Tópicos | José Carlos Bumlai

O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou um pedido de habeas corpus feito pelo pecuarista José Carlos Bumlai, que se encontra preso preventivamente na carceragem da Polícia Federal de Curitiba desde o último dia 6.

Apesar de indeferir o habeas corpus, Zavascki solicitou informações sobre o estado de saúde de Bumlai e determinou que o juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná, as avalie com mais cautela ao analisar uma possível prisão domiciliar.

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“As condições de saúde do paciente podem e devem ser avaliadas pelo magistrado de primeiro grau, sem que isso se confunda com a prisão cautelar, objeto da impetração. Necessário, assim, aguardar-se as informações solicitadas”, disse Zavascki, relator da Operação Lava Jato no STF, no pedido.

Moro ordenou que ele se reapresentasse à carceragem da Polícia Federal em Curitiba no início deste mês, alegando que os atestados apresentados para justificar a prisão domiciliar são vagos e não trazem previsão de alta.

O magistrado também levou em consideração indícios de que Bumlai “auxiliou terceiros a subornar criminoso a fim de evitar que esse celebrasse acordo de colaboração premiada”, o que a defesa nega.

Inquérito

Bumlai, que é apontado pelos investigadores como amigo pessoal do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, é suspeito de ter contraído um empréstimo de R$ 12 milhões junto ao Banco Schahin com o objetivo de financiar gastos do PT.

O MPF acredita que parte do dinheiro foi utilizado pelo partido para pagar o empresário Ronan Maria Pinto, dono do jornal Diário do Grande ABC. Ele estaria chantageando líderes da sigla porque tinha informações que ligavam integrantes do partido à morte do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel.

Posteriormente, o Grupo Schahin firmou um contrato de US$ 1,6 bilhão com a Petrobras para a operação de um navio sonda. A força-tarefa da Lava Jato suspeita que o negócio tenha sido uma compensação para que não fosse cobrada a dívida assumida por Bumlai, que nunca pagou o empréstimo.

Em depoimento prestado à Polícia Federal (PF) na última sexta-feira (1º), o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares disse que não deu aval e que desconhecia um empréstimo supostamente fraudulento de R$ 12 milhões entre o Banco Schain e o pecuarista José Carlos Bumlai. Delúbio foi alvo de um mandado de condução coercitiva na Operação Carbono 14, 27ª fase da Lava Jato, por ter sido citado em depoimentos de investigados ligados ao banco.

Questionado pelos delegados sobre o empréstimo, Delúbio declarou que sabia que o “assunto remonta à campanha eleitoral municipal de Campinas [SP] em 2004” e que teve conhecimento do fato pela imprensa. 

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“Perguntado se participou de reunião com o fim de propiciar o empréstimo em questão na sede do Banco Schain, junto com Sandro Tordin, Salan Schain, Milton Schain e José Carlos Bumlai, [Delúbio] respondeu que conforme já dito nunca tratou de empréstimo com ninguém. Não se recorda se esteve em reunião com as aludidas pessoas, todas juntas.  Perguntado por que motivo Salim Schain, Sandro Tordin e José Carlos Bumlai afirmaram que tal reunião ocorreu, reitera que não se recorda de tal reunião e que, mesmo que tal reunião tenha ocorrido, deseja consignar que sua presença nunca teve objetivo de constituir um aval para tal empréstimo”, diz trecho do depoimento.

Eleição em Campinas

O ex-tesoureiro confirmou que dois publicitários ligados ao PDT o procuraram para pedir apoio  nas eleições municipais de Campinas em 2004,  tendo em vista que o PT não foi para o segundo turno. De acordo com Delúbio, os publicitários pediram R$ 5 milhões em troca do apoio, mas foram informados que o partido não tinha o montante. Dessa forma, os publicitários perguntaram a ele se poderiam “arranjar” os recursos por conta própria e Delúbio respondeu que “não via problema”.

Segundo Delúbio, em uma das reuniões, feita na sede nacional do PT em São Paulo, estava Sandro Tordin, um dos investigados ligados ao Banco Schain, mas nada foi falado sobre o empréstimo. Aos investigadores, Delúbio disse que soube do empréstimo recentemente pela imprensa.

No depoimento, Delúbio disse que conheceu o publicitário Marcos Valério em 2002, “por conta de assuntos do PT, já que Marcos Valério prestou serviços publicitários para algumas campanhas do partido”. Ambos foram condenados na Ação Penal 470, o processo do mensalão, e citados nas investigações da 27ª fase da Lava Jato.  Sobre o empresário Ronan Maria Pinto, um dos presos na última fase, Delúbio afirmou que não o conhece.

Delúbio Soares afirmou que o pecuarista José Carlos Bumlai é “apenas um conhecido seu” e o conheceu durante a campanha do deputado Zeca do PT em 1988. Segundo o ex-tesoureiro, Bumlai apoiou a candidatura de Lula em 2002.

27ª fase da Lava Jato

De acordo com os investigadores da Lava Jato, o empresário Ronan Maria Pinto, dono de empresas de transporte público em Santo André (SP) e do jornal O Diário do Grande ABC, recebeu R$ 6 milhões, metade de um empréstimo entre o Banco Schain e o pecuarista José Carlos Bumlai, firmado em 2004. A legalidade do empréstimo é investigada na Lava Jato, na ação penal em que Bumlai é réu.

