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Na abertura da sessão de julgamento da tese "marco temporal" das terras indígenas, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, fez um duro discurso sobre as manifestações bolsonaristas convocadas para o feriado de 7 de setembro, quando se comemora o aniversário da Independência do Brasil. O ministro enfatizou que a Corte está vigilante aos movimentos, e não vai tolerar atos atentatórios à democracia.

"Num ambiente democrático, manifestações públicas são pacíficas; por sua vez, a liberdade de expressão não comporta violências e ameaças. O exercício de nossa cidadania pressupõe respeito à integridade das instituições democráticas e de seus membros", afirmou o ministro.

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O ato desperta receio nas autoridades e está no foco das agências de inteligência diante da possibilidade de manifestantes armados, muitos deles policiais, serem insuflados a invadir o Congresso Nacional e o STF. Oficiais das Polícias Militares de diversos estados atuam ativamente nas redes sociais na convocação de parceiros de corporação para participarem dos eventos.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), chegou a exonerar chefe do Comando de Policiamento do Interior-7 da Polícia Militar de São Paulo, coronel Aleksander Lacerda, por indisciplina ao convocar "amigos" oficiais para as manifestações do dia 7 de setembro e realizar ataques a autoridades, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e o secretário Rodrigo Maia (sem partido).

Na terça-feira, 31, o Supremo divulgou nota sobre a estrutura de segurança preparada para o dia 7 de setembro. A Corte afirmou que estão sendo adotadas medidas preventivas para "a mitigação de riscos, com o dimensionamento de recursos humanos e materiais".

"O STF também está em interlocução com outras instituições, como Câmara e Senado, e contará com o apoio das forças de Segurança Pública do GDF para o reforço na segurança do prédio", disse a Corte em nota. "Será implantado ponto facultativo no STF no dia 6 de setembro para facilitar os preparativos de segurança".

Sem citar Bolsonaro, Fux afirmou no discurso de hoje que críticas destrutivas abalam "Indevidamente a confiança do povo nas instituições do País". Em cerimônia da Marinha no Rio de Janeiro, o presidente ameaçou: "Se você quer paz, se prepare para a guerra". Ao convocar integrantes do governo e apoiadores para ocuparem as ruas, Bolsonaro garantiu que o movimento do dia 7 de setembro será um "contragolpe" aos inquéritos do Supremo contra ele por possíveis crimes de ataques às instituições e disseminação de notícias falsas com o intuito de atacar ministros.

"Somos testemunhas oculares de que o caminho para a estabilidade da democracia brasileira não foi fácil nem imediato. Por essa razão, é voz corrente nas ruas que, na quadra atual, o povo brasileiro jamais aceitaria retrocessos!’, afirmou Fux. "Seja nos momentos de tormenta, seja nos momentos de calmaria, o bem do país se garante com o estrito cumprimento da Constituição".

"Por isso mesmo, esta Suprema Corte - guardiã maior da Constituição e árbitra da Federação - confia que os cidadãos agirão em suas manifestações com senso de responsabilidade cívica e respeito institucional, independentemente da posição político-ideológica que ostentam", completou.

Às vésperas das manifestações do 7 de Setembro convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro, pesquisa feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que a adesão às teses mais extremistas do bolsonarismo aumentou 29% nas Polícias Militares, comparando o comportamento dos policiais em redes sociais neste ano com o que foi observado em 2020. A pesquisa constatou que o crescimento foi maior entre oficiais do que entre os praças.

Há uma semana, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afastou o coronel Aleksander Lacerda do comando no interior do Estado após o oficial chamá-lo de "cepa indiana" e ofender ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e outros políticos, além de convocar publicamente os amigos para os atos do Dia da Independência. Tudo por meio de sua conta no Facebook.

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Para se ter uma ideia do tamanho do fenômeno detectado pela pesquisa, basta comparar os números envolvendo a PM com os da população em geral. Ao todo, 27% dos PMs do País interagiram em redes sociais em 2021, compartilhando, comentando ou curtindo publicações de páginas do que a pesquisa chama de "bolsonarismo radical", que pertencem a grupos ou pessoas declaradamente fãs ou militantes do presidente - e que atuam "independentemente do jogo político ou das instituições".

Na população em geral esse número ficou em 17%. "Não estamos falando de manifestações cívicas, mas da defesa da prisão de ministros do Supremo, do fechamento do Congresso e de outras pautas ilegais", disse ao Estadão o sociólogo e diretor-presidente do Fórum, Renato Sérgio de Lima.

Os dados da pesquisa foram coletados com base em informações de profissionais das polícias no Portal da Transparência do governo federal e dos Estados. Depois, os pesquisadores selecionaram uma amostra desses profissionais que fosse representativa dos efetivos das corporações e analisaram 651 usuários no Facebook e Instagram com cargos em instituições policiais. O nível de confiança da pesquisa é de 95% e a margem de erro é de 3%.

O levantamento mostra também que a influência bolsonarista está concentrada nas corporações militares. É relativamente baixa a adesão aos ambientes de apoio ao presidente da República na Polícia Civil (13% em 2021 ante 9% em 2020) e na Polícia Federal - 17% neste ano em comparação aos 13% em 2020.

Por outro lado, a pesquisa constatou que 23% do oficialato da PM participou de ambientes radicalizados do bolsonarismo em 2021. Esse número era de 17% em 2020 - um crescimento de 35%. Outros 21% dos oficiais interagiram com páginas consideradas de "políticos de direita, que estão dentro da institucionalidade do jogo político partidário". É o que a pesquisa descreve como "bolsonarismo orgânico". Somando-se os dois tipos - extremados e orgânicos -, 44% dos oficiais da ativa interagiram com ambientes bolsonaristas.

Entre os praças - soldados a subtenentes - a presença em ambientes radicais do bolsonarismo saltou de 25% para 30% e, no chamado bolsonarismo orgânico, esse número passou de 16% para 21%, ante o registrado em 2020. Pelos dados atualizados, portanto, na base das corporações 51% dos praças demonstram apreço às teses bolsonaristas e 49% não interagem com o movimento.

'Minoria barulhenta'

"Levando em consideração oficiais e praças, a maioria - 52% - não está interagindo. Mas a minoria barulhenta tenta cooptar o restante. Isso é reflexo do crescimento de 29% da presença de PMs nesses ambientes radicais. É preciso alertar para os riscos, pois há políticos que exploram sem pudor essa fissura que se abre em busca de palanque para reeleição", afirmou Lima.

Para o diretor do Fórum, é preciso ter em conta que a interação de policiais militares com ambientes radicalizados do bolsonarismo se insere no contexto das manifestações do dia 7, nas quais parte do bolsonarismo quer defender o impeachment de ministros do Supremo, o fechamento do Congresso e a instalação de uma ditadura. Para tanto, esperam a presença maciça de militares da ativa e da reserva nos comícios que serão feitos pelo presidente São Paulo e em Brasília.

A exemplo do que foi mostrado pela pesquisa, a Polícia Militar de São Paulo está dividida. A bancada de deputados estaduais e federais eleita em 2018 busca convocar os policiais da reserva e da ativa para o ato na Avenida Paulista, em São Paulo. Mas o entendimento da maioria dos coronéis da corporação e do Ministério Público é de que a presença de policiais na manifestação de caráter político-partidário não é permitida pelo regulamento disciplinar.

