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No início da tarde deste domingo (17), a Avenida de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife foi tomada pelas bandeiras do arco-íris, durante a 16ª Parada da Diversidade do Recife. Com o tema ‘Por cidades diversas, nenhum direito a menos', o evento reuniu cerca de 500 mil pessoas na orla da praia, de acordo com a organização do evento. A concentração da festa teve início no Parque Dona Lindu, com apresentações de dança e shows.
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Muita dança, música e performances artísticas marcaram a passagem da Parada da Diversidade pela capital pernambucana. Dezenas de artistas locais e de outros estados se apresentaram no evento. Atrações mais esperadas da tarde, as cantoras Valesca Popuzuda e Karol Conka cantaram no trio do aplicativo Uber e animaram o público.
O evento faz parte da programação do Setembro da Diversidade, que envolve debates com participação do Ministério Público e do Centro de Combate à homofobia. Neste ano, o tema faz uma alusão à busca por espaços públicos mais inclusivos e sem homofobia. De acordo com Thiago Rocha, um dos coordenadores do Fórum LGBT de Pernambuco, o principal desafio da parada é trazer um público em massa para dar mais visibilidade aos LGBTs.
“A gente milita o ano inteiro em várias pautas e na construção de políticas públicas em diversos setores na gestão municipal e estadual. Com a parada, a gente espera resultados positivos e mais aceitação. O uso da cidade é para ser democrático, mas muitas vezes, nós LGBTs, não nos sentimos empoderados para utilizar a cidade da forma que queremos usar. Sermos nós mesmos, trocar afeto e carinho. Muitas vezes fico sem poder demonstrar esse carinho por medo de repressão”, explicou.
Quem também participou da abertura da Parada da Diversidade foi a secretária de Cultura do Recife, Leda Alves. Para ela, apesar de todo discurso conservador que tem se espalhado pelo Brasil, o panorâma geral é de muita luta e resistência. “Temos a cada minuto uma conscientização e uma condição de reação a essa massa de lama que está invadindo o Brasil. A realização desse ato é um indício que a luta dos LGBTs continua e eles não estão dando tréguas às dificuldades. Estão no caminho certo. Estamos contra todas as desigualdades e preconceito”, disse.
Nesta 16ª Parada da Diversidade do Recife, as drag queens tomaram a atenção principal do evento. Eram muitas. Coloridas e com diferentes estilos. Apesar das todas as dificuldades enfrentadas, envolvendo preconceito e falta de representatividade, as artistas marcaram presença no evento e muitas apontaram para o maior reconhecimento por causa do sucesso da cantora Pabllo Vittar.
Para Bárbara Raquel, de 27 anos, que é drag queen há oito anos, Pabllo Vittar é um ícone. Por isso, ela decidiu preparar um cover especial da cantora para a Parada da Diversidade de 2017. “Esse ano me montei dela porque eu sou muito fã. Pabllo representa todas as transformistas do Brasil. Antes, muitas pessoas nos desprezavam e hoje já nos olham diferente. A população está mais liberta e isso faz com que as drags também se aceitem mais”, comentou.
Sua presença na Parada já é tida como certa há onze anos. Bárbara Evellym, drag queen há quase 30 anos, elogiou a celebração e garantiu participar do evento em 2018. "Acho que hoje em dia as drags se sentem mais livre para se travestir. Fico feliz com esse sucesso, mas também enxergo que temos muito para trilhar ainda. Com a Pabllo Vittar no auge, nossa visibilidade aumentou mas em partes acho ela uma artista vulgar e não me interesso muito pela sua perfomance", avaliou.
A estagiária Janaína Maria, de 21 anos, escolheu vir pela primeira vez na Parada da Diversidade este ano. Ela conta que é lésbica, mas não tinha coragem de participar do evento em outros anos. “Hoje é um dia muito importante. Eu acho que sobretudo é mostrar que a gente é igual, não é porque a gente é lésbica ou gay que somos diferentes. Como mulher, também sofro assédio por ser homossexual. Os homens não aceitam a gente querer alguém do mesmo sexo e por isso, aproveito esse evento de hoje para ter voz”, explicou.
Também pela primeira vez na Parada, o turista José Nóbrega, de 61 anos, veio com os amigos de Fortaleza para curtir o evento no Recife. Nóbrega disse estar curtindo a festa, mas comentou que alguns participantes não tratam a Parada com tanto respeito. “Acho que muitos que ví hoje vieram sem roupa e sabemos que tem crianças e moradores nos arredores. Também temos que nos dar o respeito para sermos respeitados pelos heterossexuais”, afirmou.
Os dez trios elétricos saíram do Parque Dona Lindu e seguiram até a esquina com a Rua Padre Bernardino Pessoa, no 1º Jardim, no bairro de Boa Viagem.