De acordo com a acusação do MPF, Bumlai usou contratos firmados com a Petrobras para quitar o empréstimo com o Banco Schahin. Segundo os procuradores, depoimentos de investigados que assinaram acordos de delação premiada revelam que o empréstimo de R$ 12 milhões se destinava ao PT e foi pago mediante a contratação da Construtora Schahin como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, da Petrobras, em 2009.

Por causa das investigações da 27ª fase, o juiz federal Sérgio Moro suspeita que R$ 6 milhões, metade do empréstimo, foram repassados a Ronan Maria Pinto pelo PT, mediante extorsão do partido por parte do empresário, que teria ameaçado denunciar o esquema de corrupção da prefeitura de Santo André (SP), então comandada por Celso Daniel, assinado em 2002.

O juiz Sérgio Moro homologou nesta sexta-feira (11) o pedido de dispensa do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como testemunha de defesa do empresário José Carlos Bumlai, réu na Operação Lava Jato.

O depoimento de Lula tinha sido marcado para segunda-feira (14), às 9h, por videoconferência, na Justiça de São Paulo. De acordo com o Código de Processo Penal (CPP), o réu pode desistir da oitiva de testemunhas arroladas por ele.

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Em troca do depoimento presencial, Lula enviou, por meio da defesa de Bumlai, esclarecimentos por escrito ao juiz. O ex-presidente afirmou que é amigo de Bumlai desde 2002 e que nunca tratou de assuntos políticos com o pecuarista. Lula também informou que nunca teve conhecimento de que Bumlai tenha usado a amizade com ele para obter vantagens em qualquer tipo de negócio.

Antes de decidir pela homologação, Moro disse aos advogados de Bumlai que as declarações enviadas por escrito pelo ex-presidente Lula não podem ser usadas como prova na defesa do pecuarista.

Para Sérgio Moro, declarações a favor de investigados devem ser feitas por meio do contraditório, conforme estabelece o CPP. 

A 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) negou nesta quarta-feira, 17, o habeas corpus do pecuarista José Carlos Bumlai, preso na 21ª fase da Lava Jato em 25 de novembro do ano passado, e o manteve na prisão.

O pedido da defesa do pecuarista e amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia sido negado liminarmente no dia 27 de novembro pelo tribunal. Em dezembro, Bumlai e outros dez investigados foram denunciados por corrupção, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta por suspeita de irregularidade na contratação da Schahin para a operação do navio-sonda Vitoria 10.000, envolvendo um empréstimo de R$ 12 milhões para o amigo de Lula - parte desta quantia teria sido destinada ao PT. A Procuradoria da República cobra uma reparação de R$ 53, 5 milhões dos investigados.

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O relator do caso no TRF-4, juiz federal Nivaldo Brunoni, convocado para substituir o desembargador federal João Pedro Gebran Neto, relator da Lava Jato na Corte e que está em férias, afirmou em seu voto que a prova da materialidade e os indícios só foram reforçados pela denúncia do Ministério Público Federal (MPF).

A defesa do pecuarista argumentou que a confissão realizada por Bumlai afastaria o risco à ordem pública ou ao processo e que a privação de liberdade não se justifica. O empresário admitiu à Polícia Federal que o empréstimo de R$ 12 milhões tomado junto ao Banco Schahin foi destinado para o PT.

O desembargador, contudo, entendeu que a confissão do empresário foi parcial e existem outros fatos na ação penal sobre os quais não foram dadas explicações. "A confissão parcial não afasta a necessidade de manutenção da prisão cautelar, pois em relação aos demais fatos ainda subsistem os riscos à sociedade e ao processo", entendeu Brunoni, apresentando fatos que ainda não foram esclarecidos.

Investigados na Operação Lava Jato, o ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP) e o pecuarista José Carlos Marques Bumlai devem ser transferidos ainda nesta sexta-feira (5) da carceragem da Superintendência da Polícia Federal (PF) no Paraná para o Complexo Médico Penal (CMP), em Curitiba (PR).

A transferência foi autorizada pelo juiz Sérgio Moro, a pedido da própria PF, que alegou que o espaço ocupado por Bumlai e Corrêa é utilizado para abrigar presos provisórios ou custodiados. Segundo a PF, a permanência na carceragem de qualquer pessoa detida pode comprometer a movimentação de outros presos e de eventuais operações.

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Bumlai foi preso em novembro, em caráter preventivo, durante a Operação Passe Livre, 21ª fase da Lava Jato. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), o pecuarista usou contratos firmados com a Petrobras para quitar empréstimos com o Banco Schahin.

Segundo os procuradores, depoimentos de investigados que assinaram acordos de delação premiada revelam que o empréstimo de cerca de R$ 12 milhões se destinava ao PT e foi pago mediante a contratação, em 2009, da Schahin como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, da Petrobras. Em dezembro de 2015, ele foi denunciado por crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva e gestão fraudulenta.

Pedro Corrêa foi condenado em novembro de 2015 a 20 anos sete meses e dez dias de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Corrêa foi acusado de receber R$ 11,7 milhões em propina decorrente do esquema de corrupção investigado na Operação Lava Jato. Quando foi preso, em abril de 2015, durante a 21ª fase da Lava Jato, o ex-deputado cumpria prisão em regime aberto pela condenação na Ação Penal 470, o chamado processo do mensalão.

A Agência Brasil tentou contato com os advogados de Bumlai e do ex-deputado federal, mas não obteve retorno até a publicação da matéria. 