Organizadores da manifestação creditaram a presença de PMs na Avenida Paulista - ainda que desarmados e sem farda - a uma espécie de repúdio ao afastamento do coronel Aleksander. O problema é que a decisão de afastar o coronel foi assinada pelo comandante-geral, coronel Fernando Alencar, o que agravaria ainda mais a transgressão disciplinar dos que se dirigirem à manifestação. Os que defendem a ida ao ato alegam que os PMs têm direito à liberdade de expressão garantida pela Constituição.

"Querem ter o bônus de ser militar e o de ser civil ao mesmo tempo", disse Lima. Uma crítica destacada por ele e por outros especialistas ouvidos pela reportagem, os policiais que adotam teses bolsonaristas querem ser tratados como militares diante da Reforma da Previdência, mas desejam ser civis quando devem obedecer o disposto pelo regulamento disciplinar.

Na tarde de quarta-feira, o tenente-coronel da reserva Paulo Ribeiro, de 58 anos, que trabalhou na Corregedoria da PM, gravou um vídeo alertando aos policiais que a presença no ato pode configurar não só transgressão disciplinar, mas também crime militar. Ribeiro disse ao Estadão que a convocação de PMs da ativa para o dia 7 de Setembro "esbarra em dois pontos: o aspecto legal e a capacidade de entendimento dos nossos policiais militares". Para ele, "o bolsonarismo na PM é um leão desdentado e sem garras". "Faz muito barulho sem a menor possibilidade de causar danos." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O temor por confrontos ou atos de violência nas manifestações programadas para o 7 de Setembro levou governos nos Estados e no Distrito Federal e o Supremo Tribunal Federal (STF) a adotarem medidas para garantir a segurança pública nas principais capitais do País. O planejamento visa a evitar que atos a favor e contra o presidente Jair Bolsonaro no mesmo dia resultem em algum tipo de conflito nas ruas. Em São Paulo e Brasília, a preocupação é agravada pelo fato de Bolsonaro ter anunciado presença nas manifestações. Revistas em busca de armas estão previstas nos locais dos atos.

Na capital federal, o Supremo - alvo de convocações bolsonaristas - decidiu fechar as portas na véspera do feriado. A Corte informou que vai decretar ponto facultativo no dia 6 de setembro para "facilitar os preparativos de segurança".

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Manifestações a favor do governo e do presidente estão previstas em todas as regiões do País. O tradicional Grito dos Excluídos, promovido desde os anos 1990 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no Dia da Independência, prevê atos em 63 municípios espalhados por 21 Estados.

Em São Paulo, a Corregedoria da PM montou uma operação para impedir a presença ilegal de policiais da corporação na Avenida Paulista, na área central, durante a manifestação bolsonarista. Todo efetivo será empregado na ação, que contará com os policiais que deveriam estar de folga e com os da área administrativa para "reforçar o patrulhamento disciplinar". Nos últimos dias militares da ativa e da reserva convocaram para os atos; em alguns casos, incitando crimes e violência contra instituições

O governador João Doria (PSDB) tentou barrar a manifestação da oposição ao governo, com o argumento de que a Secretaria de Segurança Pública iria vetar o ato, mesmo com a transferência de local para o Vale do Anhangabaú, também no centro, por motivos de segurança. O juiz Randolfo Ferraz de Campos, da 14ª Vara de Fazenda Pública da capital, no entanto, decidiu que não há possibilidade de vetar manifestações de grupos diferentes quando estão programadas para locais diferentes, e que é obrigação da PM garantir a segurança dos dois atos.

Presidente da comissão de Ação Transformadora da CNBB, d. José Valdeci Santos Mendes, disse que a entidade tem "uma preocupação muito grande" com possíveis episódios de violência no 7 de Setembro. "Não estamos satisfeitos com essa situação do País. Precisamos ter todos os cuidados, mas temos o dever de dizer que não estamos satisfeitos."

Reunião

Grupos bolsonaristas e oposicionistas se encontraram brevemente na sede do Comando de Policiamento de Área Metropolitano 1, na Liberdade, região central de São Paulo. Os dois tinham reuniões marcadas para discutir a segurança de cada um dos atos. Eles ouviram de comandantes da PM pedidos para que todos colaborem com a segurança, numa espécie de pacto de não agressão. Todos consentiram, de forma protocolar.

Os próprios organizadores devem orientar manifestantes com medidas de segurança, como evitar se deslocarem sozinhos até os locais de protesto e não responder a eventuais provocações. Isso não ocorreu nas manifestações anteriores que pediram o impeachment do presidente. Os PMs no entorno dessas manifestações devem revistar participantes para evitar a entrada de objetos que ficaram proibidos, como armas brancas, fogos de artifício, bastões e até drones. Os carros de som e veículos só devem entrar nos locais de manifestação após passar por vistoria prévia e aprovados pelo comando da PM.

Em Brasília, o Grito está marcado para a Torre de TV, a menos de dois quilômetros da Esplanada dos Ministérios. É lá que Bolsonaro deve estar durante a manhã para discursar a apoiadores, antes de embarcar para São Paulo. O governo do Distrito Federal informou nesta terça-feira, 31, que a Esplanada dos Ministérios deve ser reservada exclusivamente para as manifestações bolsonaristas no feriado do dia 7 de setembro.

Por estar no centro de Brasília e abrigar a sede dos Três Poderes, a Esplanada é, historicamente, o ponto central de grandes manifestações. Outra determinação para os atos é a proibição para que manifestantes levem "qualquer tipo de objeto que possa ser utilizado como arma".

"A gente faz essa revista para que as pessoas não ingressem com esse tipo de material", afirmou o secretário de Segurança Pública do DF, Julio Danilo. "(Vale para) qualquer tipo de arma: arma de fogo, arma branca, garrafa de vidro, barra de ferro, álcool líquido". O secretário disse que fogos de artifício entram na lista de itens proibidos.

Em outras cidades, contudo, a distância entre os atos será maior. Tradicional reduto dos bolsonaristas no Rio, o posto 5 de Copacabana fica a mais de 10 quilômetros do ponto do Centro em que o Grito marcou sua concentração, na esquina da Rua Uruguaiana com a Presidente Vargas.

Em Salvador, a passeata bolsonarista sairá do Farol da Barra, enquanto o Grito e o protesto Fora Bolsonaro terão trajetos diferentes, saindo do bairro do Campo Grande em direção à Praça Municipal. Também no Nordeste, João Pessoa também terá um esquema semelhante, com direito a monitoramento dos espaços com drones e policiamento motorizado.

O governo do Distrito Federal informou nesta terça-feira, 31, que a Esplanada dos Ministérios deve ser reservada exclusivamente para as manifestações bolsonaristas no feriado do dia 7 de setembro. Por estar no centro de Brasília e abrigar a sede dos Três Poderes, a Esplanada é, historicamente, o ponto central de grandes manifestações.

De acordo com o secretário de Segurança Pública do DF, Julio Danilo, um novo local é negociado com as pessoas que pretendem se manifestar, na mesma data, contra o presidente. "A gente tem negociado um espaço que seja na área central, também. Possivelmente, ali próximo à área de Funarte, próximo da Torre de TV", afirmou o secretário em entrevista coletiva.

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A chamada "Torre de TV" está localizada nas mesmas vias que formam a Esplanada, mas a uma distância de aproximadamente três quilômetros dos prédios ocupados pelos ministérios. A área fica distante da Praça dos 3 Poderes. Portanto, manifestantes da esquerda não teriam acesso direto ao local.

