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Três ex-governadores da Paraíba e quatro viúvas de ex-governadores do Estado entraram com ação conjunta no Supremo Tribunal Federal para voltarem a receber uma pensão de até R$ 31,1 mil. O benefício foi suspenso em maio de 2020, após decisão da Corte entender que o pagamento era inconstitucional. Os ex-governadores e as viúvas alegam "estado de vulnerabilidade social", uma vez que são idosos, e que dependiam diretamente da pensão para a sobrevivência.

Apesar das justificativas, os três ex-governadores têm patrimônios declarados que variam de R$ 1,7 milhão a R$ 3,3 milhões, além de atuarem na política, o que garante outras fontes de renda. Já a lista de viúvas inclui uma desembargadora do Tribunal de Justiça da Paraíba que recebe, em média, R$ 62,5 mil por mês. A informação foi revelada pelo blog de Wallison Bezerra, do portal MaisPB.

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A reclamação foi ajuizada na última quinta-feira, 17, pelos ex-governadores Ricardo Coutinho (PT), Roberto Paulino (MDB) e Cícero Lucena (PP). As viúvas são Glauce Maria Navarro Buriti (que foi casada com Tarcísio Buriti), Myriam De Mello E Silva Cabral (Milton Cabral) e Mirtes De Almeida Bichara Sobreira (Ivan Bichara), além da desembargadora Fátima Bezerra Maranhão (José Maranhão). Após a publicação da reportagem, Fátima Bezerra desistiu da ação.

Em maio de 2020, quando a pensão foi paga pela última vez, 14 ex-governadores e viúvas de ex-governadores da Paraíba receberam um total de R$ 216,9 mil, segundo dados do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PB). Isso equivalia a um gasto anual de R$ 2,8 milhões aos cofres públicos.

Reajuste

Caso o Estado volte a pagar a pensão, o gasto tende a ser maior ainda, uma vez que o salário de governador da Paraíba foi reajustado, em janeiro, de R$ 23,5 mil para R$ 31,2 mil. Os ex-governadores e as viúvas pedem ainda ao STF o pagamento retroativo das pensões. A ação foi sorteada para o ministro Luiz Fux.

Paulino tem patrimônio declarado de R$ 1,7 milhão. Em 2021 foi nomeado secretário-chefe do governo do Estado e recebe salário de R$ 23,4 mil. Com patrimônio de R$ 1,8 milhão, Lucena é prefeito de João Pessoa, com vencimentos de R$ 28 mil. Coutinho ganha R$ 8,4 mil como farmacêutico aposentado da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Ele declarou R$ 3,2 milhões em bens nas eleições de 2020.

Fátima Maranhão tem média salarial de R$ 62,5 mil, segundo o Conselho Nacional de Justiça. Ela foi casada com José Maranhão, que, em 2018, declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 8 milhões. Já Myriam de Mello e Silva Cabral recebe pensão de R$ 17,2 mil do Senado, uma vez que seu marido foi parlamentar.

Ação fala em 'anos servindo à administração pública'

Na petição inicial, os ex-governadores da Paraíba e as viúvas afirmam que a decisão do Supremo Tribunal Federal que cessou o pagamento da pensão, em 2020, não considerou que eles se encontram em fragilidade social por serem idosos. A idade do grupo varia de 62 a 101 anos. Ressaltam, ainda, que os valores das pensões eram de natureza alimentícia.

"Após tantos anos recebendo o benefício, que era assegurado em lei, os reclamantes construíram padrão de vida mínimos de dignidade, realizaram planejamentos pessoais, familiares e financeiros que dependiam diretamente da pensão para sua sobrevivência", escrevem. O valor do benefício é 23 vezes maior que o salário mínimo, hoje em R$ 1.320.

Sustentam, ainda, que a pensão era paga com o objetivo de amparar ex-governadores e viúvas após "anos servindo à administração pública". "As viúvas se dedicavam bastante ou quase que exclusivamente ao digno e nobre papel de primeira-dama, tendo, muitas vezes, de deixar suas carreiras profissionais suspensas, em nome da dedicação ao serviço público."

Procurados, os citados não responderam. O advogado da ação conjunta, Iarley Maia, disse que "não está autorizado a comentar o caso".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A desembargadora Fátima Bezerra Maranhão, que figurou na lista de viúvas de ex-governadores com direito a vultosas pensões, desistiu nesta segunda-feira, 21, da ação apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) para voltar a receber o benefício de R$ 31,1 mil, mesmo ganhando em média R$ 62,5 mil do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJ-PB). Ela foi casada com o ex-governador José Maranhão, morto em fevereiro de 2021. Em 2018, ele declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o patrimônio do casal era de R$ 8 milhões.

Como mostrou o Estadão, a pensão foi suspensa em maio de 2020, após decisão do STF entender que o pagamento era inconstitucional. Os ex-governadores e as viúvas alegam que se encontram em "estado de vulnerabilidade social", uma vez que são idosos, e asseguram que dependiam diretamente da pensão para a sobrevivência.

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Agora, os políticos e as viúvas recorrem ao STF para reaver o benefício. A única desistente até o momento foi Fátima Bezerra. A desembargadora informou ao ministro Luiz Fux, relator do caso, que "não tem mais interesse no presente feito e, assim, requer a desistência da ação". A informação da desistência da desembargadora foi revelada pelo jornalista Wallison Bezerra, do MaisPB.

Atualmente Fátima é presidente da 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJ-PB) e do Tribunal Regional Eleitoral do estado (TRE-PB). Só em junho deste ano, ela recebeu R$ 80,2 mil do TJ-PB, além de R$ 9 mil do TRE-PB. Isso lhe rendeu R$ 60,4 líquidos.

Em maio de 2020, quando a pensão foi paga pela última vez, 14 ex-governadores e viúvas de ex-governadores da Paraíba receberam um total de R$ 216,9 mil, segundo dados do Tribunal de Contas Estadual (TCE-PB). Isso equivalia a um gasto anual de R$ 2,8 milhões aos cofres públicos.

