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A banda pernambucana Café Preto se prepara para um momento importante em sua carreira. O grupo, liderado por Cannibal Santos - vocalista e baixista da Devotos -, faz o lançamento do seu segundo disco, Oferenda, no palco do Teatro de Santa Isabel, na próxima sexta (25), dentro da programação do Janeiro de Grandes Espetáculos (JGE). Na ocasião, Cannibal também recebe os fãs para uma noite de autógrafos do livro ‘Música para o povo que não ouve’, lançado em 2018.

Pisar no palco do Santa Isabel não é novidade para Cannibal, porém, esta será a primeira vez que o músico apresenta ali um projeto seu. Para ele, artista periférico, esse não será apenas mais um show, mas sim uma oportunidade de, além de alcançar novos públicos, fazer o que tem feito de melhor durante sua trajetória, representar os seus.

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“Tocar num teatro daquele, é pra mim uma satisfação muito forte e grande; é o reconhecimento do nosso trabalho. Eu digo isso como se estivesse mesmo representando minha comunidade, representando não só o Alto (José do Pinho),  mas todos os artistas de comunidade, independente de seu estilo de música”, disse em entrevista exclusiva ao LeiaJá.

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Na lida há pouco mais de 30 anos, juntando o trabalho da Devotos com a Café Preto, o baixista e vocalista entende o que é defender uma arte que enfrenta barreiras grandes para escoar: “A gente sabe a dificuldade que é para as pessoas valorizarem a música da periferia, da comunidade, da Zona da Mata. As pessoas bebem muito da fonte, mas valorizar é muito difícil. É uma resistência, queira ou não; quem faz cultura, música, é uma resistência muito forte, principalmente quando faz música autoral”.

Para o show da próxima sexta (25), a Café Preto promete um verdadeiro espetáculo. A noite conta com convidados especiais, como o Maestro Spok, Flaira Ferro, o poeta Miró, Lucas dos Prazeres e o rapper Zé Brown. Todos (com exceção de Flaira), participam de Oferenda, que já está disponível nas plataformas de streaming e em fevereiro chega na versão vinil. O show também vai virar um DVD, realizado com apoio da TV Viva, Aeso e outros “amigos”. “É uma mistura de amigos que estão afim de apoiar, ajudar para que o negócio saia e fique bem bonitão, e é o que vai ficar”. Bem no estilo da ‘comunidade’, onde geralmente, todos se dão as mãos.

Sessão de autógrafos

Cannibal vai aproveitar a noite de celebração para fazer uma sessão de autógrafos do livro Música para o povo que não ouve, lançado em setembro de 2018. A publicação traz a transcrição das músicas da banda Devotos, primeiro projeto do músico, com comentários e fotos.

Serviço

Café Preto lança ‘Oferenda’

Sexta (25) | 19h

Teatro de Santa Isabel (Praça da República, s/n - Santo Antônio)

R$ 40

 

No campo artístico há um debate antigo que divide a funcionalidade da arte na sociedade em basicamente dois eixos: a arte engajada e a dita 'arte pela arte'. No Recife, celeiro cultural do Brasil e uma cidade historicamente envolvida em revoluções sociais, o assunto voltou à tona no meio artístico por conta de recentes movimentos, a exemplo do Ocupe Estelita, que fazem uso das intervenções artísticas de forma mais politizada.

Mas o que os artistas da cena pensam a respeito? Se de um lado há quem defenda o uso da arte engajada, do outro existem os que não necessariamente buscam um aspecto politizado para levar seu trabalho adiante.

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Antes de entrar nesta discussão, vale a pena relembrar fatos históricos que contextualizam o assunto. Tatiana Ferraz, professora de História da Arte da Faculdade ASCES, comenta sobre quando se começou a separar a arte através destes eixos. “A divisão de pensamento entre arte engajada e arte pela arte surgiu com força no período das revoluções industriais (XVIII) e das vanguardas modernistas. Uma época na qual os movimentos artísticos buscavam a originalidade e a questão do consumo começou a interferir na própria arte. Neste sentido, pensadores como Ferreira Gullar, Walter Zanini, Adorno e Canclini deram grandes contribuições para este tema”, comenta a professora.

