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O ex-procurador da República Marcello Miller pediu ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), para participar do processo em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) pede a rescisão dos acordos de colaboração de executivos da J&F, como os irmãos Joesley e Wesley Batista. O requerimento foi apresentado nesta quarta-feira, 1, ao STF, que irá decidir se homologa ou não a rescisão.

No ano passado, ao pedir que a Corte dê fim aos acordos, PGR afirmou que os colaboradores da J&F omitiram informações ilícitas no processo de delação, citando a suposta atuação de Miller para dar orientações na colaboração premiada dos executivos enquanto ainda era integrante do MPF.

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No pedido formulado ao STF, Miller destaca que é réu na Justiça Federal por esse suposto auxílio ilícito ao grupo J&F. Em junho, a 15ª Vara do Distrito Federal aceitou denúncia contra ele e Joesley no caso. Segundo a denúncia, haveria uma promessa de pagamento indevido de R$ 700 mil dos executivos a Miller. Para o ex-procurador, é essencial que ele possa se manifestar na ação que corre no STF, uma vez que o processo em que é réu na primeira instância trata do mesmo assunto.

Segundo Miller, o que for decidido pelo STF no julgamento da delação da J&F deve influenciar diretamente seu processo na justiça. "Em outras palavras, se restar reconhecida, nestes autos, pela Corte Suprema, prática de delito pelo requerente, é pouco provável que o juízo de primeiro grau afaste essa conclusão na já mencionada ação penal", afirma Miller.

O ex-procurador sustenta ainda que há "vasta maioria dos elementos de prova" que mostram que ele não usou sua função pública para nenhuma finalidade. Na petição, ele declara sua disposição de prestar declarações na ação de rescisão do acordo, inclusive no plenário, e também pede para ter a opção de apresentar provas, requerer diligências e perícias.

Em junho, Fachin decidiu abrir diligências para apurar eventuais irregularidades nos acordos de colaboração premiada e determinou que, assim que for concluída a fase de coleta de provas (instrução), caberá ao plenário do STF decidir se homologa ou não a rescisão.

Rescisão

Os acordos de executivos da J&F foram homologados pelo STF em 11 de maio do ano passado. À época, Joesley envolveu o presidente Michel Temer, ao gravar conversa entre os dois em encontro no Palácio do Jaburu.

Em 14 de setembro de 2017, o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, informou que decidiu rescindir os acordos de colaboração premiada firmados pelo empresário Joesley Batista e o executivo Ricardo Saud com o Ministério Público Federal.

Em fevereiro deste ano, foi a vez da sucessora de Janot, a procuradora-geral da República Raquel Dodge rescindir os acordos de Wesley Batista e do executivo Francisco de Assis e Silva. Todos os casos pendem da palavra final do Supremo.

Na ocasião em que Janot ainda chefiava a PGR, o ex-procurador apontou que Joesley e Saud agiram de má fé ao omitirem suposto fato criminoso envolvendo o senador Ciro Nogueira (PP-PI), além do suposto envolvimento de Miller.

A defesa de Joesley Batista, sócio do grupo J&F, afirmou, em nota distribuída nesta segunda-feira, 25, que o empresário "jamais contratou, pagou, ofereceu ou autorizou que fosse oferecida qualquer vantagem indevida ao senhor Marcello Miller, outrora sócio do escritório TRW". Batista e Miller, que também é ex-procurador da República, foram denunciados nesta segunda-feira pelo Ministério Público Federal (MPF) sob a acusação de corrupção no inquérito que investiga o envolvimento de Miller na elaboração de acordos de colaboração premiada, enquanto ainda fazia parte do MPF.

O advogado André Luís Callegari, que defende Joesley, diz em nota que a denúncia ignora o fato de que o colaborador ou a empresa não solicitaram a emissão de uma fatura do TRW, tampouco tinham qualquer ingerência sobre os procedimentos internos do escritório de advocacia. Ainda de acordo com Callegari, a denúncia também não menciona que a J&F sequer pagou os valores ao escritório TRW, que está sendo processado por sua conduta profissional nesse episódio.

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"Além disso, a denúncia despreza todos os depoimentos e documentos aportados ao inquérito pela própria defesa, utilizando-se de majoritariamente de um procedimento administrativo conduzido de forma açodada pela PGR em setembro do ano passado", acrescenta na nota. A defesa ainda classifica a acusação como "descabida" e "descolada" de elementos probatórios.