Caso o Estado volte a pagar a pensão, o gasto tende a ser maior ainda, uma vez que o salário do governador da Paraíba foi reajustado, em janeiro deste ano, de R$ 23.500,82 para R$ 31.173,06, um aumento de 32%.

Pelo menos 14 ex-governadores querem disputar vagas de deputado federal em outubro, o que cientistas políticos analisam como um fator relevante para melhorar o debate no Congresso Nacional. Em 2018, apenas três ex-governadores foram eleitos para a Câmara, enquanto vários novatos sem conexão com a política desbancaram líderes experientes e com grande desenvoltura no processo parlamentar.

Entre os ex-chefes do Executivo que agora disputam vaga na Câmara estão o tucano José Serra, que foi governador de São Paulo e prefeito da capital paulista, além de candidato três vezes à Presidência da República. Serra se destaca no debate econômico e foi o único voto contra a PEC Kamikaze no Senado. A disputa para deputado federal também está atraindo a ex-candidata à presidência Marina Silva (Rede).

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O Distrito Federal é o caso mais emblemático. Nada menos do que cinco ex-governadores vão tentar uma vaga de deputado federal. Se todos forem eleitos, mais da metade da bancada do DF será formada por políticos com passagem pelo Executivo. Entre os pré-candidatos está José Roberto Arruda, ex-governador e ex-líder do governo Fernando Henrique Cardoso. Após ser convencido pelo PL e visitar o presidente Jair Bolsonaro, Arruda bateu o martelo nesta terça, 19, de que esse seria o caminho mais fácil para voltar à política, após ser condenado por corrupção.

Outros dois pré-candidatos no DF, além de governadores, também acumulam a experiência como ministro: Agnelo Queiroz (PT), dos Esportes, e Cristovam Buarque (Cidadania), da Educação. Estão ainda na disputa Rodrigo Rollemberg (PSB) e Rogério Rosso (Progressistas).

Em alguns casos, políticos optam pela Câmara para serem puxadores de votos. Em outros, protagonistas de escândalos de corrupção visam a sobrevivência política ao tentar um caminho mais fácil de voltar a ter um mandato.

O ex-governadores Germano Rigotto (MDB-RS), Garibaldi Alves Filho (MDB-RN), Roseana Sarney (MDB-MA), Wilson Martins (PT-PI), Mendonça Filho (União-PE), Beto Richa (PSDB-PR) e Anthony Garotinho (União-RJ) são outros exemplos de políticos que podem disputar uma vaga na Câmara dos Deputados.

Hoje, apenas Aécio Neves (PSDB-MG), Benedita da Silva (PT-RJ) e Alcides Rodrigues (Patriota-GO) são ex-governadores que exercem mandato de deputados.

Dinâmica

No diagnóstico do professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep) Marcelo Weick, a chegada de ex-governadores na Câmara "pode vir a alterar a dinâmica" da Casa e impactar a sucessão de Arthur Lira (Progressistas-AL) na presidência. "Pode contribuir para uma nova morfologia na disputa da Mesa Diretora e na relação entre os principais expoentes do Congresso", observou Weick.

O ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) admite que escolheu buscar um mandato de deputado federal porque teria mais chances de ser eleito. Ele foi preso três vezes, o que o tornaria numa eleição majoritária alvo de ataques. "Sair para deputado federal era o mais apropriado no momento. Mano a mano vem muita maldade. Eu até encaro, não tenho receio, mas não queria submeter a minha família a isso, relembrando o sofrimento", afirmou Richa.

Bancadas

Outra razão que explica a escolha de ex-governadores para concorrer a deputado federal é a estratégia dos partidos em formarem grandes bancadas na Câmara. Como a eleição para deputado federal é proporcional, vale a soma dos votos recebidos pelo partido. É o tamanho da bancada eleita que define a parte dos fundos eleitoral e partidário que o partido tem direito, além do tempo de TV no horário eleitoral.

Pensando justamente nisso, o MDB escalou os ex-governadores Garibaldi Alves Filho (RN), Roseana Sarney (MA) e Germano Rigotto (RS) para disputarem vagas de deputados federais em seus Estados. Os três políticos foram malsucedidos nas últimas tentativas de voltar ao Executivo estadual ou ao Senado, mas são conhecidos do eleitor local e são considerados bons cabos eleitorais para a Câmara.

As pesquisas apontam que, em geral, as pessoas escolhem o deputado federal pelo nome, e não pela filiação partidária.

Em uma década, metade dos Estados brasileiros e o Distrito Federal tiveram governadores implicados em suspeitas de crimes, relacionados aos seus mandatos e suas campanhas eleitorais. São 26 ex-mandatários atualmente investigados, denunciados ou condenados por casos de corrupção. Somados, os valores das ações ou investigações das quais são alvo ultrapassam a cifra de R$ 2 bilhões.

Na avaliação de juristas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, as investigações no plano estadual ganharam impulso com o avanço do trabalho dos órgãos de controle federais nos Estados e no DF. O caso mais recente é o do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), da Paraíba, denunciado (acusado formalmente) por participação em organização criminosa responsável por prejuízo de R$ 134 milhões aos cofres estaduais. Sua defesa diz que não há provas das acusações, e que Coutinho é inocente.

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Sete ex-governadores já foram condenados, entre eles o emedebista Sérgio Cabral (RJ) e o petista Fernando Pimentel (MG). Só do Rio de Janeiro, quatro ex-governadores integram a lista: Cabral foi condenado por corrupção ativa, passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e evasão de divisas. Ele já foi sentenciado em 12 ações criminais a penas que somam 122 anos. Luiz Fernando Pezão (MDB) é réu em processo que apura o recebimento de quase R$ 40 milhões em propinas. A defesa de Pezão tem sustentado que as acusações não procedem.