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A dualidade nas artes cênicas

De acordo com o pesquisador Leidson Ferraz, autor de várias obras sobre o teatro pernambucano, essa é uma discussão mais complexa do que parece. “É muito dito que a arte pela arte é algo que não tem engajamento. Eu não entendo dessa forma. Para mim, qualquer arte é uma atitude política, pensada”, opina Leidson Ferraz.

“Por outro lado, no sentido de se ter uma arte mais engajada, na Região Metropolitana do Recife quem começou com essa proposta foi o grupo Ponta de Rua (1978), de Olinda, que tinha uma linguagem atrelada ao teatro de rua. Em 1979, o grupo Teimosinho (1976), de Brasília Teimosa, também passou a atuar no teatro de rua e levava ao público assuntos como habitação e segurança. No ano seguinte, em 1980, surgiu o grupo Vem Cá Vem Ver, de Casa Amarela, com a mesma pegada. Para mim os grupos de teatro de rua é que são dotados dessa linguagem politizadora, pois tratam de assuntos como homoafetividade, igualdade de gênero e trabalho infantil, entre outros”, explica o pesquisador.

Grupo de teatro de rua do Recife, o Boi D’Loucos tem acompanhado os recentes protestos na capital pernambucana, como o Ocupe Estelita e o realizado em prol do Teatro do Parque, mas prefere se manter no silêncio diante do cenário. “Acho que são muito importantes as manifestações culturais nos protestos, mas a gente percebe que tem muitos partidos e políticos que estão se aproveitando dessas histórias. Acho que temos que ter cuidado e é por isso que o Boi D’Loucos está à margem disso. Não queremos servir de trampolim para esse pessoal”, explica Carlos Amorim, ator e representante do grupo teatral.

“Nossa proposta é a arte pela arte, e nossa missão é levar entretenimento para as pessoas. Mas o Boi D’Loucos é engajado politicamente. Participamos de uma associação de bois daqui do Estado, somos ligados às artes cênicas e, no meu caso, sou diretor do conselho fiscal do Sindicato dos Artistas de Pernambuco. Estamos bem antenados”, comenta o ator.

E quanto à música?

O cantor e compositor Cannibal, das bandas Devotos e Café Preto, tem uma opinião que flerta com os dois caminhos da arte. “A parada do Devotos sempre foi fazer música com cunho social. A banda surgiu pra falar da falta de saneamento, segurança e outros descasos no Alto Zé do Pinho por parte do poder público. Já o lance da Café Preto, que é um projeto meu e tem muito do meu sangue, segue um pouco essa linha. A música Oferenda trata disso, quando eu canto ‘Lixo na favela/ Cada esquina uma pedra/ mas tem uma flor”, comenta Cannibal.

No entanto, o músico diz não ter preferência por arte engajada ou aquela preocupada apenas com questões estéticas. “Ninguém é obrigado a misturar cultura com temas sociais, ou ser totalmente engajado. Cada pessoa faz o que quer. Quando eu posso ajudar, eu ajudo. Mas também só faço o que eu estou afim de fazer. O movimento no Ocupe Estelita é parecido com o Alto Zé do Pinho. A gente não tem área de lazer, a segurança é precária, e socialmente falando são duas regiões bem parecidas. Acho que por isso que eu sou envolvido com essa história.”, explica o cantor.

Vocalista do Mundo Livre S/A, banda marcada pelas letras politizadas, Fred 04 acredita que quem faz arte ativista tem que ter mais coragem e talvez mais talento. “É difícil fazer uma canção como Mulheres de Atenas ou Cálice, que atravessaram as gerações sem perder o significado. São músicas feitas num ambiente altamente repressivo. Falo que é preciso coragem porque queira ou não existe um falso consenso de que vivemos uma liberdade, e isso é uma ilusão”, opina o cantor pernambucano.

