Por Karolina Pacheco
Nesta quarta-feira (11) terá início a grade de programação da 18ª edição do Janeiro de Grandes Espetáculos, evento que se estenderá até o dia 29 deste mês, com mais de 90 apresentações do Brasil e de outros dois países. O principal foco é propagar a produção cênica no estado, apresentando os espetáculos encenados em 2011, além de premiar as melhores produções locais através do Troféu Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco (Apacepe) de Teatro e Dança.
E por falar em dança, o festival deste ano irá surpreender. Ela tem um lugar privilegiado nesta edição do evento, com 21 apresentações, entre nacionais e internacionais. Os primeiros espetáculos do gênero acontecem, às 21h, na sexta-feira (13), no Teatro Hermilo Borba Filho, com dois curtos solos de dança contemporânea de companhias locais - Cordões, de Olinda, e Sob a Pele, do Recife.
No primeiro, a bailarina-pesquisadora Carolina Laranjeira resgata a brincadeira popular do Cavalo Marinho, que possui ricos princípios criativos em linguagens musicais, corporais e visuais. Já em Sob a Pele, Patrícia Cruz usa a linguagem da dança moderna para expressar as relações entre identidade e tempo. Na Praça do Arsenal, no bairro do Recife, a companhia recifense Brincantes de Circo traz Quatro, criação de Bóris Trindade Jr (Borica), que abordará, entre linguagens artísticas e desportivas, os ciclos comemorativos pernambucanos. O evento será no domingo (15), aberto ao público.
A dança também estará presente no palco do Teatro Luiz Mendonça, em Boa Viagem, que será o foco das atenções dos apreciadores do Ballet Clássico. Na terça-feira, dia 17, será apresentada a versão da Escola de Ballet Cláudia São Bento para o clássico Coppelia, que mistura a técnica de bailarinos profissionais à alunos do Projeto Pirueta, composto por estudantes de escolas públicas do estado.
O bailarino e coreógrafo Cláudio Lacerda (Dança Amorfa) levará ao Centro Cultural Correios (CCC) o resultado de sua pesquisa “Trilogia da Arquitetura Desconstrutivista”: Espaçamento é o nome do espetáculo que cruzará meios de dança à elementos de arquitetura, e será apresentado por Cláudio, Juliana Siqueira e Jefferson Figueiredo na terça, dia 24, a partir das 19h.
Já no dia seguinte, a Casa Mecane trará a “Noite de Performances Corpos Compartilhados”, do Coletivo Lugar Comum. Serão três solos de dança contemporânea: Topografias do Feminino (Liana Gesteira), OSSevaO (Sílvia Góes) e Valsa.me (Cyro Morais) traduzirão o corpo-território da mulher, o corpo-palavra e um corpo-memória que convida para a dança, respectivamente. Os solos poderão ser conferidos a partir das 19h. No mesmo dia, às 21h, no Teatro Hermilo será apresentado o duo Ilhados: Encontrando as Pontes. O espetáculo do Grupo Experimental pretende traduzir através da dança contemporânea a ligação entre a ilha e o continente, representada pelas pontes, e relacionando a memórias da trajetória de mãe e filha.
Dark Room, também encenado na Casa Mecane, na quinta (26), usa de nudez e um forte diálogo com a luz para convidar as pessoas, num quarto escuro, a se depararem com suas identidades sexuais e personalidades, em dois horários: 19h e 21h. No mesmo lugar, dia 27, mais três solos serão executados. Agora “O Solo do Outro”, do projeto do Centro Apolo-Hermilo, às 22h. Cada um peculiarmente diferente do outro. Jefferson Figueiredo (A Face da Falta) desconstrói a dança popular em seu corpo em nome da saudade do mestre Nascimento do Passo, Helijane Rocha (Ela Sobre o Silêncio) traça a relação entre limitações e liberdade do eu-feminino, por último, Januária Finizola (Sobre Mosaicos Azuis) que interpreta a esquizofrenia com provocações ao público e questionando através dos movimentos corporais e olhares fixos para a plateia até onde vai a loucura de cada um.
A companhia de dança Qualquer Um dos 2 trará a criação coreográfica do diretor Jailson Lima em Aluga-se um coração. Interpretada apenas por homens, a apresentação abordará as constatações ora prazerosas, ora angustiantes, advindas da procura pelo amor. O espetáculo que explora as sensações de fluidez e vazio poderá ser assistido dia 29 (quinta), às 20h30, no Teatro Barreto Júnior. Saindo da capital, teremos em Olinda uma programação gratuita, em parceria com a prefeitura da cidade: Eu vim da Ilha, da Cia de Dança do Sesc Petrolina, que se apresenta na Praça Laura Nigro, na Ribeira, Sábado (21), às 20h e Estar aqui ou ali?, do Visível Núcleo de Criação, que se apresenta no Alto da Sé no outro sábado (28), às 18h.
Canadá e Chile – A dança contemporânea internacional será representada por dois países. O primeiro trará do Quebec a montagem “Amour, Acide et Noix” (Daniel Léveillé Danse) em dois dias no Teatro de Santa Isabel (14 e 15, respectivamente 21h e 19h). O premiado espetáculo já levou o título de “Melhor coreografia original” no Prêmio Dora Mavor Moore de 2004 e põe em cena quatro bailarinos – três homens e uma mulher, totalmente nus durante toda a encenação – a temática abordada é a sinceridade da nudez, a solidão e a ternura dos toques na pele. Também será apresentado em Caruaru, no Teatro Rui Limeira Rosal, no sábado (21), às 20h.
O teatro Barreto Júnior (sábado e domingo, dias 21 e 22, às 20h30) será anfitrião da companhia chilena Sin Testear. A projeção audiovisual unida aos movimentos corporais da bailarina e co-criadora Francisca Sazie, explora a relação entre o movimento e imagens ao transitar por várias paisagens, texturas e sensações em “Sin Testear Al Outro Lado”.
Sudeste – O Grupo de dança Camaleão (MG) virá com duas montagens. A primeira, dia 26 (quinta, às 20h30), no Teatro Barreto Júnior, será “Continue Reto, Sempre em Linha Reta! E Vai com Deus...”. A coreografia coloca o corpo paralelamente ao trânsito e suas vertentes (prostituição, excesso de velocidade e cidadania), a coreografia é de Tuca Pinheiro e direção de Marjorie Quast. A segunda, também de Marjorie e com direção artística de Chico Pelúcio e Lydia Del Picchia chama-se “Horas Possíveis... Enquanto Seu Lobo Não Vem” trata da luta diária e individual de cada um, com quatro pessoas em cena. Retrata a falta de comunicação e o isolamento que se faz presente na maratona para o “sucesso”. Será apresentada no Alto da Sé, gratuitamente, dias 28 e 29 (sábado e domingo, às 16h).
Em 28 e 29 de janeiro, respectivamente sábado e domingo, às 20h30, São Paulo será representada pela Virtual Companhia de Dança, de São José do Rio Preto. Os bailarinos resgatarão no palco do Barreto Júnior, através da dança contemporânea, a biografia de um bailarino e coreógrafo russo de temperamento introvertido, em os “Diálogos sobre Nijinsky”.
Para mais informações, consulte a programação completa do 18° Janeiro de Grandes Espetáculos.