Anthony e Rosinha Garotinho são réus em ação por corrupção, peculato e organização criminosa. Os dois foram presos provisoriamente em outubro do ano passado, mas atualmente respondem em liberdade. Eles negam as irregularidades.

O levantamento mostra que há protagonismo da Polícia Federal e do Ministério Público Federal nos processos, ante os órgãos de controle estaduais. Entre os 19 casos de ex-governadores que tiveram denúncias aceitas na Justiça, 14 ocorreram na esfera federal. Para chegar ao valor de R$ 1,5 bilhão (outros R$ 609 milhões correspondem a investigações ou denúncias ainda não analisadas pela Justiça) e aos 26 ex-governadores implicados, o levantamento considerou apenas casos da esfera criminal, onde a pena é em regime fechado. Os processos dizem respeito a atos praticados durante o mandato ou nas campanhas eleitorais, e incluem o crime de caixa 2 - que, apesar de ser julgado na Justiça Eleitoral, pode resultar em cadeia.

Há processos, contra esses e outros políticos que chefiaram governos estaduais, na esfera cível. Os casos mais comuns são de improbidade administrativa, que podem resultar em multa e perda dos direitos políticos. Apesar de numerosas, essas situações não foram incluídas na contagem.

Os ex-governadores Beto Richa, do Paraná, e Marconi Perillo, de Goiás, ambos tucanos, também foram alvo. O paranaense foi colocado no banco dos réus por supostamente ordenar a omissão de parte da compra de salas comerciais em Curitiba, feita pela família Richa e paga em dinheiro vivo. Ele ficou seis dias preso. Segundo a acusação, os bens teriam sido adquiridos com dinheiro de propina proveniente de contratos fraudados para obras de escolas públicas.

Já o ex-governador goiano é réu por corrupção passiva, por ter parte de uma dívida de campanha eleitoral, no valor de R$ 90 mil, supostamente paga em troca de um aditivo realizado em contrato do Estado com uma empresa de engenharia. A defesa de Perillo, na ocasião, classificou a denúncia como "fraquíssima".

Copa

Obras para a realização da Copa do Mundo no Brasil em 2014 causaram problemas para ao menos dois ex-governadores do PT. No Distrito Federal, Agnelo Queiroz virou réu por corrupção passiva em operação sobre a obra do Estádio Nacional de Brasília (Mané Garrincha). Sua defesa disse que "jamais houve qualquer indício de sobrepreço ou irregularidade".

Na Bahia, Jaques Wagner é investigado pelas obras do estádio Fonte Nova. Em 2019, a Justiça Federal declinou a competência da investigação, suspendeu a operação e a mandou para a Justiça Estadual da Bahia. À época, sua defesa caracterizou as suspeitas como "factoides e inverdades" e disse que sua inocência seria demonstrada. À exceção de Cabral, que em dezembro fechou um acordo de delação premiada com a PF, os demais citados negam ter praticado as irregularidades pelas quais respondem.

Protagonismo

O protagonismo do Ministério Público Federal, responsável por mais de 70% das ações penais contra ex-governadores na última década, chamou atenção de especialistas consultados pelo Estado. Eles veem mais independência na atuação dos procuradores federais e da Polícia Federal na comparação com órgãos estaduais.

Para o jurista Walter Maierovitch, especializado em crime organizado, o alto número de denúncias é resultado de mudanças no combate à corrupção em todo o mundo, a partir de convenções internacionais.

Um dos marcos na área é a Convenção de Palermo, que dá parâmetros para a cooperação entre países, assinada no ano 2000 e promulgada pelo governo federal em 2004.

No entanto, ele vê com preocupação decisões no Judiciário que alteram as regras do combate à corrupção. "Em relação ao foro privilegiado, o que se julgou em relação ao mensalão, de repente, não pode ser julgado na Lava Jato. Isso cria uma instabilidade."

Já o cientista político Oscar Vilhena, professor de Direito na Fundação Getúlio Vargas (FGV), vê dificuldades nos órgãos de controle nos Estado. "É uma demonstração de que as agências de controle estaduais - polícias, MPs e tribunais de contas, além dos próprios judiciários estaduais - têm pouca autonomia", diz. "Como os órgãos de controle federais não dependem dos Estados, tendem a agir com maior autonomia." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por maioria de votos, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que nesta quinta-feira (5) que ex-governadores do Paraná não têm direito ao recebimento de pensões vitalícias. A Corte decidiu que o pagamento criou privilégio injustificado para os ex-agentes públicos.

A decisão do Supremo atinge nove ex-governadores ou viúvas que ainda recebem o benefício, porém, eles não terão que devolver os valores recebidos ao longo dos anos.

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Em maio deste ano, a Assembleia Legislativa do estado aprovou a revogação do Artigo 85 da Constituição paranaense, que autorizava o pagamento das pensões. O valor do benefício é o mesmo recebido pelos desembargadores do Tribunal de Justiça do estado, cerca de R$ 35 mil.

Durante o julgamento, o ministro Luís Roberto Barroso discordou da continuidade do benefício e afirmou que uma pessoa só pode ter direito ao recebimento de dinheiro público proveniente do trabalho e de contribuição previdenciária.

"Tenho certa dificuldade de saber o fundamento de se dar a governadores um tratamento diferenciado. Se tivesse que escolher alguém, talvez escolhesse pessoas que trabalham em condições insalubres. Isso é uma vertente patrimonialista do Estado”, disse o ministro.

O ministro Luiz Fux também concordou com a ilegalidade do pagamento de pensões, mas entendeu que há casos de ex-governadores ou viúvas com avançada idade e que necessitam do benefício. “Quando se trata de pessoas idosas, eu entendo que nós temos de ponderar esses valores", disse.

Em 2011, o pagamento das pensões a ex-governadores de vários estados passou a ser questionado pela OAB.

 

O casal de ex-governadores do Rio de Janeiro Rosinha Matheus e Anthony Garotinho foi solto na noite dessa quinta-feira (1º). Eles deixaram a cadeia um dia depois de serem presos, por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.