No entanto, 04 também defende os que fazem a arte puramente estética. “Eu tenho uma formação que vem de um ativismo da época da universidade, e lógico que isso naturalmente estaria presente na minha música. Mas cada um tem a sua verdade. Acho que existem compositores e artistas que tem personalidades mais ativistas e tem outros com tendência natural ao entretenimento. E faz muito bem aquilo, até porque cumpre uma função na sociedade”, comenta o cantor do Mundo Livre S/A.

Nome de destaque da Cena Beto, novo movimento musical do Recife, Juvenil Silva tem uma opinião mais individual sobre o debate acerca do valor artístico. “Acho que a arte não tem que se prender a qualquer coisa. O artista tem que ser um espelho e mostrar a sua vivência, e meu jeito de fazer é assim. Não me prendo a nenhum movimento. Eu simplesmente falo o que vem na minha cabeça. Mas é muito difícil viver de arte aqui no Recife. Não sigo isso de arte pela arte porque tenho que pagar minhas contas e encaro isso como um modo de viver”, declara o músico. 

Arte visual engajada ou estética?

O artista plástico recifense Paulo Bruscky trata das fronteiras entre as linguagens artísticas desde o fim da década de 1960. E aparentemente o assunto sobre a funcionalidade de arte na sociedade chama a sua atenção. Na foto de perfil da fanpage de Bruscky no Facebook, ele aparece segurando um papel com os dizeres ‘o que é a arte? Para que serve?’.

“Acho que o artista expressa o que sente. Você primeiro tem que conhecer sua aldeia para depois conhecer o mundo. Acho que arte é transformação, é expor a fratura exposta da sociedade. A arte é a última esperança. É a denúncia, embora ela seja uma utopia. Não existe arte pela arte apenas. O artista é um ser social e só o fato de o ser é por si só um ato político”, declama Paulo Bruscky.

Também artista plástico do Recife, Raul Córdula, por sua vez, é mais ligado ao diálogo com a arte pop e ao abstracionismo geométrico, mas como crítico de arte ele acredita que o limite entre arte pela arte versus arte engajada não pode ser definido. “Hoje eu tenho a tendência de pensar que 'arte pela arte' é a arte comercial, feita para enfeitar os ambientes. Esta é uma colocação simplista porque a construção artística é não ficar imóvel diante da emoção, e isso não se classifica. O que voga é o que você está fazendo. Não ‘como’, mas ‘o quê’. O artista e seu produto é algo original. Ele cria um pensamento novo. Eu mesmo faço arte engajada. A obra País da Saudade (1981), por exemplo, foi feito em plena ditadura militar e contava a saudade que amigos exilados tinham do Brasil”, diz Córdula.

Raul Córdula recebe prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Arte

Um dos representantes do grafitti pernambucano mundo afora, Derlon Almeida acredita ser difícil julgar uma intervenção artística simplesmente como ‘arte pela arte’. “Eu não venho nenhum trabalho sem engajamento, pois todo o processo criativo passa por uma busca, uma informação a ser passada. Meu trabalho, por exemplo, tem uma referência social indireta, não tão agressiva como uma arte engajada, mas ela surgiu a partir de uma pesquisa que fiz, com referências no grafitti, uma linguagem nascida como forma de protesto. Ou seja, indiretamente e naturalmente ela tem cunho social”, comenta Derlon.

Eles são os Picassos do futuro?

Para ele, o grafitti está intimamente ligado a uma arte mais engajada. “Mesmo que o artista que faz grafitti, no momento da ação, não tenha o intuito de fazer algo engajado, ele mantém viva uma história e a continuidade de um trabalho que não morreu, uma linguagem não autorizada. Só o fato de você ocupar um espaço público com uma forma de comunicação é um ato politicamente engajado”, insiste Derlon.