Assis

Já a defesa do advogado Francisco de Assis e Silva, também denunciado nesta segunda-feira pelo MPF, reafirma, em nota, que a "J&F contratou o escritório Trench, Rossi e Watanabe - banca até então referência em integridade - para assessorá-la no acordo de leniência".

De acordo com a nota, "Francisco de Assis não tinha motivos, portanto, para suspeitar de qualquer irregularidade na atuação de Marcelo Miller, sócio do escritório na área de ética e compliance".

A defesa de Francisco de Assis reitera ainda "que ele colaborou efetivamente com a investigação, deixando claro que jamais discutiu honorários ou pagamentos com ou para Marcello Miller, tampouco procurou obter qualquer vantagem ou benefício indevido no Ministério Público Federal por meio de Marcello Miller ou por qualquer outra pessoa, exatamente como consta do relatório da Polícia Federal".

O Ministério Público Federal denunciou nesta segunda-feira, 25, o ex-procurador da República Marcello Miller, o empresário Joesley Batista, sócio do Grupo J&F, o ex-diretor jurídico do grupo Francisco de Assis e Silva e a advogada Esther Flesch por corrupção no inquérito que investiga o envolvimento de Miller na elaboração dos acordos de colaboração premiada de executivos e ex-executivos da empresa enquanto ainda era membro do MPF.

A denúncia foi apresentada à 15ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal em segredo de justiça. A reportagem não teve acesso à íntegra da acusação apresentada pelo procurador Frederico Paiva.

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As investigações sobre a atuação de Miller envolvendo a JBS começaram em setembro de 2017, após a descoberta de um áudio de uma conversa de Joesley Batista dando indicativo de que o ex-procurador teria atuado para os executivos do grupo empresarial antes mesmo de pedir exoneração do cargo. O áudio foi entregue às autoridades pelos próprios delatores, quando fizeram uma complementação dos termos de colaboração.

Na semana passada, a Polícia Federal indiciou os quatro e, também, a advogada Fernanda Tórtima. A omissão de envolvimento de Miller durante a negociação da delação premiada para ajudar os executivos foi um dos principais pontos apontados pelo delegado da PF Cleyber Malta Lopes. O delegado é o mesmo que conduz a investigação sobre a edição do Decreto dos Portos, assinado pelo presidente da República Michel Temer, em tramitação no Supremo Tribunal Federal.

Desde que veio a público o áudio de Joesley, em setembro passado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) já apontou indícios de crimes envolvendo Miller e as delações da J&F, em diversas manifestações sobre a rescisão de acordos firmados por integrantes do MPF. Na última, em maio, a procuradora-geral, Raquel Dodge, destacou omissão e má-fé ao afirmar que os delatores não comunicaram participação de Marcello Miller na negociação dos acordos enquanto ainda era procurador da República.

A decisão final sobre a rescisão dos acordos dos delatores da J&F cabe ao ministro Edson Fachin, relator que homologou os acordos em maio de 2017.

A rescisão quanto a Joesley e Saud foi informada pela PGR ao Supremo ainda no ano passado. Em relação a Wesley Batista e Francisco de Assis e Silva, Dodge informou a Fachin a rescisão em fevereiro. Segundo a Procuradoria-Geral da República, mesmo com o rompimento do acordo, as provas obtidas a partir da delação continuarão válidas. Mas somente o relator Edson Fachin poderá validar judicialmente o fim do acordo.

As defesas de Marcello Miller, Joesley Batista e Francisco de Assis e Silva informaram que só irão se manifestar após ter acesso à denúncia. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Esther Flesch.

O ex-procurador da República Marcello Miller, pivô no caso do suposto favorecimento do processo de delação dos executivos do Grupo J&F, foi liberado pela Ordem dos Advogados do Brasil do Rio (OAB-RJ) para voltar a advogar. Nesta quinta-feira, 14, a CPMI da JBS na Câmara dos Deputados aprovou o pedido de indiciamento de Miller em seu relatório final o acusando de atuar em favor do grupo.