Apesar da soltura, Mendes impôs medidas cautelares, como proibição de contato com outras testemunhas, proibição de sair do país sem autorização judicial, entrega dos passaportes e comparecimento mensal à Justiça.

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O casal é acusado de fraudes em contratos celebrados entre a prefeitura de Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, e a construtora Odebrecht para a construção de casas populares, durante os dois mandatos de Rosinha como prefeita da cidade, entre 2009 e 2016.

Eles haviam sido presos inicialmente em setembro, por decisão da 2ª Vara Criminal da Comarca de Campos dos Goytacazes, mas foram soltos no dia seguinte, pelo desembargador Siro Darlan, durante plantão judiciário.

Na última quarta-feira (30), foram presos novamente, por determinação da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) prendeu hoje (3) o casal de ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho. Mais três pessoas também são alvo da ação, que investiga esquema fraudulento de construção de moradias populares.

A Operação Secretum Domus cumpre mandados de prisão e de busca e apreensão nas cidades do Rio de Janeiro e Campos dos Goytacazes, no norte do estado.

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Segundo a denúncia oferecida à 2ª Vara Criminal de Campos, investigações mostraram superfaturamento em contratos entre a prefeitura de Campos e a construtora Odebrecht, para a construção de casas populares dos programas Morar Feliz I e II, durante a gestão de Rosinha Garotinho como prefeita do município do norte fluminense (de 2009 a 2016). 

As ações de corrupção nos cargos públicos estão cada vez mais na mira de investigações policiais e vai e vem um ex-chefe de alguma instância dos poderes Executivo ou Legislativo no Brasil é preso. Até hoje, para se ter uma ideia, sete ex-presidentes do país já foram detidos, mas apenas dois deles foram por crimes comuns - Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Michel Temer (MDB).

Os demais - Hermes da Fonseca, no começo do século 20, depois, Washington Luís e Arthur Bernardes, nos anos de 1930, Café Filho, na década de 1950, e Juscelino Kubitschek, durante a ditadura militar - foram por motivação política.

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Os crimes comuns são as motivações que baseiam, inclusive, a operação Lava Jato - que ganhou notoriedade no mundo por investigar o maior escândalo de corrupção já vivenciado no Brasil.

Lula e Temer foram enquadrados pela Lava Jato. O petista está preso desde 7 de abril de 2017, para o cumprimento da pena de 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O ex-presidente também já foi condenado a mais 12 anos, pelos mesmos crimes. As duas condenações apontam que Lula recebeu propinas em troca de apoios à construtoras.

Já Temer, passou quatro dias na prisão em março deste ano, após ser apontado como “líder” de uma organização criminosa dentro do MDB, partido que faz parte.

A lista de prisões vai além dos presidentes da República. A Câmara dos Deputados, por exemplo, tem três ex-presidentes que já foram ou ainda estão no popular xilindró. O ex-deputado João Paulo Cunha (PT), que comandou a Casa de 2003 a 2005, foi preso no caso do Mensalão e condenado a  6 anos e 4 meses por corrupção passiva e peculato em 2014. Ele, contudo, teve a pena perdoada e já está solto.

Líder administrativo da Câmara Federal de 2013 e 2015, Henrique Eduardo Alves (MDB), foi preso em junho de 2017 por suspeita de fraude na construção da Arena Dunas, em Natal, no Rio Grande do Norte. Atualmente ele responde ao processo em liberdade, mas ficou mais de um ano detido.

O terceiro ex-presidente e dono do caso que ganhou maior repercussão foi o de Eduardo Cunha (MDB), líder do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Cunha está preso desde outubro de 2016, inicialmente por obstruir as investigações da Lava Jato, e já teve, no mínimo, quatro mandados de prisão expedidos contra ele. O emedebista já foi condenado a 39 anos e quatro meses de cadeia por, entre outros crimes, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.

Já do Senado não há histórico recente de prisões de ex-presidentes.

Nos Estados

Tratando das prisões nos Estados, o Rio de Janeiro lidera o ranking dos ex-governadores presos. Já foram cinco nos últimos três anos.  A lista inclui Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão, Anthony Garotinho, Rosinha Garotinho e Moreira Franco.

Moreira Franco foi o mais recente, preso pela Lava Jato no mesmo dia do ex-presidente Michel Temer, acusado de articular o pagamento de propina, no valor de R$ 1 milhão, à Engevix em obras relativas à usina nuclear Angra 3. Os dois passaram quatro dias na cadeia e foram liberados.

Já Luiz Fernando Pezão foi preso em 2018, ainda no exercício do mandato. Ele é acusado de manter o esquema de corrupção iniciado por Sérgio Cabral, que está preso desde novembro de 2016.

Cabral já foi denunciado pela 29ª vez pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. E somando as penas, precisa cumprir cerca de 200 anos de prisão.

Enquanto o casal Anthony e Rosinha Garotinho são acusados de corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais. Anthony foi preso três vezes: novembro de 2016, setembro e novembro de 2017. Já Rosinha foi presa em 2017. O casal recorreu e responde ao processo em liberdade.

Outros Estados também tiveram prisões de governadores ou ex-governadores. No Distrito Federal, Agnelo Queiroz  e José Roberto Arruda presos em maio de 2017 por fraudes em licitação. Arruda, inclusive, chegou a ser preso antes, ainda no exercício do mandato, em 2010, por obstrução de justiça.  

No Mato Grosso do Sul, o ex-governador André Puccinelli (PMDB), foi preso em novembro de 2017 e em julho de 2018. Já no Mato Grosso, o ex-governador Silval Barbosa (MDB), foi preso em 2015 acusado de liderar uma organização criminosa. Ele confessou o desvio de dinheiro público e fez delação premiada. Atualmente cumpre prisão em regime semiaberto.