O presidente Jair Bolsonaro tem insuflado apoiadores para participarem das manifestações, que têm como mote críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro tem apostado em radicalizar contra as instituições e acusado, sem provas, o Poder Judiciário de armar um complô contra ele.

Segundo informações do governo do DF, 13 organizadores de manifestações da direita e três da esquerda pediram para a Secretaria de Segurança Pública o registro para atos no dia 7 de setembro.

"O direito de manifestação prevê que você pode realizar manifestação independente de autorização do poder público, desde que ela não frustre a realização de outra manifestação", afirmou o secretário, ao comentar que os opositores de Bolsonaro não devem ficar na Esplanada.

"Como nós tivemos essa gama de manifestações anteriores da direita e algumas da esquerda e prezando também pela segurança das pessoas e pelo direito que se manifestem, a gente vai propor um outro local", afirmou o chefe da segurança pública do DF.

De acordo com ele, a esquerda não demonstrou contrariedade em não poder ir para a Esplanada. "A negociação já está bem fluida nesse sentido. Coloco aqui que a gente não tem tido dificuldade de negociação com os movimentos", declarou.

Como mostrou o Estadão, em outra tentativa de evitar violência, o DF aumentou o salário dos policiais militares como forma de conter a radicalização nos atos.

O governo local também anunciou outras ações para evitar confronto e conter aglomerações nas manifestações do 7 de setembro. A Esplanada será fechada para carros e o acesso à Praça dos Três Poderes também será fechado, como costuma acontecer em grandes mobilizações.

O secretário evitou dar detalhes sobre os reforços na segurança pedidos pelo Supremo e pelo Congresso, mas afirmou que o governo do DF está em constante diálogo com os Poderes e que há um planejamento de atuação integrada com as polícias civil, militar, legislativa, os militares que fazem a segurança do Ministério das Relações Exteriores e dos comandos das Forças Armadas, a Força Nacional, que faz a segurança do Ministério da Justiça e Segurança Pública, e o Gabinete de Segurança Institucional, que cuida do Palácio do Planalto.

Sobre a possibilidade de policiais militares carregarem cartazes com mensagens incentivando atos antidemocráticos, o secretário disse que o "planejamento está voltado com a possibilidade que as pessoas possam se manifestar de forma segura".

"Qualquer tipo de excesso que venha ser julgado indevido vai poder, ou no dia ou posteriormente, ter a atuação dos órgãos de fiscalização, investigação e policiais", completou.

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira, 31, que, no próximo dia 7, feriado da Independência e quando estão previstas manifestações em favor do governo, quem seus apoiadores "estarão mostrando quem manda no Brasil". O chefe do Executivo discursou para simpatizantes em Uberlândia (MG), onde participou de cerimônia de inauguração de complexo de captação e tratamento de água. "Vocês é que devem dar o norte aos que estão em Brasília. Esse norte será dado com mais ênfase no próximo dia 7", disse em tom inflamado diante dos presentes.

"Nós daremos retrato para o Brasil e para o mundo dizendo para onde esse País irá. Esse País irá para onde vocês apontarem. Todos nós do Executivo, Legislativo e Judiciário temos obrigação de estar ao lado do povo. Vocês estarão mostrando no próximo dia 7 que quem manda no Brasil são vocês. Nós temos a obrigação de fazer aquilo que vocês determinam", declarou.

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Segundo Bolsonaro, os atos em sua defesa são oportunidade de tornar o País "realmente independente" e falou em passar mensagem aos Poderes da República, principalmente ao Judiciário, com o qual se encontra em conflito deflagrado desde que intensificou sua defesa do voto impresso com ataques ao sistema eleitoral brasileiro. Sem citar nomes, fez novas críticas aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ao dizer que os magistrados impõem suas vontades à população.

"Chegou a hora de nós nos tornamos independentes para valer e dizer que não aceitamos que uma ou outra pessoa em Brasília queira impor a sua vontade. A vontade que vale é a vontade de todos vocês", disse o presidente.

Reunidos em frente ao Estádio Municipal do Parque do Sabiá, apoiadores responderam ao presidente gritando "eu autorizo". A frase começou a ser usada por bolsonaristas após o presidente pedir, recentemente, um "sinal do povo" para agir.

O presidente Jair Bolsonaro disse, nesta terça-feira (31), em pronunciamento feito na cerimônia de inauguração de complexo de captação e tratamento de água em Uberlândia (MG), que o povo brasileiro terá a oportunidade mais importante de sua história no dia sete de setembro, para quando estão previstas manifestações de apoio ao governo. "Nunca uma outra oportunidade para o povo brasileiro foi tão importante ou será tão importante quanto esse nosso próximo 7 de setembro", disse sem entrar em mais detalhes sobre o que queria dizer com a declaração.

O envolvimento de agentes das forças de segurança, principalmente das Polícias Militares, tem despertado preocupação de diversos atores políticos em relação a uma tentativa de ruptura institucional. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), descartou a possibilidade de investida golpista na data.

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O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afastou o coronel da PM do estado Aleksander Lacerda, que convocou colegas de corporação para os atos bolsonaristas por meio das redes sociais e fez ataques aos membros do Supremo Tribunal Federal (STF), desafetos do presidente. Policiais militares da ativa são proibidos por lei de se envolverem em atividades político-eleitorais.

Como de costume, Bolsonaro deixou em aberto a possibilidade de não disputar a reeleição em 2022. "No momento, não sou candidato a nada, deixo bem claro. Não posso falar em política para o futuro, porque não sei como chegarei até lá", disse.

Lula e combustíveis

O presidente também retomou o assunto do aumento dos preços dos combustíveis e culpou governos anteriores pelos valores elevados do produto nos postos. Na avaliação dele, a expropriação de refinaria da Petrobras na Bolívia, em 2006, durante a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Um dos últimos presidentes nossos entregou uma refinaria nossa ao governo boliviano", disse Bolsonaro. Na fala, ele se referiu a um presidente de "nove dedos".

"Quando se fala do preço da gasolina, que está alto na ponta da bomba, vale lembrar que somente em três refinarias não construídas, duas no Nordeste e uma no Sudeste, bem como outras sucatas compradas onde não destilaram um só barril de petróleo, deixou para vocês uma dívida de R$ 230 bilhões. O preço hoje está alto também em função disso."

Antes de finalizar, Bolsonaro afirmou que seu governo deixará o País em melhores condições daquela em que se encontrava em janeiro de 2019, quando iniciou seu mandato.

A Justiça de São Paulo autorizou nesta segunda-feira, 30, que grupos de oposição se manifestem no feriado do Dia da Independência, 7, no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo. O grupo pleiteava em São Paulo a realização de protestos contra o governo na mesma data em que apoiadores do presidente Jair Bolsonaro pretendiam realizar manifestações em apoio à gestão.

Segundo a decisão do juiz Randolfo Ferraz de Campos, da 14ª Vara de Fazenda Pública, está claro que ninguém tem poder para vetar reuniões, e, conforme prega a Constituição, todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização. De acordo com a ação, caberia à Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo garantir o cumprimento da decisão.

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A região central da capital vinha sendo disputada como espaço para a realização de manifestações públicas no feriado tanto por apoiadores do presidente Bolsonaro quanto pela oposição. De um lado, apoiadores do governo devem seguir o tom do Executivo de críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF). Já a oposição deve manter as críticas à atuação do governo durante a pandemia da covid-19.