No último dia 10, acabou o prazo de 90 dias de suspensão preventiva da carteira do ex-procurador, feita pelo Tribunal de Ética e Disciplina do órgão, no dia 13 de setembro. A proibição de advogar era uma espécie de medida cautelar, enquanto tramita o processo ético-disciplinar contra Miller na Ordem.

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Em nota, a OAB-RJ informou que "a suspensão preventiva da carteira de Marcello Miller terminou por força legal". "O prazo máximo previsto na Lei federal 8.906/1994 é de 90 dias. Importante ressaltar, porém, que o processo ético-disciplinar que apura todos os fatos ligados à conduta do advogado, com análise da perda definitiva do registro profissional, continua em paralelo à investigação policial e dentro do rigor exigido pelas normas da entidade", informou o órgão, por nota.

A Ordem acrescentou que o processo ético-disciplinar é sigiloso e ainda não há data definitiva para encerrar. Procurado, o advogado de Miller, André Perecmans, disse que não tem informações se Miller já voltou a atuar, ou se ele já tem algum cliente, por ser uma questão "da vida privada dele".

O processo da comissão de ética que analisa se Miller exerceu a advocacia enquanto atuava no Ministério Público Federal (MPF) foi aberto no dia 27 de junho, após o ex-procurador ter prestado esclarecimentos para o conselho.

Na ocasião, o presidente da ordem, Claudio Lamachia, havia dito que ordem entendeu que tinham elementos claros que poderiam levar a suspensão cautelar. "Espero que o processo, no âmbito da OAB, seja célere para que nós possamos ter efetivamente o esclarecimento sobre esse fato que, sem dúvida nenhuma, tem que ser apurado. A ordem, não só com esse profissional, mas com qualquer outro da advocacia, tem sido muito rigorosa com seus procedimentos éticos", disse, na ocasião.

O ex-procurador Marcello Miller recebeu aproximadamente R$ 449 mil do escritório de advocacia Trench, Rossi e Watanabe Advogados, responsável pelo acordo de leniência da J&F, apenas três meses depois de deixar cargo no Ministério Público Federal. As informações constam de relatório elaborado pela assessoria técnica da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS e foram divulgadas nesta terça-feira, 28, pelo presidente da comissão, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO).

Segundo o relatório, Miller recebeu pouco mais de R$ 277 mil no dia 30 de maio deste ano, a primeira transferência feita pelo escritório Trench, Rossi e Watanabe Advogados. Nessa época, o ex-procurador havia deixado o cargo que ocupava no MPF há quase dois meses. No dia 30 de julho, foi a vez de Miller receber mais R$ 171 mil do mesmo escritório, a segunda transferência registrada.

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Marcello Miller é suspeito de ter feito "jogo duplo" ao supostamente beneficiar os colaboradores da JBS na Procuradoria-Geral da República (PGR), à época sob o comando de Rodrigo Janot. Ele deixou o cargo de procurador no dia de 5 de abril e foi trabalhar justamente na empresa Trench, Rossi e Watanabe Advogados, que tinha a J&F como cliente. No total, foram 449 mil recebidos pelo procurador no período.

Documentos entregues à Procuradoria-Geral da República (PGR) também mostram que Marcello Miller teria atuado para o grupo J&F antes mesmo de se desligar do cargo de procurador da República. Em resposta, a assessoria de imprensa de Marcelo Miller informou que "os valores recebidos correspondem a parcelas contratuais ajustadas por escrito entre as partes". "A CPI terá tido meios de obter os instrumentos contratuais correlatos", afirmou por meio de nota.

Em nota, a Trench Rossi Watanabe informa que todos pagamentos feitos ao ex-procurador Marcello Miller se referem a parcelas estabelecidas em contrato e seguem os padrões do mercado.

Em busca de uma autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para ficar em silêncio na CPI da JBS, o ex-procurador da República Marcello Miller entrou com um habeas corpus na Corte na semana passada. Nesta quarta-feira, porém, enviou um pedido adicional à Corte: ele quer a troca do relator sorteado, Gilmar Mendes, alegando a suspeição do ministro, que lhe tem feito diversas críticas em relação à participação dele no acordo de colaboração de executivos do Grupo J&F.