A lista dos detidos e condenados também é composta pelo ex-governador do Rio Grande do Norte, Fernando Freire. Ele foi preso em julho de 2015. De lá para cá, acumula condenações que somam 78 anos de prisão. Além dele, o ex-governador de Tocantins, Sandoval Cardoso (SD), também foi preso em outubro de 2016.

Veja a lista completa dos chefes dos Poderes presos por crimes comuns:

Presidentes da República

- Luiz Inácio Lula da Silva

- Michel Temer

Câmara dos Deputados

- João Paulo Cunha

- Henrique Eduardo Alves

- Eduardo Cunha

Governadores

Rio de Janeiro - Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão, Anthony Garotinho, Rosinha Garotinho e Moreira Franco

Distrito Federal - Agnelo Queiroz  e José Roberto Arruda

Mato Grosso do Sul - André Puccinelli

Mato Grosso - Silval Barbosa

Rio Grande do Norte - Fernando Freire

Tocantins - Sandoval Cardoso

Assembleias Legislativas

Rio de Janeiro - Jorge Picciani e Paulo Melo

Espírito Santo - José Carlos Gratz

Rondônia - Natanael José da Silva

São Paulo - Leonel Julio

*Fotos Agência Brasil

Quem passou pela Avenida Paulista neste domingo, 24, se deparou com uma inusitada "homenagem" a todos os ex-governadores de São Paulo - representados por bustos de Luiz Antônio Fleury Filho (MDB) e Geraldo Alckmin (PSDB). O problema é que aos se aproximarem das obras, as pessoas tinham reações parecidas com a do aposentado José Martinez Soares, 67 anos. "Amigo, que cheiro ruim é esse?"

Pois é, os bustos foram feitos em moldes computadorizados 3D e, depois, esculpidos com argila e material retirado do Rio Pinheiros. Ou seja, principalmente lama. O cheiro característico do rio pôde ser sentido por pelo menos uma quadra (na altura do número 1.230 da Paulista).

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O responsável pela exposição foi o movimento Volta Pinheiros - que aproveitou o Dia Mundial da Água (comemorado na última sexta-feira, dia 22) para conscientizar a população sobre o descaso com o Rios Pinheiros e Tietê e alfinetar a classe política.

"Representamos Fleury e Alckmin, mas esse é um protesto contra todos os ex-governantes que prometeram recuperar os rios da cidade, limpar, despoluir, e até beber a água deles, mas que ao deixarem seus cargos, deixaram também a sujeira e o descaso", comentou o publicitário Marcelo Reis, um dos coordenadores do movimento.

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Além dos dois governadores citados, um busto sem rosto também foi instalado no local - para representar os outros políticos que não resolveram os problemas de poluição dos Rios Pinheiros e Tietê. Um púlpito vazio também foi colocado no lugar. Ele estava reservado para o atual governador do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB). "A pergunta que queremos fazer é se ele quer fazer parte dessa 'homenagem' ou vai trabalhar para resolver a poluição dos rios. Será que ele irá fazer parte dessa exposição ao final do mandato?", perguntou Reis.

Casos exemplares

A população que apreciou os bustos aprovou a iniciativa. "O mais triste é que a gente sabe que é possível. Outros países já despoluíram seus rios. Olha o que aconteceu em Paris, com o Sena... Tem outros exemplos pelo mundo também. Aqui parece que a coisa não anda por falta de interesse político", comentou o psiquiatra Maurício Antônio de Almeida Prado, 58 anos.

"Eu já tenho idade suficiente para ter ouvido todas as promessas que esses políticos fizeram. Um dia acreditei que iria nadar nesses rios... Errado sou eu que cai nessas conversinhas", complementou o aposentado Luciano Farias Fraga, de 69 anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com a prisão do ex-ministro Wellington Moreira Franco (MDB), todos os ex-governadores do Rio vivos e eleitos como cabeça de chapa desde a redemocratização estão presos ou passaram em algum momento pela cadeia. Dos ex-chefes do Executivo estadual eleitos após 1985, só ficam fora da lista Leonel Brizola (PDT), morto em 2004, e Marcello Alencar (PSDB), que morreu em 2014.

Há também uma coincidência partidária: todos os detidos ou ex-detidos são ou foram do MDB/PMDB, que exerceu o poder no Rio de 1987 a 1991 e de 2003 a 2018. Integram o partido os três presos - além de Moreira, Sérgio Cabral Filho e Luiz Fernando Pezão e foram filiados Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho. Estes chegaram a ser encarcerados, mas foram soltos. Todas as prisões ocorreram nos últimos três anos.

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Outros dois ex-governadores ainda vivos - Nilo Batista (PDT) e Benedita da Silva (PT) - não passaram pelo cárcere. Eles, no entanto, não foram eleitos para o cargo. Eram vice-governadores que assumiram o Palácio Guanabara após a renúncia dos titulares.

Os ex-governadores que estão presos ou passaram pela prisão chefiaram o governo estadual por cerca de 19 anos. Em onze deles, atuou o esquema de corrupção chefiado por Cabral, governador de 2007 a 2014, que teria continuado sob o governo de Pezão.

Moreira Franco governou o Rio de 1987 a 1991. Derrotou Darcy Ribeiro (PDT), candidato da situação, em 1986. Para vencer, Moreira reuniu em torno do PMDB uma ampla coligação e aproveitou a onda de apoio gerada pelo Plano Cruzado ao governo José Sarney, também peemedebista. Na campanha, em meio ao crescimento da criminalidade durante o primeiro governo Brizola (eleito em 1982), prometeu acabar com a violência em seis meses, o que não conseguiu. A má avaliação do governo Moreira abriu caminho para o retorno de Brizola, em 1990.