Caso não haja mudança no entendimento tomado, opositores do presidente devem se reunir no Vale do Anhangabaú, enquanto que os apoiadores realizarão sua manifestação a cerca de 2,5 km dali, na Av. Paulista, região central da capital.

A fim de impedir conflito entre os grupos antagônicos, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), havia proposto, na última quinta-feira (26), que a Secretaria de Segurança Pública vetasse a realização dos protestos contra o presidente, ainda que em locais distintos. A determinação valeria tanto para a capital quanto para outras cidades paulistas, e o secretário de Segurança Pública em exercício, coronel Álvaro Batista Camilo, disse que deve chamar os coordenadores da campanha contra o presidente para um diálogo sobre os atos.

Segundo o acordo, a oposição teria direito a realizar atos no dia 12 de setembro, data sem a mesma relevância que o feriado da Independência, mas em alternância com o grupo de apoio. Organizadores do evento contrário ao governo, entretanto, contestaram a definição das datas alegando que seria a vez deles se manifestarem, uma vez que os grupos favoráveis teriam se reunido por último nas ruas.

Nesta manhã, em entrevista à rádio Rede Fonte, de Goiás, o presidente Bolsonaro afirmou que a "grande pauta" dos atos em seu apoio deve ser a liberdade de expressão, em especial contra as recentes decisões tomadas pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). "Não pode uma pessoa do STF e uma do TSE se arvorarem como donas do mundo", defendeu o presidente.

Líderes de igrejas evangélicas se mobilizam para convencer fiéis a participar das manifestações de 7 de Setembro, em apoio ao presidente Jair Bolsonaro. No momento em que o chefe do Executivo perde popularidade, capital político e incentiva o confronto com o Supremo Tribunal Federal (STF), a cúpula de denominações neopentecostais e pentecostais continua apostando nele. As igrejas protestantes históricas, como Batista, Metodista e Presbiteriana, por sua vez, deram menos atenção ao chamamento para os atos bolsonaristas.

A última convocação para o 7 de Setembro circulou no WhatsApp na semana passada. São pastores televangelistas e influenciadores digitais. Aparecem no vídeo Cláudio Duarte (Projeto Recomeçar), Renê Terra Nova (M12), Samuel Câmara (Assembleia de Deus em Belém), César Augusto (Fonte da Vida), Silas Malafaia (Vitória em Cristo) e Estevam Hernandes (Renascer em Cristo).

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Outro rosto conhecido na gravação é o do ex-senador Magno Malta (PL-ES), que é cantor gospel. Dirigentes da Sara Nossa Terra e das Assembleias de Deus Madureira-Brás e Ministério do Belém também apoiam o ato, embora não estejam no vídeo.

Ao lado de associações de policiais, clubes de militares das Forças Armadas, entidades ruralistas e representantes de caminhoneiros, os evangélicos prometem se encontrar pessoalmente com Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo.

Os pastores devem subir no carro de som do movimento Nas Ruas, ao qual a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) é ligada.

Os evangélicos já haviam participado de manifestações pró-Bolsonaro, como alguns "jejuns nacionais" virtuais convocados pelos pastores, em datas como a Páscoa e em oração pelo fim da Covid-19. A presença desses fiéis também foi observada nos passeios de moto que Bolsonaro promove ao redor do País, mas de forma menos articulada entre as denominações.

"Nunca vi uma mobilização de evangélicos como dessa vez. É grande o movimento, de norte a sul, de leste a oeste, de tudo o que é igreja", disse Silas Malafaia ao jornal O Estado de S. Paulo. "Hoje o maior poder de mobilização vem dos evangélicos e da turma da direita, que não têm vínculo partidário, mas ideologia."

As convocações ganharam fôlego neste mês. O próprio Malafaia voou no avião presidencial com parlamentares da bancada cristã e discursou contra ministros do Supremo. A pauta da vez nada tem de religiosa. Os dois pontos principais são a destituição de ministros do STF e o voto impresso, temas já superados no Congresso.

Para Malafaia, é preciso dar uma "resposta" ao ministro do Supremo Alexandre de Moraes. Responsável por conduzir na Corte inquéritos contra Bolsonaro e aliados, Moraes foi alvo de um pedido de impeachment - rejeitado pelo Senado - assinado pelo presidente.

"Se fosse questão de partido ou algum interesse político, estávamos fora. Mas o que está em jogo é a liberdade de expressão e, numa outra etapa, se nos calarmos agora, a liberdade religiosa", afirmou Malafaia.

Com 6 milhões de seguidores no Instagram, o pastor Claudio Duarte fez a convocação para o 7 de Setembro durante um culto. O vídeo logo se espalhou por grupos de WhatsApp e a adesão se intensificou após o bloqueio de perfis virtuais e da prisão do ex-deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, por ataques à democracia.

"O que me chamou a atenção foi a expressão 'milicianos digitais'. O que mais me preocupou foi qualquer pessoa com posição contrária numa rede social receber um rótulo novo, o que indica que qualquer pessoa que expuser sua opinião contrária, num país que se diz democrático, vai ser presa", afirmou Duarte. "Estamos à beira de uma revolução, de uma guerra civil e não estou potencializando. Estou alertando a igreja."

Apesar do tom bélico, há um esforço nos últimos dias para afastar o viés autoritário da manifestação. Os pastores dizem que o ato será pacífico e querem ampliar o público, sem ficar restrito ao "bolsonarismo raiz".

Tentam apelar ao discurso de defesa da liberdade de expressão. "Já, já não vamos poder falar nada dentro de uma igreja. Para pregar o evangelho, não preciso falar contra homossexualidade, contra o racismo", reclamou Duarte. "Não sou bolsonarista, sou pró-governo, sou a favor do bem-estar de todos."

O bispo Robson Rodovalho, da Sara Nossa Terra, disse que a intenção é promover uma passeata cívica, em defesa da Constituição. "Nosso presidente pediu essa manifestação do povo. É importante mostrar que estamos acompanhando cada decisão do Legislativo, do Executivo e do Judiciário", observou Rodovalho. "Que cada Poder se mantenha no seu espectro, que encontre uma maneira de resolver os conflitos conversando. Tem havido muito ativismo, não só em um endereço. Nossa geração é muito midiática, estica a corda desnecessariamente e isso traz instabilidade, incertezas e insegurança. Então, vamos para a rua."

Sem desfile

Desde o início do mandato do presidente, o 7 de Setembro foi usado para uma aproximação com as igrejas. Na parada militar de 2019, Bolsonaro convidou para a tribuna o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus. A Universal ainda não se engajou explicitamente na manifestação. O desfile em Brasília não será realizado, a exemplo do que ocorreu no ano passado, por causa da pandemia.

O antropólogo Ronaldo de Almeida, professor da Unicamp e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), avaliou que o ato ocorrerá num contexto de perda de apoio a Bolsonaro entre os evangélicos. "Alguma mobilização vai ter, mas a pergunta é: quanto? Essa passeata vai ter muito 'bolsonarismo raiz'. Minha impressão é de que o apelo não é tão grande e que o evangélico que vai para o 7 de Setembro é porque é bolsonarista." 

