula à Vara Federal de Curitiba.

A possível indicação de Sabino ao ministério do Turismo não seria a primeira nomeação à Esplanada dos Ministérios de críticos do passado - a exemplo do ex-rival e hoje vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), além de outros titulares de pastas que chegaram a votar a favor do impeachment de Dilma. Mas declarações nem tão duras quanto as do deputado também já levaram ao veto de vários outros indicados a cargos na atual gestão.

Publicações em redes sociais de apoio à Lava Jato, ao ex-juiz Sérgio Moro e ao ex-procurador Deltan Dallagnol levaram o ministro da Justiça, Flávio Dino, a cancelar a indicação de Edmar Camata para a diretoria da Polícia Rodoviária Federal (PRF). A pediatra Ana Goretti Kalume Maranhão também foi barrada pelo Palácio do Planalto para chefiar o então recém-criado Departamento de Imunizações do Ministério da Saúde. O veto partiu da Casa Civil, pasta que dá a palavra final sobre escolhas para cargos comissionados. O ministério alegou que ela fez postagens com críticas ao PT e em defesa da Operação Lava Jato, o que configuraria uma "restrição partidária".

Quem é Celso Sabino?

Evangélico praticante, Sabino ocupa uma cadeira do Pará na Câmara dos Deputados. Filiado ao União Brasil, ele conquistou 142 mil votos (3,14% dos votos válidos) nas eleições de 2022, se elegendo pela segunda vez consecutiva.

Sabino conquistou o seu primeiro cargo público em 2011 como deputado estadual suplente em Belém filiado ao antigo Partido da República (PR). No ano seguinte, atuou como secretário estadual na Secretaria de Trabalho, Emprego e Renda (Seter). Em 2013, se filiou ao PSDB e conquistou a posição de deputado estadual pelo partido, com um novo mandato entre 2014 e 2018. Foi também nas eleições de 2014 que ele apoiou a candidatura de Aécio Neves à presidência da República na disputa com Dilma.

Em 2021, Sabino anunciou sua saída do PSDB após conflitos internos entre diferentes alas do partido principalmente após ele ter se alinhado às política do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O Ministério do Turismo, ocupado hoje por Daniela Carneiro, é alvo de pressão por integrantes do Centrão e do União Brasil; a titular da pasta pediu desfiliação da sigla e o União Brasil reivindica o cargo como parte de sua cota no governo Lula.

A reportagem procurou a Presidência da República para falar sobre a nomeação e os posicionamentos do parlamentar, mas não houve resposta até a publicação desta matéria. Já Sabino evitou abordar especificamente as críticas do passado. "Eu sou um soldado do meu partido e guardo a lealdade aos meus colegas deputados da bancada do União Brasil", afirmou. "Naquela eleição a qual se refere, como candidato a deputado estadual, eu apoiei a candidatura da governadora Ana Júlia do PT no Pará".

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, negou, nesta segunda-feira (12), que esteja auxiliando na articulação política do governo de Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso. De acordo com ela, sua atuação tem sido restrita às pautas econômicas e a agendas prioritárias para ela e o governo.

"Deixamos a pauta política para o núcleo político do governo", afirmou ela ao deixar a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS) realizada nesta segunda-feira na sede da Febraban, em São Paulo.

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A articulação do governo Lula no Congresso tem sido criticada por líderes do Legislativo, e o Planalto tem sofrido derrotas em especial nas votações de medidas provisórias (MPs), com mudanças nos textos originais ou a votação muito próxima à data de vencimento, o que reduz o espaço para negociação. A MP que tratava da reestruturação dos ministérios, assinada logo no início do governo, é um exemplo.

Simone Tebet disse nesta segunda-feira que tem auxiliado a equipe econômica nas discussões de pautas econômicas no Congresso, como o novo arcabouço fiscal ou a reforma tributária. Ela, que foi senadora até o ano passado, afirmou que tem participado das discussões de agendas como a da paridade de salários entre homens e mulheres, uma de suas bandeiras que também foram encampadas pelo presidente.