A Receita Federal decidiu investigar indícios de crime em transações imobiliárias feitas pelo pecuarista José Carlos Bumlai, que beneficiaram o segundo maior fornecedor da campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff, o empresário Carlos Roberto Cortegôso.

O jornal O Estado de S. Paulo revelou que Bumlai vendeu sete terrenos para a CRLS Consultoria e Eventos, de propriedade de Cortegôso. A transferência dos imóveis foi feita sem quaisquer vantagens financeiras na transação. Bumlai os repassou pelo mesmo preço que valiam anos antes, quando os obteve.

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O pecuarista recebeu os terrenos da família Demarchi, cujos integrantes são amigos do ex-presidente Lula, em troca de ter quitado uma dívida deles com o banco Bradesco de R$ 3,9 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou nesta quarta-feira, 2, o pedido de habeas corpus liminar para libertar o pecuarista José Carlos Bumlai. Apontado como amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bumlai foi preso na quinta-feira, 24, em uma das fases da Operação Lava Jato.

O empresário está detido de maneira preventiva na superintendência da Polícia Federal em Curitiba. De acordo com as investigações, Bumlai participou de uma negociação irregular utilizada para quitar uma dívida de R$ 60 milhões do PT relativa à campanha de Lula em 2006.

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O pedido de liberdade do pecuarista havia sido negado no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, e seguiu para o STJ. A 5ª Turma do STJ ainda deve analisar o pedido de maneira colegiada, mas não há previsão para que o julgamento ocorra.

Com a prisão dele, as investigações da Lava Jato, cujo núcleo é o esquema de desvios e corrupção na Petrobras, avançam sobre negócios do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O pecuarista foi preso em um hotel em Brasília, onde havia se hospedado no dia anterior para prestar, na terça, depoimento à CPI do BNDES, na Câmara dos Deputados.

O lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, disse, em acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato, ter ouvido do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró foi indicado para a diretoria financeira da BR Distribuidora por ter ajudado o Grupo Schahin a obter contrato de operação do navio-sonda Vitória 10.000. Auditoria da estatal constatou irregularidade nesse negócio.

Baiano diz que procurou Bumlai - preso na semana passada pela Polícia Federal -, entre fim de 2007 e início de 2008, com pedido de ajuda para manter Cerveró na Diretoria Internacional da Petrobras, cargo que ele ocupava desde 2003. A articulação fracassou, mas, na mesma época, ele disse ter recebido um telefonema do pecuarista no qual Bumlai afirmou estar no Palácio da Alvorada, onde teria conversado com o então presidente Lula sobre o assunto. Na conversa, Bumlai lhe informou da indicação de Cerveró para a BR Distribuidora.

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"José Carlos Bumlai telefonou para o depoente e disse-lhe que estava em Brasília, ressaltando que tinha conversado com Lula e que não tinha mais como manter Nestor Cerveró na Diretoria Internacional", relatam os investigadores da Lava Jato a partir do depoimento de Baiano. "Na mesma ocasião, Bumlai informou que, em razão da ajuda de Cerveró na contratação do Grupo Schahin para operação do navio-sonda Vitória 10.000, ele havia sido indicado para o cargo de diretor financeiro da BR Distribuidora" - cargo que ele ocupou de 2008 a 2014.

Cerveró negociou a contratação da Schahin para operar o navio-sonda Vitória 10.000, quando era diretor de Internacional da Petrobras, por US$ 1,5 bilhão. Auditoria interna da estatal, concluída em maio, confirmou que houve direcionamento indevido na contratação da empresa. O negócio seria uma compensação por empréstimo de R$ 12 milhões do Banco Schahin a Bumlai que teria como destino final o PT. Segundo Baiano, ele e Bumlai acertaram pagamento de US$ 5 milhões em propina a Cerveró e a dois ex-gerentes da estatal, pagos pela Schahin.

Contradição

Baiano também relata a articulação política feita por Bumlai para tentar manter Cerveró na Diretoria Internacional. O pecuarista teria intermediado até uma conversa em 2007 entre o então diretor da Petrobras e o vice-presidente da República Michel Temer (PMDB), na época deputado.

À reportagem, Temer confirmou, via assessoria, o encontro com Cerveró em São Paulo e disse que a reunião foi intermediada por Bumlai. Temer relata que o ex-diretor estava buscando apoio para permanecer na estatal e diz ter afirmado a ele que "não poderia fazer nada".

De acordo com Temer, já havia uma indicação do então presidente do PMDB de Minas, Fernando Diniz, morto em 2009, para nomear o engenheiro Jorge Zelada para o cargo, o que acabou ocorrendo. Zelada também foi preso pela Lava Jato.

A informação de Temer contradiz o depoimento do pecuarista à força-tarefa. Na segunda-feira, ele disse à PF que não se dedicou a ajudar na manutenção de Cerveró no cargo.

A articulação para manter Cerveró no cargo, relata Baiano, começou quando ele soube de "pressões muito fortes" para sua demissão. O lobista afirmou que o pecuarista lhe disse ter conversado com Lula, mas não poderia interferir no assunto pois a Diretoria Internacional tinha sido prometida à bancada mineira do PMDB na Câmara. Procurado pela reportagem, o Instituto Lula afirmou que não iria comentar o assunto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Preso pela Operação Lava Jato, o pecuarista José Carlos Bumlai depõe, na tarde desta terça-feira (1º), à CPI do BNDES. No início da sessão, o amigo do ex-presidente Lula (PT) esclareceu aos deputados que não responderia a nenhuma das perguntas e usaria o direito de permanecer calado.  