A Prefeitura do Recife divulgou nesta segunda-feira (25) a programação do Ciclo Natalino 2013, período que começa oficialmente a partir do dia 7 de dezembro, às 19h, no Cais da Alfândega, quando a decoração de natal será inaugurada. Neste ano serão 30 polos, entre oficiais e comunitários, espalhados em vários bairros da cidade e que recebem mais de 200 apresentações até o dia 6 de janeiro do ano que vem.

Na programação divulgada pela Prefeitura, que contempla também os shows do Réveillon do Recife, estão artistas como Reginaldo Rossi, Elba Ramalho, Titãs, Maciel Salú, Lia de Itamaracá, Caju e Castanha, Antúlio Madureira, Josildo Sá, Isaar, Karynna Spinelli, Ska Maria Pastora e Café Preto. 

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Durante a abertura do Ciclo Natalino, no dia 7 de dezembro, será inaugurada a decoração de natal que leva o tema A Natureza ilumina o Recife e está em 21 regiões da cidade. Neste dia a Banda Sinfônica da Cidade do Recife, o Coral Edgard Moraes e o Grupo SaGrama fazem as apresentações culturais da noite, em frente à árvore de natal de 22,5 metros de altura instalada no Cais do Alfândega. Já no Parque da Jaqueira, a partir das 20h, pastoris, corais e orquestras dão o tom musical da noite.

Quem quiser poderá participar também do projeto Ciclofaixa Noturna do Bem, que vai ligar o Parque da Jaqueira, na Zona Norte do Recife, ao Cais da Alfândega, no Bairro do Recife, num percurso de 6,3 quilômetros de ciclofaixa e funcionamento das 20h do dia 7 de dezembro à 1h do dia 8.

Haverá também, entre os dias 22 e 25 de dezembro, o tradicional espetáculo “O Baile do Menino Deus, no Marco Zero. A obra de Ronaldo Correia de Brito, Assis Lima e Antônio Madureira celebra 30 anos de existência em 2013.

A homenagem do ciclo ficou reservada para uma das mais antigas manifestações populares do Ciclo Natalino do Recife, o Presépio dos Irmãos Valença, espetáculo encenado pela primeira vez no ano de 1865, na Madalena. A encenação do Presépio conta com a participação de 18 personagens, entre Pastoras, Anjo, Nossa Senhora, São José, Cigana e Monge.

Conheça os polos do Ciclo Natalino

Polos Oficiais (14): Brasília Teimosa, Cais da Alfândega, Chão de Estrelas, Coque/Joana Bezerra, Ibura, Lagoa do Araçá, Morro da Conceição, Mustardinha, Parque Dona Lindu, Pátio de São Pedro, Praça do Arsenal, Praça de Boa Viagem, Praça da Várzea e Sítio Trindade. (Confira as datas e as atrações na grade de programação)

Polos Comunitários (16): Água Fria, Barro, Bola na Rede, Bomba do Hemetério, Bongi, Campo Grande, Engenho do Meio, Estância, Ipsep, Iputinga, Jardim São Paulo, Jordão, Mangabeira, Peixinhos, Santa Terezinha e UR7. 

 

Gravado pelos alunos da Faculdade Aeso Barros Melo, a banda Café Preto lança nesta segunda (19), às 20h, no Cinema São Luiz, no Bairro da Boa Vista o videoclipe da canção Dandara. Após a exibição, Cannibal, Bruno Pedrosa e Pi-R farão um show gratuito dentro do cinema. 

Assinado pelo diretor do curso de cinema, Leo Castro, o clipe Dandara (interpretada pela atriz Gisele Silgom) conta a história de uma musa da cor do ébano que é artista de tecido acrobático. A canção de amor ganha vida com registro dos músicos em locações da cidade como o alto das Torres Gêmeas, o centro do Recife e a Avenida Brasília Formosa.