Arcabouço fiscal

A ministra do Planejamento e Orçamento também disse que se reunirá com o Senado Federal na próxima quinta-feira (15) para tratar de temas relativos ao arcabouço fiscal. Ela demonstrou otimismo a respeito das conversas, afirmando conhecer bem o Senado e acrescentando que a Casa tem muita responsabilidade e preocupação com as contas públicas.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que a troca de comando no Ministério do Turismo tem "lógica". Embora alegue que não defenda a saída de Daniela Carneiro do cargo, o petista avaliou que a iminente troca de partido da ministra - do União Brasil para o Republicanos, no aguardo de um aval da Justiça Eleitoral - justifica a cobrança pela troca na pasta.

"Turismo tem uma lógica que é você dizer que as pessoas estão lá representando o partido. Não estou defendendo que ela [Daniela] saia. Mas, na medida em que se confirmar que ela pediu para sair do partido, é óbvio que o partido [União Brasil] vai dizer 'era nossa representação, não é mais'", disse Jaques Wagner a jornalistas.

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Em entrevista ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o prefeito de Belford Roxo (RJ) e marido de Daniela, Waguinho Carneiro, afirmou que a ministra é cota pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e não do União Brasil.

A demissão da ministra da Saúde, Nísia Trindade, para dar lugar a um indicado do Centrão, no entanto, é descartada neste momento pelo líder do governo no Senado. "Sinceramente, acho que por enquanto está no campo do desejo de quem está pedindo", declarou.

A reunião convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para esta segunda-feira, 5, com líderes partidários da Câmara foi cancelada, segundo apurou o Estadão/Broadcast. O encontro seria uma espécie de agradecimento do chefe do Executivo aos deputados pela aprovação da Medida Provisória dos Ministérios.

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), enviou às lideranças dos partidos uma mensagem na qual afirma que o encontro foi desmarcado por "motivos de agenda" do presidente. A reunião, no entanto, teria sido cancelada porque o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), levou líderes partidários para São Paulo, onde participará de um evento do Esfera Brasil ainda hoje.

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Mais cedo, Lula e Lira se reuniram no Palácio da Alvorada. Viajaram com Lira para a capital paulista os líderes Isnaldo Bulhões (MDB-AL), Hugo Motta (Republicanos-PB) e André Fufuca (PP-MA).

Com dificuldades na articulação política, o governo correu o risco de ver a MP dos Ministérios caducar na semana passada. Na antevéspera da votação, terça-feira, 30, o Planalto liberou R$ 1 bilhão em emendas parlamentares. Do começo do governo até o final de maio, R$ 5,5 bilhões já foram liberados em emendas. A reunião do petista com líderes do Senado está mantida até o momento.

Guimarães disse que a reunião será remarcada, sem especificar para quando. Nos bastidores, no entanto, circulam outras versões sobre o adiamento da reunião. Líderes ouvidos pelo Estadão/Broadcast consideram que o momento não era adequado para uma reunião com Lula, diante da insatisfação da Câmara com o governo, que ainda persiste. Deputados dizem que o encontro não resolveria as demandas da Casa e que poderia servir apenas como um aceno favorável a Lula.

A ideia do encontro era dar início a uma ofensiva para melhorar a relação do Planalto com a Câmara, para evitar o mesmo sufoco que o governo viveu na MP dos Ministérios. Diante da insatisfação com o ritmo de liberação de emendas, nomeação de cargos regionais e tratamento dado às bancadas, parlamentares ameaçaram retaliar o governo com a reprovação da medida provisória, o que teria feito com que 17 ministros perdessem seus cargos.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que a reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com líderes partidários na tarde desta segunda-feira, 5, é um gesto de agradecimento do chefe do Executivo a quem votou a favor da Medida Provisória de reestruturação da Esplanada. A votação ocorreu na semana passada e a medida foi aprovada poucas horas antes de caducar.

A reunião com os líderes deve ser dividida em duas partes: às 17h, Lula se reúne com líderes partidários da Câmara; já às 18h, com líderes partidários do Senado. Ambos os encontros devem ter a presença também dos ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil), responsáveis por uma ponte com o Congresso.

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Nas últimas semanas, Lula vem dizendo que deve conversar até com quem não gosta, em um aceno à base ainda em construção no Congresso Nacional. Wagner disse concordar com a afirmação e postura de Lula, mas que o presidente deve primeiro conversar com quem gosta, a exemplo dos encontros de hoje.