“Em respeito a esta Casa, eu me desloquei a Brasília na semana passada para responder o que me fosse perguntado. Porém, tive a prisão decretada antes de vir e minha condição, hoje, é muito diferente da semana passada. Gostaria que os senhores entendessem que tenho de resguardar uma série de respostas que eu poderia dar para usar em minha defesa”, declarou Bumlai.

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Por meio de seus advogados, Blumai já tinha avisado que não iria responder as perguntas. A defesa dele pediu a dispensa do empresário ao presidente da CPI, deputado Marcos Rotta (PMDB-AM) e ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), sem sucesso. Mas Bumlai compareceu à reunião da CPI amparado por um habeas corpus concedido pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal.

“Sua postura é covarde e antipatriótica. O senhor apostou na impunidade por ser amiguinho de autoridade. Seu silêncio é ensurdecedor e o senhor não pode vir aqui fazer todo mundo de palhaço”, disse o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), um dos autores do requerimento de convocação do empresário.

O pecuarista está preso em Curitiba, acusado de obter propina por intermediar contratos de empresas junto à Petrobras, desde a última quarta-feira (25).

Segundo o Ministério Público, Bumlai obteve vantagens do banco Schahin em troca de um contrato de fornecimento de navio sonda para a Petrobras por uma das empresas do grupo. De acordo com a suspeita, o banco teria perdoado uma dívida de R$ 21 milhões do pecuarista depois da operação.

Preso e acusado pelo Ministério Público Federal de fraudar empréstimos para quitar dívidas do PT, o empresário José Carlos Bumlai apareceu numa transação imobiliária em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, que teve como beneficiário final o segundo maior fornecedor da campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff. O negócio envolve pessoas próximas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 2007, a família Demarchi, cujos integrantes são amigos do ex-presidente, fez uma "dação em pagamento" a Bumlai com 11 terrenos avaliados entre R$ 170 mil e R$ 730 mil. Dados cartoriais mostram que, a partir de 2010, ele começou a revender os lotes pelos mesmos valores a Carlos Roberto Cortegôso - em 2014, ele assumiu ser o verdadeiro dono da Focal Comunicação, que faturou R$ 24 milhões na campanha de Dilma daquele ano.

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O nome de Cortegôso veio à tona depois que técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontaram como irregulares as notas fiscais da Focal apresentadas na prestação da campanha do PT após a vitória de Dilma. Em seguida, descobriu-se que a empresa tinha entre seus sócios um motorista. Para tentar acabar com a polêmica, Cortegôso apresentou-se na sequência como o responsável pela empresa, que tinha como controladora sua filha, Carla Regina Cortegôso.

A Focal já havia sido citada no escândalo do mensalão pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, condenado pelo Supremo Tribunal Federal como operador do esquema. Em 2005, ele apresentou à CPI dos Correios uma lista de beneficiários do mensalão da qual faziam parte a Focal e Carla Regina. Recentemente, uma outra empresa de Carlos Roberto Cortegôso - a CRLS Consultoria e Eventos - foi citada na Operação Lava Jato.

A CRLS apareceu em meio às investigações relacionadas ao braço do esquema no Ministério do Planejamento. A 18ª fase da Lava Jato investigou desvio de R$ 52 milhões. Desse total, R$ 37 milhões foram arrecadados pelo operador Alexandre Romano. Em depoimento feito em delação premiada, ele contou que fez depósitos na conta da CRLS a pedido do ex-ministro Luiz Gushiken (morto em 2013).

'Sociedade'

A CRLS é a empresa para a qual Bumlai transferiu sete dos 11 terrenos recebidos da família Demarchi. Mais conhecido como pecuarista em Mato Grosso do Sul e pela amizade com Lula, Bumlai não frequentava São Bernardo do Campo. Mas ficou com terrenos da tradicional família Demarchi, cujo maior negócio sempre foi o restaurante São Judas Tadeu, situado na mesma cidade.

As operações ganharam contornos mais suspeitos quando Carlos Cortegôso passou a oferecer terrenos apresentando-se como "sócio de Bumlai". O comerciante José Nildo Lopes comprou um dos terrenos do empresário por intermédio de Cortegôso, conhecido como Carlão. "Ele me disse: o terreno é meu, só que não está no meu nome. Você me dá o dinheiro que, em dez dias, o terreno passa para o seu nome", disse Lopes ao Estado. "O Carlão me falou que o (restaurante) São Judas devia para o Bumlai."

No começo dos anos 1980, o PT e o Sindicato dos Metalúrgicos usavam o restaurante para festas, confraternizações e encontros. Neste ano, amigos de Lula haviam marcado no São Judas a festa de 70 anos do presidente. Antes de virar prestador de serviços do PT, Cortegôso foi garçom em outro restaurante da família Demarchi, o Florestal, que também era frequentado por Lula.

Negócio privado

Carlos Roberto Cortegôso afirmou que fez um "negócio privado" e que "não há nenhuma irregularidade". Ele ressaltou que nunca foi amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Falei poucas vezes com ele", disse.

Cortegôso também negou ser sócio de Bumlai. "Quem me dera se eu fosse", completou. Disse, ainda, que o comerciante José Nildo Lopes mentiu sobre a negociação. "Não teve nada daquilo que ele disse. Eu tentei ajudá-lo Esse rapaz é um estelionatário", completou.