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No show, a banda irá mostrar as oito canções que compõem a obra, além de outras que foram incorporadas às apresentações como Preciso me Encontrar (Imortalizada na voz de Cartola) e O Samba, de autoria da banda Nanica Papaya, do Alto José do Pinho. No evento, o grupo estará vendendo seu disco no valor promocional de R$ 10. 

Serviço

Lançamento do clipe Dandara + Show do Café Preto

Segunda (19) l 20h 

Cinema São Luiz (Rua da Aurora, 175 -Boa Vista)

Gratuito

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Em época de fim de mundo, sempre há tempo para festejar e ouvir boa música. Brincando com as previsões catastróficas acerca do dia 21 de dezembro de 2012, a festa Apocalypse Now trouxe para o Recife os jamaicanos do Easy Star All Stars, referência mundial em dub. A noite ainda contou com shows das bandas pernambucanas Mundo Livre S/A e Café Preto, além da discotecagem de Buguinha Dub entre as atrações.

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Começando os shows da noite, a banda Café Preto tocou seu repertório autoral. O grupo encabeçado pelo líder da banda Devotos, Cannibal, tocou as canções do seu primeiro disco, lançado recentemente. A história da Café Preto se encontra com as da atração principal da noite, o Easy Star All Stars: Victor Rice, produtor da banda jamaicana, mixou o disco dos pernambucanos. "A ideia inicial da Café Preto já era fazer um trabalho calcado no dub e no reggae", contou Cannibal ao LeiaJá. A apresentação contou com a participação especial do rapper Zé Brown.

Em seguida, a Mundo Livre S/A subiu ao palco. O vocalista Fred 04 iniciou o show avisando que a banda faria uma homenagem "A um cara que adorava reggae, dub, música jamaicana: Chico Science". Em seguida, a MLSA tocou em primeira mão a versão feita pelo grupo para a música Rios, Pontes e overdrives, de Chico Science & Nação Zumbi. A versão acelerada, com pegada punk, agitou o público. "Vamos aproveitar o show para fazer imagens do próximo clipe da banda", avisou Fred 04 o LeiaJá antes de entrar no palco.

As músicas da Nação Zumbi estão integradas ao reperório da Mundo Livre por conta de um projeto em que as duas bandas trocam seus repertórios e dividem um disco, ainda a ser lançado. Mesmo destoando da sonoridade do reggae e do dub, dominantes no evento, a Mundo Livre SA conseguiu animar o público principalmente com músicas do disco mais recente, Novas lendas da etnia Toshi Babaa. Mas sempre há espaço para canções como Musa da Ilha Grande, Meu Esquema e Bolo de Ameixa. 

A Easy Star All Stars entrou quando já passavam das duas da manhã, e agradou desde o primeiro acorde. Mesclando músicas de diferentes discos, o grupo jamaicano manteve o ânimo durante o show e não decepcionou os recifenses que encheram a casa de show para assistir a apresentação.  

Formada para ser a banda de apoio da gravadora Easy Star, a banda ganhou fama mundial ao criar releituras dub para discos clássicos da música pop mundial. A jornada começou com Dub Side of the Moon, versão de The Dark Side of the Moon, do Pink Floyd. Em seguida, o grupo lançou Radiodread, baseado na obra da banda Radiohead e o álbum Easy Star’s Lonely Hearts Dub Band, com o repertório do clássico Sargent Pepper’s Lonely Hearts Club Band, dos Beatles.

Entre os momentos de maior participação do público está a hora em que a banda tocou Time, do Pink Floyd. Com algumas frases em português, os jamaicanos se comunicaram com o público de forma simples e direta. E o que se viu foi muita gente dançando e até cantando junto com o Easy Star All Stars. O contraponto foi a demora para o início do show, que fez com que algumas pessoas comessasse a ir embora antes da apresentação terminar.