Em 1994, Brizola renunciou para concorrer à Presidência e Nilo Batista completou o mandato. Foi sucedido por Marcello Alencar. Em 1999 assume Garotinho, que governou até 2002, quando renunciou em favor de Benedita para tentar a Presidência. Naquele ano, Rosinha foi eleita governadora. O casal apoiou a primeira eleição de Cabral para o governo, em 2006. Oito anos depois, Cabral apoiou a eleição de Pezão, único governador preso no exercício do cargo, em 2018. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com a prisão do ex-ministro Moreira Franco, de 74 anos, em um desdobramento da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, são cinco os ex-governadores do estado detidos nos últimos três anos. A lista inclui os ex-governadores Sergio Cabral, Luiz Fernando Pezão, Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho.

O ex-ministro foi preso nessa quinta-feira sob a acusação de negociar o pagamento de propina, no valor de R$ 1 milhão, à Engevix em obras relativas à usina nuclear Angra 3. Moreira Franco foi governador do Rio de Janeiro no período de 1987 a 1991.

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Preso no Batalhão Especial Prisional, em Niterói, no Rio, Pezão é acusado de manter o esquema de corrupção iniciado por Cabral, detido em 2016.

Na quarta-feira (20), Cabral foi denunciado pela 29ª vez pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Reunindo todas as penas, ele deve cumprir cerca de 200 anos de prisão.

Os ex-governadores Anthony e Rosinha são acusados por crimes de corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais. O casal recorreu e responde ao processo em liberdade.

Os seis ex-governadores de Pernambuco fizeram, nesta sexta-feira (26), um comunicado à nação defendendo o respeito e cumprimento da Constituição Federal diante do cenário político nacional e o “rigor da punição a corruptos e corruptores”. Na carta, capitaneada por João Lyra Neto (PSDB), os ex-gestores do Executivo estadual dizem que as investigações devem ser levadas “às últimas consequências”. 

Além disso, eles ponderam também que “só uma ação integrada e harmônica entre os três poderes constituídos garantirá uma solução para o impasse político que o País enfrenta neste grave momento da nacionalidade”.

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Em conversa com o LeiaJá, Lyra Neto disse que as propostas expostas pelos ex-governadores podem ajudar o país a recuperar a estabilidade. “Tive esta iniciativa exatamente por causa do quadro que vive o país e em relação a nossa participação na história brasileira, vivemos um momento de instabilidade e grande crise econômica, ética e política, temos que em primeiro lugar obedecer a Constituição, trabalhar pela punição dos corruptos e restabelecer o entendimento entre os poderes”, declarou.

Segundo o tucano, as articulações para a construção do manifesto iniciaram na última segunda-feira (22). A carta será encaminhada ao Congresso Nacional, ao presidente Michel Temer (PMDB) e ao Poder Judiciário. 

Apesar de já terem sido citados nas investigações da Lava Jato, maior esquema de corrupção do país, os ex-governadores Jarbas Vasconcelos e Mendonça Filho, atuais deputado federal e ministro da Educação, respectivamente, também assinaram a carta. 

Jarbas está na lista do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, por ter recebido doações da Odebrecht para a campanha, mas ele afirma que tudo aconteceu “dentro da lei”. Enquanto Mendonça, teve o pedido de abertura de inquérito negado pelo então ministro Teori Zavascki. Ele era acusado de receber propinas da UTC. 

Mesmo com estas ressalvas, nos bastidores, os ex-governadores consideram que compõem o único grupo de ex-gestores dos estados do país sem acusações formais de corrupção e com legitimidade para se posicionar sobre o assunto. 

Alguns, inclusive, acreditam que o Brasil precisa passar por uma operação igual a Mãos Limpas que aconteceu na Itália e reorganizou a política no país, dissolvendo até os partidos políticos. 

Veja a carta na íntegra:

Aos Brasileiros

Pernambuco deu, ao longo de sua história, notáveis exemplos de compromissos com as lutas pela liberdade, pela democracia e pelo respeito aos direitos humanos.

Desde a Revolução Pernambucana de 1817, a Confederação do Equador de 1824 e a Revolução Praieira de 1848 que estamos na vanguarda das melhores causas nacionais.

Nós, ex-governadores de Pernambuco, firmamos posição - neste momento de grave crise política, ética e econômica - em defesa dos princípios democráticos e do mais absoluto respeito à Constituição em vigor, fruto da luta de milhões de brasileiros.

Defendemos irrestrito apoio as ações desenvolvidas pelo Ministério Público e o Poder Judiciário no sentido que seja aplicado o rigor da punição a corruptos e corruptores. As investigações de desvios de recursos públicos devem ser levadas às últimas consequências.

Só uma ação integrada e harmônica entre os três poderes constituídos garantirá uma solução para o impasse político que o País enfrenta neste grave momento da nacionalidade.

A Nação clama por respeito à Constituição, aos princípios democráticos, punição aos corruptos e corruptores, como premissa básica para estabilidade da economia e retomada da geração de empregos.

Gustavo Krause

Jarbas Vasconcelos

João Lyra Neto

Joaquim Francisco

Mendonça Filho

Roberto Magalhães

O ex-governador do Tocantins Sandoval Cardoso (SD) foi ouvido nesta sexta-feira (14) em audiência de custódia na Justiça Federal e teve a prisão temporária mantida na Operação Ápia. Além de Sandoval, a Justiça ouviu desde as 9 horas outros 13 presos. Todos permaneceram custodiados e os pedidos de revogação das prisões foram negados.

A Operação Ápia investiga direcionamento de licitações e fraudes em contratos de obras de rodovias no Tocantins, envolvendo pelo menos 7 empreiteiras que receberam R$ 1,2 bilhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O desvio pode alcançar entre R$ 200 milhões e R$ 250 milhões, estimam os investigadores.

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Após as audiências de custódia, todos os acusados retornaram para a Casa de Prisão Provisória de Palmas (CPP), onde continuarão cumprindo o prazo legal de cinco dias de reclusão. Outros dois acusados, que já estão sob custódia da Polícia Federal, também serão ouvidos pela Justiça Federal.

Outro ex-governador do Estado, Siqueira Campos (ex-PSDB), também é investigado - ele foi conduzido coercitivamente para depor na PF.