Marcello Miller afirma que o caso deve ser decidido pelo ministro Dias Toffoli, porque este já deu uma decisão sobre o mesmo tema: convocação para a CPI da JBS. No caso, Toffoli permitiu que o procurador Eduardo Pelella não comparecesse à CPI, apesar de ter sido convocado. Isso geraria uma prevenção a Toffoli, segundo argumenta Marcello Miller.

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Em relação a Gilmar Mendes, a defesa de Miller aponta "aparente prejulgamento do caso". Uma das frases do ministro do STF destacadas pela defesa foi falada em um julgamento no qual ele criticou a delação da JBS. "Todos sabiam do envolvimento do Marcello Miller nesse episódio", disse Gilmar Mendes.

"Considerando-se as declarações prestadas acerca do ora requerente, há que se reconhecer, data venia, a presença de aparente prejulgamento do caso, por V. Exa., antes do exercício do contraditório e da ampla defesa", diz o pedido, em alusão a comentários de Gilmar sobre o ex-procurador, a quem apelidou de Massaranduba.

"Tal situação torna plenamente possível um julgamento não sereno e ameaçador ao próprio prestígio da Justiça", diz a defesa. Até a noite desta quinta-feira, 23, não havia sido tomada decisão por parte do relator Gilmar Mendes sobre o tema.

Os advogados André Perecmanis, Marina Dalla de Rezende e Paulo Márcio Ennes Klein pedem, por fim, que, se rejeitada, a ação seja recebida como arguição de suspeição e encaminhada à ministra presidente do STF, Cármen Lúcia.

O ex-procurador Marcello Miller disse hoje (12) que seu destino foi "previamente decidido" pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O comentário de Miller está em uma petição enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) na qual pede que Janot seja ouvido no processo que investiga se ele atuou como "agente duplo" em favor da JBS durante o período em que trabalhava no Ministério Público Federal (MPF). Miller pediu demissão em abril.

Segundo o ex-procurador, o depoimento de Janot poderá esclarecer que nunca houve pedido para favorecer a JBS. Na petição, o ex-procurador também colocou seus sigilos fiscal e bancário à disposição do ministro Edson Fachin, relator do caso no Supremo, e voltou a afirmar que não favoreceu a empresa e não participou da força tarefa das investigações que envolveram o grupo J&F, controlador da JBS.

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Miller também criticou o pedido de prisão assinado por Rodrigo Janot, que foi rejeitado pelo ministro Fachin. O pedido foi feito enquanto o ex-procurador prestava depoimento à Procuradoria da República no Rio de Janeiro, na última sexta-feira (8).

“A heterodoxia no procedimento adotado pelo eminente procurador-geral da República foi, ao que parece, fruto de açodamento e precipitação, obviamente, não levou em conta os esclarecimentos realizados pelo requerente durante seu depoimento, o que sugere, para dizer o mínimo, que o requerimento de decretação de cautelares já estava pronto anteriormente”, diz a petição.

Ontem (11), após a retirada do sigilo do pedido de prisão que foi rejeitado por Fachin, veio a público que Janot tem provas de que Marcello Miller atuou em favor do grupo JBS durante o período em que trabalhou no MPF. Janot indicou que e-mails de um escritório de advocacia que contratou o ex-procurador mostram que Miller auxiliou a empresa no acordo de leniência com o órgão.

O advogado Marcello Miller, ex-assessor do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que "não cometeu nenhum ato irregular" desde que deixou a Procuradoria-Geral da República. Sócio do escritório de advocacia que trabalhou no acordo de leniência do Grupo JBS, Miller foi citado pelo presidente Michel Temer na tarde desta terça-feira, 27, que sugeriu que ele teria "recebido milhões" em função do acordo.

"Não cometi nenhum ato irregular, mas não responderei às afirmações a meu respeito pela imprensa", afirmou o advogado, em comunicado a imprensa. "Apenas me manifestarei perante as autoridades com competência para examinar os fatos e com interesse na aferição da verdade."

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Durante pronunciamento em Brasília, Michel Temer afirmou que Marcello Miller - a quem se referiu como "homem da mais estrita confiança do senhor procurador-geral (Janot)" - deixou a PGR para "trabalhar em empresa que faz delação premiada para o procurador-geral". Apesar de não citar nome, o presidente da República insinuou que Rodrigo Janot se beneficiou financeiramente da remuneração de Miller.

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