A véspera do feriado no Baile Perfumado entra em clima de lançamento com o ex-titã Nando Reis, que apresenta para o público recifense o seu novo disco lançado há um mês, intitulado Sei. Gravado em Seattle com os Infernais e produzido por Jack Endino - responsável por produzir bandas como Nirvana e Soundgarden - Sei traz 15 faixas, todas inéditas, entre elas O que eu só vejo em você, Eu a Bispa e Back to Vânia. Há três anos Nando não grava músicas novas. O público também pode esperar canções da época dos Titãs.

Quem abre a noite é a banda Café Preto, projeto de reggae de Cannibal da Devotos. O grupo, encabeçado pelo filho do Alto José do Pinho, Brundo Pedrosa e Pi-R, que são acompanhados no palco pelos músicos Eric Gabinio (baixo), Marcus Antonio (guitarra) e Mércio Marley  (bateria), apresenta o show do CD homônimo lançado este ano, que traz oito faixas. Bebendo da fonte do reggae roots jamaicano, os pernambucanos prometem animar o público com sonoridades de dub e ragga. Nos intervalos, o DJ Macguyver é quem comanda a festa. Os ingressos custam R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia).

Serviço

Nando Reis, Café Preto e DJ Macguyver

Quinta-feira (1), 22h

Baile Perfumado (Rua Carlos Gomes, 390, Prado - ao lado do Jockey Club)

Informações: (81) 3441 1241

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Nesta quinta (30), estreia nos palcos uma nova banda recifense. Pensada por Cannibal (da Devotos) para ser, a princípio, apenas um disco, a Café Preto acabou ganhando vida própria e se transformando em uma banda completa, que toca ao vivo pela primeira vez após cinco anos de maturação. Em conversa com o LeiaJá, Cannibal e o DJ Bruno Pedrosa – cabeças do projeto – falam do longo processo de preparação do projeto, das influências sonoras, do encontro entre os dois que gerou a banda e da expectativa para o primeiro show da Café Preto, que acontece hoje (30), no UK Pub.

Cannibal, quando surgiu em você a vontade de fazer um trabalho tendo o reggae como fio condutor da sonoridade?Cannibal

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Cannibal – Eu queria fazer uma parada minha, que eu não precisasse colocar na Devotos, e tenho muitas letras que nunca foram usadas. A maioria são letras que falam de coisas minhas, não é uma coisa social e tal, apesar de ter isso no meio também. Eu já escutava muito reggae e dub, e pensei que queria montar uma banda desses estilos para cantar, por que na Nanica Papaya eu toco baixo, mas quem canta é André (Dark). E quem escreve sabe que você cantando suas músicas é outra história... E nunca fui bitolado com nada, com ritmo nenhum, apesar de gostar de punk rock, sempre gostei de reggae, de samba. Eu costumo dizer que o Alto José do Pinho é uma rádio ligada em várias estações, você escuta de tudo. E eu nasci no Alto, é praticamente impossível o cara ser de lá e ter uma visão direcionada para apenas um estilo de música, porque tem de tudo ali: maracatu, afoxé, brega, hip-hop, reggae, hardcore, punk rock. E eu queria escrever outras coisas, musicar minhas letras que já estavam há muito tempo guardadas. Aí eu encontrei o Bruno Pedrosa na cidade e falei pra ele bem rápido que estava afim de umas bases para um projeto novo de dub e reggae, que tinha letras antigas minhas que queria musicar e ele falou que topava. Quando ele me deu as bases, deu vontade de escrever tudo de novo. Aí escrevi tudinho de novo, menos uma das letras, que é um poema do Poeta Ariosvaldo, de Peixinhos. E as letras antigas estão todas lá guardadas de novo (risos). Sempre no pensamento de falar mais de mim, de coisas mais sentimentais, mas tenho uma coisa muito forte em mim que é a parada social, então se vê muito disso na Café Preto também, isso é uma coisa que está no meu sangue, não vou conseguir fugir disso nunca. A intenção de fazer a Café Preto é tocar um estilo de música que eu sempre curti e que eu posso cantar. Eu estava afim de cantar reggae e dub e fui fazer. Mas a gente conseguiu ter uma identidade na Café Preto, de não ser uma coisa direcionada.