As declarações se deram durante presença do líder em evento de cerimônia ao Dia Mundial do Meio Ambiente, nesta segunda-feira, no Palácio do Planalto.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se reuniram na manhã desta segunda-feira (5), no Palácio da Alvorada, para tentar azeitar a relação entre governo e os deputados, que atingiu o grau máximo da crise durante a tramitação da Medida Provisória (MP) dos Ministérios. A aprovação do texto só saiu após Lula prometer ao Centrão que haverá mudanças na articulação política do governo, como defendem parlamentares, além da liberação de emendas e cargos, como revelou a Coluna do Estadão.

O encontro, que começou por volta de 8h da manhã, não constou da agenda oficial de Lula e sua extensão levou ao adiamento de outros compromissos, como a reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para avançar em temas da agenda econômica, a exemplo do chamado Desenrola e do programa do carro popular. O café entre Lula e Lira foi articulado pelo líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). O petista tentava promover o encontro desde a semana passada, como antecipou o Estadão/Broadcast Político.

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Para além dos problemas articulação política, a relação entre Lula e Lira piorou ainda mais após a Polícia Federal deflagrar uma operação contra aliados do presidente da Câmara, o que levou o ministro da Justiça, Flávio Dino, a ir à residência oficial do alagoano para conter a escalada da crise. Para interlocutores do deputado alagoano, a PF teria agido diretamente para atingi-lo.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse nesta sexta-feira (2), em São Bernardo do Campo (SP), que o governo vai trabalhar para melhorar a articulação com o Congresso Nacional. 

“Vamos sempre trabalhar para melhorar [a articulação]. O que não muda é a disposição do diálogo”, garantiu. “Esse é um governo que não cria conflito e que não cria guerras desnecessárias, como era feito pelo governo anterior [de Jair Bolsonaro]”, acrescentou.

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Segundo o ministro, a meta é trabalhar para “continuar montando o governo e a base política”. Isso será feito, segundo ele, com diálogo, “inclusive com partidos que se declaram de oposição, mas que têm contribuído muito para as votações do governo”. 

“O governo sempre ouve as críticas e as demandas que possam aparecer, sempre com muita humildade. Esse é um governo que ouve, busca trabalhar e aprimorar o que tiver que ser aprimorado”, explicou. “E é com essa postura que vamos buscar trabalhar e continuar aprovando projetos que são prioritários ao governo”, acrescentou ele.

Nesta semana, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), criticou a falta de articulação e disse que havia uma “insatisfação generalizada” dos deputados federais com o governo.

“Não há achaque, não há pedidos, não há novas ações, o que há é uma insatisfação generalizada dos deputados e, talvez, dos senadores com a falta de articulação do governo, e não de um ou outro ministro”, disse Lira. 

Disposição para o diálogo

Em resposta a essa fala de Lira, o ministro reforçou que o governo está sempre disposto a dialogar.

“Sempre digo que aqui não tem marinheiro de primeira viagem. Mar tranquilo não faz bom marinheiro. Nós sempre ouvimos todos os posicionamentos dos presidentes das duas Casas [Câmara e Senado] e dos parlamentares com muita humildade, e o governo precisa sempre dialogar, ouvir os líderes da base e da oposição”, disse Padilha, ao participar de um evento no Sindicato dos Metalúrgicos.

Apesar das críticas que o governo vem recebendo, o ministro disse que a semana se encerrou bem. Para ele, foram positivos os resultados que o país obteve sobre emprego, sobre crescimento de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano e sobre a Medida Provisória que reestrutura a Esplanada dos Ministérios, que foi aprovada pelo Congresso. “Foi uma semana positiva para o Brasil”, disse Padilha.

Na esteira de derrotas na Câmara, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu, nesta sexta-feira (2), a dificuldade do governo no Legislativo. Durante discurso na Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Bernardo do Campo, na Grande SP, o presidente disse que a esquerda não tem votos suficientes até mesmo para aprovar projetos de lei ordinários.

"É importante vocês saberem a correlação de forças no Congresso Nacional. A esquerda toda tem, no máximo, 136 votos, isso se ninguém faltar. Para votar uma coisa simples, precisa de 257", afirmou o chefe do Executivo, acrescentando que para aprovar emendas constitucionais a necessidade de votos na Câmara é ainda maior.