Procurado pela reportagem, o advogado de José Carlos Bumlai, Arnaldo Malheiros, afirmou que seu cliente revendeu os terrenos pelo mesmo preço que comprou - sem correção ou reajuste - porque estava precisando de dinheiro.

A família Demarchi explicou que os terrenos foram "dados em pagamento" a Bumlai depois que o empresário quitou uma dívida do restaurante com um banco.

O pecuarista José Carlos Bumlai, preso no último dia 24, prestará depoimento na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba, nesta segunda-feira (30). Segundo a Assessoria de Comunicação da PF, ele será ouvido por volta das 14h30.

Na sexta-feira (27), o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato, autorizou a PF a ouvir o depoimento do empresário. A decisão foi tomada após o juiz negar pedido feito pela defesa de Bumlai para a realização de uma audiência de custódia destinada a avaliar a necessidade de Bumlai continuar preso.

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Ele cumpre prisão preventiva na carceragem da PF, em Curitiba. Bumlai foi preso durante a Operação Passe Livre, 21ª fase da Lava Jato, em Brasília. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), ele usou contratos firmados com a Petrobras para quitar empréstimos com o Banco Schahin.

Segundo o procurador da República Diogo Mattos, depoimentos de investigados que assinaram acordos de delação premiada indicam que o empréstimo se destinava ao Partido dos Trabalhadores e foi pago mediante a contratação do Schahin como operador do navio-sonda Vitória 10.000, da Petrobras, em 2009.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES vai tentar ouvir o pecuarista José Carlos Bumlai, na próxima terça-feira (1º). Caso aconteça, o depoimento será o último antes do prazo final de trabalhos da CPI, que se encerra no dia 4 – caso não seja prorrogada.

A reunião para ouvir Bumlai estava marcada para a última terça-feira (24), mas foi inviabilizada pela prisão do empresário em um hotel de Brasília, como parte de nova etapa da Operação Lava Jato.

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Amigo do ex-presidente Lula (PT), Bumlai está preso em Curitiba, acusado de obter propina por intermediar contratos de empresas junto à Petrobras.

De acordo com o presidente da CPI, deputado Marcos Rotta (PMDB-AM), depois do depoimento de Bumlai serão necessárias quatro reuniões para análise e votação do parecer do relator, deputado José Rocha (PR-BA).

Rotta quer a prorrogação da comissão por mais 45 dias, mas a medida depende de aprovação do Plenário da Câmara.

O pecuarista José Carlos Bumlai informou o juiz federal Sérgio Moro, nesta quinta-feira, 26, que permanecerá calado diante das perguntas de deputados da CPI do BNDES e pediu que ele seja dispensado de ir à Brasília na terça-feira, dia 1º - data marcada para seu depoimento.

A comissão ouviria Bumlai na terça-feira passada, 24, dia em que o pecuarista amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi preso pela Polícia Federal, alvo da Operação Passe Livre, 21ª fase da Lava Jato. Ele é suspeito de ter recebido propinas do esquema de Petrobras e intermediado um empréstimo nunca pago ao Banco Schahin para o PT, de maneira irregular.

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"Após sua prisão, e entendendo que sua posição é efetivamente de investigado, o peticionário já adianta que irá exercer seu direito constitucional de permanecer calado diante das perguntas que lhe serão feitas pelos deputados membros da referida Comissão Parlamentar", informou o escritório do criminalista Arnaldo Malheiros Filho, em sua petição entregue a Moro nesta quinta-feira, 26.

Na quarta-feira, atendendo pedido da CPI, Moro autorizou a transferência de Bumlai para Brasília no dia 1º para ser ouvido pelos integrantes da comissão.

A defesa argumenta que o "deslocamento para Brasília, às custas do Estado, só trará gastos desnecessários à máquina pública e em nada contribuirá para os trabalhos daquela CPI", informa a petição assinada pelas advogadas Daniella Meggiolaro e Lyzie de Souza Andrade.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) negou por meio das redes sociais que tenha suavizado exigências para privilegiar a empresa São Fernando, do empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Uma nota do BNDES foi publicada em resposta à reportagem da Folha de S. Paulo, na edição de domingo, intitulada "BNDES suavizou exigências para socorrer amigo de Lula", segundo a qual o banco de fomento teria concedido crédito no montante de R$ 101,5 milhões em 2012.

De acordo com o BNDES, seus procedimentos são técnicos e impessoais e "neste caso específico, diferentemente do que insinua o texto do jornal, não houve violação de norma do banco para favorecer a empresa". A operação da São Fernando Energia era um financiamento indireto, explica a nota do BNDES.

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"Desta forma, a análise da operação e o risco de crédito foram assumidos pelos agentes financeiros, tanto público quanto privado", afirma o banco, acrescentando que no caso da São Fernando, o BNDES está perseguindo com o rigor usual a recuperação dos recursos emprestados.

"Prova disso é que foi o BNDES que entrou com o pedido de falência da empresa, após esta não ter cumprido o acordo de recuperação judicial. A estruturação rigorosa de garantias exigidas pelo BNDES para realizar a operação torna exequível que o banco recupere seu crédito", diz a nota, acrescentando que o rigor aplicado na análise de operações e na estruturação de garantias faz com que o BNDES tenha inadimplência de apenas 0,05%, a menor que todo o Sistema Financeiro Nacional, público e privado.

O pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi acusado por dois delatores da Operação Lava Jato de ter acertado o pagamento de US$ 5 milhões em propina para o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e outros dois ex-gerentes da estatal. Os valores foram pagos pelo Grupo Schahin, em troca de contrato de operação do navio-sonda Vitória 10.000, segundo os delatores.

