Tópicos | direito da mulher

A tentativa de retirar a obrigatoriedade da exigência da “autorização” do cônjuge para inserção de dispositivo intrauterino (DIU) e qualquer procedimento de métodos contraceptivos é um dos temas com pelo menos quatro projetos de lei propostos na Câmara Federal, em Brasília. Os projetos com o mesmo tema são de autoria da deputada federal Tereza Nelma (PSDB-AL), e dos deputados Miguel Lombardi (PL-SP), Carlos Henrique Gaguim (DEM-TO), Ricardo Silva (PSB-SP), Denis Bezerra (PSB-CE) e Alexandre Frota (PSDB-SP) 

Dentre os mais polêmicos, tem o projeto 4.968/2019, da deputada federal Marília Arraes (PT-PE), aprovado pelo Senado em setembro de 2021 e vetado pelo presidente Jair Bolsonaro em outubro do mesmo ano, a matéria trata da pobreza menstrual, com o objetivo de distribuir absorventes femininos para estudantes de baixa renda e pessoas em situação de rua. 

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Além desses dois temas de projetos, vale destacar o do deputado federal Paulo Ramos (PDT-RJ), que altera o art. 233 do Código Penal para descriminalizar o top less. A proposição 190/2022. A justificativa do parlamentar é o caso da artista plástica e produtora cultural Ana Beatriz Coelho, detida por fazer top less em uma praia no Espírito Santo pela “vaga alegação de ‘ato obsceno’”, afirmou, no texto. 

A matéria, por sua vez, quer que o art. 233 não considere a exposição do corpo humano como ato obsceno. 

De cunho convervador, o PL que concede o porte de arma às mulheres como medida protetiva também foi tema de audiência pública realizada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, com a presença de profissionais que atuam no atendimento às vítimas de violência doméstica e representantes de caçadores, atiradores, colecionadores registrados, além de parlamentares. 

A proposição do deputado federal Sanderson (PSL-RS) tramita desde 2019 na Câmara, que prevê alteração no Estatuto do Desarmamento para incluir o porte de arma às mulheres como medida protetiva, só teve maior discussão em 2021, após receber parecer favorável pela Comissão, com relatoria do deputado Delegado Antônio Furtado (PSL-RJ), que salientou a relevância da proposta “para que mulheres possam prover a sua própria defesa”. 

O PL 390/2022 da deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) quer alterar a Lei nº 8.112/1990, para instituir direitos de remoção e de licença remunerada à servidora pública em situação de violência doméstica. Ela pretende que seja concedida licença à servidora por 60 dias ao ano, não prorrogáveis, mantendo a remuneração.

O deputado federal Bosco Costa (PL-SE), por sua vez, propôs o PL 4251/2021, que institui o Programa Nacional de Proteção e Apoio à Mulher vítima de violência doméstica ou familiar (PROMULHER), com incentivos de proteção e apoio à mulher a partir do incentivo de recursos para a construção, manutenção, reforma, ou ampliação de casas de passagem; doação de recursos para a assistência jurídica da mulher vítima de violência doméstica ou familiar e dá outras providências. 

De autoria da deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP), o PL 4579/2021 institui o Benefício Alimentação Maternidade, para as trabalhadoras do mercado informal ou desempregadas e assegura alimentação diferenciada para mulheres lactantes em penitenciárias. O benefício concedido, caso a matéria seja aprovada, é de R$ 130 mensais pago durante seis meses, com início entre 28 dias antes da parto e a data dele. O valor é destinado exclusivamente para a compra de alimentos regulamentados pela proposição.

Tabata, por sua vez, destaca que milhares de mulheres são excluídas do Programa Auxílio Brasil, do governo federal. “Nesse período da vida, a mulher precisa de uma alimentação diferenciada para garantia de sua saúde, assim como a de seu filho. Sabemos a importância da amamentação e da presença da mãe junto à criança nos seus primeiros meses de vida. A proposta pretende alcançar as mulheres que estão acima da linha de pobreza prevista pelo Programa Auxílio Brasil, mas no limite de renda para constar no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal – Cadúnico que contempla famílias de baixa renda”, explica. 

Ainda em tramitação, o PL 2510/2020 do senador Luiz do Carmo (MDB-GO), pretende alterar a Lei do Condomínio, Código Civil e Código Penal para estabelecer o dever de condôminos, locatários, possuidores e síndicos informarem às autoridades competentes os casos de violência doméstica e familiar de que tenham conhecimento no âmbito do condomínio, e para incluir na tipificação do crime de omissão de socorro os casos de violência doméstica e familiar, com o propósito de proteger as mulheres que sofrem violência em condomínios. 

A proibição da realização de publicidade de cunho misógino, sexista ou estimuladora de qualquer tipo de violência sexual é disposta no PL 45/2022 do deputado federal Alexandre Frota. Ele caracteriza como misoginia a “propaganda que cause repulsa, desprezo ou ódio contra as mulheres”, e como sexista, “a propaganda que difunda o preconceito ou discriminação baseada em sexo, e que crie estereótipos de papéis sociais”. “Não há como combater a violência contra a mulher sem se contrapor ao papel da mídia na caracterização da mulher, e na reafirmação sistemática e equivocada da divisão de papéis sociais entre os sexos, disseminando preconceito e ódio”, justifica o autor. 