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A uma plateia formada, em grande parte por apoiadores, Lula disse que governar demanda esforço e negociações com quem não apoia o governo. "Você ganha a eleição e depois precisa passar o tempo inteiro conversando para ver se você consegue aprovar uma coisa."

Em relação à reestruturação dos ministérios, Lula frisou que foi necessário conversar com "quem a gente não gosta" porque o governo corria o risco de a organização da Esplanada, estabelecida em medida provisória, não ser aprovada. Apesar das dificuldades, ele assegurou que, aos 77 anos, está "muito mais otimista".

Fake news

O presidente voltou a criticar também a disseminação de fake news nas redes sociais pela extrema-direita e convocou a população a fazer uma "guerra do bem contra o mal".

"É uma guerra que temos que fazer, a guerra do bem contra o mal. Não é guerra de direita contra esquerda, é guerra das pessoas do bem contra pessoas do mal", disse o petista. Lula reconheceu, no entanto, que o bolsonarismo tem vencido a guerra nas redes sociais. "A quantidade de mentiras que o bolsonarismo conta todo dia na rede digital é uma coisa maluca", constatou.

Dizendo que não imaginava que o fascismo pudesse voltar ao Brasil, ele voltou a criticar o governo de Jair Bolsonaro (PL), que comparou a uma "praga de gafanhotos que destruiu tudo o que a gente construiu", e disse que vai reconstruir o País. "Quero provar, mais uma vez, que um torneiro mecânico, sem diploma universitário, pode consertar outra vez esse País". Lula ainda reclamou da elite brasileira que, segundo ele, "nunca desejou que a gente estudasse".

Nova regra para controlar as contas públicas do governo, o arcabouço fiscal foi aprovado com ampla folga na noite desta terça-feira, 23, mas um fato chamou atenção: a proposta teve mais votos favoráveis dos parlamentares do Partido Liberal, sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, do que da federação Psol/Rede, que faz parte da base de Luiz Inácio Lula da Silva e tem dois ministros na Esplanada: Marina Silva, do Meio Ambiente, e Sonia Guajajara, dos Povos Originários.

A federação Psol/Rede orientou seus integrantes a votar contra a proposta; todos os deputados do Psol e Túlio Gadêlha, único membro da Rede, rejeitaram o texto. Do outro lado do espectro político, o PL liberou a votação de seus 99 parlamentares e o placar garantiu 31 votos da sigla a favor do texto (cerca de 32% da bancada).

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Tanto a Rede quanto o Psol têm ministérios no governo; respectivamente Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança Climática) e Sonia Guajajara (Povos Originários).

Para o Psol, o arcabouço fiscal pode prejudicar os investimentos na áreas de saúde e educação. "O Brasil precisa de investimento em áreas sociais, rejeitando a lógica neoliberal. Não aceitamos punir saúde, educação e o serviço público em nome de um ajuste fiscal", disse Sâmia Bomfim (Psol-SP). A sigla também havia votado contra o pedido de urgência na tramitação da proposta no dia 17.

O resultado final do texto-base na Câmara dos Deputados foi de 372 votos favoráveis, 108 contrários e uma abstenção. Por ser um projeto de lei complementar, o arcabouço precisava de 257 votos favoráveis (maioria absoluta) para ser aprovado.

Como mostrou o Estadão, aliados de Lula no Congresso trabalham para usar a votação do arcabouço como uma amostra de que o governo é capaz de aprovar a reforma tributária ainda neste ano - que precisa de pelo menos 308 votos favoráveis em dois turnos de votação. A ideia é reverter a imagem de base fraca deixada pela derrota na Câmara com os decretos do saneamento. Mesmo assim, o próprio PT, apesar de votar a favor, rachou.

Divergência dentro do PT

Dos 68 deputados petistas (que compõem uma federação com PC do B e PV, somando 81 parlamentares), praticamente um terço da bancada do PT alegou ter votado a favor apenas por "lealdade ao presidente Lula". Os divergentes apresentaram, ainda na noite desta terça, uma declaração separada de voto para reiterar suas críticas ao arcabouço fiscal.