O nome de Bumlai aparece na delação de Fernando Soares, o Fernando Baiano, condenado a 16 anos de prisão por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro desviado de esquema ilícito instalado na Petrobras. Ele é apontado como o braço do PMDB no arranjo montado na estatal. A outra citação foi feita por Eduardo Musa, ex-gerente da área Internacional da petroleira. Cerveró foi condenado a 12 anos de prisão também pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

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Segundo as investigações, há registro de reunião entre Bumlai, Fernando Baiano, Cerveró, Eduardo Musa e o ex-gerente executivo da área Luis Carlos Moreira no escritório do operador do PMDB, no Rio de Janeiro.

Baiano está preso desde dezembro do ano passado, em Curitiba. Sua delação foi fechada no Supremo Tribunal Federal (STF) e permanece em sigilo.

O pagamento dos US$ 5 milhões teria sido tratado diretamente por Fernando Schahin, filho de um dos fundadores do grupo, e dividido entre os três ex-executivos da Petrobras da Diretoria Internacional, da cota do PMDB no esquema de corrupção na estatal. Dois deles indicaram contas bancarias no Uruguai para receber suas partes e um, na Suíça.

Conselheiro

Apontado como "o pecuarista" em conversas de executivos investigados em Curitiba, Bumlai seria uma espécie de avalista dos negócios com a Schahin, segundo suspeita da Polícia Federal. Seu nome ainda não havia sido citado diretamente nos negócios de propina alvos da força-tarefa da Lava Jato.

Lula e Bumlai estreitaram relações na campanha eleitoral de 2002. Desde então, o pecuarista passou a ser um dos conselheiros com acesso direto ao ex-presidente. E-mails apreendidos na sede da empreiteira Odebrecht, em São Paulo, indicam que Bumlai, que gozava de acesso irrestrito ao gabinete da Presidência na gestão Lula, tentou, inclusive, agendar reunião com Marcelo Odebrecht, presidente da empresa, para tratar de assuntos relativos ao governo da presidente Dilma Rousseff, como as privatizações de rodovias.

Cunha

O navio-sonda Vitória 10.000 fez parte de um pacote de construção de dois equipamentos do tipo, usados para exploração de petróleo em águas profundas. Contratados pela Diretoria Internacional, com negociações iniciadas em 2005, por Cerveró, o pacote incluiu os termos de construção e depois de operação. Ambos, segundo a Lava Jato, envolvendo propina.

O estaleiro Samsung Heavey Industries, em parceria com o Grupo Mitsui, foi o responsável pela construção dos dois navios-sonda (Vitória 10.000 e Petrobras 10.000). Processo já julgado procedente pelo juiz responsável pelas ações penais da Lava Jato, Sérgio Moro, concluiu que a empresa pagou pelo menos US$ 30 milhões de propina, via lobista Júlio Camargo, representante do estaleiro no Brasil, e Fernando Baiano nessa primeira etapa. Um dos beneficiados, segundo Camargo, foi o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que recebeu pelo menos US$ 5 milhões.

As novas revelações de Fernando Baiano e do ex-gerente da área Internacional Eduardo Musa confirmam que a segunda fase de contrato do Vitória 10.000, para operação do equipamento, também envolveu propina e a interferência direta de Bumlai.

A Schahin foi contratada, por meio da Deep Black Drilling LLP, para operação do Vitoria 10.000 durante 10 anos (2010-2020) pelo valor US$ 1,5 bilhão. Apurações internas da Petrobras anexadas aos autos da Lava Jato indicaram problemas no contrato com a Schahin. "A demora em concretizar negociação com a Schahin para a vinda do Vitoria 10.000 para o Brasil implicou custo de aproximadamente US$ 126 milhões", informa documento da estatal. "A escolha da Schahin como parceira foi discricionária." O contrato foi rescindido pela Petrobras, em maio, após o nome da empresa ser citado como uma das participantes do cartel alvo da Lava Jato. O grupo entrou esse ano em concordata. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O pecuarista José Carlos Bumlai, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que "não participou de reunião alguma com essas pessoas" e que não tratou de contratos da Petrobras. "Todas as informações ultimamente veiculadas na imprensa ligando o nome do empresário José Carlos Bumlai a escândalos relacionados à Operação Lava Jato são ilações inverídicas baseadas exclusivamente em depoimentos prestados por delatores. Até o momento, não temos conhecimento de qualquer prova ou acusação formal contra o Sr".

"Muito nos espanta a divulgação dessas notícias nos jornais e revistas, especialmente porque tais depoimentos, segundo informações dos advogados, estão sob segredo de justiça, o que torna as notícias ainda mais especulativas. Bumlai nega que tenha qualquer relação com as mentiras já publicadas, e repudia as novas infâmias que estão sendo agora assacadas contra sua pessoa", diz a nota.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi acusado por dois delatores da Operação Lava Jato de ter acertado o pagamento de US$ 5 milhões em propina para o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e outros dois ex-gerentes da estatal. Os valores foram pagos pelo Grupo Schahin, em troca de contrato de operação do navio-sonda Vitória 10.000, segundo os delatores.