O reggae, tradicionalmente, não tem a figura do DJ ou programador. Já o dub é uma música processada, com efeitos. Bruno, como DJ e produtor, onde você foi buscar referências para construir a sonoridade das bases da Café Preto? 

Bruno Pedrosa – Quando encontrei Cannibal no Recife e ele fez o convite, ele queria a princípio que fosse apenas nós dois. Era um pouco a ideia do soundsystem, das bases e voz. Mas eu não sou músico, sou DJ e produtor, então na minha cabeça tinha que ter várias participações de músicos ali, e foi o que aconteceu. A gente tem Areia e Fred 04, da Mundo Livre S/A, Berna Vieira, Marcelo Campello – que na época era da Mombojó –, Ras Bernardo, Zé Bronw, Públius. Vários músicos com os quais eu pude gravar, editar e usar da forma que quisesse. Em relação às bases, eu não sou de nenhum gueto musical, muita gente acha que, para fazer a Café Preto com Cannibal eu teria que ter dreadlocks, ser rastafári e ser da cultura reggae, e eu nunca fui, eu sou DJ e sou da música. Na hora em que fui pensar os loops para a Café Preto, fui ouvir música. Voltei a ouvir coisas como Massive Atack, jazz, muito hip-hop da velha guarda e, obviamente, muito reggae. E o dub é um gênero que pode ser definido como uma música feita em estúdio. É uma música feita por um engenheiro de som dentro de um estúdio. Não foi difícil fazer, olhando por esse ponto de vista, porque Cannibal não me pediu pra fazer um disco de reggae ortodoxo, ele pediu pra fazer música. Então pude samplear Secos e Molhados, Velvet Underground, coisas de jazz, de reggae, tem uma infinidade de coisas que, trabalhadas, viraram a música da Café Preto.

Como foi o processo de encontrar os músicos para formar a banda?

Cannibal – A princípio eu não pensei nem em fazer show, pensei só em fazer a música. Queria pegar minhas letras guardadas, musicar e pronto. Quando a coisa ficou pronta é que a gente começou a conversar sobre isso. A galera perguntava quando ia ter show e eu fui me instigando. Nos três primeiros ensaios, em que estávamos apenas eu, Bruno e (o tecladista) Pierre Leite, não senti firmeza de cantar ali. Tinha que ser banda, senti falta de uma coisa mais orgânica. No primeiro ensaio com banda já senti a firmeza da história.

Bruno – Cannibal não queria fazer shows, mas na hora que ele me convidou, pensei que isso não podia ficar só numa gravação, em um disco. Eu sou muito pilhado, na minha cabeça esse disco tinha que sair em 2007 no máximo, mas teve todo esse processo. Na hora de montar a banda, as indicações de Marcus Antonio (guitarra) e Eric Gabinio (baixo), da banda Jerivá, vieram de Pierre. Mércio Marley, o baterista, foi indicação dos meninos da Jerivá. E cada um literalmente chegou com sua contribuição e só virou Café Preto por causa de todo mundo.

Cannibal – O que é legal você conseguir numa banda é a identidade, ter músicos que não têm preconceito com o que estão fazendo.

Houve um longo período de preparação deste projeto, que começou em 2007 e só chega aos palcos agora em 2012.  A que se deveu essa demora, não havia mesmo pressa?