No documento, assinado por 22 petistas e por Orlando Silva (PC do B-SP), o relator do PL das Fake News, os parlamentares dizem que o relatório do deputado Claudio Cajado (PP-BA) "agravou sobremaneira as normas de contração dos gastos públicos, limitando fortemente a capacidade do Estado de fazer justiça social e comandar um novo ciclo de desenvolvimento". O texto foi a forma encontrada por petistas relevantes na estrutura da sigla, como o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Rui Falcão (SP), para explicitar suas restrições ao projeto depois que o presidente Lula enquadrou seu partido e avisou que não admitiria dissidências na votação.

Representantes do PSB deixaram reunião no Palácio do Planalto nesta quarta-feira (10) reafirmando apoio ao governo e dizendo que o partido dará seus votos a favor do arcabouço fiscal no Congresso Nacional. O encontro foi marcado depois de o Executivo sofrer derrotas no Legislativo, que tiveram participação de deputados da legenda.

Tanto o presidente do partido, Caros Siqueira, quanto o líder da bancada na Câmara, Felipe Carreras, disseram que o PSB apoiará a nova regra fiscal proposta pelo governo. Eles descreveram a conversa como positiva.

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Segundo Carreras, que também é líder de um bloco articulado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, o PSB apoiará os projetos do governo mesmo que haja divergência no bloco. Siqueira afirmou que o deputado lidera o grupo justamente para ajudar o Executivo.

O líder do partido disse que o governo está destravando nomeações de indicados políticos e que a legenda está tranquila em relação a esse tema. Nos bastidores, nos últimos dias, integrantes da sigla afirmavam que havia demora para as nomeações saírem.

"O governo está trabalhando para destravar tudo", disse o líder do Governo, José Guimarães (PT-CE), que também participou da conversa. Além de nomeações, há a expectativa que o governo faça o pagamento de emendas nas próximas semanas.

A conversa incluiu o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e os ministros Alexandre Padilha (PT) e Márcio França (PSB). O outro ministro do PSB, Flávio Dino, foi representado por seu auxiliar Ricardo Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça. Também participou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

A reunião com o PSB foi a primeira de uma série de encontros que o Planalto está fazendo com a base aliada para reorganizar seu apoio político. Haverá outra com o PSD ainda nesta quarta, além de conversas com os demais partidos aliados nos próximos dias.

Filiado ao Podemos há pouco mais de um mês, o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro já experimenta obstáculos na articulação para consolidar uma candidatura à Presidência em 2022. Além do ambiente hostil de parte do mundo político por causa de sua atuação como juiz da Operação Lava Jato, Moro ainda enfrenta resistência de setores do próprio partido. A tarefa de costurar eventuais alianças e apoios foi delegada à presidente da legenda, a deputada federal Renata Abreu (SP).

Chamada de "chefe" por Moro, a parlamentar carrega a procuração do pré-candidato para conversas partidárias que envolvem o varejo político regional. A agenda de Moro ficou concentrada em reuniões com apoiadores, entrevistas à imprensa e eventos para a divulgação de seu livro, cujo acesso chega a custar R$ 90.

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Na última semana, Moro esteve nos Estados Unidos para trazer sua mulher, Rosângela, e seus dois filhos de volta ao Brasil definitivamente. Enquanto isso, Renata comandou a reunião considerada até agora a mais importante para uma futura candidatura do ex-juiz. Ela esteve com o presidente do PSL, Luciano Bivar, e o deputado federal Junior Bozzella (PSL-SP). Ambos costuram a fusão entre o PSL e o DEM que resultará no União Brasil. As siglas representam, juntas, a maior bancada do Congresso.

As conversas ocorrem desde outubro. Bozzella é defensor da ideia de que o ex-juiz deveria ter Bivar como vice em 2022. O problema é que até agora o futuro presidente do União Brasil não mergulhou no projeto Moro.

Para Bozzella, ainda há margem para tirar aliados do presidente Jair Bolsonaro. "É um processo, vai levar um período lá na frente para a caneta do Bolsonaro começar a esvaziar. As pessoas também vão mudar as suas posições", disse.

Moro esteve ao lado de Renata com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, logo após ele ser derrotado nas prévias do PSDB. Dirigentes do Podemos relataram que Renata deixou as portas abertas do partido para Leite, indicando a possibilidade de ele eventualmente ocupar o posto de vice. Pela lógica das negociações políticas, uma chapa pura tem menos chance de se concretizar, pois afasta possíveis alianças.