Diante da ameaça de um quebra-quebra nas ruas de Brasília no dia 7 de setembro, data da manifestação bolsonarista, o governo do Distrito Federal decidiu liberar mais de R$ 10 milhões para conter a insatisfação da Polícia Militar, um dos alicerces do presidente Jair Bolsonaro. O valor será usado, neste ano, na abreviação do tempo de promoções de mais de 2,4 mil policiais que são os mais bem pagos do País. Um outro montante de menor valor, ainda sem previsão, será gasto no esquema de segurança.

Ao longo da semana, o clima no Congresso e nos tribunais superiores foi de tensão e temor por causa de possíveis atos de vandalismo na capital federal. O Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob), que monitora eventos públicos, trabalha na definição de estratégias de segurança de autoridades e dos locais públicos da região central no dia da manifestação.

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As providências tratadas envolvem reforço de agentes no entorno do Supremo Tribunal Federal (STF) - principal alvo de ataques de Bolsonaro e de seus apoiadores - e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o fechamento da Praça dos Três Poderes, onde fica a sede da Corte.

O trânsito deverá ser interditado na Esplanada dos Ministérios, que dá acesso à praça. Em grandes manifestações anteriores, pelo menos mil policiais foram mobilizados, incluindo equipes de atiradores especiais que costumam se posicionar nas coberturas dos prédios.

A disposição da PM do Distrito Federal para agir com firmeza contra eventuais bolsonaristas radicais é vista com desconfiança no Supremo, na Câmara e no Senado, já que o governador Ibaneis Rocha (MDB) é alinhado a Bolsonaro.

Bolsonaro pretende discursar pela manhã, em Brasília, e seguir com uma comitiva para fazer o mesmo em São Paulo, à tarde. Autoridades temem um ataque semelhante ao que ocorreu no Capitólio, nos EUA, e dizem que o principal anteparo só poderá ser feito pela PM comandada por Ibaneis.

Ibaneis assinou o decreto das promoções na semana passada. Agora, em vez de 53 promoções de policiais, em 2021, serão 2.495, de praças a oficiais, sem contar os bombeiros. A medida representa um incremento salarial de pelo menos R$ 200 a policiais já com a maior faixa de renda entre todas as unidades da Federação. Metade da tropa ganha pelo menos R$ 10,8 mil, segundo dados do Anuário Brasileiro da Segurança Pública.

Para a assinatura do decreto das promoções, Ibaneis reuniu secretários, deputados distritais e federais e até a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda. "Estive com os governadores e todos mostrando muita preocupação com os eventos do 7 de setembro que se anunciam muito difíceis. Eles estão preocupados com a insurreição das tropas. Eu disse de forma muito tranquila: aqui no DF não temos esse problema."

‘Demandas’

Presidente do Clube dos Bombeiros Militares do Distrito Federal, o subtenente Jair Dias minimizou a assinatura do decreto às vésperas dos atos de 7 de Setembro. "Acredito que ele (Ibaneis) alinhou o corpo técnico e as demandas da corporação", afirmou Dias. "A medida é vista pelos militares de uma forma muito positiva."

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do DF afirmou que realizar manifestação é direito "fundamental" expresso na Constituição. "Toda medida adotada pela Secretaria de Segurança Pública obedece à legislação, que visa assegurar o direito de manifestação e de reunião, a ordem pública e a segurança e integridade dos manifestantes e do patrimônio público." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Corregedoria da Polícia Militar montou uma operação para impedir a presença ilegal de policiais militares na Avenida Paulista durante a manifestação bolsonarista no 7 de Setembro. A direção do órgão determinou que todo o efetivo seja empregado na ação, que contará com os policiais que deveriam estar de folga e com os da área administrativa para "reforçar o patrulhamento disciplinar".

A decisão de fazer uma operação para impedir a presença de policiais fardados ou armados e integrantes da ativa da corporação nos atos foi informada anteontem ao Ministério Público estadual. Os promotores Marcel Del Bianco Cestaro e Giovana Ortolano Guerreiro, que atuam no Tribunal de Justiça Militar, pediram à corregedoria que informasse se estava fazendo "apurações de inteligência para detectar a participação de policiais militares da ativa nos atos convocados".

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A presença da policiais militares nos atos bolsonaristas - que pregam ruptura institucional, adoção do voto impresso e impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) - foi defendida por deputados alinhados ao presidente Jair Bolsonaro, como Coronel Tadeu (PSL) e Major Mecca (PSL), ambos oficiais da reserva da PM paulista. Em grupos de WhatsApp de policiais militares, foram compartilhadas mensagens sobre a vinda de quase uma centena de ônibus e vans para São Paulo.

Regulamento

No entendimento dos promotores e do procurador de Justiça Pedro Falabella, que atua no Tribunal de Justiça Militar, a presença dos policiais no ato bolsonarista é ilegal. De acordo com a análise deles, os parágrafos 3.º e 4.º do artigo 8.º do Regulamento Disciplinar da PM paulista vedam esse ato.

"É absolutamente proibido a militares da ativa a participação em manifestações políticas, bem como opinar sobre assunto político e externar pensamento e conceito ideológico", afirmou Falabella. Para o procurador, pode-se até discutir se o regulamento é justo ou não, mas não pode escolher se vai ou não cumpri-lo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), disse nesta sexta-feira que "não haverá nada no 7 de Setembro", minimizando os atos que estão sendo convocados por bolsonaristas para a data. Em evento promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Lira disse que o presidente Jair Bolsonaro é quem pauta o País, inclusive em relação a movimentos e manifestações previstos para o dia da comemoração da independência do Brasil.

"O presidente Bolsonaro, de uma maneira ou de outra, é quem pauta esse país. Certo ou errado, pautou com a situação do voto impresso e agora com 7 de Setembro. Nunca se falou tanto em 7 de Setembro na história do Brasil, pelo menos que eu me entendo como gente. A gente falava de 7 de Setembro organizando os desfiles das escolas municipais, estaduais e ia para a avenida para ver o Exército e a Polícia Militar desfilarem, mas só se fala em 7 de Setembro. O humor das bolsas dos mercados está na hipótese do 7 de Setembro. Pelo amor de Deus, não haverá nada no 7 de Setembro", disse Lira, ao lado dos presidentes do Banco Central, Roberto Campos Neto, e da Febraban, Isaac Sidney.

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"A gente tem que se esforçar para que os movimentos de rua aconteçam e sejam pacíficos grandes ou pequenos, isso é irrelevante. A gente tem trabalhado em Brasília para distensionar, diminuir, dirimir e exterminar com as versões", afirmou o presidente da Câmara. Lira disse ainda que o Brasil é "acostumado a solavancos" e que a antecipação do processo eleitoral "machuca o País". "Não cabe a qualquer político deixar de ser otimista ou tentar diminuir versões que são impostas".

O presidente Jair Bolsonaro, sem apoio do Exército para as manifestações do dia Sete de Setembro, Feriado da Independência, fez um aceno nesta quinta-feira (26) aos policiais militares do País e disse que agradece aos que estarão de serviço no dia. "Vocês são fantásticos nesses momentos", disse. Segundo o presidente, membros das forças de Segurança fazem parte dos protestos em sua defesa, o que, de acordo com Bolsonaro, tem garantido a ausência de pessoas infiltradas que causam desordem.

Durante transmissão semanal ao vivo, Bolsonaro afirmou que haverá uma grande manifestação pública fora do período eleitoral, fruto de movimento espontâneo da população. "Tenho certeza que tudo correrá muito bem. O que esse pessoal que nos apoia ou que tem pauta definida dentro da Constituição - é muito justo o que eles pedem: liberdade, democracia, garantia dos dispositivos - e eu queremos é paz e tranquilidade para vencermos as crises e botar o Brasil no caminho da prosperidade", disse Bolsonaro.