Sandoval Cardoso teve a prisão temporária decretada por cinco dias. O ex-governador apresentou-se à PF no início da noite de quinta-feira, 13. Durante cerca de três horas ele depôs, acompanhado de seu advogado.

"Eu não licitei nenhuma obra, eu executei", disse Sandoval, segundo o Jornal do Tocantins, ainda na saída do Instituto Médico Legal de Palmas, onde passou por exames na quinta à noite.

O ex-governador do Tocantins Siqueira Campos foi conduzido coercitivamente quando o investigado é levado a depor obrigatoriamente, nesta quinta-feira (13), na Operação Ápia, que apura fraudes em licitações no Estado de R$ 1,2 bilhão do BNDES. Por meio de sua assessoria de imprensa, Siqueira Campos informou que está 'prestando esclarecimentos à PF'.

A Polícia Federal, com o Ministério Público Federal e a Controladoria Geral da União deflagrou a Operação Ápia contra um esquema de fraudes no Tocantins à licitações públicas e execução de contratos administrativos celebrados para a terraplanagem e pavimentação asfáltica em diversas rodovias estaduais.

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Participam da operação cerca de 350 policiais federais. Ao todo estão sendo cumpridos 113 mandados judiciais expedidos pela Justiça Federal sendo, 19 mandados de prisão temporária, 48 de condução coercitiva e 46 de busca e apreensão nas cidades de Araguaína, Gurupi, Goiatins, Formoso do Araguaia, Riachinho e Palmas, no Tocantins. Em Goiás, nas cidades de Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis. No Maranhão, em São Luís, Governador Nunes Freire e Caxias. Também estão sendo cumpridos mandados em Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP), Brasília e Cocalinho (MT).

A investigação apontou um esquema de direcionamento de concorrências envolvendo órgãos públicos de infraestrutura e agentes públicos do Estado, nos anos de 2013/2014. Essas obras foram custeadas por recursos públicos adquiridos pelo Estado, por meio de empréstimos bancários internacionais e com recursos do BNDES, tendo o Banco do Brasil como agente intermediário dos financiamentos no valor total de cerca de R$1,2 bilhão. Os recursos adquiridos tiveram a União como garantidora da dívida.

O foco da investigação são as obras nas rodovias licitadas e fiscalizadas pela secretaria de infraestrutura, que correspondem a 70% do valor total dos empréstimos contraídos.

Os investigadores apontam que, em um dos contratos, uma empreiteira pediu complemento para realização da obra de mais de 1.500 caminhões carregados de brita. Se enfileirados, esses veículos cobririam uma distância de 27 quilômetros, ultrapassando a extensão da própria rodovia.

"Em outra situação, a perícia demonstrou que para a realização de determinadas obras, nos termos do contrato celebrado, seria necessário o emprego de mão de obra 24 horas por dia, ininterruptamente, o que, além de mais oneroso, seria inviável do ponto de vista prático", aponta a PF em nota divulgada nesta quinta.

Estima-se que o prejuízo aos cofres públicos gire em torno de 25% dos valores das obras contratadas, o que representa aproximadamente R$ 200 milhões.

Os investigados responderão pelos crimes de formação de cartel, desvio de finalidade dos empréstimos bancários adquiridos, além de peculato, fraudes à licitação, fraude na execução de contrato administrativo e associação criminosa. Somadas as penas podem ultrapassar 30 anos.

O nome da operação se refere à Via Ápia, uma das principais estradas da antiga Roma.

Defesa

A assessoria do ex-governador Siqueira Campos afirmou que "O ex-governador está prestando esclarecimentos à Polícia Federal" mas, "não está sendo indiciado e nenhum documento foi apreendido em sua residência".

Mandados

TOCANTINS

Araguaína: 5 mandados de prisão; 37 mandados de busca; 32 conduções coercitivas

Palmas: 10 mandados de prisão; 8 conduções coercitivas; 13 mandados de busca

GOIÁS

2 mandados de prisão

7 conduções coercitivas

7 mandados de busca

MARANHÃO

1 mandado de busca

5 conduções coercitivas

1 mandado de busca

MINAS GERAIS

1 mandado de busca

1 condução coercitiva

1 mandado de prisão

MATO GROSSO

1 condução coercitiva

O ex-governador de Tocantins Sandoval Cardoso foi preso na manhã desta quinta-feira (13\ pela Polícia Federal. Outro ex-governador do Estado, José Wilson Siqueira Campos, ex-PSDB, foi alvo de mandado de condução coercitiva. Os dois são investigados pela Operação Ápia, deflagrada nesta quinta-feira que desarticulou esquema que fraudava licitações públicas e execução de contratos celebrados para a terraplanagem e pavimentação asfáltica em diversas rodovias estaduais. A PF também faz buscas na Secretaria de Infraestrutura do TO (Seinfra).

Os dois foram governadores do Tocantins entre 2011 a 2014, quando celebraram contrato de financiamento firmado com o Banco do Brasil, objetivando obter recursos do BNDES e captados no exterior no valor de R$ 1,2 bilhão, bem como a concretização de aditivos, contratos de garantia e de liberação dos recursos. Segundo a PF, os recursos adquiridos tiveram a União como garantidora da dívida.

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Na decisão judicial que autorizou as ações, o Ministério Público Federal menciona o fato de na eleição de 2014, José Wilson Siqueira Campos ter renunciado ao governo para eleger o filho, Eduardo Siqueira Campos, deputado estadual. A campanha deste último teria se beneficiado de doações eleitorais das empresas investigadas na Operação Ápia; assim como as candidaturas de Sandoval e de Eduardo Gomes, que disputaram, sem sucesso, no mesmo ano para governador e senador. Eduardo Siqueira Campos foi eleito e, por ter prerrogativa de foro, não é alvo, neste momento, da operação.

Em comunicado à imprensa, a PF diz que estima-se que o prejuízo aos cofres públicos gire em torno de 25% dos valores das obras contratadas, o que representa aproximadamente R$ 200 milhões de reais.