O nome de Bumlai aparece na delação de Fernando Soares, o Fernando Baiano, condenado a 16 anos de prisão por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro desviado de esquema ilícito instalado na Petrobras. Ele é apontado como o braço do PMDB no arranjo montado na estatal. A outra citação foi feita por Eduardo Musa, ex-gerente da área Internacional da petroleira. Cerveró foi condenado a 12 anos de prisão também pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

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Segundo as investigações, há registro de reunião entre Bumlai, Fernando Baiano, Cerveró, Eduardo Musa e o ex-gerente executivo da área Luis Carlos Moreira no escritório do operador do PMDB, no Rio de Janeiro.

Baiano está preso desde dezembro do ano passado, em Curitiba. Sua delação foi fechada no Supremo Tribunal Federal (STF) e permanece em sigilo.

O pagamento dos US$ 5 milhões teria sido tratado diretamente por Fernando Schahin, filho de um dos fundadores do grupo, e dividido entre os três ex-executivos da Petrobras da Diretoria Internacional, da cota do PMDB no esquema de corrupção na estatal. Dois deles indicaram contas bancarias no Uruguai para receber suas partes e um, na Suíça.

Conselheiro

Apontado como "o pecuarista" em conversas de executivos investigados em Curitiba, Bumlai seria uma espécie de avalista dos negócios com a Schahin, segundo suspeita da Polícia Federal. Seu nome ainda não havia sido citado diretamente nos negócios de propina alvos da força-tarefa da Lava Jato.

Lula e Bumlai estreitaram relações na campanha eleitoral de 2002. Desde então, o pecuarista passou a ser um dos conselheiros com acesso direto ao ex-presidente. E-mails apreendidos na sede da empreiteira Odebrecht, em São Paulo, indicam que Bumlai, que gozava de acesso irrestrito ao gabinete da Presidência na gestão Lula, tentou, inclusive, agendar reunião com Marcelo Odebrecht, presidente da empresa, para tratar de assuntos relativos ao governo da presidente Dilma Rousseff, como as privatizações de rodovias.

Cunha

O navio-sonda Vitória 10.000 fez parte de um pacote de construção de dois equipamentos do tipo, usados para exploração de petróleo em águas profundas. Contratados pela Diretoria Internacional, com negociações iniciadas em 2005, por Cerveró, o pacote incluiu os termos de construção e depois de operação. Ambos, segundo a Lava Jato, envolvendo propina.

O estaleiro Samsung Heavey Industries, em parceria com o Grupo Mitsui, foi o responsável pela construção dos dois navios-sonda (Vitória 10.000 e Petrobras 10.000). Processo já julgado procedente pelo juiz responsável pelas ações penais da Lava Jato, Sérgio Moro, concluiu que a empresa pagou pelo menos US$ 30 milhões de propina, via lobista Júlio Camargo, representante do estaleiro no Brasil, e Fernando Baiano nessa primeira etapa. Um dos beneficiados, segundo Camargo, foi o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que recebeu pelo menos US$ 5 milhões.

As novas revelações de Fernando Baiano e do ex-gerente da área Internacional Eduardo Musa confirmam que a segunda fase de contrato do Vitória 10.000, para operação do equipamento, também envolveu propina e a interferência direta de Bumlai.

A Schahin foi contratada, por meio da Deep Black Drilling LLP, para operação do Vitoria 10.000 durante 10 anos (2010-2020) pelo valor US$ 1,5 bilhão. Apurações internas da Petrobras anexadas aos autos da Lava Jato indicaram problemas no contrato com a Schahin. "A demora em concretizar negociação com a Schahin para a vinda do Vitoria 10.000 para o Brasil implicou custo de aproximadamente US$ 126 milhões", informa documento da estatal. "A escolha da Schahin como parceira foi discricionária." O contrato foi rescindido pela Petrobras, em maio, após o nome da empresa ser citado como uma das participantes do cartel alvo da Lava Jato. O grupo entrou esse ano em concordata.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Justiça de São Paulo retomou o processo criminal do Caso Sanasa - esquema de fraudes e corrupção em contratos de obras de abastecimento e saneamento da empresa municipal de água de Campinas. O escândalo envolve duas construtoras do suposto cartel que atuava na Petrobras - a Camargo Corrêa e a Constran - e pode complicar a vida do empresário e pecuarista José Carlos Bumlai, novo alvo da Operação Lava Jato.hahahah

Bumlai - o amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - é citado nos autos do Caso Sanasa, apesar de não ser réu. Uma investigação envolvendo sua atuação em favor da construtora Constran deve ser retomada pelo Gaeco, núcleo do Ministério Público que combate o crime organizado. O pecuarista foi membro do conselho de administração da empreiteira.

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As apurações podem ajudar os investigadores da Lava Jato, após o nome de Bumlai cair no radar da Polícia Federal no termo de delação premiada de Paulo Roberto Costa, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.

Costa apontou Bumlai como alguém "muito ligado ao PT" e "muito próximo" do lobista Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, suposto arrecadador e movimentador de propina para o PMDB, dentro da Petrobras - preso pela Lava Jato desde novembro de 2014.

Dois anos antes das investigações da Lava Jato chegarem ao suposto esquema comandado pelo PT que arrecadava de 1% a 3% nos grandes contratos da Petrobras, Bumlai teve a prisão temporária pedida pelos promotores do Caso Sanasa.

Propina

Segundo as acusações, Bumlai seria o elo entre a Constran - alvo agora da Lava Jato - e a prefeitura de Campinas, em um contrato milionário com a Sanasa para as obras de construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Anhumas - feita em parte com recursos federais.