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"Meu norte é o que o povo quer. Não queremos nem trabalhamos por ruptura, nem sonhamos com isso. Agora, por outro lado, devemos obedecer e devemos lealdade ao povo", afirmou. Entre os apoiadores em protestos anteriores, houve faixas em apoio à eventual intervenção militar e ao fechamento do Congresso e do Supremo.

Na última semana, governadores e setores de inteligência da Segurança Pública têm apontado o risco de atos violentos nas manifestações de simpatizantes do presidente. Os líderes estaduais ainda mostram preocupação com a politização das forças de segurança. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afastou o coronel Aleksander Lacerda de suas funções após o policial convocar "amigos" para os protestos em desagravo ao governo federal. Ainda assim, afastou a possibilidade de um motim no Estado.

Eleições 2022

Durante a transmissão, Bolsonaro também reconheceu caráter eleitoral do movimento. "Muita gente vai estar falando sobre eleições. Nós queremos eleições. A eleição renova o quadro e traz esperança para todos", destacou. O presidente voltou pedir a adoção do voto impresso e com contagem pública. "Não é possível que o Datafolha diga que (Lula) tem 49% no primeiro turno e no segundo teria 60% para ganhar de quem fosse", disse o presidente citando como prova de fraude a realização de eventos presenciais. "No Nordeste, acho que o evento que mais juntou gente não tinha mais de 20 pessoas", argumentou Bolsonaro.

O Instituto Datafolha não é o único a apontar vantagem do petista caso as eleições fossem realizadas hoje. Pesquisas feitas pela XP Investimentos, banco Modalmais, banco Genial e consultoria Quaest, entre outras, também mostram vantagem de Lula.

Durante a live, Bolsonaro também reforçou críticas a membros da Justiça, e sugeriu, sem citar nomes, que há duas pessoas no Brasil ditando normas e impondo uma ditadura. Nas últimas semanas, Bolsonaro e os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, entraram em rota de colisão.

O presidente Jair Bolsonaro descartou, nesta quinta-feira, 26, que não haverá violência nos atos marcados por apoiadores para o próximo dia 7 de setembro, feriado da Independência, apesar das ameaças de desordem que foram divulgadas por governadores e por setores de inteligência policial. Durante a transmissão semanal pelas redes sociais, Bolsonaro disse que é simpático às manifestações e as manifestações são simpáticas a ele.

"Não tem violência. Está sendo marcado grande evento para o dia 7 de setembro. O pessoal vai pedir o quê? Liberdade, cumprimento de dispositivos constitucionais", disse Bolsonaro. "Pode ter certeza, não tem nada de violento. Se tiver, pode ter certeza que é gente infiltrada", destacou. Segundo Bolsonaro, ninguém vai instigar invasão, depredação, ou incêndios criminosos, a exemplo do que o presidente chamou de táticas "de esquerda".

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Nesta quinta-feira, lideranças da Oposição na Câmara, protocolaram pedido de convocação do ministro da Justiça, Anderson Torres, para que esclareça medidas da pasta para evitar a invasão de prédios públicos, em especial, da sede do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) durante os atos.

Após incentivar a população a se aglomerar em atos políticos espalhados pelo país no próximo dia 7 de setembro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) confirmou a participação nas manifestações em Brasília e São Paulo. Nesta quinta-feira (26), o mandatário defendeu que a movimentação não representa pressão por uma guerra civil.

Em entrevista à Rádio Jornal, Bolsonaro disse que espera por atos extremamente pacíficos e que o objetivo da mobilização em meio à pandemia seria por garantias constitucionais.

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"Não acredito em Guerra Civil, não provocamos e nem queremos isso daí. Nós lutamos por liberdade de imprensa. Nós lutamos para o cumprimento de todos os artigos previstos na nossa Constituição", afirmou.

Embora se mostre sensível à imprensa, 87 ataques do gestor a profissionais da informação foram registrados no primeiro semestre deste ano. O levantamento da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) aponta a disparada de 74% em relação ao mesmo período do ano passado.

Desafio aos políticos

Ainda sobre a manifestação do dia 7, acrescentou que se trata de “um movimento popular”, e que “nós devemos entender como normal".

A mobilização conservadora é representada como mais um ponto de tensão na crise institucional entre os Poderes. Com os manifestantes ao seu lado, o presidente desafiou representantes do Legislativo e do Executivo.

"Seria bom que os políticos de todo o Brasil compareçam a esses movimentos e usem a palavra para tranquilizar, para mostrar o que ele tá fazendo e o que pode fazer pela população", sugeriu.

Compromissos do dia 7

Bolsonaro também deu detalhes sobre sua agenda no dia da movimentação. Às 8h, ele vai participar da solenidade de hasteamento da bandeira, em Brasília. Depois vai atender rapidamente apoiadores na Esplanada e viaja para São Paulo, onde se comprometeu a fazer um pronunciamento por volta das 15h30 no evento na Avenida Paulista.

Após amenizar os indicativos de uma eventual ruptura institucional, o presidente deixou em aberto sua participação nas eleições de 2022. Depois de reiterar sua opinião sobre a fragilidade do voto no sistema eleitoral, ele disse que não sabe se vai disputar a reeleição.

Bolsonaro lembrou que sequer conseguiu um partido e complementou: "não vou dizer que vou disputar a reeleição, até lá tudo pode acontecer".

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (26), em entrevista à Rádio Jornal, que as manifestações em favor do governo previstas para o dia 7 de setembro terão como agenda "democracia e liberdade acima de tudo". A crescente politização das forças de segurança, sobretudo nas Polícias Militares, e a animosidade na relação entre os Poderes têm gerado temor de que haja tentativas de ruptura institucional durante esses atos.

Bolsonaro reafirmou o compromisso de comparecer ao ato na Avenida Paulista, em São Paulo, onde deverá discursar aos presentes. "Pretendo, sim, participar do evento na (Avenida) Paulista, onde devo chegar por volta das 15h30. E aí, sim, em um pronunciamento mais demorado, falar com a população, dar uma mensagem de esperança e também mostrar para o mundo o quanto o povo está preocupado com o seu futuro".

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O presidente disse que as manifestações devem ser consideradas "normais" e convocou políticos a saírem às ruas e a discursarem nos movimentos locais previstos para a data. O Ministério da Defesa cancelou o desfile militar realizado tradicionalmente no dia 7 de setembro em comemoração ao aniversário da independência do Brasil.

"É um movimento popular, nós devemos entendê-lo como normal. Quem não quiser apoiar é direito dele. Agora, ser contra um movimento que vem do povo, nós não podemos não pode negar isso daí. Não temos eleições este ano, então seria bom que políticos de todo o Brasil compareçam a esses movimentos e usem da palavra para tranquilizar, para mostrar o que ele está fazendo", afirmou Bolsonaro.

Reeleição

Bolsonaro reafirmou, na mesma entrevista, que não tem certeza se irá disputar a reeleição no pleito de 2022. Segundo o chefe do Executivo, até o ano que vem, "tudo pode acontecer". Bolsonaro, no entanto, pondera que parte da dúvida é sobre não ter uma legenda para o pleito. "Não consegui até o momento ter um partido para dizer que vamos disputar as eleições", declarou.

