O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta terça-feira (7) que o governo mantém a previsão de 0,9% para o crescimento da economia brasileira neste ano. "Só em novembro, quando fizermos novo relatório (bimestral de receitas e despesas) é que vamos rever ou não a nossa previsão de PIB. Não temos agilidade da Focus, que muda a cada semana. As taxas da Focus são flexíveis", disse, em referência à previsão dos analistas do mercado, que está em 0,24%. No mês passado, a projeção do governo federal foi revisada de 1,8% para 0,9%.
"Eu espero que a economia europeia faça esforço adicional para a retomada do crescimento. Está claro que a estratégia que eles estão usando não é eficiente. Eles têm que fazer esforço fiscal e monetário maior", disse. "Eles têm que fazer o que fizemos aqui. O Brasil foi um dos que mais cresceu durante a crise, porque fizemos política anticíclica, que diminui o primário, mas mantém certo nível de crescimento", afirmou. "Os países europeus têm que fazer política monetária mais agressiva, como fizeram os EUA, ou política fiscal expansionista."
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"O continente europeu é muito importante. Quando não está aumentando o consumo, a gente fica sem uma perna. A China também reage a isso, porque é uma grande exportadora. Então, eu acredito que essa situação vai ter que ser mudada", disse, acrescentando que na próxima reunião do G-20 será necessário discussão para que países avançados façam esforço adicional.
FMI
Para o ministro, o Fundo Monetário Internacional (FMI), que anunciou hoje projeção de 0,3% de avanço da economia brasileira em 2014, está fazendo ajustes fortes porque estava otimista com o desempenho dos Estados Unidos e com o Brasil, o que não se confirmou. Segundo ele, o Fundo não contava com a seca no Brasil e uma política monetária mais contracionista. "O FMI deve ter se baseado no resultado (brasileiro) do ano passado e no nosso potencial porque temos mercado que outras economias não têm", afirmou.
Ele destacou que o FMI já previu uma expansão de 3% nos Estados Unidos e já trabalha com 2,2%. "Nós temos uma volatilidade dessas projeções e acredito que estamos todos no mesmo barco na economia mundial, mas em condições diferentes. O Brasil tem condições de reagir melhor porque tem mercado interno", disse.
Mantega citou também a manutenção dos investimento externos no País. "Temos os ingredientes para retomada da economia no ano que vem", afirmou.
De acordo com Mantega, a economia mundial não crescerá tanto em 2015 quando se acreditava. "Teremos que fazer esforço para nos virar com nossas condições", afirmou o ministro, fazendo referência a dar mais condições para exportadores e recuperar mercado interno a partir de mais crédito. "Temos condições de crescer em 2015 mais do que crescemos em 2014", disse. "Só voltando e normalizando o crédito, isso já vai trazer estímulo ao consumo."
Ao citar fatores que influenciam na confiança da economia, Mantega citou que há um problema de contágio mundial. "Você está vendo o que acontece lá fora e, tirando EUA, as notícias não são boas", afirmou, citando queda no preço de commodities. "Com isso, a confiança também não se reativa. Mais para o final do ano poderemos estar recuperando a confiança em função de ativação da economia", afirmou.
Confiança
Segundo o ministro, existe problema de confiança, mas não apenas no Brasil. "A confiança na Alemanha, do empresário alemão, vem caindo oito meses consecutivos", disse. Para Mantega, fatores políticos influenciam a questão da confiança, mas disse que o mais importante para o investidor é que o mercado de consumo cresceu menos. "Então faltou mercado. A indústria e o investimento foram bem no ano passado. Então havia mais confiança", avaliou.
O ministro disse que a indústria não consegue vender e acumulou estoque. Por isso, os empresários perderam a confiança e deixam de investir. No entanto, afirmou que há uma recuperação do comércio que deve crescer entre 3% e 3,5% pela estimativa do IDV.
Destacou também que a indústria automobilística já está vendendo mais e, portanto, estão aumentando a produção. "A confiança voltará quando o comércio tiver num patamar mais elevado. O comércio deve se recuperar. Novembro e dezembro são sempre melhor. A indústria vai desovar os estoques e terá que voltar a produzir. A confiança no setor industrial deve voltar. Já há tendência de melhorar a confiança do consumidor", disse. Para o ministro, o problema é de contágio mundial.