Empresária e advogada, Renata herdou do pai e do tio o comando do PTN - então um partido nanico -, que ela transformou no Podemos. Além de Moro, sua cartada maior, a legenda terá na eleição outros nomes que agregam uma imagem "lavajatista" e de centrodireita: Deltan Dallagnol e o general da reserva Carlos Alberto Santos Cruz. A presidente do Podemos tenta agora convencer Rosângela Moro a disputar uma vaga na Câmara, segundo afirmam aliados do exjuiz. No entanto, a ideia ainda enfrenta resistência do casal.

Estados

Regionalmente, Moro continua a ter problemas internos no partido. O assunto foi discutido durante uma reunião no Rio, no último dia 9. Em Roraima, o dirigente da legenda, Pastor Isamar, já recebeu Bolsonaro em sua igreja e deixou o Podemos para se filiar ao PTB.

Outro reduto bolsonarista está no diretório de Mato Grosso, cujo maior representante é o deputado federal José Medeiros, também fechado com o presidente. Dirigentes do partido disseram ter dado um ultimato para que Medeiros anunciasse apoio de maneira clara e pública ao ex-juiz ou deixasse a legenda. O Estadão não localizou Medeiros. Seu gabinete não respondeu aos contatos da reportagem.

Outra preocupação está na relação entre o líder da bancada na Câmara, Igor Timo (MG), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), outro pré-candidato à Presidência. Questionado sobre quem é seu favorito, Timo declarou apoio a Moro, ao lado de Pacheco: "A chapa dos sonhos".

Na Bahia, um dos mais antigos quadros do Podemos, o deputado federal João Carlos Bacelar, declarou abertamente, durante uma visita de Lula, apoio a Jacques Wagner (PT) para governador. Ele, no entanto, já deu declarações públicas de que vai apoiar o candidato de seu partido ao Planalto. Procurado, o deputado não se pronunciou.

Meta é chegar a 15% em março, diz líder

Ao avaliar internamente o resultado da mais recente pesquisa Ipec de intenção de voto à Presidência, divulgada na semana passada, dirigentes do Podemos consideram que ainda é cedo e há tempo para Sérgio Moro crescer. "Como a presidente do Podemos, Renata Abreu, tem dito, a meta é ter 15% até março do ano que vem", disse o líder da bancada do Podemos na Câmara, deputado Igor Timo (MG).

A pesquisa Ipec apontou que o ex-juiz tem 6% das intenções de voto, patamar distante dos primeiros colocados Jair Bolsonaro (21%) e Luiz Inácio Lula da Silva (48%). Dirigentes do Podemos afirmam, entretanto, que pesquisas internas dão a Moro 11%. "Já estamos muito próximos do objetivo inicial", disse Timo. "É bom lembrar que Moro se filiou ao Podemos e entrou para valer no jogo político há pouco mais de 30 dias."

A equipe de marketing do ex-juiz avalia que a distância do período eleitoral faz das pesquisas uma amostragem diferente do que será o resultado das urnas. A avaliação é de que Moro tem potencial de roubar votos dos eleitores de Bolsonaro.

DESAFIO. O cientista político Humberto Dantas afirmou que, na maioria das pesquisas, Moro "não descola, de forma absoluta, como terceira via". "O primeiro desafio: quem testa rejeição tem visto o exjuiz com bastante dificuldade." Segundo Dantas, Moro também precisa se "descolar da pauta anticorrupção", que não deveria se "sobrepor aos temas mais sociais e econômicos gritantes atuais".

O cientista político ainda avaliou que o ex-juiz "precisa se encontrar politicamente, abrir espaço no partido, abraçar prefeito, viver a realidade" longe de Brasília: "Precisa encarar a sociedade e imprimir uma marca que o coloque perto das pessoas".

É fato que Moro tem se esforçado, aproveitando as viagens para divulgar seu livro Contra o Sistema da Corrupção. No Recife, por exemplo, ganhou um chapéu de sertanejo e fez questão de posar para fotos com o adereço.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em um passeio de moto junto com o presidente Jair Bolsonaro, neste domingo (25), o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, negou que exista alguma disputa política com Ricardo Salles, do Meio Ambiente. Na quinta-feira, 22, Salles fez críticas públicas a Ramos, dizendo em suas redes sociais que o militar mantém uma postura de "Maria Fofoca".