Nesta quarta-feira (3), comemora-se no Brasil o Dia da Instituição do Direito de Voto da Mulher, que foi instituído em 1932, quando o  presidente da época era  Getúlio Vargas (1882-1954). Mas na prática as brasileiras só passaram a votar no ano seguinte, quando acontecerem as eleições. 

A socióloga, antropóloga e doutoranda em comunicação pela ECA/USP, Ana Claudia Fernandes Gomes, lembra que o voto é um instrumento de um sistema democrático. “É de uma democracia representativa quando elegemos os candidatos para nos representar; e de uma democracia participativa, quando nos envolvemos em em movimentos sociais, nos candidatamos, ou quando acompanhamos as transformações do movimento político”, explica.

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Segundo Ana Claudia, a conquista do voto feminino é o início de um sistema que reconhece a mulher como cidadã e lhe permite direitos que transcendem o voto, tais como o direito ao mercado de trabalho, educação e à saúde. “De maneira bastante específica para a mulher que foi fadada ao esquecimento durante muito tempo”, destaca.

Diante disso, a antropóloga ressalta que o voto é simbólico, mas não é o único ponto central da discussão, isso porque, por serem mulheres, muitas ainda são desconsideradas no debate político. “Diversas mulheres ainda sofrem assédio no Congresso Nacional, que vão desde serem interrompidas na fala, até violências específicas, como xingamentos e agressões físicas”, exemplifica Ana Claudia.

Outro ponto abordado pela antropóloga é que não existe um reconhecimento do direito da mulher em ocupar um espaço que tradicionalmente é ocupado pelos homens. Por conta desses fatores, Ana Claudia pontua que o combate à desigualdade entre os gêneros é uma batalha a ser vencida. “Isso permeia todos os aspectos da vida social”, afirma.

Ana Claudia salienta que é preciso aumentar o número de participação das mulheres nos partidos e de projetos que apresentem condições para que possam falar sobre as suas necessidades. “Um exemplo bem evidente atualmente é a questão da pobreza menstrual. Porém, mais importante do que isso, é perceber o quão demorou para essa discussão ser pautada e o quanto ela vem sendo adiada” evidencia.

Além do direito ao voto, Ana Claudia afirma que as mulheres possuem os direitos de participação política, embora elas precisem passar por muitos obstáculos para garantir esses direitos. “Eles existem e a política é um campo a ser conquistado e ocupado. Ele precisa ser representativo em relação à luta pela diminuição da desigualdade entre o gênero e pela equidade social”, afirma.

Bertha Luz

A conquista do voto feminino teve participação decisiva da zoóloga Bertha Lutz (1894 – 1976), que fundou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, em 1922, iniciativa vinculada ao movimento sufragista internacional, principal tendência do feminismo no início do século 20. Em 1932, Bertha foi uma das duas mulheres nomeadas para integrar a comissão para elaborar o anteprojeto da nova Constituição – a outra foi a advogada Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993). Em 1936, Bertha (que era suplente) assumiu o mandato na Câmara dos Deputados.

 

A atriz Cláudia Raia revelou em entrevista para a revista JP, que sofreu tentativa de estupro, e conseguiu fugir antes que o homem conseguisse agarrá-la. Em uma conversa a atriz conta o fato sobre sua vida que nunca havia dito antes.

No início da sua carreira, estava decidida a ser bailarina. Para alcançar seu objetivo, aos 13 anos de idade, ela se mudou para Nova York para tentar a carreira. Morando de aluguel, ela diz que "o proprietário do imóvel a assediou e tentou beijá-la a força", de acordo com a blasting news.

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A atriz diz que o homem aproveitou da ausência da esposa para se aproveitar dela. "Ele foi ao meu quarto, perguntou da vida e, em dado momento, sentou ao meu lado e colocou a mão na minha perna", recorda a atriz. 

Cláudia contou que mesmo estando fora do seu país, não se sentiu intimidada pelo homem, e revidou ao ataque fugindo do local. Ela fala que para se defender, pegou uma coruja de vidro que tinha sobre a mesa e quebrou na cabeça do homem. "Peguei uma coruja de vidro que estava na mesinha ao lado e quebrei a cabeça dele. Peguei minha mala e saí correndo", completou a atriz com informação da JP.

A atriz é conhecida pelos papéis nas novelas e as representações no teatro em São Paulo. Possui dois filhos com seu ex-marido, o ator Édson Celulari, separados desde 2010. Atualmente é casada com Jarbas Homem de Melo e divide seu tempo entre as novelas e o seus filhos Enzo Celulari e Sophia Raia.

Nos corredores lotados dos ônibus e metrôs nos centros urbanos, a população que se espreme no transporte público sofre não apenas com a falta de comodidade. Assediadores, principalmente do sexo masculino, aproveitam a ocasião para praticar as chamadas “encoxadas”, ao se esfregarem em mulheres, com discrição e perversidade.