Cannibal A gente teve paciência para ver se era aquilo mesmo que a gente queria. E tem a vontade de querer mostrar não só a sonoridade, mas uma coisa diferente. A gente não queria tocar de qualquer jeito, com a roupa do dia a dia. Convidamos Eduardo Ferreira para o figurino, Cris Garrido também deu uma força. Agora quem está nos ajudando para as roupas de show é Carol Azevedo. Eu queria uma roupa diferente, até mesmo inspirado na galera do ska, do dub, que era muito “style”. E tem um tempo mesmo para deixar tudo pronto, e agora ficou, está na medida. Eu vim do hardcore, do punk rock, e estou fazendo uma coisa totalmente diferente do que eu sempre fiz. As pessoas podem até estranhar, mas a gente está curtindo pra caramba, querendo ou não acaba sendo uma curtição chegar com a chinfra de uma roupa estilo anos 1940, 1950.

Bruno – E, nesse processo todo, a gente conheceu Victor Rice, que entre outras coisas é integrante do coletivo Easy All-stars, que fez grandes discos em homenagem a grandes nomes da música, como o The Dub Side of the Moon, em homenagem ao The Dark Side of the Moon, do Pink Floyd, fez uma versão de músicas do Radiohead, que é o Radiodread, o Sargent Peppers, dos Beatles, e agora fez o Thriller, do Michael Jackson. Se o disco tivesse saído em 2007 do jeito que eu achava que devia, não teríamos hoje o desenho de capa, que foi feito ano passado por Jorge Du Peixe, o design de H.D. Mabuse e Haidée Lima, nem Victor Rice mixando o disco, porque foram coisas que foram surgindo ao longo dos anos. É um amadurecimento ver que as coisas só são na hora que tem que ser. Eu ficava enchendo o saco mesmo de Cannibal, porque achava que o disco não podia ficar perdido, esquecido, e ligava pra ele, que me dizia: “Tem calma, na hora que tiver que rolar, vai rolar”.

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O projeto autoral e paralelo do músico Cannibal, Café Preto, se apresenta pela primeira vez para o público recifense nesta quinta-feira (30) na UK Pub. Mais conhecido pela sua veia hardcore à frente da Devotos, Cannibal aposta em sonoridades de dub e reggae para marcar a essência do Café Preto.

O filho do Alto José do Pinho sobe ao palco da UK ao lado do DJ Bruno Pedrosa (programações, samples e efeitos) e do músico PI-R (teclados e programações), parceiros na idelização do projeto. O trio vem acompanhado dos músicos Marcus Antonio (guitarra), Eric Gabinio (baixo) e Mércio Marley (bateria). Os ingressos custam R$ 25, incluindo o CD. Na discotecagem, o setlist fica por conta dos DJs Bruno Pedrosa, Bahiano (Sala da Justiça) e o jornalista e ex-secretário de Cultura do Recife Renato L - que retorna às picapes depois de uma jornada política. O show ainda conta com participação de Zé Brown.

O Café Preto é resultado do desejo de Cannibal em experimentar novas vertentes musicais. Segundo ele, o projeto surgiu de maneira natural de acordo com sua vontade de cantar e escrever outras coisas. O reggae, sempre presente na vida do músico, foi o gênero escolhido para esta nova fase do artista,  dando voz a letras que falam de amor, sem abrir mão da temática social.

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Gravado em 2007 no estúdio do Poço, o disco homônimo do Café Preto ganhou mixagem do norte americano Victor Rice - responsável pelo disco The Dub Side of The Moon - e do paulistano Mau, conhecido pelo seu trabalho com Karina Buhr, além de masterizado em São Paulo pelo engenheiro de som Fernando Sanches. Fred Zeroquatro e Areia (Mundo Livre S/A), Chico Tchê, Publius, Ori, Marcelo Campello, Berna Vieira, Zé Brown, e o carioca Ras Bernardo participam do álbum. Jorge Du Peixe, h.d. Mabuse e Haidee Lima assinam a arte da capa. O disco está disponível para download em www.cafepreto.mus.br.

Serviço
Lançamento Café Preto
Quinta-feira (30), 23h
UK Pub (Rua Fracisco da Cunha, 165, Boa Viagem)
R$ 25 (ingresso + CD)
Informações: 3465 1088

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