Apesar das incertezas, o presidente disse que já tem planos para a formação de um novo governo. De acordo com Bolsonaro, se disputar o pleito, seus interesses principais se referem à formação de uma bancada de senadores e de deputados federais. Já sobre governadores, o chefe do Executivo sinaliza interesse, mas pontuou que é "segundo plano". Desde o início da pandemia, Bolsonaro trava um conflito com os chefes estaduais sobre os rumos das medidas de contenção à Covid-19. Mesmo reconhecendo que precisa de aliados para o cargo no Executivo, Bolsonaro relembra que, nas eleições de 2018, "meu aliado foi o Brasil".

O presidente reiterou suas críticas à urna eletrônica e afirmou que, na exposição que fez em suas "lives" semanais, conseguiu provar que o sistema é frágil. Bolsonaro reforçou que seu desejo é por eleições "limpas e democráticas".

Apostando nas acusações contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e fraude nas urnas eletrônicas, Bolsonaro se posicionou sobre o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ), que foi alvo de uma ordem de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal na sexta-feira (20).

O chefe do Executivo reforçou que o deputado é aliado, mas não porta-voz, e defendeu que o parlamentar tem direito à liberdade de expressão. "Não acredito em guerra civil", disse. "Não provocamos nem queremos isso", esclareceu. Segundo Bolsonaro, no entanto, ele não pode se responsabilizar pelas opiniões emitidas pelo deputado, que está sendo processado por Alexandre de Moraes depois de ter xingado o ministro nas redes sociais, com impropérios como "lixo" e "esgoto".

A organização da campanha nacional 'Fora Bolsonaro' decidiu na noite desta quarta-feira (25) transferir o protesto contra o governo federal e o ato Grito dos Excluídos no feriado para o Vale do Anhangabaú, na região central de São Paulo. Com a decisão, os oposicionistas encerram uma disputa pelo uso da Avenida Paulista, onde está prevista uma manifestação no feriado favor do presidente Jair Bolsonaro e contra ministros do Supremo Tribunal Federal, inclusive com integrantes que defendem o fechamento da Corte.

"Achamos que não vale a pena continuar insistindo por fazer o ato na Paulista, porque aproxima o dia 7", afirma o coordenador nacional da Frente Brasil Popular, Raimundo Bonfim, um dos organizadores das marchas contra Bolsonaro. "Nós precisávamos tomar uma decisão política: ou ficávamos nessa intenção de continuar lutando pela Paulista ou mudávamos de local."

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Bonfim ressaltou o histórico de protestos no Vale Anhangabaú na década de 1980 pela Diretas Já, da qual ele mesmo participou quando jovem. "O Vale tem uma simbologia muito forte da luta pela democracia", disse.

Os organizadores agora devem marcar reuniões com a Prefeitura e órgãos de Segurança Pública para garantir a realização do ato sem risco de violência. Para o ato da Avenida Paulista, a favor de Bolsonaro, há convocação de caravanas de policiais militares e de apoiadores de várias regiões do País.

O comando do 11º Batalhão da Polícia Militar já havia indicado que a Avenida Paulista seria reservado a uma manifestação governista há dez dias, após a organização da campanha contra Bolsonaro comunicar que pretendia ocupar a avenida no mesmo dia. Na segunda-feira (23), a posição da PM foi confirmada pelo governador João Doria (PSDB) em entrevista ao programa Roda Vida, da TV Cultura.

Os manifestantes da oposição se irritaram após o governador dizer que os atos contra Bolsonaro se concentrariam no dia 12 de setembro. A coordenação da campanha ressaltou que o cancelamento dos atos contra Bolsonaro no dia 7 não foi cogitado, e que debate sobre o uso da Avenida Paulista não envolvia o protesto do dia 12.

"O dia nacional de mobilização está mantido (no dia 7), tínhamos impasse principalmente em São Paulo e em Brasília (em relação ao local do evento), onde os bolsonaristas estão convocando manifestação, mas nas outras cidades isso não existe e os protestos são organizados normalmente", diz o coordenador Josué Rocha, do Movimento de Trabalhadores Sem-Teto (MTST). "A posição do Doria, desde o primeiro momento, foi de negativa da nossa possibilidade de manifestação."

O Fórum dos Governadores do Nordeste se reuniu nesta quarta-feira (25) para discutir propostas conjuntas à região, ação que é periódica para a cúpula dos nove estados. Na ocasião, o grupo aproveitou para escrever uma carta pública em "conclamação à paz e à legalidade". Apesar de não citarem diretamente nenhum evento ao qual se opõem, os governadores deixaram claro, no documento, que as instituições estaduais "não participarão de qualquer ação que esteja fora da Constituição".

Com a aproximação do 7 de setembro, que será marcado por atos de governo e oposição ao presidente Jair Bolsonaro em todo o país, se entende com o posicionamento que as instituições de segurança e administração pública de todos os estados do Nordeste não irão aderir ao discurso de repúdio à Suprema Corte ou ao Tribunal Superior Eleitoral. Confira carta na íntegra:

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"Os governadores do Nordeste, reunidos em Natal (RN) nesta data, conclamam a sociedade e as instituições a uma atitude firme em defesa da legalidade e da paz. Somente assim o Brasil terá condições de combater a inflação, o desemprego e a pobreza, que crescem nos lares das famílias da nossa nação. Reafirmamos que as instituições estaduais cumprirão a missão de proteger a ordem pública e, por isso mesmo, não participarão de qualquer ação que esteja fora da Constituição. Não permitiremos que atos irresponsáveis tumultuem o Brasil".

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Ainda na reunião, os Executivos discutiram também a crise política e os danos econômicos à sociedade trazidos pela pandemia. Nesse sentido, apresentaram o programa Nordeste Acolhe, inspirado no Auxílio Cuidar, do Governo do Maranhão, e que deve prestar apoio aos que se tornaram órfãos nesse período.

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O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), determinou nesta segunda-feira, 23, o afastamento do chefe do Comando de Policiamento do Interior-7 da Polícia Militar de São Paulo, coronel Aleksander Lacerda. A decisão foi tomada após o Estadão revelar publicações do oficial em rede social com críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), insuflando a participação de "amigos" nas manifestações de 7 de Setembro, uma postura que tem se espalhado em ao menos seis Estados.

Em suas postagens, o oficial afirma que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), é "covarde", que Doria é uma "cepa indiana" e que o deputado Rodrigo Maia (RJ), recém-nomeado secretário de Projetos e Ações Estratégicas de São Paulo, é beneficiário de esquema "mafioso". "No Estado de São Paulo nós não teremos manifestações de policiais militares na ativa de ordem política", disse Doria ontem.

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A decisão de Doria é uma reação a algo que está longe de ser um caso isolado. Nas redes, proliferam as manifestações de policiais militares da ativa e da reserva, com chamamentos para que participem em massa da mobilização de 7 de Setembro.

A convocação parte de policiais de patentes variadas, em diferentes Estados, conforme levantamento do Estadão. Na internet, a mobilização dos oficiais e praças ainda é reforçada por deputados-PMs, que têm em integrantes das forças estaduais suas bases de apoio. Há pessoal da ativa e da reserva incentivando manifestações em São Paulo, Rio, Santa Catarina, Espírito Santo, Ceará e Paraíba.