A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou nesta terça-feira, 8, por unanimidade, um projeto de lei que acaba com a pensão vitalícia para ex-governadores, limitando o benefício aos quatro anos posteriores ao fim do mandato. Hoje, o Estado paga a pensão para oito ex-governadores e quatro viúvas, o que gera um gasto anual de cerca de R$ 4,3 milhões.

A deputada Any Ortiz (PPS), que protocolou o projeto, disse que a aprovação da matéria abre espaço para o Estado discutir outros privilégios que oneram os cofres públicos. "Hoje é um dia histórico", disse à reportagem.

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A proposta - que tem que ser sancionada pelo governador José Ivo Sartori (PMDB) - não é retroativa e, portanto, garante o direito adquirido para aqueles que hoje já recebem a pensão. Por isso, não haverá economia imediata. Nem o atual governador será afetado, já que ele foi eleito enquanto vigorava a antiga legislação. A mudança só valerá a partir do sucessor de Sartori.

"O que importa é que o Rio Grande do Sul vai caminhar em sentido diferente do que estava indo até agora. Se isso tivesse sido protocolado em 1992, muitos do que recebem hoje (a pensão) não estariam recebendo", disse Any. "É um passo importante."

A pensão vitalícia de governadores é alvo de questionamentos em diferentes Estados que ainda adotam esta fórmula. Mesmo no Rio Grande do Sul, já houve outros projetos que tentaram extinguir o benefício, sem sucesso. O deputado Juliano Roso (PCdoB), por exemplo, foi o primeiro parlamentar a protocolar no RS uma matéria nesse sentido. A dele, porém, acabava de vez com o privilégio, sem manter a pensão por quatro anos - tempo considerado necessário para que os ex-governadores possam se recolocar no mercado de trabalho. Isso gerou polêmica e resistência entre os deputados. A proposta de Any foi considerada menos radical.

A deputada acrescenta que o agravamento da crise financeira do Rio Grande do Sul também contribuiu para criar um clima político favorável à aprovação da medida. "Estamos passando por um momento difícil e não foi do dia para a noite que chegamos aqui. Foi com a soma de benefícios como este, com a soma de penduricalhos. Temos que valorizar o dinheiro público e fazer o possível para não desperdiçá-lo", falou Any.

Judiciário

Este assunto também é discutido na esfera judicial. Em abril, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram, em caráter liminar, que a pensão vitalícia paga aos ex-governadores do Pará é inconstitucional, o que suspendeu o pagamento do benefício. O mérito do caso ainda não foi julgado, mas, se a decisão for mantida, poderá ser estendida a outros Estados.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) entrou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o pagamento de pensão vitalícia a ex-governadores da Bahia. A concessão do benefício é garantida por um artigo da Constituição do Estado. No entendimento da procuradoria, a norma confere tratamento privilegiado a ex-governadores.

Pelo Artigo 104-A, após o fim do mandato, os governadores têm direito ao pagamento de subsídio integral e vitalício, desde que tenham contribuído para previdência oficial por 30 anos. Na ação direta de inconstitucionalidade, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, considera que o pagamento não tem fundamento legítimo e ofende o princípio constitucional da isonomia, por configurar tratamento privilegiado sem fundamento legítimo.

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“O diploma normativo impugnado, ao criar pensão especial, de natureza vitalícia, paga sob forma de subsídio pelos cofres estaduais, em benefício de ex-governadores do estado da Bahia, ofende frontalmente os princípios republicanos, da igualdade, da moralidade, da razoabilidade e da impessoalidade”, argumenta Janot.

Em abril, o STF considerou inconstitucional o pagamento de pensão vitalícia a ex-governadores do Pará. A legalidade dos pagamentos também é questionada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) nos estados do Acre, Mato Grosso, da Paraíba, do Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, de Rondônia e Sergipe.

A seccional Bahia da Ordem dos Advogados do Brasil encaminhou na tarde desta quinta-feira, 22, uma recomendação para que o Conselho Federal entre com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a concessão de aposentadoria vitalícia de R$ 19,3 para ex-governadores do Estado. A lei foi aprovada no final do ano passado pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo ex-governador e hoje ministro da Defesa, Jaques Wagner, um dos beneficiados, em um dos últimos atos de seu governo.

Wagner não localizado nesta quinta-feira. Questionado em dezembro passado pelo jornal O Estado de S. Paulo sobre o que achava da aposentadoria vitalícia, o ex-governador disse considerar "extremamente justa".

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É somente a partir da provocação da seccional regional que o Conselho Pleno da OAB pode entrar na Justiça questionando a constitucionalidade das leis estaduais que concedem o benefício. Hoje, tramitam no Supremo 11 ações contra decisões semelhantes em Roraima, Sergipe, Paraná, Acre, Piauí, Rio Grande do Sul, Paraíba, Rondônia, Mato Grosso e Rio de Janeiro.

O Maranhão, onde a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) tem direito garantido por lei estadual a duas aposentadorias vitalícias, além de cinco servidores estaduais à sua disposição, é uma exceção. De acordo com a seccional local, não há intenção em questionar o benefício.

As ações correm no Supremo Tribunal Federal com tramitações independentes, mas nenhuma delas chegou a ser julgada, segundo assessoria do STF. A que tem movimentação mais recente é um pedido de liminar para a suspensão de pagamento de aposentadoria vitalícia para ex-governadores do Pará.

Em maio deste ano, o ministro José Antônio Dias Toffoli devolveu o processo depois de ficar três anos com ele na mão. Pouco antes de seu pedido de vista, a ministra Cármen Lúcia havia considerado "inconstitucional" a concessão da aposentadoria vitalícia.

Em 2007, o Supremo determinou a suspensão do pagamento de pensões a ex-governadores do Mato Grosso do Sul, sob o mesmo argumento da OAB-BA, de que a concessão do benefício fere a Constituição.

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