Com a reforma de 2009 no Código Penal Brasileiro, práticas antes consideradas “atentados ao pudor” foram inclusas no Artigo 213, como formas de estupro. Porém, o ato de “encoxar” alguém não está contemplada na lei e, portanto, não pode ser considerado crime. O artigo diz que o estupro se caracteriza ao se “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”. 

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De acordo com o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Organização de Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE), João Olímpio, do modo como está descrito na lei, não há como enquadrar suspeitos pela prática não apresentar violência, nem grave ameaça. “A conduta não está descrita na lei dos crimes sexuais. Sem dúvida, a lei precisa ser revista, porque é algo que precisa realmente estar em dia com o que acontece na sociedade”, afirmou Olímpio. 

Em seu blog, o juiz Carlos Zamith, da 8ª Vara Criminal de Manaus, cita o caso de uma mulher que prestou queixa à Polícia por ter sido “encoxada” pelo profissional responsável pela montagem de um móvel na sua casa. O homem foi detido em flagrante. Em posse do parecer da Promotora, o juiz afirma que “baseado no relato do auto de prisão em flagrante, soa óbvio que a ausência da violência ou da grave ameaça por parte do montador na hora do sarro desnatura a figura do crime sexual”. 

Prática difundida na internet - O grupo do Facebook “Encoxadores e Encoxatrizes de plantão”, atualmente com 187 membros, é responsável por divulgar tais práticas na rede social. Nele são encontrados depoimentos de pessoas combinando de irem a metrôs e ônibus para se esfregarem em mulheres, além de contar práticas já realizadas.

O Facebook possui a opção de denunciar grupos. Porém, quando realizado o procedimento no “Encoxadores”, por conter discursos ou símbolos de ódio ou pornografia, a rede social indica que o grupo foi analisado, mas não viola os padrões da comunidade.

Não é a primeira vez que é identificado nas redes sociais este tipo de grupo. No Orkut, há uma comunidade criada em 2008 que reúne internautas para debater o mesmo tema. A comunidade “Encoxadas no ônibus lotado!” possui 730 membros. Há também uma "página oficial" - www.encoxadas.com.br - que só divulga fotos e vídeos relacionados à prática. 

Nota de repúdio - A Secretaria da Mulher de Pernambuco encaminou ao Portal LeiaJá uma nota pública de repúdio à disseminação de mensagens que "incitam o assédio e a violência contra a mulher". Assinante do texto, a secretária Cristina Buarque diz ser "inadmissível que jovens reproduzam tal discurso de irresponsabilidade e opressão". A Secretaria se põe à disposição de órgãos como o Ministério Público e Ordem dos Advogados do Brasil para rechaçar tal prática. 

 

Com informações de Jorge Cosme

Movimento mundial, os 16 dias de ativismo internacional pelo fim da violência contra a mulher acontece em mais de 150 países do mundo. No Brasil, a campanha tem início nesta quarta-feira (20), data de outra importante luta, o Dia Nacional da Consciência Negra. Recife realiza, através da Secretaria da Mulher, uma série de atividades voltadas à prevenção, discussão e ao combate à desigualdade de gênero e violação do direito feminino. 

A primeira ação acontece durante a Feira de Direitos Humanos, nesta quarta (20), com panfletagem e preenchimento de questionários com intuito de elaborar um perfil das mulheres de cada Região Político-Administrativa (RPAs). A mobilização acontece na Academia da Cidade de Santo Amaro, a partir das 8h. No dia 21, o programa Cidade Segura para as Mulheres, integrante do Pacto pela Vida, é discutido no Circuito de Diálogos; o primeiro acontece na Associação Mães, Pais e Adolescentes do Coque, às 19h, no bairro de Joana Bezerra. O Circuito segue até 4 de dezembro.

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Na data oficial do combate à violência contra a mulher, 25 de novembro, uma audiência pública acontece às  10h, no Plenarinho da Câmara dos Vereadores e, no dia 26, a programação continua no 10° Fórum de Gestoras Municipais, sediado no Museu de Arte da Cidade do Recife, a partir das 9h. Na ocasião, haverá o lançamento da campanha “Maria da Penha Vai à Escola”, projeto nas escolas municipais de incentivo à igualdade de gênero e reprovação à violência doméstica contra a mulher. 

Centro Municipal - No final do mês, a Prefeitura inaugura o primeiro Centro Municipal da Mulher. Primeiro de seis Centros que estão previstos para entrega até o final da gestão, o espaço tem o objetivo de ser uma referência de serviço destinado às mulheres, através da realização de cursos profissionalizantes e orientação no caso de discriminação e violência. O novo espaço é localizado em Brasília Teimosa.

A programação dos dias de ativismo internacional se encerra, no Recife, com um cine-debate no auditório do Centro de Artesanato de Pernambuco, no Marco Zero, a partir das 16h. O filme exibido será “Preciosa – Uma História de Esperança”, obra sobre uma jovem mãe negra e as dificuldades enfrentadas em seu cotidiano, no subúrbio de Nova York. Todas as atividades são gratuitas e abertas ao público.  

Com informações da assessoria

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