A preocupação com os atos foi compartilhada na reunião que teve a participação de 25 governadores (mais informações na pág. A6). Na conversa, deixaram claro que não se trata de impedir a livre manifestação de expressão, direito garantido pela Constituição. Mas destacaram que o que tem marcado a organização dos atos é o caráter de apoio a uma ruptura institucional, com ameaças de invasão do Supremo Tribunal Federal e do Congresso. O medo de ruptura ligada às PMS faz parte do cenário traçado por oficiais-generais e ex-ministros da Defesa como Raul Jungmann, conforme revelou o Estadão.

A reportagem questionou a principal organização dos policiais, a Associação Nacional de Entidades Representativas de Policiais Militares e Bombeiros Militares, se tem orientado a participação nos atos. A instituição declarou que "ainda não deliberou". Haverá uma reunião na próxima quinta-feira, e o tema poderá ser tratado. Ao contrário de integrantes da ativa, homens da reserva podem participar de manifestações.

A adesão de militares a atos pró-Bolsonaro no Dia da Independência ligou o alerta de governadores. No Rio, Eduardo Da Silva Marques Junior, o sargento Da Silva, não comanda batalhões, mas se comunica com um grande contingente. Tem mais de 162 mil seguidores no Facebook. No domingo, Marques Junior, que é da ativa, publicou uma foto em que aparece fardado ao lado do presidente Jair Bolsonaro. "Soldados do Povo! Guerreiros por Natureza! 7 de Setembro será um grande dia! Milhões de cidadãos de bem de todas as regiões do Brasil estão com o senhor!", escreveu o policial, que tentou ser vereador do município de Belford Roxo (RJ) na eleição de 2020.

Questionada se a publicação não feria as normas de conduta da corporação, a PM do Rio não se manifestou até a conclusão desta edição. O policial não respondeu aos contatos.

Assembleias

Em Santa Catarina, o subtenente Rudinei Floriano preside o Inmetro desde o início do governo de Carlos Moisés (PSL), em janeiro de 2019. As atribuições na autarquia não o impediram de se manifestar politicamente nas redes, onde chama Bolsonaro de "mito" e ecoa críticas do presidente a ministros do Supremo. No Facebook, publicou vídeo de Bolsonaro convidando para a manifestação com os dizeres "7 de setembro eu vou" e "vai ser gigante". Floriano tomará posse como deputado estadual em virtude de um acordo político com o coronel Mocellin, que se licenciou da função. Floriano era o primeiro-suplente do PSL.

Protegidos pela imunidade parlamentar e livres dos limites do código de conduta das forças estaduais, deputados estaduais vêm convocando apoiadores. Na Paraíba, o cabo Gilberto Silva (PSL), recém-chegado ao Legislativo, é um deles. "Quem vai dia 7? Acabou a democracia. Temos que lutar pela nossa liberdade", publicou. "Faremos a maior manifestação da história deste país!", escreveu.

Na Assembleia do Espírito Santo, o capitão Assumção (PSL) é o principal representante do bolsonarismo. Ele tem usado as redes sociais para convocar apoiadores para uma manifestação no dia 7 que terá como bandeiras a volta do voto impresso e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF. "Chegou a hora do basta!", postou o capitão.

Em Santa Catarina, o deputado Sargento Lima (PSL) também tem pedido para que seus apoiadores compareçam. "Chamar de gado é fácil. Difícil vai ser aguentar o estouro da boiada. Vai ser gigante em SC." Questionados se, ao convocarem para manifestações, também pedem para que militares da ativa compareçam, os deputados-PMs não responderam.

Na cúpula das PMs, o incentivo à manifestação em favor do presidente por parte de militares da ativa é visto como pontual. "Dentro de um cenário nacional, há uma sinalização para a generalização desses posicionamentos", disse ao Estadão o coronel Euller Chaves, presidente do Conselho Nacional de Comandantes-Gerais das Pms. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) descartou a possibilidade de maiores problemas acontecerem em decorrência ou durante os atos marcados para o próximo 7 de setembro. Eleitores bolsonaristas de todo o país têm alimentado uma discussão inflamada nas redes sociais, fazendo ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF), Câmara dos Deputados e Senado. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) confirmou presença nas manifestações em Brasília e em São Paulo. Segundo o mandatário, não é mais possível ficar “inerte” diante da conduta “parcial” da Corte.

Em contrapartida, o vice minimizou os atos: “Isso aí tudo é fogo de palha. Zero preocupação”, disse Mourão nesta segunda-feira (23), em seu gabinete.

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Neste final de semana, Aleksander Lacerda, chefe do Comando de Policiamento do Interior-7 da Polícia Militar de São Paulo (PMSP), gravou vídeo convocando “amigos” para manifestação a favor de Bolsonaro. Na gravação, ele ofende o presidente do Senado, o governador João Doria e ministros do STF. Após a repercussão do caso, Aleksander foi afastado do cargo.

Sobre o episódio, Mourão pontuou que qualquer pronunciamento de caráter político está sujeito ao regulamento disciplinar da PM. Uma reunião do comando-geral da PM foi convocada para às 10h30 desta segunda-feira (23) e pode determinar outras punições a Lacerda.

Os organizadores de novas manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro, marcadas para hoje, registraram um aumento no número de atos nos Estados após a ameaça do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, de que não haverá eleições caso o voto impresso não seja adotado no País.

A decisão do presidente de entregar o comando da Casa Civil para o senador Ciro Nogueira (PP-PI), principal expoente do Centrão, também impulsionou o movimento.

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Segundo Raimundo Bonfim, líder da Central de Movimentos Populares (CMP) e um dos principais líderes das manifestações, foram agendados 123 novos atos pelo Brasil nas 24 horas seguintes à divulgação das ameaças e o acerto com o Centrão. Ao todo, os organizadores contabilizam 426 eventos marcados em todos os Estados. O recorde até agora foi no dia 19, com 457 atos registrados.

"Mais um motivo para lotarmos as ruas no sábado! O Ministro da Defesa Walter Braga Netto fez um ameaça dizendo que se não houver voto impresso, não haverá eleições em 2022. Nosso país não pode seguir nas mãos de quem ameaça a democracia. #24JForaBolsonaro", escreveu no Twitter a ex-deputada Manuela D’Ávila, do PCdoB.

Segundo Bonfim, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), estará no centro dos protestos de hoje, já que só ele tem a prerrogativa de aceitar um dos pedidos de impeachment que foram protocolados na Câmara.

A principal manifestação será na Avenida Paulista, onde 11 carros de som estarão distribuídos.

Uma das preocupações dos organizadores é que eventuais atos isolados de violência contaminem as manifestações. No último dia 19, militantes do Partido da Causa Operária (PCO) agrediram integrantes do PSDB.

Líderes sindicais e partidários pediram ao PCO que controle seus simpatizantes. "Nós fechamos questão no diretório municipal e vamos estar na Avenida Paulista. O movimento contra o Bolsonaro cresceu nas bases do partido. O PCO pode ser retirado dos atos se cometer atos de violência", afirmou o presidente do PSDB da capital, Fernando Alfredo. Os membros do PSDB estarão em um carro de som junto com partidos e movimentos sociais de esquerda. Para tentar evitar atos violentos, os organizadores decidiram abreviar as falas nos carros de som e antecipar a caminhada entre a Avenida Paulista e Praça Roosevelt. Dessa forma, o evento deve terminar antes de anoitecer, o que ajudaria a inibir atos de vandalismo.

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