O MP sustenta que por meio de fraudes e propinas, que variavam de 5% a 7%, empreiteiras - entre elas a Camargo Corrêa e a Constran - patrocinaram um esquema de mensalinho na Câmara de Campinas.

No topo da organização criminosa denunciada estaria a ex-primeira-dama de Campinas Rosely Nassim Jorge Santos. Considerado o maior escândalo político de Campinas, o Caso Sanasa levou à cassação o prefeito Hélio Oliveira Santos (PDT) e seu vice, Demétrio Vilagra (PT), em 2012. Na época, o caso abalou o PT e fez com que o ex-ministro José Dirceu - que ainda não havia sido condenado no mensalão - desembarcasse na cidade para uma visita relâmpago para tentar apaziguar a crise política instalada.

Amigo do presidente

Em outubro de 2011, a Justiça indeferiu o pedido de prisão de Bumlai. Na decisão, o juiz da 3ª Vara Criminal de Campinas, Nélson Augusto Bernardes, apontou a necessidade de apurações mais aprofundadas sobre seu envolvimento.

O estopim do caso foram os depoimentos de Luiz Augusto Castrillon de Aquino, que presidiu a Sanasa de janeiro de 2005 a julho de 2008. Em delação premiada, em dois extensos depoimentos, Aquino detalhou o mensalinho, com recebimento de parcelas fixas da propina por servidores e citou a atuação de Bumlai.

O delator disse ter sido "coordenador estratégico da campanha de Dr. Hélio em 2004, da qual 'Bumlai participou ativamente'". "No início do primeiro mandato, o prefeito nomeou a mulher chefe de gabinete, tendo ela assumido amplos poderes na gestão", disse Aquino.

"Rosely decidiu montar esquema de arrecadação financeira clandestina na administração. Ou ingressava no esquema e propiciava a arrecadação ilícita de fundos ou era tirado do cargo que ocupava."

Segundo Aquino, a primeira-dama "estabelecia metas anuais" e citou oito contratos em que os "porcentuais (da propina) variavam de 5% a 7% sobre o valor da obra." O esquema teria atuado de 2005 a 2008 e gerado um rombo de R$ 200 milhões.

Segundo o relatório do Gaeco, "informações apontam que a participação de Bumlai no esquema investigado extrapola a simples representação dos interesses da Constran junto ao grupo de Rosely Nassim e o correlato repasse de porcentuais do contrato mantido com a Sanasa".

"Já há informações no sentido de que Bumlai teria participação ainda mais direta no esquema de corrupção, inclusive com possível ascendência sobre Rosely Nassim", diz o texto.

Lula

O nome de Bumlai foi mencionado na interceptação telefônica de um diálogo entre um advogado e o delator do Caso Sanasa. Relatório do Gaeco destaca que, em 26 de abril, Aquino conversa com o advogado após reunião com um homem chamado de Ítalo Barione.

"De acordo com Luiz Aquino, Ítalo Barione estaria colhendo informações, a pedido do próprio José Carlos Bumlai, para viabilizar a formalização, junto ao Ministério Público, de delação premiada em favor dele", informa o documento. "Aquino relata que Bumlai teria intenção de proteger Lula." Um resumo da conversa, nos autos da promotoria: "Aquino diz que Bumlai quer fazer acordo e "o que ele puder fazer para proteger Lula, tudo bem"".

Para os promotores, "o teor do diálogo é totalmente pertinente". Eles falam das relações de Bumlai e Lula. "O empresário talvez tivesse a preocupação de não propiciar uma exposição negativa em razão da amizade de ambos."

A possibilidade de uma delação por parte do pecuarista para "proteger Lula" integrou o pedido de prisão dos promotores. Sua defesa negou, na época, a intenção, classificada de mentira.

Conexão

Os traços comuns, como modus operandi, pessoas e empresas envolvidas nos esquemas montados na Sanasa, em Campinas, e na Petrobras serão apurados pelos investigadores da Lava Jato.

Dalton dos Santos Avancini, executivo da Camargo Corrêa preso desde 14 de novembro de 2014 no escândalo Petrobras, é um dos réus do processo do Caso Sanasa, em Campinas. O processo foi retomado e está em fase final.

A Camargo Corrêa, que foi contratada nas obras da ETE Anhumas, teria pago propina no esquema. O juiz Nélson Augusto Bernardes chegou a decretar a prisão do executivo, em 2011, ele foi considerado foragido e acabou conseguindo a suspensão da medida.

A Constran, também investigada na Lava Jato, foi outra contratada pela Sanasa para as obras da ETE Anhumas. Hoje a Constran pertence à UTC, cujo presidente, Ricardo Pessoa, foi preso pela Lava Jato apontado como coordenador do suposto cartel que se autodenominava "clube" para fatiar obras da Petrobras.

O advogado Mario Sérgio Duarte Garcia, que representa José Carlos Bumlai, afirmou que o cliente não é "muito próximo" de Fernando Baiano. Segundo o defensor, o pecuarista apenas o conhece.

"Não é jamais foi elo entre Constran e a prefeitura de Campinas. Ele não participou (de esquema) e não se envolveu em irregularidade. Não tem cabimento fazer delação premiada, porque ele não é investigado e nem foi acusado. O nome dele foi inventado pelo Aquino."

Em nota, a UTC informou que "adquiriu participação acionária na Constran em 2010".

"A Construtora Camargo Corrêa tem prestado os esclarecimentos para demonstrar a regularidade de sua atuação neste contrato", afirmou a Camargo Corrêa.

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