"Não tem briga nenhuma", disse Ramos quando questionado durante uma parada no Posto Colorado, na BR-020. "Olha, tem uma definição, briga é quando (tem) duas pessoas", afirmou, em seguida dizendo que não está "brigando com ninguém". Sobre como está o clima no governo, Ramos se limitou a dizer: "Minha relação com o presidente (Bolsonaro) está excepcional como sempre".

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Até então, Ramos não tinha se manifestado publicamente sobre o caso. Ontem, contudo, o ministro recebeu o apoio coordenado de aliados no Congresso. Responsável pela articulação política do governo, o ministro foi elogiado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e lideranças partidárias e do governo.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também tomou partido na briga ao criticar Salles. "O ministro Ricardo Salles, não satisfeito em destruir o meio ambiente do Brasil, agora resolveu destruir o próprio governo", escreveu Maia ontem nas redes sociais.

O pano de fundo do impasse entre Ramos e Salles envolve uma suposta articulação do ministro palaciano para tirar Salles do governo, além de reduções no orçamento do Meio Ambiente. A publicação feita pelo ministro Salles escancarou o atrito que já vinha ocorrendo nos bastidores.

Na quinta-feira, Salles mencionou diretamente Ramos em sua página no Twitter ao escrever: "@MinLuizRamos não estiquei a corda com ninguém. Tenho enorme respeito e apreço pela instituição militar. Atuo da forma que entendo correto. Chega dessa postura de #mariafofoca".

Apesar da provocação no fim da semana, Salles agora já dá o assunto como superado. Em entrevista ao Estadão ontem, o ministro disse que o caso está "encerrado". Mas a defesa coordenada de Ramos nas redes sociais feita ontem pelos chefes do Legislativo colocou peso na disputa.

Enquanto Ramos tem o apoio da ala militar, dos líderes do governo, membros do Centrão, além dos chefes do Parlamento, Salles tem ao seu lado a ala ideológica do governo e parlamentares da base conservadora que apoiam Bolsonaro. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, também é um dos que está no time de Salles. Já hoje, Eduardo citou uma série de medidas provisórias que caducaram para, indiretamente, criticar Maia. "Tem gente que é expert em tentar destruir o governo", escreveu listando as propostas.

Na sexta-feira, os dois ministros acompanharam Bolsonaro em um evento da Força Aérea Brasileira e em um almoço que ocorreu em seguida. De lá, Salles e Ramos saíram com o compromisso de se reunirem pessoalmente em outro momento. O encontro, contudo, ainda não tem previsão para ocorrer.

Bolsonaro atua para mediar e apaziguar a relação entre os seus chefiados. No evento, Salles recebeu um abraço de Bolsonaro, enquanto Ramos observou. Hoje, o militar acompanhou o presidente nesse passeio de moto por Brasília. Na parada no Posto Colorado, o chefe do Executivo fez um lanche e conversou com caminhoneiros.

Sempre escoltados, Ramos e Bolsonaro seguiram depois para a uma parada em uma feira no Cruzeiro, região administrativa do Distrito Federal. O passeio presidencial pela cidade também contou com a participação do ministro da Casa Civil, Braga Netto.

O líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), enalteceu, nesta terça-feira (1º), a "organização dos líderes da base do governo" após o anúncio da prorrogação do auxílio emergencial e do envio da reforma administrativa ao Congresso Nacional. Ele elogiou a atuação do ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e classificou o momento como uma "vitória na articulação política pelo bem do Brasil".

O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, ministros e líderes foi feito ao lado de nomes do 'Centrão' e partidos alinhados ao governo. Assim como os outros fizeram, Gomes ressaltou que o governo retoma neste momento a agenda de reformas com o envio da Administrativa nesta quinta-feira (3).

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"É importante ressaltar a organização dos líderes da base do governo em um trabalho feito já há bastante tempo pelo ministro Luiz Eduardo Ramos, mas também com o ministro Paulo Guedes, Onyx Lorenzoni, nosso ministro da Casa Civil Walter Braga Netto", disse Gomes.

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